quinta-feira, 23 de abril de 2015

MVA - Capítulo - 16

Fase 2: Batalhas perdidas

Quando vai? – Cindy suspirou afastando minimamente o rosto do pescoço de Jacob. – tente descobrir sem arrumar confusão.

Jacob sorriu apertando-a mais ao seu corpo. Sentando-a sobre a moto – eu vou descobrir a verdade.

Acha que papai vai insistir em procurá-los?

Não sei. Ela esta muito pálida. Charlie percebeu isso. Qualquer um com bons olhos perceberia. – afastou alguns cachos do rosto dela antes de beijar o queixo e se afastar – eu deveria ir, Charlie não gostou de me ver acelerar.

Puxou-o pelo pescoço – imagine se ele soubesse que já corri montada em um lobo maior que um cavalo, sem rédeas e arreio.

Jacob riu, vendo o carro de Laura surgir no final da rua. Ajudando-a descer da moto seguiram lentamente para a varanda.

Que bom que ainda esta aqui, Jacob. Poderia aproveitar que a casa dos Cullens é caminho para La Push e levar a mala do Ale?

Por mim já teria ido. – retrucou Charlie em voz baixa – vá ajudar Laura com a mala, Cindy. – ordenou puxando Jacob pelo ombro até a sala. – então Jacob. O que acha que a Bella tem?

Ela só esta pálida, Charlie.

Ela esta escondendo alguma coisa, acha que Edward possa... ser violento com ela?

Nem mesmo Charlie conseguia acreditar no que disse, mas nenhuma das suposições fazia algum sentido e em todo o momento que esteve com Bella não encontrou nenhum hematoma.

Não, ele é completamente apaixonado por ela, alem é claro, você é um policial – Jacob retrucou em tom de brincadeira. – conhecemos a Bells, ela falará. De uma forma ou de outra ela sempre acaba contando.

Charlie olhou em direção as escadas, suspirando e encarou Jacob – quero lhe pedir algo. Eu te vi crescer, é como um filho pra mim. Vejo sinceridade nos seus sentimentos e apesar de irritado. – suspirou novamente se dando por vencido – sei que isso acabará ao menos da mesma forma que Bells e o Cullen.

Ela também é uma Cullen agora...

Não me interrompa – ralhou – só quero lhe pedir para não afastá-la de mim. – Charlie não conseguia dizer mais do que isso.

Mas fora o suficiente para Jacob entender.
Eu jamais farei isso, Charlie. Você e meu velho não podem ficar longe dos nossos olhos e eu não sou louco de tentar levar a Cindy, ela me mataria. Ela tem verdadeira adoração por você.

Charlie meneou a cabeça, dispersando o choro e sentou em sua poltrona antes de apertar o controle e sintonizar em mais um jogo. Jacob sorriu permanecendo de pé ao ouvir Cindy sussurrar que a mala estava pronta.

Vou te esperar em La Push, vou pedir ajuda da Laura pra escapar, assim nos podemos aproveitar a gruta. – sussurrou maliciosa tocando os lábios quentes do namorado antes de enredar os dedos finos e pequenos pela nuca dele que estremeceu apertando a cintura fina e tomando-a em um beijo quente.

É melhor você ir. – sussurrou removendo a mão pequena do cós da sua calça – ou eu não responderei por mim...

Cindy sorriu mordendo os lábios de forma provocativa, piscando enquanto acariciava a ereção de Jacob que gemeu. – Guarde essa disposição para quando chegarmos à gruta, vamos precisar dela.

Antes que ele pudesse apertá-la de encontro a sua ereção, Cindy já havia se afastado e nada poderia fazer sem chamar a atenção de Charlie que andava perto da janela ainda decidindo sobre espioná-los.
Com a mala nas costas arrumou a ereção em suas calças e respirou fundo, montando na moto e seguindo a casa dos Cullen. O caminho rápido e já removia a mala das costas, entrando sem esperar que abrissem a porta, o silencio agourento sendo quebrado por dois corações que batiam saudáveis.

Como uma pequena comitiva todos os Cullen rodeavam Bella de alguma forma. Sentou após entregar as roupas ao pai do bebê.

Então, vai me contar a verdade?

Jacob via a pele clara, a tensão em cada Cullen e a forma como se moviam de acordo com Bella. Algo que o incomodava.

Jake...

Esse não é um momento, Jacob. Edward parou em frente.

