domingo, 18 de outubro de 2015

MVA - Final

Epílogo

 Amor?
Edward entrou colocando o pequeno Ale no chão que gargalhou correndo até a cama e subindo.
 Mamã, mamã? – ficou de pé segurando em meu braço – vai levar, “mamã Pameia?”
Olhei suplicante para Edward enquanto retirava Elisa do meu colo. Ela sorriu balançando seus cachos cobres, agora um pouco mais escuros, ao sentar no colo do pai.
 Devíamos ter esperado mais, Edward. Ele perguntará sobre os dois e Elisa...
 Meu anjo? Se acalme. Elisa sabe como agir. Certo, pequena?
Assim como combinado, Elisa apenas sorriu libertando um gritinho infantil e levou um dedo a boca.
 Vai, mamã Beia? – Ale exigiu minha atenção.
Respirei fundo por habito e me sentia melhor dessa forma, olhei para o pequeno anjo em meus braços. Seus cabelos loiros estavam com um penteado do Elvis o que me fez sorrir, Emmett. Toquei o topete e sorri admirando o brilho nos verdes claros de seus olhos.
Apesar de seus quase três anos, Ale aparentava ter mais, muito alto e magro. Sabíamos que ficaria mais alto que o pai. O que de certa forma nos ajudava na pequena mentira que encenamos à quase dois anos.
 Lembra que papai e mamãe não poderiam ficar esse ano? Eles foram ajudar o papai Noel...
 E toda vez que chamar por eles o papai Noel erra o caminho de uma chaminé, por isso não pode falar papai Alex e mamãe Pamela hoje, garotão?
Seu sorriso diminuiu e as sobrancelhas crisparam, Ale estava irritado. Olhei para Edward em busca de nova ajuda. Apenas se inclinou tocando nossos lábios.
 Não quer conhecer o vovô Charlie, Ale? – ele acenou positivo.
Tomei Elisa em meus braços novamente. Eu sentia a tensão em cada partícula do meu corpo desde que uma caminhonete estacionou em frente à casa e de lá saíram Cindy, Jacob e Laura abraçada ao meu pai.
 Não foi uma boa ideia Edward. Devíamos ter esperado um pouco mais...
 Isabella? Charles já esta em idade de repetir tudo o que falamos Elisa já esta prestes há completar dois anos e Charlie ainda não os viu.
 Olá família, sinto finalizar essa reunião, mas Charlie esta impaciente. Louco para rever Ale e finalmente conhecer a neta pessoalmente.
Elisa bateu palmas sorrindo para a tia, sua baixa estatura nos ajudaria com o teatro de uma criança de um ano. Ela sabia que não deveria sorrir muito na frente do avô ou de qualquer outro humano.
Assim como fazer algo avançado para sua suposta pouca idade. Alice depositou alguns caixinhas de lentes nos bolsos escondidos por meu vestido e seguiu para a sobrinha.
 Lembra-se do que brincamos hoje à tarde? Como deve se comportar na frente dos outros?
Elisa sorriu sem mostrar os dentes, bateu as mãos no vestido e se inclinou, engatinhando sobre a cama até estar nos braços da tia. Segundo Edward desde que entramos no avião, Elisa mostrará seus pensamentos atrás do toque apenas uma vez e para Ale quando ele não quis ficar no acento.
 Tudo bem, não há como fugir, me dê minha filha.
 Espere, deixe eu verificara maquiagem e seu cabelo. Não se preocupe Bella, após alguns anos, casada, mãe e tendo Alice Cullen como cunhada, Charlie não ficará assustado com as mudanças.
 Você viu isso?
 Uma parte... Elisa ainda atrapalha um pouco, mas estou melhorando. – disse arrumando a jaqueta de Ale que se colocou ao lado de Edward.
 Preparada? – murmurou após beijar meus lábios.
 Não.
A pequena e quente mão de Elisa tocou meu rosto, sorriu e beijou minha bochecha, para em seguida esconder seu rosto na dobra do meu pescoço. Alice desceu em nossa frente, avisando sobre nos, Edward saiu primeiro do quarto com um Ale agitado ao seu lado.
