Edward se ajeitou na ponta da minha cama ao mesmo tempo que eu
inclinei a cabeceira da cama com o controle para que eu pudesse
encará-lo de maneira mais confortável. Estávamos, de certo modo, de
frente um para o outro, mas ele ainda matinha um dos pés no chão
enquanto o outro permanecia dobrado sob sua outra coxa. Eu queria muito
ouvir sua explicação dos fatos, pois antes de tomar uma decisão que
mudaria nossas vidas para sempre, eu teria que escutar todos os lados da
história. Eu não poderia simplesmente arrumar minhas coisas e ir embora
sem antes ouvir o que Edward tinha a dizer. Por mais que eu tenha
pensado nisso nos momentos de angústia durante as semanas sem notícias
onde a imprensa estava me deixando louca com todas as especulações sobre
ele e Victoria, sobre eu e meu filho e sobre todo o tipo de coisa
maldosa que se pode esperar de tablóides movidos a dinheiro fácil por
parte de leitores que não tinham o que fazer além de escrutinar a vida
alheia.
— Alguns dias antes da reunião que o diretor organizou com
o elenco e a produção desse último projeto. — Edward parou para tomar
uma respiração profunda como que para manter o ritmo calmo durante sua
narrativa. — Eu estava um pouco curioso sobre o elenco com o qual eu
trabalharia nesse filme. Principalmente sobre Victoria Preston que seria
meu par romântico e você me conhece bem, eu gosto de saber se uma
pessoa vai ser fácil de lidar ou um pé no saco bem antes de embarcar em
projetos longos assim. Seriam meses de convivência para no fim nos
detestarmos. Eu tinha descoberto coisas boas sobre quase todos que
fariam parte do elenco, menos sobre Victoria e não eram coisas tão
ruins, mas me deixaram meio desconfiado.
— Edward, por favor não
me esconda nada. Eu quero que você fale verdade sem poupar meus
sentimentos. Eu te garanto que eu posso aguentar. — eu estiquei meu
corpo de forma que minhas mãos tocassem uma das suas. Eu o encarava de
forma intensa. Eu queria que ele confiasse em mim. Sua expressão era
clara. Ele engoliu em seco e eu percebi que tinha algo ali. Seus olhos
foram até as nossas mãos parando ali apenas por segundos antes de
desviarem para algum ponto através de mim. Eu entendi que ele parecia
estar decidindo o que falar.
— Eu descobri que Victoria sempre se
envolve com seus colegas de elenco. E na reunião isso se confirmou, na
verdade não ficou tão claro, mas deu pra perceber que ela é o tipo de
mulher que joga charme propositalmente para todos e eu não vou mentir,
ela é estonteante, muito atraente. — senti meu estomago se agitar com
essa revelação. Disfarcei a minha insegurança momentânea o melhor que
pude e o incitei com um gesto de encorajamento a seguir em frente. —
Depois disso, minha vida passou a ser um inferno porque ela passou a me
perseguir tentado me persuadir a ter algo com ela. No começo eram
flertes inocentes da parte dela e eu relevava, mas depois foi se
intensificando até chegar ao ponto de discutirmos até não nos falarmos
mais fora do set de filmagem. E nesse ínterim, eu descobri que ela
estava dormindo com o diretor. Dormindo é eufemismo, eles estão tendo um
caso mesmo. Eu não quero julgar o método de cada artista de conseguir o
seu quinhão na industria de entretenimento, mas ficou claro para mim
que ela só está nesse filme porque é peixe do diretor. Mais tarde,
juntando um mais um, eu cheguei a conclusão que ela queria a todo custo
ter algo comigo para mostrar a imprensa, só não sei se é pra se promover
ou para encobrir seu caso com o diretor, ou melhor, para promover a si
mesma inventando a desculpa para o diretor de que está fazendo isso para
despistar possíveis boatos sobre eles. Não duvido da última hipótese. A
gota d'água foi ela ter roubado meu celular se aproveitando um descuido
meu em um restaurante onde ela apareceu aparentemente do nada. Ela o
guardou por semanas enquanto assistia eu procurar e lamentar a perda do
celular. Quando ela resolveu devolver, o rapaz que o recebeu no
restaurante a descreveu para os detetives contratados pelo escritório de
advocacia que está cuidando do caso, pois depois dela ter me agarrado
em São Francisco e eu ter descoberto sobre o telefone, eu estou decidido
a processá-la pelo o eu puder, se não por coação, pelo menos por
roubo.Além do mais, tenho certeza de que ela está inventando coisas para
imprensa sobre nós. Ela não consegue ter um caso de verdade, então ela
inventa. E seu puder provar isso, eu já me darei por satisfeito.
Eu
não consegui falar imediatamente. Tive que ficar quieta por alguns
segundos apenas processando tudo que ele disse. Vários pensamentos
passaram por minha cabeça nesses segundos. Alguns deles ainda eram sobre
o sumiço de Edward e outros sobre tudo que Jasper havia me dito. Ele
tinha sido tão convicto, parecia tão certo do que estava falando. Então,
Edward chega tão doce e preocupado como Jasper disse que seria, me
contando sobre a louca que o estava perseguindo e perturbando, e de
repente tudo fazia sentido. Tudo que ele disse batia exatamente com os
acontecimentos que se seguiram até agora.
— Quando estávamos
conversando pelo Skype daquela vez que eu o provoquei usando a negligé
que você me deu, você estava estranho...por acaso você já estava com
todos esses problemas? — eu tive que perguntar isso apesar de não saber o
porquê de tudo que eu ouvi, eu pesquei apenas esse momento das minhas
memórias.