Ler a mente de Jacob era fácil, ele permitia seus pensamentos escorregaram por sua mente, da mesma forma que Emmett, apenas não os verbalizava com qualquer um. Jacob via a mentira em Bella, um sorriso de escárnio escapou de seus lábios.

Mesmo? Você certamente se empenhou em transformar a Bella em uma mentirosa nessa lua de mel – debochou. – mas eu a conheço. E sabemos muito bem que a única verdade que ela disse essa manhã foi a de amar o pai.

Jake...

Seus olhos negros e sem gentileza miraram Bella, estava decidido a ter a verdade e não pararia.

Eu estou grávida.

A frase não fazia efeito em sua mente, permanecendo a olhar para Bella. Acreditava ser alguma piada para tirar o foco do assunto real, mas acompanhou a mão que deslizou pelo ventre, vendo o afago sua mente começou a trabalhar. Completamente crente de que esse filho não era de Edward. Lembrou-se da noite em que tiveram certa intimidade, não havia maneiras de ser seu.

Nos não... quer dizer... – olhou para Edward, sem conseguir manter as lembranças afastadas, mas esta não seria a primeira vez que repassava a lembrança para ele. Estava completamente confuso, não conseguia imaginar Bella traindo Edward. Ainda mais na lua de mel. – Bells...

Edward é o pai.

Sem querer ofender, Bells, mas sanguessugas não dão cria. Eles estão tecnicamente mortos.

Homens precisam apenas de sangue nas veias... Edward caçava com mais frequência.

Aos poucos os pensamentos se ordenavam, não sabia ser possível, mas o raciocínio de Isabella era plausível. Quando a compreensão do que a amiga carregava chegou ele, apenas trincou os dentes confuso por ainda não ter retirado a aberração.

E esta faltando algo para Carlisle te ajudar?

Me ajudar em que?

A tirar essa coisa.

Essa coisa é o meu bebê.

Isso é um sanguessuga, como os outros.

Não conseguia acreditar que ela tratava o que carregava no ventre como um bebê.

Não. É o meu filho.

Tá brincando, né? – o sorriso foi desaparecendo quando viu a seriedade em seu rosto.  – isso vai matar você, é um sanguessuga feito pai...

Não...

Apesar da aparência abatida, era visível o maxilar tenso, as bochechas tomando um tom rosado pela raiva, as sobrancelhas crispadas e pequenas linhas na testa, o tempo fora pouco, mas Bella já tinha a extinto correndo por suas veias. Ela já era uma mãe, uma mãe que não viveria para ver a cria. Consternado com as escolhas da amiga e completamente confuso por Edward ainda não ter resolvido o problema, se ergueu avançando sobre ele.

Que você é idiota, eu sei. Mas vai deixar isso matar a humana que diz amar, nos sabemos o que é isso... – viu o vampiro tremer, os olhos escuros e ombros caído não comoviam Jacob, na verdade o deixaram mais apreensivo sobre Bella e a criatura em seu ventre. Ignorando completamente o movimento em suas costas. – você não quer! Então tira isso dela.

Não é tão simples. – Jasper murmurou.

Isso chamou a atenção de Jacob que finalmente reparou nas posições de todos, confuso sobre Rosalie estar ao lado de Cindy em uma barreira.

Ah, qual é! A Barbie e a chamas? Por favor, somos em vários! Bella? Sai da frente.

Um pequeno brilho surgiu nas mãos de Pamela, crescendo em esfera, até alcançar o tamanho de um ovo de avestruz e quebrar, transformando-se em labaredas. Uma pequena fogueira em cada mão.

– consegue se regenerar do fogo, lobo? Estou gostando menos de você, agora. – e as chamas quase alcançaram o rosto de Jacob.

Você não é burra, Bells. Sabe que isso é um chupador de sangue que vai acabar com você.

Ao dar um passo em direção a Isabella, Jacob cometara um grande erro. Assim que Edward percebeu a intenção de Pamela apenas puxou Jacob pelo braço. Removendo-o da mira, mas antes que pudessem se recobrar, ela e Rosalie cercaram Jacob.
Ao ser encurralado Jacob se transformou, arremessando Rosalie pelo jardim. Pamela tentou novamente feri-lo com fogo, mas Edward a segurou.

Bella o amo, não faça isso. – repreendeu. – Vá, Jacob.