Beijei e aspirei o perfume de minha filha antes de segui-lo. A casa estava arrumada para uma grande ceia, partir de Forks sem olhar para trás fora um grande desafio, assim como voltar tornou-se ainda maior.
Por poucos meses conseguimos manter a mentira sobre a viagem com o iate, mas após outro natal longe e sem muitas noticias, Charlie ficou irritado e me cobrou a promessa.
Sem opções e com as ideais loucas de Alice, que aparentemente todos acharam adequadas enviamos as primeiras imagens da minha gestação.
Alice editou as imagens, deixando desta forma minha aparência saudável, com suas manipulações realmente parecia que estávamos sobre o iate. Em algumas cidades que ainda não estive.
Para que não tivéssemos problemas com Ale, todos incluindo Pamela e Alex acreditaram que permanecer em Londres seria o mais correto, evitando que Ale perguntasse por eles durante a ceia. Não estavam alegres de passar um natal longe do filho, mas era por poucos pares de dias.
 Como ele esta lindo!
Ouvi Cindy e passos que seriam dela.
 Como vai Charlie, Bella já esta vindo. Estava terminando de vestir Elisa. – o roçar dos tecidos indicando os abraços. – dá um abraço no vovô Charlie?
 Vovô?
 Que garotão!
Cheguei à frente da escada quando Charlie arrumava Ale em seus braços, impossível conter o sorriso ao ver a linda e grossa aliança em seu dedo, procurei
Laura, encontrando-a sentada entre Rosalie e Esme.
Ali estava outro motivo pelo qual não podíamos mais esperar, foi a primeira a me ver. Sorriu e contou com a ajuda de Rosalie para se erguer, o brilho da aliança ofuscou os dedos inchados quando se curvaram tocando o ventre volumoso.
Cindy sorria abraçada a Jacob, ambos mais maduros em sua fisionomia. Os cabelos um pouco mais curtos e lisos permaneciam no tom dourado. Jacob estava um pouco maior do que lembrava-me, seu queixo e pescoço cobertos por uma fina camada de barba.
Sorriu, piscando. Era a segunda vez que nos víamos desde minha transformação, Charlie já havia passado Ale para o colo de Rosalie e sorria com olhos brilhantes em nossa direção.
Elisa mantinha-se calada em meu colo, o rosto escondido em meu pescoço, tocando minha nuca e quase desfazendo o coque intricado que Alice fizera antes de anoitecer.
 Boa noite.
 Bells!
Conseguia ver as lagrimas que se formavam em seus olhos, a felicidade em nos ver e a duvida sobre qual de nos ele abraçaria primeiro. Removi sua duvida, enlaçando seu pescoço, beijando sua bochecha e voltando a me afastar antes que qualquer comentário sobre minha temperatura surgisse em pauta.
 Aqui esta nossa pequena Elisa, sua neta!
Segurei o pequeno punho de Elisa, chamando sua atenção. Ela estava um pouco corada, apesar de gostar de ser apresentada aos amigos de Carlisle e nunca corar. Suas frágeis narinas inflavam sugando o aroma do sangue do avô e fez biquinho, coçando os olhos.
Meus olhos correram para Edward, era demais para nossa filha. Ver a dor em seu rosto me fez encolher e voltei minha atenção para ela. Beijando sua bochecha e pálpebras, sua mão em minha nuca enviou imagens da sua sede.
 Sei que o vovô é feio, mas não chora princesa! Tão linda, apesar de ter puxado muito do pai. – resmungou a ultima parte e Elisa prestou atenção. – Ela é tão pequena... e magrinha, Bells. Você era mais gordinha e tinha menos cabelo.
 Ela esta um pouco febril... – disparo quando sua mão abandona os cachos ruivos e toca os dedinhos de Elisa. – isso a fez perder peso.
Elisa se inclina para o avô que a recebe com cuidado, mantive-me próxima, por medo. Jasper e todos continuaram em suas posições. Seus dedinhos seguiram para o manto grisalho que começava a tornar-se o grosso bigode.
Recebendo um beijo em sua bochecha e gargalhou se encolhendo, para em seguida de palmas abertas segurar as bochechas do avô, olhando-o fixamente. Desta vez fora Charlie que gargalhou abraçando-a.
 Por um instante pensei que fosse falar pequena!