— E de tudo que eu disse, você se lembrou justo disso? —
Edward parecia ter lido meus pensamentos. Ele sorriu e seus olhos foram
em direção as suas próprias mãos antes de prosseguir. — Naquele dia eu
tinha me dado conta de que o trabalho seria muito estressante, que
Victoria seria um problema e que o diretor era sensível aos humores dela
também. E eu me sentia um babaca por adotar o mesmo comportamento
patético que sempre critiquei em outros homens. Eu...eu apenas quero
passar isso tudo, Bella, foram semanas tão cansativas e eu me aborreci
tanto... — ele levantou-se e sentou-se novamente só que mais perto de
mim, pegou minhas mãos e segurou frouxamente entre as suas. — Bella, o
que tenho que discutir com você é sobre nós agora que somos mesmo pais.
Você entende que todos esses problemas teriam sido evitados se nesse
momento você estivesse comigo o tempo todo? Quero dizer, nós deveríamos
viver mesmo juntos, você comigo em Los Angeles, casados, Bella, você
entende? — seus olhos buscavam os meus, prendendo-me em seu olhar
incisivo. — Bella, nós deveríamos nos casar. Eu até entendo que você
ainda estava estudando e que acabou fazendo uma certa clientela por
aqui, mas você também teve uma boa recepção em Nova York e eu não
entendo a sua teimosia em permanecer aqui, ainda mais quando você não
tem mais ninguém por perto. Presumo que Alice vai acabar indo embora
eventualmente.
— Edward! — eu estava chocada com seu pedido
estranho de casamento. O que ele estava pensando? — Um casamento, na
minha concepção, deve ser por amor, porque dois decidem juntos que não
podem mais viver um longe do outro. O motivo do seu pedido é a sua
consciência pesada, Edward! Você quer se casar apenas porque temos um
filho em comum e tudo seria mais prático.
— É isso que você pensa
de mim? Droga, Bella, eu te amo! Eu te amo, você ouviu isso? — ele
largou minhas mãos levantando da cama e ficou de pé me encarando
enquanto passava as mãos pelos cabelos. Parecia exasperado. — Você acha
que eu estaria com você se eu não te amasse? E essas semanas que se
passaram só reforçaram isso, Bella. Tudo bem que o Noah foi concebido
num momento de paixão e tesão, mas eu me apaixonei por você, e eu te amo
desde então. Eu sempre quis me casar com você, porém você sempre
pareceu tão avessa a essa possibilidade que eu sempre me via
reconsiderando o momento de fazer o pedido. Sabe o que eu acho? Que eu
estou aqui amando sozinho. — Edward estava de costas para mim, olhando
pela janela o dia cinzento lá fora. Ele abraçava o próprio corpo e eu me
senti horrível.
— Não é bem isso, Edward, e você sabe. Olhe para
mim por um instante e me responda sinceramente uma coisa. Você se
casaria comigo se eu não tivesse ficado grávida do Noah? Quero dizer, um
casamento estava mesmo em seus planos? — ele finalmente virou-se na
minha direção depois de me fazer contemplar seus ombros retos e lindos
por segundos que pareceram intermináveis.
— Não! — seus olhos me
encaravam como se pudessem me atravessar. — Pelo menos não tão cedo. Não
é nenhum segredo pra você que eu já tinha pensado em ter filhos com
você. — e ele sorriu torto diante da minha expressão de indignação. Eu
estava pensando em como ele pensou em mim como uma espécie de
chocadeira, mas não como sua esposa. — E não adiante fazer essa carinha
porque eu te disse que eu te via como mãe dos meus filhos.
— Mas não como sua esposa, admita! — eu cruzei meus braços apenas um pouco frustrada por ser tão perspicaz ás vezes.
—
Eventualmente sim. Eu queria me casar com você sim. Pra ser sincero, eu
vinha pensado nisso bem antes de saber que você estava grávida, porém
eu queria esperar nosso relacionamento se desenvolver um pouco mais e eu
queria ver como as coisas iam quando eu precisasse trabalhar e te
deixar sozinha por um tempo. Será que o relacionamento sobreviveria a
isso? Os meus outros não sobreviveram, Bella.
Droga! Eu não tinha pensado nisso dessa forma...
Mordi meu lábio inferior enquanto considerava seu ponto de vista.
Realmente, ele tinha um a certa dose de razão. Eu mesma surtei enquanto
ele gravava e não me dava notícias, mas ele tinha me avisado que não
poderia me contatar sempre. Toda as suposições que a imprensa fazia a
meu respeito e a respeito de sua colega de elenco, Victoria ou até mesmo
Rosalie vieram de uma vez na minha cabeça, com uma velocidade que me
deixou tonta.
— Você sabe o quanto foi difícil para mim, durante
todo esse tempo aqui sozinha naquela casa que cada dia parecia ficar
maior e vazia, ficar sem nenhum notícia sua e tendo que recorrer a
imprensa que mais atrapalha do que ajuda. Me chamaram de oportunista e o
nosso “suposto” — eu diz aspas com os dedos no ar. — filho de bastardo
ou coisas piores. Disseram que você tinha caído em si e me trocado por
Victoria que pelo menos era atriz como você e não uma desconhecida sem
eira nem beira feito eu. Um ou outro artigo dizia que eu era uma amiga
de Rosalie e que a imprensa estava tentando cavar um escândalo onde não
havia coisa alguma. Então eu vi as pequenas declarações que essa tal de
Victoria dava se dizendo toda derretida por você e sempre insinuando que
havia alguma coisa. E então Jasper veio para visitar Alice e acabou me
falando que te viu num clube em São Francisco com outra mulher, eu
apenas liguei uma coisa a outra. — Edward colocou as duas mãos na
cintura e me olhou com uma das sobrancelhas levantadas. — Eu sei, eu fui
estúpida e insegura, mas você pode culpar os hormônios da gravidez. Eu
não pensei no Noah quando me deixei levar pela raiva. Mas você precisa
saber que eu já vinha sofrendo e me sentindo pressionada há semanas.