Jacob em sua forma lupina rosnou furioso ao ver uma parte da pata dianteira queimada. Jasper segurava Rosalie arrastando-a de volta a casa.
Todos voltaram para a sala, um longo uivo rompeu o silencio. As lembranças vinham frescas, alimentadas pela raiva e não pode parar ao ver seus companheiros compartilharem de sua mente. Os uivos surgiram, convidando a todos.
 Seu sangue fervia nas veias, ainda dominado pelo desespero e incredulidade permitia que todos assistissem suas lembranças, sentissem seu asco. As vozes faziam coros com seus sentimentos, alguns como Seth e Quil ainda permaneciam descrentes.

– Isso é algo perigoso. – Sam sussurrou na mente de todos ao surgir por detrás da pedra.
Já estavam reunidos próximos a reserva Quileute. – o que ela carrega não será humano, e não será domado.

– Eu não acredito que vou dizer isso, mas jake... talvez a Bella tenha... – Quil não teve coragem de finalizar a frase.

– Não sei o que é mais ridículo, a Swan certinha traindo um vampiro ou essa suposição descabida. Seria terrível para os humanos, caso os frios se reproduzissem. – Leah pontuou antes de se sentar a meio caminho de Sam e Jacob.

– Eles se amam, Leah. Ela não faria isso.

– Estamos falando da humana que namora um vampiro. – retrucou Paul.

– Seja como for, o que ela carrega será um perigo para a tribo, para nos e a humanidade. Precisamos exterminar.

– Serão longos meses de espera. – murmurou Jacob.

Todos voltaram os olhos para o lobo marrom avermelhado, Seth fungou abaixando a enorme cabeça, Quil se afastou, fora preciso alguns segundos para que Jacob compreendesse a natureza das palavras de Sam.

– Aquilo ainda esta nas primeiras semanas na barriga dela, nem da pra ver direito. – Jacob aproximou-se de Sam – ela é uma humana, Sam... não...

– Isabella tomou as decisões que a levaram a ser um perigo para nossos descendentes.

– Ela ainda é humana, Sam!

– Sacrifícios precisam ser feitos, como Alfa não permitirei que esse monstro nasça para levar nossa tribo e nossos amigos para a morte.

– Quando iremos atrás dela? – Leah ergueu-se de sobre suas patas traseiras.

– Avisaremos ao conselho e invadiremos o terreno dos Cullens. ordenou Sam com seu tom de Alfa.

Girou as patas, voltando a sua forma humana e seguindo pelo trilho de volta a estrada da reserva, seguido de perto pelos outros. Jacob ainda permanecia estagnado em sua forma de lobo, Seth surgiu em sua frente. O sorriso complacente fez seu cérebro estalar, ódio o dominou.

– Volte ao normal, jake. – sussurrou batendo na pata do lobo – precisamos de uma boa desculpa no conselho, cara. – sua voz quase não fora ouvida pelo lobo.

Com os músculos rígidos, Jacob precisou, pela primeira vez, forçar seu lobo a reagir, suando para voltar à forma humana. Seth apenas segurou o amigo, arrastando-o pela direção seguida por Sam e o bando.
Mesmo com diálogos sussurrados e muitas ideias, nenhuma parecia adequada para frear Sam ou ao menos permitir um segundo olhar do conselho sobre Bella e sua condição humana. Não se importava em permitir que as lagrimas molhassem seu rosto. Chorar nunca lhe foi apresentado como um ato vergonho por ser homem.
Essa era sua válvula de escape. Os dedos corriam pelo cabelo curto em desespero ao ver as costas dos companheiros. Seu corpo tremia, seu lobo chorava por Bella e por Cindy. Ao pensar em sua imprinted, o choro lhe sufocou.
Como seria olhar para Cindy sabendo que esteve presente na morte de sua irmã? Como conseguiria viver com o peso da morte de Bella? Seu primeiro amor, sua amiga, sua irmã.
Todos os olhos voltados a sua reação, Billy em momento algum disfarçou a preocupação com o filho, que mesmo de corpo presente já não ouvia as palavras do conselho. Enquanto uma votação era iniciada sobre exterminar o que crescia no ventre de Isabella no nascimento, caso ele sobreviva por muito tempo ou finalizar antes que a criatura ganhasse forças, Jacob segurava sua cabeça com ambas às mãos com certa brutalidade.

– Vamos repassar os comandos antes de seguirmos até os Cullen. – essa fora a única frase que Jacob ouviu.