 Gestante pede atenção, por favor! – Laura reclamou segurando no braço de Charlie e sorriu. – se seu irmão nascesse sem sua presença, lhe daria a surra que seus pais nunca lhe deram. Agora vem sentir esse moleque que não para de chutar. – ameaçou esticando a mão.
 Foi uma gestação difícil, tínhamos medo de viajar com ela novinha... – retruquei abraçando-a e beijo o volume, recebendo um chute em minha palma.
 Bella e Elisa precisaram de toda atenção e cuidado durante o pós parto. Como toda mãe, Bella se tornou neurótica.
 Neurótica é? Essa eu queria ver! – Jake se aproximou, me abraçando, enquanto Cindy dedicava sua atenção para Elisa. – até que pra uma sanguessuga você esta bem! – sussurrou antes de me soltar e apertar a mão de Edward.
 Depois eu te mostro o que é estar bem, lobinho!
 Olá irmã desnatura e madrinha, preparada?
Cindy sorriu, mas tanto ela quanto Jacob estavam interessados em minha resposta. Dentro de dois dias aconteceria o casamento na pequena capela de Forks. E no raiar do outro dia começaria os preparativos para a cerimônia Quileute. Estaríamos presente em ambos.
 Sim.
Eu não conseguia esconder a tristeza por ter me afastado dos meus pais, de minha família. E neste momento, rodeada por eles, vendo o sorriso de Charlie ao dividir sua atenção entre os netos e ventre volumoso de Laura ficara claro o quanto eu estava feliz.
Os braços firmes me adornaram e me puxaram para seu colo, a intensidade do dourado fez o desejo correr por minha espinha e ouvi Jasper bufar.
 Poderia ter continuado apenas com felicidade. – disse de uma forma que nossa família imortal pode ouvir, antes de enlaçar Alice e seguir para a varanda.
Em um time perfeito parte do bando chegou e Esme anunciou a ceia. Observei que nenhum dos Quileutes pareceram se importar com nosso cheiro, o que balanceava com o fato de não torcermos o nariz com o cheiro enjoativo que suas peles exalavam e o tamborilar de seus corações acelerados.
Não foi surpresa, Elisa deitar sobre o avô no tapete da sala e bocejar, Charlie apenas arrumou o pequeno corpo sobre seus braços, encostando no estofado e admirando a neta. Após dormir nada acordava Elisa antes que ela completasse seu descanso.
Mas das poucas coisas que Elisa herdara de mim, teve a infelicidade de herdar meu dom para falar enquanto durmo. O que nunca mostrou ser um problema, pelo menos até agora. Seus lábios tremiam, indicando que a compota de sonhos estava aberta. Assim como o momento em que ela não mantinha controle sobre seu dom.
 Vou levá-la para o quarto. – tento toma-la em meus braços.
 Eu subo com ela?
Não soube o que responder ao observar como os dedos de Charlie a prendiam, puxando para seu peito. Acenei e seguimos para o quarto.
 Bonito... – mencionou inspecionando-o – É o mesmo?
 Sim. Por enquanto ela dorme conosco.
O quarto que antes pertencia a Edward sofreu uma nova mudança. Não existia mais a sauna e a hidro, agora havia uma parte para Elisa e seu closet. E ainda uma cama infantil para o caso de Ale exigir nossa atenção.
 Uma pena que sua mãe não pode vir. Tenho certeza que ela odeia a neve agora... – sussurrou após arrumar o cobertor sobre Elisa. Tocando as bochechas rosadas.
 Haverá outras oportunidades...
 Bells?
Charlie mantinha os olhos em Elisa, sua forma tensa e as vibrações em sua voz deixando claro o seu medo.
 Sim, pai?
 Foi tão horrível assim, digo, a gestação, parto? Você teve depressão?
 Eu não tive depressão. – me aproximei do berço, tocando as bochechas coradas de Elisa antes de segurar uma de suas mãos, tomando meu tempo, escolhendo as palavras que poderiam ser usadas e da forma correta. – Edward... Por alguns problemas de saúde, Edward acreditava que não poderia ter filhos...
 Você soube disso antes de casar?