Isso tudo me fez pensar, Edward. Eu não sei se aguento isso, Edward.
Eu...
— Você não é a primeira que me diz isso, Bella. — ele se
aproximou um pouco mais de mim, porém seus ombros estavam encolhidos.
Ele parecia se sentir derrotado. — Por que você acha que passei tanto
tempo sozinho? Não é fácil suportar a pressão de namorar um ator com
carreira em ascensão, ainda mais um ator que é perseguido e seguido de
perto pelos fãs e pela mídia. Mas eu pensei que você talvez fosse
diferente, pois foi a impressão que tive quando te encontrei naquele
aeroporto a primeira vez. Você não se intimidou nem um pouco com fato de
eu ser famoso, se bem que naquela época, as coisas não eram tão loucas
como agora. — Edward se aproximou mais de mim, sentando-se na cama bem
perto de mim, suas mãos acariciando meu rosto, fazendo com que eu o
encarasse frente a frente. — Se você vai dizer o que eu acho que você
vai dizer, então diz, eu não sou feito de manteiga, Bella. — ele tentou
sorrir apesar de sua expressão triste.
— Edward, eu não estou
terminando com você. Eu apenas não quero me casar porque engravidei
depois de uma noite de bebedeira. Eu nem ao menos sou religiosa ao ponto
de sentir uma obrigação moral de dar satisfações a uma sociedade
cristã/judaica.
— Mas Bella, será que você não vê que eu te amo?
Que eu não me casaria só porque somos pais agora? Será que você não me
ama nem um pouquinho para me querer do seu lado até que morte nos
separe? — ele sacudiu as sobrancelhas e eu sorri levemente.
— Eu
acho que casamento deve ser uma vez só na vida e para isso, eu preciso
saber, ter a certeza de que estou me casando por amor. Me chame de
romântica, mas meus pais são um bom exemplo para mim, até mesmo meus
avós que enfrentaram tudo para ficar juntos. Quando eu me casar, eu
quero ter a certeza de isso vai durar. Então, entenda que não é porque
eu não te amo, porque eu amo você, mas é porque não vou me casar só
porque é mais comodo. Acho que podemos continuar como estamos, porém
você está certo, eu tenho que ir embora da Alemanha se quisermos criar
Noah juntos. Aqui não sobrou nada além de alguns trabalhos e exposições,
e eu estou precisando expandir meus horizontes.
— Isso é uma
coisa boa de escutar, eu acho. — ele me beijou enquanto suas mãos ainda
acariciavam meu rosto. — Embora ainda não seja o que eu esperava ouvir. —
ele me beijou ainda mais lentamente dessa vez, se demorando enquanto
seus lábios sugavam os meus de forma intensa. — Eu estava com saudades
desses lábios mesmo quando não estão vermelhos de batom. — ouvi-lo falar
de forma sussurrada assim tão próximo me fizeram sentir arrepios pela
nuca descendo espinha abaixo. Deus, como eu amava esse homem!—
De qualquer forma, eu vou ficar por aqui um mês e meio ou dois meses,
vai depender do ritmo das filmagens e vamos ter tempo de ajeitar tudo
para a mudança, eu presumo.
— Eu te amo, Edward! — eu o enlacei
pelo pescoço com meus braços e o beijei como se o mundo fosse acabar nas
próximas vinte e quatro horas. — Disso você não pode duvidar. — eu
disse com meus lábios quase colados nos seus, nossos olhos frente a
frente bem perto um do outro. Então, eu vi a contusão no seu olho
direito e passei meu polegar bem de leve por cima não querendo causar
mais dor. — Será que maquiagem vai conseguir cobrir isso? — ele riu.
— Não sei, mas acho que maquiadores adoram um desafio. — ele me beijou novamente. — Quando será que eu posso ver o Noah?
— Eu vou ligar e avisar que você quer visitá-lo e assim podemos ir os dois juntos.
[…]
Chegamos
no quarto onde Noah estava, na UTI Neonatal, estávamos de mãos dadas.
Senti quando Edward apertou a minha mão a medida que nos aproximávamos
do aparato onde ele estava. A enfermeira nos disse que não podíamos
estimulá-lo muito por isso hoje não colocaríamos luvas para tocá-lo. Ele
ainda tinha sonda nasogástrica por onde ele estava recebendo o meu
leite ordenhado, mas já estava de olhos descobertos e todo vestido com
as roupas que Alice trouxe enquanto eu estava em trabalho de parto. Fui
informada que logo ele poderia tentar mamar. Fomos deixados sozinhos com
Noah. Edward soltou minha mão e colocou sobre o vidro, querendo tocar
Noah mesmo que fosse de longe. Eu observava a cena de um ângulo onde eu
podia ver Edward meio de lado e costas ao mesmo tempo. Noah dormia
tranquilo. Logo ouvi um soluço e soube que Edward estava chorando. Me
aproximei e passei uma de minhas mãos em suas costas para consolá-lo.
Então percebi que ele estava falando algo, me aproximei mais e pude
ouvir que ele cantarolava. E a medida que ele ia cantando mais lagrimas
iam descendo. Ele estava emocionado e não triste. Ele cantava Beautiful
boy de John Lennon.