Removendo-o do estupor que se encontrava, mirando em desespero os passos firmes de Sam e o bando, Quil olhou o amigo em um pedido de desculpas, Jared abaixou a cabeça envergonhado, Seth apertou os ombros do amigo que tinha como irmão e na maioria das vezes, como exemplo.

– Não quero semear a discórdia, jake. Mas você tem o poder e eu vou estar ao seu lado nisso, Black – murmurou se afastando.

Seu olhar abaixou para o pai, após sentir o toque do metal em sua perna, Billy sorriu para o filho, tocou a pequena linha que agora era a cicatriz da queimadura. – Não sei o que seria de mim caso perdesse uma de suas irmãs... Não conseguirei olhar para meu amigo sabendo que tenho culpa sobre a morte de sua única filha. Não é uma exclusividade de apenas uma geração. Todos os Black passam por provações.

Lentamente as palavras entravam por sua mente debilitada, olhou pela sala vendo que muitos do conselho observavam a conversa de pai e filho. Com passos determinados atravessou a sala, gritando por Sam.
O sol já descia o horizonte, sumindo entre as montanhas, o tom escuro acompanhado de pesadas nuvens negras cobria boa parte do céu. Não queria essa nova responsabilidade, preferindo uma conversa antes de optar por sua única alternativa.

– Sei que já foi apresentado ao conselho, mas Sam. Não precisamos matar a Bella. Podemos esperar aquilo nascer...

– Jacob, Isabella carrega a cria de um frio, ela não vai sobreviver.

– Carlisle e Edward querem aquilo fora dela, só precisamos ajudar.

– Fala serio, jake! Seus sentimentos pelas Swans te tornou cego. E amiguinho deles. – Paul gracejou em divertimento.

– Não é cego, é sensato. Podemos esperar, afinal o Carlisle é medico, obvio que sabe fazer uma cesariana. – insistiu Seth aprumando o corpo ao lado de Jacob.

– A decisão já foi tomada, você só tem que decidir em ficar aqui ou nos acompanhar para matar o que ela carrega.

– Não precisamos matar a Bella. – implorou.

Todo o calor da discussão e concentração dos demais companheiros não permitiu que prestassem atenção ao passo suave ou ouvissem a aproximação do coração humano. Mas o farfalhar das folhas amassadas pela cesta com quitutes preparados por Emily que rolaram pelo chão até os pés do bando foi o suficiente para que varias cabeças virassem.
O rosto bronzeado e angelical estava uma mascara de dor e infelicidade.
Cindy ouvira pouco da conversa, mas o suficiente para lhe tirar a paz, horrorizada voltou os olhos úmidos para Jacob. Quando passos foram dados em sua direção, apenas se afastou com a mesma quantidade.

– Jacob... eu ouvi errado?

– Droga. – resmungou Paul.

– Porque querem matar minha irmã? Jake?

– A segurança da tribo esta afetada e... – Sam tentou explicar, mas Cindy ergueu a mão, sua atenção devotada apenas para Jacob.

– Jacob? Era da minha irmã? Da Bella? – o ar desolado e expressões que denunciavam sua fraqueza e covardia diante dos fatos fez Cindy enraivecer. – justo você....

– Cindy..? Eu não quero isso.

– Então não permita!

– Não é tão simples.

Ela não via no rosto moreno alguma determinação em impedir a matilha, dor? Sim, mas a resignação dos olhos negros a decepcionou. Seus dedos correram para o bolso da saia, um dos números de acesso rápido era o de Edward, apertou a tecla e esperou que  de onde o aparelho estava Edward pudesse ouvir.

– O que minha irmã fez a vocês, porque a querem morta? Em Jacob? Justo você! – apesar do esforço feito, sua voz não alcançava o tom esperado. Mas não fora Sam ou Jacob que lhe respondeu.

– A questão Cindy, não é sua irmã, mas o que esta dentro dela. Não me diga que ela não lhe contou? Ela carrega um filhote de frio no ventre. Um monstro como os Cullen. Isso não pode viver, e como ela morrerá de toda forma... – a fala fria e o dar de ombros de Leah foi uma visão asquerosa. O afeto que ela sentia pela loba esvaiu neste momento.

– Eu não vou permitir isso, os Cullen não permitirão.

Com dedos firmes, Cindy removeu o aparelho do bolso, vendo que a chamada permanecia. – conseguiu ouvir? – o choro quebrou sua voz.