 Antes de começarmos a namorar, então quando descobrimos foi um choque para todos. Mas com o passar dos meses eu comecei a passar mal e fui piorando, em um determinado momento todos estavam desacreditados. Seria eu ou Elisa...
Mantive meus olhos afastados de Charlie enquanto ouvia seu discreto fungar, antes de sua mão subir e descer por minhas costas, sorri para seu ato de conforto.
Dizer meias verdades não foi o real problema com Charlie, mas sim manter a farsa de família humana dentro de casa durante os próximos dias. Acredito que o fato de Laura estar em uma gestação avançada impediu que meu pai pernoitasse ao lado do berço de Elisa.
Mas assim que o sol surgia, Charlie aparecia para ver a neta, voltava á tarde e passava á noite, Edward dizia que ele estava apenas checando, com medo de partirmos.
Examinava o vestido verde em meu corpo e retocava o batom antes de voltar minha atenção para Eliza sentada ao meu lado. Não precisávamos de seu dom para saber o que pensa, apenas seu olhar era o bastante para mim.
 Ainda não pode, filha.
Em milésimos seus lábios tremeram o inferior se projetando, ela havia aprendido esse truque com um bebê e desde que soube que era eficiente com todos e principalmente com o pai, usava e abusava, mas eu já estava preparada para esse bombardeio.
Agachei em sua frente, brincando com o biquinho formado. Tocando a ponta de seu nariz com o meu.
 Eu quero. – sua voz delicada sempre me emocionava, seria um longo período até que a surpresa e as emoções se acalmassem.
 Quando tiver idade, eu deixo!
Seus lábios crisparam em bico, que foram desfeitos quando comecei as cócegas, arrancando uma gargalhada antes de receber o sorriso idêntico ao do pai. Os passos se aproximaram e adentraram o quarto assim que a acomodei no colo.
 Prontas?
Sorri admirando a perfeição que Edward personifica a cada novo momento, os fios rebeldes estavam acomodados de forma disciplinar em harmonia com o terno. Ale logo ao seu lado vestido em uma miniatura de Edward.
 Estamos.
Com carros discretos, seguimos para a pequena igreja de Forks, esse seria um grande evento para a cidade, a filha caçula do chefe se casaria e todos cochichavam sobre a nossa presença.
Por isso não havia surpresa em sermos o centro das atenções quando paramos os carros. Edward estacionou ao lado de Ferrari vermelha, onde Rosalie já esperava tirando Ale, enquanto Edward abria minha porta.
O silencio de todos que estavam do lado de fora da igreja foi constrangedor, mas fiquei em duvida se o preferia no lugar do burburinho que surgiu assim que tiramos Elisa do carro, acomodando-a em meus braços e Ale correndo para o lado de Edward.
Alice nos olhou minuciosamente, verificando as maquiagens antes de seus olhos desfocassem por poucos segundo, sorriu triunfante para nos e seguiu com Jasper ao lado de Carlisle e Esme.
A cada novo passo sentíamos os olhos nos seguindo, Elisa que até então mantinha os olhos em todos, escondeu o rosto entre os cachos soltos no meu penteado. Já estava acostumado com o efeito que minha nova condição causava nos humanos, mas não posso negar que ver como os conhecidos de Forks reagiam era completamente diferente.
Havia o medo, claro. Afinal vivi tempo o suficiente aqui para que conhecessem minhas fisionomias e este sim era o teste para os planos de Alice. Estávamos nos expondo, pondo em risco nossa condição, minha filha.
Mas eu sempre confiaria em Alice, não diria em voz alta claro, mas sempre confiaria. Sua segurança e Edward calmo ao meu lado transmitia a certeza para que eu permanecesse seguindo até a igreja, um local fechado, cheio de humanos, aos quais minha filha poderia ter sede.
Alguns rostos reconheci de imediato, outro precisei de uma segunda olhada. Praticamente toda Forks estava reunida na pequena igreja, vi alguns dos nossos colegas de classe, Eric foi o primeiro a se aproximar, seguido de Jessica e Mike.
 Algumas pessoas não mudam! – Edward resmungou enlaçando minha cintura, ganhando a atenção de Elisa que ergueu o rosto em busca do pai.
 Edward, Bella!
