Foi Ian quem abriu primeiro os olhos. Ainda não tinha amanhecido completamente, mas já havia luz o suficiente para ver o estranho homem armado que os encarava. Ele levantou em um pulo e deu um cutucão em Kyle que se espremia de um jeito meio torto no banco de trás. Antes que pudessem se ajeitar para dar partida no carro, porém, o homem apontou uma lanterna, bem direto nos olhos de cada um deles. Quando terminou, ele abaixou a arma e apontou a lanterna para os próprios olhos. O próprio milagre de olhos azuis desbotados se aproximou e eles, hesitantes, abaixaram os vidros do carro:
– Ei, garotos, por que é que vocês dois não penduram logo um luminoso dizendo “aluga-se” bem na testa de cada um. Chamaria menos atenção do que esse carro chamativo de vocês parado no meio do nada...
Eles estavam tão confusos e positivamente surpresos que não só não entenderam nada do que ele disse, mas também não conseguiram articular nenhum tipo de resposta.
– E então, vou ficar plantado aqui admirando o nascer do Sol ou vocês vão me deixar entrar?
Ainda sem articular nenhuma palavra, Ian endireitou-se no banco do passageiro onde estivera dormindo e destravou as portas. O estranho entrou, sem largar por um segundo aquele rifle que ficou ali entre a porta do motorista e o corpo do “convidado”, fora do alcance deles. Ele deu partida no carro e se apresentou enquanto já dirigia:
– Meu nome é Jeb. Tenho sobrevivido aos parasitas e posso ensiná-los a fazer isso também. Mas vamos ter que aprender a confiar um no outro bem rapidinho se vocês quiserem sobreviver. – ele disse lançando pelo retrovisor um olhar incisivo para Kyle que estava chegando mais perto da arma.
Eu quase podia imaginar o olhar de Jeb, o espanto de Ian, a desconfiança de Kyle e o rifle no meio deles, recebendo palmadinhas carinhosas de Jeb a cada cinco segundos.
Jeb voltou alguns quilômetros pela estrada enquanto contava suas teorias e descobertas para os irmãos abismados. Ele saiu da estrada novamente e parou o carro num lugar fora da vista de quem passasse pela estrada, atrás de uma encosta.
– Se vocês quiserem morar no meu esconderijo, há regras a seguir. A primeira delas é abandonar esse carro. Já temos veículos e esse aqui chama muito a atenção. Se precisarmos de mais carros, roubamos um mais discreto dos parasitas.
Kyle tentou protestar, mas realmente não tinha como argumentar contra o fato de aquele carro grande, vermelho e com chamas pintadas nas laterais destoava um pouco dos carros mais comuns que os parasitas preferiam. A verdade, segundo Ian, é que ele estava assustado demais e aliviado por encontrar Jeb e ter um lugar par se esconder. Até ele entendeu que o carro era um sacrifício pequeno a fazer por um pouco de segurança.
Eles pegaram suas mochilas e andaram pelo deserto por algumas horas até o ponto onde Jeb os havia encontrado. Um pouco mais adiante, junto a umas pedras, Jeb tinha deixado seus próprios mantimentos e, junto com o que eles tinham, foi o suficiente para o dia de caminhada que se seguiu até chegarem a seu novo lar.
– Foi difícil no começo. Não conseguíamos nos conformar que não podíamos fazer nada por meu pai ou por Jodi. Além disso, tinha o calor, a escuridão, a comida horrível...
Ele parou por um instante parecendo envergonhado e tocou meu pescoço com a ponta dos dedos, bem onde tinha me ferido no corpo de Melanie:
– Claro que não tinha nenhum maluco batendo na gente ou tentando nos matar.
Eu me encolhi um pouco porque não gostava de pensar naqueles primeiros dias e gostava menos ainda de como Ian se sentia quando falávamos nisso.
– Ian, você achou que estivesse se defendendo e a seus amigos. Não precisa se culpar tanto.
– Você sabe que não vai haver um dia em que eu não me arrependa daquele momento.
– E você sabe e eu também sei que você jamais faria aquilo se entendesse o que estava vendo, se me conhecesse.
– Pode apostar que não. – ele respondeu sorrindo, substituindo os dedos pelos lábios e causando arrepios que me percorreram o corpo inteiro.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
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