Close your eyes
Have no fear
The monster's gone
He's on the run and your daddy's here
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy
Feche os olhos,
Não tenha medo,
O monstro foi embora,
Fugiu e o papai está aqui
Lindo, lindo, lindo,
Menino lindo
Lindo, lindo, lindo,
Menino lindo
Eu
o abracei pela cintura e cantei o refrão com ele, pois Edward ainda era
bem mais alto do que eu, mesmo eu tendo uma estatura normal nos meus
1,68 cm de altura, quase 1,70 cm, por míseros dois centímetros. Edward
acabou me abraçando enquanto olhávamos para nosso filho adormecido
dentro do aparato.
[…]
À tarde, eu sugeri que Edward fosse
para casa tomar um banho se livrar do cheiro horrível de cigarro e
relaxar um pouco pois ele ainda não tinha descansado desde que tinha
chegado, e de qualquer maneira eu precisava amamentar Noah e depois
tomar o medicamento, pois eu ainda conservava o cateter no meu antebraço
direito.
A amamentação não tinha sido como eu esperava. Noah não
puxou muito do meu leite e eu me perguntava o tempo todo se eu estava
fazendo alguma coisa certa. Cheguei a chorar de frustração. Eu não
queria que ele emagrecesse, pois isso significaria uma estadia ainda
mais longa no hospital para ele. Depois de algum tempo, uma enfermeira
levou Noah de volta para o aparato e eu ainda fiquei sentada na poltrona
esperando para que tirassem mais leite meu para dar a ele mais tarde.
Enquanto eu caminhava em direção ao meu quarto, eu só pensava no
fracasso que eu seria como mãe se eu não conseguia nem amamentar meu
filho. Mesmo a enfermeira tendo me consolado dizendo que isso era assim
mesmo e que tudo seria um aprendizado para mim e para o meu filho.
Mal
saí do banheiro depois de um banho morno relaxante e Alice estava
sentada no sofá cama de visitas. Ela me olhava com expectativa. Quando
ela levantou, incerta se vinha na minha direção ou não, eu fechei a
distância entre nós abraçando-a apertado. Eu ainda estava abalada pela
tentativa frustrada de dar de mamar e emocionada com a lembrança de
Edward chorando enquanto cantava para Noah.
— Bella, me desculpe. — Alice se afastou para poder falar.
— Te desculpar pelo o quê? — eu estava confusa. Nos sentamos as duas no sofá.
—
Pelo o que Jasper te disse. Eu sinto muito! Eu não devia tê-lo deixado
sozinho com você no apartamento. Eu juro que eu não sei o que acontece
com Jasper ás vezes. E o pior foi ele ter socado Edward na entrada do
hospital. E como Edward está? Ele deve estar com ódio mortal de nós. —
Alice falava sem intervalo algum. Ele nem sequer respirou entre as
frases.
— Alice, acalme-se, sim? — eu toquei seu braço
gentilmente. — Edward não está com raiva de você, ele nunca gostou de
Jasper de qualquer maneira, então não há nada para você se preocupar. E
depois Edward chegou aqui, nós tivemos uma conversa e em seguida fomos
ver o Noah, e eu posso dizer que agora ele está concentrado nessa coisa
de super pai. — eu sorri para ela. — Ele até já esqueceu essa briga
inútil, tenho certeza. — Alice soltou o ar que vinha prendendo num sinal
claro de alívio. — Alice, eu decidi, depois de uma longa conversa com
Edward, que eu vou me mudar com ele para os Estados Unidos. Não sabemos
onde iremos ficar, mas eu acho que é o certo a fazer. Porém saber o que
me incomoda nessa história toda? Foi saber por outra pessoa que minha
melhor amiga estava querendo se mudar com o namorado para ficar perto
dele e estava sem jeito de contar para mim. — eu a encarei. Seus olhos
arregalaram de um jeito totalmente estranho. Alice podia ser
surpreendida, afinal.
— É, Jasper andou falando mais do que ele
podia mesmo. — ela disse e um sorriso fraco se formou em seus lábios. —
Eu estava morrendo de saudades dele o tempo todo e ele já tinha me
pedido para ir embora com ele quando voltasse definitivamente para o
Texas. Mas então, eu quis adquirir alguma experiência em minha área e
você engravidou e precisou de alguém para ajudá-la, então eu não podia
simplesmente sair e te deixar aqui sozinha. Desde que Jasper assinou
contrato com a gravadora, ele vem me convencendo em ir com ele para as
turnês, porque eu não estava certa de que mesmo vivendo no Texas se eu
ia querer acompanhá-lo em turnês. Quando eu finalmente aceitei, ele
ficou me pressionando a te contar. Ele não achava justo que você
soubesse sobre a mudança somente na última hora. E então aconteceu esse
lance com Edward e você definhando de preocupação e eu não achava que
fosse o momento de abordar o assunto.
— Ok! Tudo bem, agora está
esclarecido! Mas da próxima vez, Alice, por favor venha falar comigo
imediatamente assim que o problema surgir. E também, é bom saber que não
estaremos em continentes diferentes. Podemos visitar uma a outra e você
ainda continua sendo a madrinha de Noah de qualquer forma. Me diga uma
coisa, como está Jasper? Acho que Edward não é o único com contusões.
—
Bem, o nariz de Jasper estava sangrando tanto que nós viemos para o
pronto socorro do hospital porque achamos que estava quebrado, mas
estava só deslocado. E agora ele está no apartamento com uma bolsa de
gelo sobre o nariz e uma dor insuportável que ele mesmo procurou. Eu não
sei porquê ele é tão duro com Edward ou suas razões para não gostar
dele. Eu realmente não entendo. Ás vezes, ele diz que não entende por
quê você não podia namorar um cara como o Tom, ou até mesmo outros caras
comuns.
— Se eu tivesse namorado o Garrett ao invés de Edward,
acho que a implicância seria a mesma. — eu lancei para Alice um olhar de
divertimento.