 Como vai, Eric. Mike, Jessica? – Edward tomou a frente com sua cordialidade e apenas sorri.
Mike mantinha os olhos em mim, Eric cumprimentou Edward e retribui o olhar de Jessica quando ela permaneceu encarando Elisa.
 Algum problema, Jessica? – seus olhos voltaram em minha direção.
 Não. Eu... só estava admirando sua bebê, parece muito com Edward. Parabéns!
 Obrigada!
Elisa escorregou seus dedos em minha nuca e enviou imagens de Ravena e Jessica lado a lado. E precisei conter o riso. Beijei suas bochechas.
 Esse é pequeno é da Pamela? Que garoto enorme! – Eric brincou com Ale que se escondeu na perna de Edward.
 Ele é um pouco acanhado no inicio!
 Oi, pessoal. Tudo bem? Bom rever vocês! – Emmett parou ao nosso lado assustando os três. – Então garoto, que tal um pouco de diversão com o tio, Emmett? – continuou erguendo Ale com facilidade e seguindo até uma das portas laterais onde Rosalie conversava com Kim.
Mas quem parece não ter gostado da nossa presença, digo, a minha presença foi Lauren. Seu rosto cansado denunciava as varias noites em claro. Ao lado dos pais caminhava até um dos bancos próximos, seu ventre um pouco dilatado em uma gestação de poucos meses.
E vindo com seu irmão estava um menino moreno de no máximo dois anos, gritou mamãe antes de pular no espaço vazia ao seu lado e lhe adornar o braço. Seus olhos encontraram com os nossos e o velho tratamento transbordou em minha direção.
Apenas acenei de leve voltando minha atenção para Elisa que mantinha os olhos no filho de Lauren.
 O menino é Taylor, filho dela com o Tyler, ele não veio. Esta em Nova York para um jogo importante...
 Ele conseguiu um contrato com um time fraco da primeiro divisão, esta tentando impressionar os técnicos e sair do banco reversa. – Eric explicou enquanto acenava para o pequeno Taylor.
 Ele é bom e vai conseguir rápido. – Mike continuou.
 Ou Lauren o mata! – Jessica completou olhando as unhas. – Sabe como é, dois filhos pequenos aos 20 anos, solteira e morando com os pais. Não é o que ela desejava...
Assim que os rapazes da aldeia chegaram com Jake os três se afastaram, as gêmeas mantinham atenção sobre Jacob, que a certa altura não conseguia parar no mesmo lugar. As gargalhadas de Ale no colo de Billy ecoavam pela igreja, chamando assim a atenção de algumas crianças, incluindo o filho de Lauren.
Com um forte assobio, um dos gêmeos, irmãos de Ângela ganharam a atenção dos menores e colocou cada um em seu devido lugar. Arrancando o sorriso de todos.
 Agora é a vez de a sua tia entrar, fica aqui e depois a gente brinca mais! – avisou ao deixar Ale em nossa frente.
Todas as minhas memórias humanas estavam embaçadas, como se houvesse um véu me impedido de ver cada detalhe por minha nova mente. Alguns eu me esforçava para lembrar, outras simplesmente desapareciam e havia as fortes. As que marcaram minha nova personalidade.
Ainda existia a duvida se algum dia poderia voltar a ter o mesmo laço, o mesmo amor por Jake, e até o presente momento eu não saberia responder. Mas havia algo em que eu tinha certeza. Eu queria sua felicidade, eu desejava sua felicidade.
Por isso não estranhei a ardência em meus olhos, o desejo de chorar ao ver seus olhos brilharem quando minha irmã entrou, o sorriso quando Charlie lhe entregou a mão dela sobre a sua, o beijo casto antes de seguirem aos poucos degraus até o altar, a emoção em cada palavra das juras.
O reverendo Webber não teve tempo de dizer uma única palavra após Jacob colocar a aliança em Cindy. Rápido o bastante para chamar atenção sobre si, Jacob enlaçou minha irmã, erguendo-a e beijando de forma inadequada para o local.
 Posso ter um dança com minha nova irmã e minha sobrinha?
Elisa mantinha os olhos em Jake, completamente atenta. Inclinou o corpo e vi suas narinas dilatarem, sorrindo abertamente e cobrindo a boca.