Vários olhos cresceram em sua direção, assim como rosnados. – não tocarão nela, saia daí agora, Cindy.

A voz determinada de Edward chegou aos ouvidos de todos, e em um rompante, Leah e Paul avançaram em direção á Cindy. O lobo marrom avermelhado surgiu e seus dentes afiados afundaram na carne de Paul. Arremessando o corpo ainda não completamente transformado sobre a loba branca.
Os olhos atentos de Cindy disparava por cada lobo a sua frente, os rosnados, as patas que afundavam sobre o chão pedregoso a mantinha encolhida e assustada alguns passos atrás do lobo a sua frente que virava da esquerda á direita.
Entendendo o suficiente que um derradeiro dialogo ocorria quando Sam caminhou em direção a ambos e os outros lobos se curvavam, assim como Jacob parecia iniciar o mesmo movimento.
Sem medir o perigo que poderia enfrentar, Cindy tocou os pelos de seu lobo. Jamais escondera o fascínio pelo lobo, a lembrança de adormecer entre os fios grossos e quentes, após uma calorosa noite de amor a trazia a plenitude e vê-lo encolhido, ganindo de dor a fez colar sobre o dorso que sua pequena estatura permitia.
Os músculos tensos relaxaram por segundos, antes de voltarem a se atrofiarem, as patas afundaram, sentindo o tremor que lhe percorrerá o corpo, olhou para o chão. As pequenas pedras subiam, girando e dançando na terra que tremia, afundou os dedos nos pelos com mais intensidade, ofegando ao voltar os olhos para o lobo que em sua visão parecia ter dobrado de tamanho.
O lobo rosnou, fazendo sua espinha gelar. A certeza sobre a nova altura de jake veio a o ver Sam menor que ele, a cabeça levemente inclinada. Olhando-o de baixo para cima.
            Um rosnado e um bater de cabeças, antes que o lobo marrom avermelhado virasse o tronco, apoiando as pernas de Cindy com o focinho, que subiu por seu dorso, segurando-se da forma a qual estava familiarizada.
De olhos fechados deitou sobre o dorso quente, abriu minimamente os olhos, fechando-os novamente ao ver o lobo saltar sobre o rio, derrapando ao tocar a pedra úmida do lado do terreno dos Cullen.
Antes que o lobo voltasse a trotar libertou-o do aperto, deslizando pelo dorso. Ainda estava magoada. Sem pudor o lobo deu lugar ao homem, desviou os olhos para o rio a sua frente, ao sentir o coração perder uma batida ao contemplar o corpo másculo caminhar em sua direção.
Fungou lutando contra o amor que sentia, não poderia esquecer o mal que ele parecia inclinado a exercer contra sua família.

– Não. Não se aproxime. – suplicou.

– Cindy?

– Você faria... – olhou com a vista embasada pelas lagrimas – você faria... não faria nada para detê-los se eu não ouvisse, não é?

– Estava tentando fazer com quem reconsiderassem, eu não quero o mal da Bella, não quero o seu – caminhou e mais uma vez a pequena mão se ergueu o parando.

– Eu esperava mais de você... é da minha irmã que falavam. Da... da garota que um dia você amou. Não me toca. – exigiu quando o viu finar a distancia entre eles.

Apesar de batalhar com o desejo ao sentir o corpo tocar o seu, Cindy fraquejou. A nova altura de seu lobo permitia que tombasse a cabeça em sei abdômen, sua pele bronzeada exalava um perfume que a seduzia rapidamente.

– Eu só não queria tomar a resolução que terminei tomando, não queria uma briga com o bando, ter de voltar às costas a minha família. Mas agora...

– O que quer dizer?

– Que sou um Alfa, sem matilha. Um Alfa como meu avô e meu bisavô. Não sei quando poderei voltar à reserva – murmurou tocando os fios dourados – só tenho você, por favor não se negue a mim.

– Eu jamais conseguiria, meu lobo. Por mais que eu esteja magoada com essa atitude do bando, eu não consigo ficar longe de você.