— Garrett é um tipão, tá? — Alice me catucou com o
dedo indicador e um sorriso maroto nos lábios. — Você deveria ter tirado
uma casquinha, pelo menos. — eu mostrei a língua para ela. — Ué, eu
teria se estivesse solteira naquela época.
— Mas se você estivesse
na minha situação, você estaria começando algo com Jasper, ao mesmo
tempo que estaria tirando a sua casquinha e isso não seria honesto. Além
do mais, se eu tivesse ficado com Garrett eu não teria o Noah agora, ou
pior, ele podia ser o pai do Noah e não Edward.
— E no fim,
Garrett teria encontrado Kate e você, Edward. Foi bom que as coisas
aconteceram da forma que aconteceram, pois é cansativo lutar contra o
destino. — Alice sorriu para mim um de seus enigmáticos sorrisos, como
se ela soubesse algo que ninguém mais sabe. E eu revirei os olhos.
[…]
Depois
de uma semana, conseguimos levar Noah para casa, ele já estava forte o
suficiente e já estava conseguindo mamar. Porém em casa, sem o auxílio
das enfermeiras parteiras, cuidar de Noah enquanto Edward gravava se
tornou um desafio. Ele chorava tanto que mesmo tentando de tudo era só o
colo que o acalmava. E ele gostava mais da atenção de Edward no fim do
dia porque ele pegava o violão e cantava Beautiful boy até Noah dormir.
Esse meu filho estava ficando mal acostumado. E Edward tinha criado o
hábito de passar no quarto de Noah quando chegava de uma gravação e ás
vezes me deixava dormir e ia cuidar de nosso filho quando ele acordava
no meio da noite, o pior é que ele acabava dormindo na poltrona de
amamentação com Noah em seus braços todas as vezes.
Quando Noah
completou um mês, minha mãe veio nos visitar. A rotina não mudou muito,
mas eu senti que eu estava um pouco estressada e Edward também porque
tinha retomado sua rotina de gravações e volta e meia viajava para
gravar na França ou Suíça. Ele chegava tão cansado que quando deitava
dormia quase o dia todo me deixando sozinha com o Noah e sua choradeira
sem fim. Pra dizer a verdade, a choradeira tinha fim sim, no meu colo.
Ele gostava do colo da minha mãe, mas era no meu ou no de Edward que ele
ficava realmente calmo. E Noah adorava que minha mãe empurrasse o
moisés portátil pela casa com ele dentro. E ele tinha dona Renné
totalmente refém de seus encantos. Minha mãe era uma avó babona.
Numa
manhã rara de sol, Edward que já estava em casa há dois dias, mas na
verdade era como se não estivesse porque se fechava horas no meu estúdio
para decorar suas falas, o que fez com que eu me transferisse para a
mesa de jantar com os inventários das minhas obras de arte, pois
precisava catalogar tudo se quisesse expor nas próximas semanas e depois
levá-las conosco para o Los Angeles. Eu fazia o meu melhor para não
incomodar Edward quando ele estava estudando suas falas, e eu até o
ajudava quando eu podia, mas hoje minha mãe tinha decidido cuidar da
cozinha e Noah, que estava no moisés bem do meu lado na mesa, estava
inquieto, acho que sentia falta de Edward que não havia lhe dado a
devida atenção. Do nada, meu filho começou a chorar. E não era um choro
qualquer, ele estava berrando.
— Bella, verifica as fraldas ou se ele já arrotou. — minha mãe falou da cozinha depois de ter parado a batedeira.
Eu
chequei tudo antes de pegá-lo no colo e não tinha nada de errado. Não
aparentemente, pelo menos. Tentei andar pela casa enquanto embalava meu
filho. Não demorou e escutei Edward gritar de dentro do estúdio.
—
Bella! O que tem de errado com esse menino? Faça alguma coisa... —
Fiquei totalmente surpresa com meu namorado, pois ele nunca falou assim
antes.
Eu abri a porta do estúdio com Noah em meus braços ainda
chorando, caminhei até a mesa onde ele estava sentado sobre com seu
script nas mãos. Eu tive que olhar bem para ele para ter certeza de que
era mesmo Edward. Tudo bem, ele não era sempre um doce, e estava muito
longe de ser perfeito, mas ele nunca foi tão grosso como hoje.
—
Você tinha que entrar, não é mesmo? — Edward perguntou fazendo um rolo
com os scripts e enfiando o canudo no bolso de trás de seu jeans. Seu
rosto exibia nitidamente o cansaço e havia olheiras escuras abaixo de
ambos os olhos. Ele parecia um zumbi.
— Eu tinha que olhar bem
para você, pois eu nunca te vi tão agressivo em minha vida. E agora você
está parecendo ter saído de algum episódio de The walking dead. — eu
sorri, tentando desfazer a tensão entre nós, mas ele não sorriu de
volta.
— O que te parece? Eu estou esgotado e só quero terminar
essa merda de trabalho. — e nesse momento, Noah, que estava esperando
seu pai lhe dar alguma atenção, começou a chorar ao perceber que estava
sendo ignorado. E logo seu choro ficou mais alto e gritado. — Mas que
inferno, Bella! Será que você não consegue dar conta nem de acalentar
nosso filho? — Edward começou a recolher suas coisas da mesa com clara
intenção de sair do estúdio.
— Ora, Edward, ele é um bebê e está querendo a atenção do pai, e me ofender não vai mudar isso.
—
Eu não tenho tempo. Preciso repassar essas falas e não quero fazer isso
com a aquela louca da Victória. Mas se eu continuar aqui com Noah
berrando nos meus ouvidos, vou ter que considerar essa possibilidade. —
ele me encarou de forma dura e quase cruel.