 O que foi isso?
 Para um bebê, ela já tem todos os dentes...
Sua postura tornando-se tensa de acordo com que erguia a mão para Elisa. Tocando com a ponta do indicador a pequena mão, Elisa retribuiu o toque, olhando com fascino a pele morena, erguendo os dedos sem cuidado.
 Ela é forte! – sorriu afagando o rosto de Elisa que se ergueu, forçando o corpo em direção a Jacob. – E esperta, você ainda lembra-se de mim. – afirmou.
Com um carinho que não esperava ver, Jacob acomodou Elisa em seus braços. Os pequenos olhos atentos aos de Jacob, tocando sua barba. Tomou a minúscula mão entre seus dedos e beijou ganhando uma risada.
 Quando for adulta e souber o que aconteceu, espero que me perdoe e saiba que me sinto mal pelo que eu não fiz. E que até lá eu consiga ter minha amiga de volta.
Suas palavras sérias tomaram toda a atenção de Elisa e mais uma vez senti a ardência, recebendo um novo lembrete, diferente de mim, Jacob viveria com Cindy. Uma humana, mortal.
Valeria apena perder os poucos momentos preciosos ao lado de ambos por magoas? Daqui há pares de décadas, eu já não o teria comigo. Eu estava soluçando em um choro sem lagrimas, eu não queria perder mais de alguém que é tão importe em minha vida. Respirando fundo por costume me ergui, arrumando o vestido em minha volta.
 Estou pronta para nossa dança. – sussurrei retribuindo o sorriso que recebi com este gesto.
Com Elisa firme entre nos, dançamos calmamente. Recebendo as risadas enquanto ela mostrava as pessoas em nossa volta. Até ela ver o avô e esticar os braços para ele.
 Então você me perdoa? – insistiu assim que Elisa estava no colo do avô, já não dançávamos mais, apesar de permanecermos na pista.
 Eu não vou perder mais do que a minha nova vida cobrou, Jake. Eu não vou esquecer, mas não vou abrir mão do pouco que posso ter. Vamos aprender a conviver com isso?
Permanecemos alguns instantes nos olhando, até seu rosto suavizar e sorrir abertamente. – Acho que posso conviver com isso, por enquanto.
A cerimônia Quileute ocorreu quando o sol coberto pelas grossas camadas de nuvens negras já estava no centro do céu, Cindy e Jacob passaram a manhã aos cuidados dos anciões. Costumes aos quais não poderíamos assistir, e aos quais não conseguiria de toda forma.
Assim que estacionamos em frente à praia onde ocorreria a parte final da cerimônia, vi quem eu mais temia encontrar, Renée mantinha-se atenta ao carro com Phil ao seu lado. Olhei apavorada para Edward. Seu toque sempre me afeta, não importa a circunstância.
Inclinou seu corpo para o meu e recebi seus lábios em minha pele, mordiscando meu pescoço. – Você consegue. – sussurrou antes de se afastar e chamar por Elisa e Ale.
 Hoje vamos conhecer a outra vovó, mãe da mamãe Bella.
 Mamã da Beia?
 Sim, vamos conhecer a vovó Renée, tudo bem?
Com medo segui tomando Elisa em meus braços, como meu escudo e meu freio. Caminhamos até o inicio da areia, quando Renée apenas correu até nos, me puxando para seus braços, beijando minha bochecha, fazendo o mesmo com Edward e Ale, antes de voltar novamente a me olhar e admirou a neta.
Abraçando-nos novamente. Eu não soube exatamente o que houve e Edward não quis me contar, mas mamãe parecia não se importar com nossa temperatura, não houve qualquer comentário sobre minha nova forma, seja física ou postura.
Phil manteve Ale distraído, enquanto Elisa mantinha-se atenta a cada palavra e sorriso da avó que retribuía.
 Esta tudo bem mesmo, Edward?
 Se acalme. Sua mãe não é um problema, ou seja, o que quer que esteja imaginando. Renée tem apenas uma forma diferente de ver o mundo.
No curto espaço entre o carro até ter Renée ao nosso lado, eu já estava me preparando para as perguntas que poderiam vir, como eu deveria responder e a ausência delas me deixou preocupada por um curto tempo.