O casto tocar de lábios foi o bastante para que ambos esquecessem dos acontecimentos anteriores, de onde estavam, as línguas deslizavam pelos lábios, em toques íntimos que transformavam o sangue em suas veias em lava.  Uma pequena gota de suor deslizou da nuca até alcançar a mão firme em sua cintura.
Não havia pudor ou recato quando Jacob lhe tocava. Por isso ajudou a mão que lhe afava a barriga a ter acesso aos seios fartos, deixando-se apoiar no tronco da arvore centenária. Gemendo ao sentir a língua que a pouco lhe roubara o ar tomar seu mamilo intumescido.
Sentir o vibrar do membro ereto em sua coxa lhe fez gemer novamente, buscando espaço entre os corpos para retirar a saia, que mesmo erguida e dobrada em seu quadril, causava o mesmo desconforto que sua calcinha úmida.
Assim como em todas às vezes, Jacob tomou essa função para si. A imagem de suas mãos morenas cobrindo e desnudando a pele levemente bronzeada era inigualável. Ouvir o suspirar afetado de sua amada enquanto beijava-lhe o ventre ao descer o tecido molhado o enlouquecia e desta vez não fora diferente.
Assim como o sorriso encantado de Cindy ao ver os olhos negros tornarem-se grandes de desejo e que mesmo assim não lhe rasgara peça alguma, em nenhuma vez. Suspiraram em sincronia ao estarem unidos, para Cindy era enlouquecedor o calor, estremecendo dee prazer com o calor que cobria sua pele e seu interior.
Para Jacob era um trabalho diário manter-se ativo para lhe dar prazer quando a pele morna abrasava o calor de seu membro. Era como mergulhar em nascente. Sentindo-se vivo e completamente humano. Apenas dela e não existia nada no mundo alem deles.
Toda a situação e o turbilhão de emoções fez com que o momento fosse intenso, a nova dimensão de seus corpos fez o ato sublime ganhar novas proporções, com batimentos ainda acelerados os sons surgiam lentamente.
O êxtase do momento sumindo dos olhos dando lugar a preocupação quando os uivos ganhavam volume, cada vez mais próximo. Com pressa separaram seus corpos, a pressa em vesti-la atrapalhando o ato das quatro mãos, o barulho da terra esmagada por patas fez Jacob se afastar, dando lugar ao lobo, cobrindo a visão do corpo nu de Cindy que lutava com os botões de sua blusa e saia.
O misterioso silencio em sua mente de Alfa deu lugar as vozes familiares, as imagens surgiam, confusas. Atrapalhando sua compreensão. Quil era o mais próximo, saltou parando ao seu lado.

– Finalmente te encontrei, cara. Eu to te ouvindo? Que louco... – mas o monologo fora interrompido com o pequeno lobo areia que derrapou sobre o lodo, trombando com violência.

– Eu voltei a te ouvir, Quil?

– O que fazem aqui?

– Acha que eu ia ficar lá? O Sam é legal, mas prefiro outro Alfa. – Seth mostrou a língua presa entre os caninos.

– Fiquei preocupado com os Cullen, sua ultima visita não foi a melhor...

– Ai do nada eu parei de ouvir o bando, o Quil e agora to ouvindo os dois!

– Acho que isso significa que é o nosso Alfa – Quil não escondeu o medo que cresceu em sua mente.

A imagem da Pequena Claire correndo pela praia inundou a mente dos três lobos.

– Não sei como reverter essa situação, Quil.

– Ela é seu impreting, cara. Eles não podem impedir e jake é o Alfa por direito. Sam e a raiva dele não podem se pôr contra um lobo e sua escolhida.

Cindy, agora composta caminhou apoiando o peso do corpo sobre seu lobo, admirando o quadro a sua frente, dois lobos sentados em suas patas, atentos como dois filhotes cercando o pai. ambos moveram a cabeça em uma reverencia, antes de voltarem atenção ao Alfa.
Jacob lambeu sua mão antes de se afastar e voltar a forma humana, sorriu beijando-lhe a testa.

– Acho que tenho minha própria gangue agora, vamos para a casa dos Cullen, quando terminarmos vou levá-la.

– A picape ficou na casa da Emily...

– Ligaremos da casa dos Cullen.

O caminho feito em poucas passadas, o céu já tomara o tom escuro e uma lua cheia iluminava o caminho. Quando saltaram o caminho do rio indo ao jardim dos fundos Edward e Jasper já os esperava.

Ouça e veja, Cullen.

Vou buscar roupas para você. – foram as únicas palavras de Edward após ver cada uma das conversas em sua mente. – Bella esta dormindo, entrem em silencio.