— Então porque você
não sai? Vá, Edward, vá! — eu disse apontando a porta atrás de mim.
Edward continuou ali me olhando como que perplexo por alguns segundos. —
Ei, se for por falta de adeus... — eu acenei para ele me despedindo.
Ele
despertou de sua perplexidade e passou por nós como um jato deixando
pra trás seu perfume doce misturado a um fraco cheiro de tabaco. Babaca! Eu
pensei comigo mesma. Ele esteve fumando de novo. E deve ter bebido
também em sua viagem. Isso significa que ele deve ter se aborrecido
muito nas locações de filmagem. Eu tentei relevar seu comportamento
agressivo, mas eu não podia deixar de sentir raiva. Será que ele
realmente achava que eu não era capaz de cuidar de Noah sozinha? É claro
que Edward tinha um jeito especial de acalmá-lo, mas eu era quem
passava a maior parte do tempo com Noah. Eu resolvi que eu também tinha
coisas pra fazer no centro de Berlim, e talvez Noah só estivesse
precisando de ar fresco. O sol lá fora era promissor e anunciava uma
primavera seria mais agradável do que o inverno que ficou pra trás.
Quando passei pela sala para guardar os papeis que deixei espalhados pela mesa, minha mãe perguntou ainda da cozinha.
— Bella, está tudo bem? Você e Edward brigaram? — ela tinha o cenho levemente franzido demonstrando preocupação.
—
Brigamos? Não! Edward está sendo uma diva, só isso. Simplesmente
insuportável! — eu dei de ombros, como se isso fosse um comportamento
perfeitamente normal de Edward, mas não era. Eu estava tão surpresa
quanto minha mãe. — Mãe, eu vou sair por um instante, pois tenho que
buscar uma lista na galeria onde estão meus trabalhos. E não se
preocupe, eu vou levar Noah comigo, porque eu acho que uma mudança de
cenário vai fazer bem a ele.
— Bom, isso é verdade! Está um sol
tão bonito lá fora... — minha mãe sorriu. — Não é tão quente quanto um
dia ensolarado tipicamente carioca, mas já é alguma coisa, né? — ela
piscou para mim.
— Eu acho que nada se compara a um dia quente
tipicamente carioca. — eu sorri para ela sentindo pela primeira vez
saudades do calor esmagador do Rio de Janeiro no verão.
Vesti e
agasalhei Noah mais um pouco e o coloquei no carrinho dele que por
insistência minha, era um carinho que vinha com bebê conforto acoplado.
Se fosse por Edward, tínhamos comprado tudo separado. Vesti meus jeans,
botas curtas e uma jaqueta cujo o zíper ia até o fim do pescoço, pois
assim não precisaria usar cachecol ou lenço. Fui caminhando e empurrando
o carrinho de Noah pelas ruas de Berlim, afinal a galeria não era tão
longe assim. Quando cheguei lá fiz tudo que tinha que fazer me menos de
meia hora. Quando saí, olhei de relance para meu reflexo no vidro da
vitrine da galeria e voltei pra me olhar melhor. Meus cabelos estavam
muito longos e sem corte. As pontas estavam estranhas. Precisava de um
corte de cabelo. Olhei a minha volta procurando um salão, e avistei um
no final da rua, dobrando a esquina. Cheguei lá e mantive o carrinho de
Noah perto de mim. Felizmente ele dormia o que me daria alguns minutos
para cortar, lavar e escovar. Eu pedi para fazerem camadas, mas não
queria um corte em V, eu queria algo como o que Kim Kardashian costumava
a usar antes de ficar loira. E também, eu estava cansada de ter os
cabelos com mais do que 60cm, eu precisava de algo em torno de 45/50cm. O
bom é que ganhei uma maquiagem básica de graça e o batom vermelho
estava de volta aos meus lábios. Ao fim dessa mini terapia eu já tinha
esquecido a raiva que Edward tinha feito eu passar no início da manhã.
Enquanto
eu andava de volta para casa dotada de uma autoconfiança
recém-adquirida, vi um rapaz muito parecido com Tom sentado numa mesa na
calçada de um café. A medida que fui me aproximando eu percebi que era
mesmo Tom. Mas ele estava um pouco diferente, a barba estava por fazer e
os cabelos ligeiramente compridos e bagunçados. E estava fumando um
cigarro o que era novidade, pois Tom não era fumante antes de ir para
Los Angeles. Jasper provou ser uma grande influência na vida de Tom,
pois ele sempre fumou desde que o conheci há dois anos. O que acontece
com esse pessoal e o cigarro, hein?
Quando ele me viu, tratou logo de se livrar do cigarro e levantou para nos cumprimentar.
—
Bella! Que surpresa boa! — ele me deu dois beijinhos no rosto e se
inclinou para olhar melhor para Noah. — Que menino lindo! Se parece
bastante com você. — ele falou e corou. — Quero dizer, tendo uma mãe tão
linda quanto você, acho que nenhum de seus filhos serão feios.
Er...digo... — Tom ficou mais vermelho ainda.
— Humm, Tom, o que
você estava bebendo antes? Quero dizer, você sempre foi tão contido e
agora teve um surto de espontaneidade. — eu achei engraçado o jeito com
que ele me elogiou, mas eu estava surpresa com suas maneiras mais
abertas. Ele costumava a ser tão quieto.
— Só um café. Acho que o
jeitão de Jasper me inspirou um pouco. Você sabe o quão carismático ele
pode ser. — ele tinha se apegado a Jasper muito rapidamente. — Ele e
Alice estão chegando hoje a noite para completar a etapa da mudança e
resolver questões do trabalho de Alice.
— É, Alice me disse, mas
confesso que desde que Noah chegou, ando meio perdida em datas e outros
detalhes. — olhei rapidamente para o carrinho e Noah continuava
dormindo.