A felicidade da aldeia, dos convidados era como reflexo de todo amor e felicidade que transbordava de Jacob para Cindy, enquanto ela retribuía caminhando com seu corpo moldado por uma pequena saia e tope de pele carneiro e alguma runas espalhadas por seu corpo.
O ventre desnudo continha o desenho de um lobo avermelhado, que contornava seu corpo, ocupando toda a base das costas. Seu rosto com pinturas da tribo.
Assim que o velho Ateara finalizou entregando uma cuia com alguma bebida que não consegui identificar, Jacob desenhou o símbolo Quileute nos poucos centímetros de pele livre de pintura, entre o focinho e o rabo do lobo, segurando sua mão e girando para os convidados.
Um coro de uivos dominou o ambiente. Os poucos que não entendiam os motivos apenas sorriam achando que não passava de uma piada, mas aplaudiram o casal. Quando o almoço começou a ser servido, usamos as crianças como desculpe para nos mantermos mais afastado, Elisa em meu colo comendo com minha ajuda uma salada de frutas e Edward com o mais difícil, conseguir manter Ale quieto e ambos limpos até o final.
Nossa pequena interação com as crianças despertou o interesse de muitos aldeões e da minha família, sentia o olhar de Renée a todo instante. Estava feliz por Edward conseguir ler mentes, isso me acalmava.
Assim quando terminaram de se alimentar, pude usar a desculpa de trocar Elisa para colocar um novo par de lentes e lhe dar sua mamadeira de sangue. Voltando para a praia antes que alguém tivesse a oportunidade de me seguir e cobrir de perguntas.
Ao ver o pai e Ale brincando, levou sua mão em minha nuca e enviou seu pedido. Tirei nossos sapatos, os pequenos pés sacudiam ansiosos por tocar a areia. Firmei suas mãos impedindo que corresse até eles.
Ouvia o riso de Laura e Charlie, sentados perto, Claire corria ao nosso encontro. Quil não tinha medo de Elisa, apesar de muitos mirá-la com certo receio.
 Ela esta tão feliz!
 Sim, completamente diferente da adolescente desconfiada e mal humorada que voltou pra casa.
Pelo canto de olho observei mamãe abraçar Charlie sentando ao seu lado, seguida de Phil que sorria olhando os rapazes e suas brincadeiras.
 Mas não é isso que quero dizer... Nossa menina é uma mulher, uma mãe agora. – Charlie permaneceu mudo nos olhando. – Ela encontrou seu caminho, Charlie. E não é mais as nossas asas...
 Se me permitem a palavra, ela sempre voou sozinha. – Phil interrompeu.
 Temos que nos acostumar com isso. Ela tem o próprio ninho para proteger.
Um nova onda de ardência me abateu e admirei o mar de La Push, no que poderia ser uma ultima vez, até ouvir as risadas de Claire e Elisa. Ambas sujas após caírem na areia, os gritos de Ale ecoaram.
Mais uma imagem que não veríamos com tanta frequência acontecia em minha frente. Seth, Embry e Edward fingiam jogar soccer com Ale. Mantive minha atenção nas pequenas em minha frente que tentavam construir castelos de areia.
Por isso não me espantei ao ver Ale chegar derrubando o pouco que ambas fizeram e se jogar em meus baços, completamente suado, sujo de areia e com partes da roupa faltando.
Arrancando gritos de ambas, e gargalhadas minhas. Edward caminhava em nossa direção, notando sua aproximação virei a tempo de vê-lo cair ao meu lado, fingindo cansaço. Como imã, minha mão correu pela pele exposta na abertura de sua blusa, tocando sua nuca e puxando seu rosto pra mim, roubando um beijo.
 Esta feliz?
 Como jamais imaginei.
Eu estava recebendo mais felicidade do que imaginei em toda minha vida humana, consciente de que em algum momento eu pagaria por minhas escolhas. Mas em paz olhando meus filhos, família e amigos que eu poderia manter ao meu lado o máximo que pudesse.
Eu encontraria uma forma de manter Elisa e Ale perto de Charlie, de convivermos o máximo possível com Ale. Faríamos cada momento ser único, isso bastava até precisarmos de um novo amanhecer.

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