Edward? – Jasper sentia a tensão e o ódio emanando do irmão e dos lobos.

Todos na sala, Jasper.

Disparou pelos cômodos, Bella ainda permanecia sobre os cuidados de Rosalie e Pamela. Os olhos atentos em seus passos, quando inclinou o corpo sobre Bella e lhe tocou a face corada e suada, sorriu.
A tarde havia sido tumultuada e quando estavam desistindo de conseguir alimento que permanecesse no estomago de Bella, Carlisle chegou com uma sopa de legumes e carnes. O pouco que comera foi o suficiente para lhe trazer a cor.
Beijou a testa sentindo a temperatura, voltando sua atenção ao closet do casal, pegando uma das blusas e calças de Emmett antes de voltar a sala. Seth estava relaxado em uma das poltronas com Cindy ao lado. Quil encostado em uma das paredes e reconhecendo a mente de Jacob no banheiro social.
 Toda a explicação fora feita em poucos segundos, muitos sentimentos mesclados e por alguns míseros minutos, Quil temeu por seus irmãos ao ver ódio nos olhos dourados dos vampiros em sua frente.

Essa nossa definição muda tudo, jake.

Seth tem razão, Jacob. – Carlisle adiantou – não queremos quebrar o acordo e peço desculpas pela falta das minhas filhas. Elas têm levado a ferro a proteção da Bella.

Ainda terei oportunidade de retribuir o carinho, não se preocupe por pouco! – ironizou, sorrindo debochado em direção as escadas.

Sorrindo ao ouvir o bufar de Rosalie – vai sonhando, vira-lata.

Vocês estão esquecendo que para o Sam não existe mais o trato e eu não viro as costas para uma briga...

Mas podemos evitar, assim como Carlisle conversou com Ephraim, conversaremos com Jacob. – Esme censurou Emmett que apenas deu de ombros e erguendo as duas mãos.

Jacob ainda sentia o incomodo pelos atos humanos dos Cullen. – então decide reizinho? – o deboche de Emmett lhe fez apenas girar os olhos.

Como Carlisle dizia – Edward lançou um olhar de aviso para Emmett, ele lia o desconforto em ser Alfa. – temos que rever os termos do acordo e reforçar com a tribo, com dois Alfas, as decisões precisaram ser revisadas.

Jacob olhou para Cindy que começava a mostrar sonolência, apoiando parcialmente seu peso sobre Seth.

Vou levar Cindy para casa e voltarei à reserva.

Jake?

Vocês ficam para ajudar a proteção da Bella. Ela é humana.

Tomando Cindy nos braços caminhou para fora da casa Cullen, seguido por Edward – eu os levo. Será seguro voltar à reserva sem ela.

O silencio foi o protagonista do percurso, deixando Cindy adormecida nos braços de Jacob em frente à casa de Charlie que reconheceu o som limpo do volvo, estranhando o fato e do genro apenas manobrar na rua estreita e voltar.

O que houve jake?

O pneu da picape furou e como ela dormiu no meio do caminho preferi pedir ajuda ao Cullen.

Porque Edward não entrou?

Ele não estava com a Bella no carro. – fora sua única resposta.

Sem esperar por uma aprovação, que não viria, Jacob subiu as escadas, levando e deitando-a sobre a cama, tocando o rosto suave. – jake?

Oi, minha vida?

Preciso ir à farmácia...

Já esta em casa – suas orbes sonolentas giraram em busca de foco, mas o sono ocupava sua mente e corpo.

Precisamos da pílula do dia seguinte.

Eu trago de madrugada, preciso ir antes que Charlie venha aqui. – beijou os lábios rosados, seguindo até a janela e verificando o trinco e destravando a janela.