— Por que não nos encontramos no apartamento deles mais
tarde? De lá poderíamos sair para comer alguma coisa e conversarmos.
Sabe, vão ser longas semanas até podermos nos reunir novamente, pois eu
soube que você também está de mudança.
— É verdade! O problema é
que Edward está filmando e não poderá olhar Noah enquanto estarei na rua
e eu não sei se minha mãe pode aguentar meu filho por mais de duas
horas. — eu observei que enquanto eu falava os olhos de Tom estavam em
meus lábios. Ele olhava como se fosse mordê-los ou qualquer coisa assim.
—
Eu acho que a próxima oportunidade de estarmos todos juntos no mesmo
lugar vai ser no casamento de Garrett. — ele disse e eu me surpreendi
mais uma vez.
— Eu não sabia que você e Garrett eram amigos. — mas
então, eu me lembrei que Garrett tinha feito amizade com os caras da
minha banda e da banda de Jasper, pois Garrett e Jasper eram velhos
conhecidos. Acho que Jasper tinha sido roadie¹ da banda de Garrett por
alguns anos antes de começar seu mestrado na Alemanha. — Desculpe, agora
me lembro que ele fez amizade com você e o resto da banda. Acho que até
Ben e Angela devem ter sido convidados.
— Sim, e vai ser incrível
poder ter todo o pessoal reunido. — ele sorriu e eu me lembrei do rosto
de menino que ele costumava a ter, pois parece ter crescido tanto em
tão pouco tempo. — Oh, desculpe, eu nem te ofereci um café e um pedaço
de bolo...
— Não, eu estou bem. Provavelmente quando chegar em
casa, minha mãe vai estar esperando por mim com alguma massa caseira e
muitos pães e biscoitos, não se preocupe. Agora eu é quem peço
desculpas, mas eu tenho que ir Tom. Vou ver se trago o Noah comigo ou
não hoje a noite. — eu me despedi com dois beijos em seu rosto e saí
ignorando o fato de ele estar olhando para minha bunda enquanto eu me
afastava em direção minha casa.
Homens, Aff! Eles podem
parecer doces e cuidadosos, mas no fim estão todos pensando quase a
mesma coisa. Se bem que Tom estava mais “saidinho”, porém ainda me
respeita, suas reações são sutis e acho que ele nem percebe o que faz na
maioria das vezes. Ele ainda não tem aquela malícia no olhar que caras
como Garrett, Edward e até mesmo Jasper têm. E ele nunca escondeu que
tinha uma queda por mim, mas também nunca avançou.
[…]
Decidi
deixar Noah em casa, pois dona Renné insistiu até me vencer pelo
cansaço. Eu não queria porque eu já podia imaginar Edward e todo o seu
mau humor me dizendo que eu era uma mãe desnaturada e blá, blá, blá.
Tentei não pensar muito nisso para não estragar a noite dos meus amigos,
afinal ninguém queria escutar meus problemas e reclamações.
Provavelmente esta seria a última noite que estaríamos unidos todos
juntos.
Como o apartamento de Alice e Jasper estava praticamente
vazio contendo somente um colchão, almofadas e cafeteira, nós saímos
para jantar num restaurante asiático com buffet, o que era seria mais do
que satisfatório para Jasper e Tom que pareciam duas dragas. Antes de
entrar no restaurante, Jasper me segurou do lado de fora enquanto Tom e
Alice entraram no restaurante para escolherem uma mesa.
— Escuta,
Bella. Eu ainda não me desculpei pela última vez que eu estive aqui. Eu
sinto muito pelos problemas que eu causei. — ele segurava meu queixo
para ter certeza que eu olhasse em seus olhos e visse sua sinceridade.
—
Eu já te desculpei, mas eu acho que você sabe a quem você realmente
deve desculpas, não é Jasper? — eu o encarei esperando que ele
entendesse o que eu estava insinuando.
— Eu sei! Ainda mais quando
ele foi tão generoso em não me processar. — Jasper foi irônico e a
careta em seu rosto só confirmou isso. — Mas eu não devia tê-lo socado e
muito menos ter dito que ele estava com outra no show. Eu nunca me
perdoaria se algo de grave tivesse acontecido com você ou o seu bebê.
—
Shh! — meu dedo indicador pousou sobre seus dois lábios. — Chega de
lamentações. Pelo menos agora você sabe que todos os atos tem
consequências e vai pensar duas vezes antes de fazer algo. — eu beijei
sua bochecha. — Agora vamos! Eu quero comer!
Durante o jantar eu
senti uns movimentos estranhos de Tom para o meu lado, mas nada com que
me preocupar. Ele estava mais carinhoso e me tocava sempre que tinha
oportunidade, sorria mais para mim e me encarava descaradamente mesmo
quando eu não estava falando. Eu queria saber o que tinha mudado durante
as semanas em que ficamos separados. Por que ele estava tão
interessado? Ou melhor, por que ele parecia tão confiante se eu não
estava me separando de Edward? Tom é um rapaz muito bonito, disso
ninguém podia duvidar, mas eu ainda não entendo muito bem a razão pela
qual ele me escolheu entre tantas meninas naquela faculdade e agora que
ele é baterista de uma banda que está mais famosa a cada dia.
[…]
Cheguei
em casa e estava tudo silencioso. Isso significa que minha mãe tinha
conseguido fazer Noah dormir, o que era um milagre. Eu tentei não
demorar mais do que uma hora e meia fora de casa e tempo todo eu estava
preocupada olhando para o meu telefone esperando por notícias do meu
bebê. Passei pela sala, nenhum sinal de minha mãe, então presumi que ela
já tinha se recolhido para o quarto de hospedes/escritório. Fui para o
quarto de Noah e lá estavam Edward sentado na cadeira de amamentação
olhando para Noah dormindo no berço. Quando ele me viu, fez sinal para
que eu saísse, pois ele queria falar comigo lá fora. Ao nos encontrarmos
os dois no corredor, antes que eu pudesse falar, ele me beijou. Não foi
um beijo casto, foi bem possessivo e arrebatador. Tão exigente que
chegou a machucar meus lábios, mas eu sabia que todo meu batom estava em
seus lábios e não nos meus.
— Me desculpe! Eu fui um babaca hoje
cedo. Eu sei que não mereço você. — e então ele me beijou novamente,
porém de forma mais suave. — Vem comigo. — ele me guiou para o estúdio,
acendeu a luz e foi até seu teclado que estava lá desde que ele voltou
para a Alemanha. Sentou-se, ligou-o ajustou o volume, configurou para
som de piano e então fechou os olhos enquanto suas mãos passeavam pelas
teclas.
They say it fades if you let it, ²
love was made to forget it.
I carved your name across my eyelids,
you pray for rain I pray for blindness.
E cantou. E olhou para mim diretamente nos olhos quando executou o refrão.
If you still want me, please forgive me,
the crown of love has fallen from me.
If you still want me, please forgive me,
because the spark is not within me
Eles dizem que desaparece se você permite,
Que o amor foi feito para ser esquecido.
Eu talhei seu nome através de minhas pálpebras,
Você reza por chuva, eu rezo por cegueira.
Se você ainda me quer, por favor, me perdoe,
A coroa do amor caiu de minha cabeça.
Se você ainda me quer, por favor, me perdoe,
porque a faísca não está comigo.
Ao
terminar a música, eu estava emocionada. Como sempre, Edward fazia algo
estúpido e depois consertava de forma épica. Será que eu me cansaria
disso um dia? Ele me beijou e me empurrou contra a parede atrás de nós,
pressionando o meu corpo contra o seu e eu pude sentir o quão excitado
ele estava.
— Faz muito tempo, senhorita Swan, faz muito tempo. — ele disse entre um beijo e outro.
—
Sim! — eu gemi enquanto seus lábios lambiam e chupavam meu pescoço
fazendo com que pensar ficasse difícil. Suas mãos passeavam por todo o
meu corpo me apertando de uma maneira quase dolorosa. Eu tenho certeza
de que ficaria toda dolorida no dia seguinte.
— Vamos para o nosso quarto!
Seguimos
para o nosso quarto aos beijos. E eu me lembrei porque ele preferiu o
nosso quarto, porque além de podermos trancá-lo, a babá eletrônica
estava lá também.
— Você está linda hoje! — ele disse enquanto me
despia. — Eu quero ver você, Bella, porque hoje você me lembra aquela
mulher no aeroporto por quem eu me apaixonei. — ele me despia e ia
beijando as partes que já estava nua. Edward arfou quando viu meus
seios. — Oh, Deus! Seus seios estão lindos! Pena que não posso sugá-los
agora.
Ele empurrou seu jeans para baixo, e quando caiu no chão
ele o chutou para longe ao mesmo tempo que me empurrava para cama. Ele
sabia que eu estava liberada para o sexo pela minha ginecologista. Eu
pude ver pela sua ereção, que ele não estava brincando quando disse que
fazia muito tempo que não ficávamos assim juntos e nus. Mas também
sabíamos que podíamos ser interrompidos a qualquer momento. Ele veio
para cima de mim, forçando minhas pernas a se abrirem totalmente para
ele e me olhava com um olhar de predador.
— Bella, eu vou te foder
bem forte hoje. E vou te dar prazer, mas não vou ser gentil, amor. —
Edward agora pairava sobre mim. Ele segurou meus pulsos sobre minha
cabeça com uma mão e com a outra acariciava meu clitóris. Eu já estava
molhada desde que ele disse que ia me foder forte. Ele já tinha sido
selvagem assim antes, mas hoje ele estava mais viril do que nunca.
Enquanto
ele acariciava meu clitóris com seu polegar, sua boca sugava meu
pescoço e eu tinha certeza que haveria uma marca em poucas horas. Estava
ficando cada vez mais difícil pensar a medida que meu orgasmo estava se
configurando, surgindo devagar, mas poderoso. Ele me beijou para abafar
meus gemidos que estavam ficando altos. Não queríamos acordar nem Noah e
nem minha mãe. O orgasmo foi tão intenso que lágrimas rolaram pelo meu
rosto. E sem me dar tempo de descanso, Edward pôs o preservativo tão
rápido e logo já estava dentro de mim, batendo contra minha virilha
rápido e cada vez mais profundo. Eu podia senti-lo bater fundo em mim. E
para ir mais fundo, ele me segurou pelo o quadril fazendo com a
penetração fosse ainda mais intensa. A maneira como suas mãos agarravam
minha pele com certeza deixariam marcas, mesmo eu não sendo nem um pouco
branca. Ele nunca tinha sido tão intenso quanto hoje. Tão selvagem.
Acho que foram meses e meses de abstinência. Quando ele chegou ao
clímax, gemeu de forma gutural mas baixa e rouca antes de cair sobre mim
beijando todo o meu rosto e meu pescoço.
— Eu te amo, Bella! Eu
te amo muito, muito mesmo! — e logo sua cabeça estava sobre meus seios, e
ele não saiu de dentro de mim. Sua respiração que estava pesada foi
normalizando a medida que fomos nos acalmando.
— Eu te amo mais, Edward! — eu beijei o topo de sua cabeça entre seus cabelos molhados de suor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem e façam uma Autora Feliz!!!