Charlie esperava ao pé da escada com Laura ao lado, após um pequeno interrogatório conseguiu escapar ileso, seguindo pela rua até ter a certeza de estar fora do alcance dos olhos atentos e astutos de Charlie.
Caminhar de volta a La Push trouxe sentimentos que nunca estiveram com ele. Apesar de agora ser o que todos esperavam, ser um Alfa não lhe trouxe satisfação e ao seu ponto, de acordo com os sentimentos, lhe afastou de seu lar.
Neste momento sentia que entendia como um turista pensava, a ironia fez uma lagrima surgir, sacudiu enorme cabeça, vendo sua lagrima cair distancia de seu corpo. sendo esquecida, abandonada junto com seus sentimentos de homem.
O terreno Quileute surgindo, reconheceu Jared em sua forma lupina, não ouvia sua mente. Fato que perturbou o lobo que assistiu o amigo continuar sua jornada sem interferir, até ouvir a voz dos outros companheiros e disparou para alcançar Jacob.
Com uma calma desconhecida seguiu até a casa do velho Ateara, vendo-o na varanda ao lado de Sue e seu pai. A mão que lhe fora pesada sobre o ombro freou seu avanço. Sam não sabia o que poderia acontecer, mas a discussão anterior não poderia voltar, ainda sentia ser o Alfa, mas havia algo com Jacob.
Algo que desde a partida para a casa dos Cullen, Billy, Ateara e alguns do conselho entendiam como uma benção equivalente a maldição que os esperava quando a criatura nascesse.

Vamos conversar de igual para igual, Sam.

A nova reunião acontecendo na casa do Ateara, todos sabiam da nova posição de Jacob, de como Quil e Seth acidentalmente tornaram-se membros de seu pequeno bando ao tomarem a decisão de seguir Jacob até os Cullen.

Bella é humana, não sabemos sobre a criatura e que muito provavelmente ela morrerá se levar a gestação à diante, mas nossa tribo, nossos espíritos guerreiros surgiram da determinação em proteger a todos dos frios. – Sue iniciou ponderando tudo o que já foi discutido.

Como já havia dito, não seremos muito diferentes deles se invadirmos a casa para matar uma humana. – Billy reforçou as palavras de Sue.

O amanhecer surgia quando a sentença foi dada, algo que não agradou aos Black, mas era o máximo que consegui arranca por meio de uma votação justa entre o conselho, afinal seu pai, Sue e Ateara eram os conhecidos de Charlie.
Aquela era uma trégua. Estava feliz por conseguir salvar, teoricamente, Isabella. Mas sendo fria ou humana, a partir daquele momento os laços estavam com dias contados. Ela jamais o perdoaria.

Filho?

Eu só vou a farmácia, pai. E buscar os garotos.

...

Precisamos explicar para a Bella o que esta acontecendo. – Pamela retrucou pela vigésima vez.

Ela já esta sobrecarregada...

Pamela tem razão, filho.

Jacob não vai esconder nada e Cindy parece saber muita coisa.

Deixem-me a sós.

 Rosalie apenas levantou da cama para se prostrar sobre o divã em frente. Ignorando-o enquanto folheia uma revista da década de 20. Com suaves toques no rosto corado, Isabella lentamente despertava. Sorrindo em meio a um bocejo.

Bom dia!

Bom dia, esta bem?

Acho que sim.

Precisamos conversar...

Vendo os olhos âmbares tristes, aprumou o corpo, apoiando as costas sobre a cabeceira da cama.

O que aconteceu? – perguntou olhando de Edward a Rosalie.

Jacob voltou enquanto esteve dormindo.

Vocês discutiram?

Com atenção Isabella bebeu de cada palavra, sentia seu estomago embrulhar enquanto as resoluções invadiam seu ser, os dedos enredando a carne do ventre. Seu corpo balançando com os soluços, a pele a poucos minutos corada encontrava-se branca.
A ânsia veio forte, pôs a mão na boca e fechou os olhos, não conseguiria chegar ao banheiro, vomitando violentamente. Para sua surpresa o som em ecos de seu engasgo ocupou o cômodo, o corpo frio de Edward lhe amparava permitindo que se ajoelhasse em frente a privada, uma palma estrategicamente em sua nuca, enquanto Rosalie segurava os fios longos.

Sem ganas apenas deixou o corpo dolorido sobre o marido, chorando baixo. – não podem matar meu bebê...

Precisamos de ajuda...

Já exigimos demais dos nossos amigos, os Quileutes sabem como lutamos.

Não estava falando deles, Carlisle vai...

Não.

O que? – poucas eram as frases que entravam em sua mente abalada, mas persistia em compreender a conversa.

Marcus havia marcado uma reunião com um chefe de clã de cada país ou continente, por nosso histórico, Carlisle foi o escolhido para representar os Estados Unidos. Ele e Esme embarcariam dentro de alguns dias com Tanya e Peter para Volterra...

Jamais imaginei que pediria ou diria isso, Edward. Mas por favor, por nosso filho, pelo amor que sente por mim. Peça ajuda aos volturi, eu imploro.





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