terça-feira, 29 de julho de 2014

Auron e Mira Capítulo 1

Capítulo 1 – Lagartos de Fogo, Aí vou eu!

Um raio percorreu  a noite de céu estrelado.
Mira estava furiosa. Estava novamente perdida – fato que acontecia com uma frequência maior do que a garota gostava de admitir. Possuia diversas habilidades, entretanto, sua orientação era algo que  deixava, em muito, a desejar. Sua boca exalava  bufadas ruidosas, somente silenciadas pelo barulho de trovão ressoando por cima da copa das árvores.
- A culpa é sua Tails! Quem mandou você sair correndo atrás daquele coelho?! Agora estamos aqui: perdidas e com fome! A raposa olhou para sua dona, simplesmente pensando: - Não me lembro do que você está reclamando (embora realmente estivesse pensando que aquele era um coelho bastante rechonchudo e rápido. Bem rápido).
Mira esticou as pernas e ficou fitando o céu estrelado. Será que faltava muito para chegar em Milth? Estava acostumada a encarar semanas na estrada, mas viajar sozinha – apenas com a companhia de Tails – era algo monótono. A menina gostava de ter gente por perto, além de que, sempre que viajava sozinha, a viagem se prolongava além do necessário, parte da culpa devido ao talento nato para desorientação.
Não estava frio ainda, mas o clima já havia ficado diferente de um tempo para cá. O inverno estava chegando. Mira olhava, quase cobiçando, a pelagem branca e com contornos em azul de Tails. Pensou consigo mesmo na imagem ridícula de ver a raposa tosada e caiu na gargalhada sozinha. Tails, que estava imersa em um sonho leve, acabou por despertar, e sem entender nada, aninhou-se sobre a barriga de sua dona, adormecendo ambas.


Auron estava pendurado de cabeça para baixo em uma mangueira fazia duas horas. Embora reclamasse, de maneira frequente, sobre os treinamentos impostos por Pharos, jamais deixava de fazer o que era ordenado. Desconfiava que aquele treino ridículo era somente uma, das muitas, brincadeiras do mago. O velho havia prometido a Auron, que se ele conseguisse ficar pendurado até o amanhecer, ele poderia caçar Lagartos de Fogo sozinho na próxima semana.
Lagartos de fogo eram criaturas grandes que habitavam charcos e pântanos próximos.  O simples toque em sua pele causavam fortes queimaduras e sua saliva continham um forte veneno, capaz de matar uma ovelha ou um cachorro em questão de minutos.
 (Pendurado na árvore)
- Nossa, já faz 12 anos que conheço o velho! Ele ainda não me deixa caçar nenhum lagarto depois daquele acidente! E eu só tinha 6 anos!!! – resmungou de cabeça para baixo.
Aconteceu um ano depois da chegada de Auron na casa de Pharos. O menino  passara o veneno no rosto,  pensando se tratar de tinta para imitar pinturas de guerra iguais a que ele via nos livros de Pharos. Aquilo, que normalmente mataria uma criança, causou uma certa irritação na pele de Auron e seus olhos ficaram inchados por mais de uma semana, mas fora isso – nada havia acontecido. O fato é que Pharos era um Feiticeiro de Fogo, e estava treinando Auron para o mesmo destino.
A casa era pequena se comparada a casa de outros feiticeiros e magos da cidade de Conodrian. Haviam apenas dois quartos e um escritório, atulhado de livros e pergaminhos. A verdade é que a ausência de uma alma feminina na casa, tornava-a bagunçada e totalmente ausente de qualquer quesito de moda. Típica casa de Feiticeiros.
Foi naquela casa que Auron passara sua infância, lendo, treinando, fazendo brincadeiras com o mestre. Estava lá desde os 5 anos e muito pouco se lembrara antes de ir morar ali,afinal, sempre estava em alguma aventura com Pharos – dessa maneira, conhecendo diversas cidades e lugares – muitos deles estranhos e inusitados.
Certa vez, foram ajudar uma pequena vila de Golls, pequenas criaturas – que não medem mais de meio metro de comprimento e que possuem orelhas peludas e enfeitam os ralos cabelos com ossos de aves ainda menores. Vivem em tocas nas planícies de Krasandor. Apesar de tudo, adoram festas e são bastante carinhosos desde que você não tente roubar um de seus ossos.
Entretanto, Pharos não deixava Auron ir caçar os Lagartos de Fogo. Falava que seu aprendiz era um idiota e que provavelmente morreria na tentativa – o que acabaria por frustrar o próprio feiticeiro por ter perdido tempo em ensinar alguém tão teimoso quanto Auron.
- Mas hoje, isso irá mudar! Consegui ficar a noite toda pendurado de cabeça para baixo na mangueira e aquele velho terá que cumprir sua palavra. Assim que eu encontrar aquele velho tarado, saio para caçar um lagarto bem grande e forte, e irei torná-lo meu animal de estimação – O que era uma grande mentira, pois primeiro: Lagartos de fogo não podem se tornar animais de estimação (provavelmente iriam matar seus donos, fora que eram extremamentes difíceis de alimentar) e segundo: Auron não iria a lugar nenhum, estava com os músculos totalmente doloridos e a cabeça não parava de girar devido as horas em que ficara pendurado.


Pharos estava totalmente concentrado em alguma coisa que não conseguia mais se lembrar. Havia se distraido devido a duas jovens que passavam ao longe. O velho era conhecido pelo seu conhecimento e capacidade de controlar o fogo, entretanto, também era conhecido pela sua maior fraqueza: Mulheres bonitas.
- No que eu estava pensando mesmo? Huum.... Acho que tinha alguma coisa a ver com Lagartixas... Ahhh Sim! Aquele pirralho vai querer ir caçar os Lagartos, só porque passou a noite pendurado de cabeça pra baixo. Na idade dele, meu mestre mandava eu ficar uma semana pendurado, e fazendo abdominais ainda! Mas promessa é promessa. Isso vai dar tempo para fazer os preparativos de minha viagem.


Auron já havia separado os materiais que iria levar para caçar. Apesar de usar bastante uma espada curta de lâmina curva, presente de Pharos, normalmente não utilizava arma nenhuma para caçar, pois suas magias eram o suficiente na maioria dos casos.  Entretanto, como Lagartos de Fogo tem a pele muito dura, além de estarem intimamente associados ao elemento de fogo, magias dessa natureza não eram muito eficazes, fazendo pouco mais do que cócegas nos enormes animais. Por isso, estava levando uma rede para capturará-lo, afinal, não iria matar, e sim, torná-lo seu animal de estimação.
(Auron) : - Velho, você tem certeza de que não vem? Podemos passar em Milth depois. É apenas um dia de viagem. Você tem trabalho muito ultimamente no Conselho.
(Pharos): - Velho era o senhor, meu Mestre – retrucou Pharos. Tenho trabalhado e ainda irei trabalhar nos próximos dias. Depois que as pessoas perderam o medo de usar magia, parece que o trabalho de feiticeiros tem triplicado! Vá e me traga uma dúzia de lagartos para eu comer assado!
(Auron): - Você sabe que eu não os mato! Somente irei capturar um para se tornar nosso animal. Mesmo que você me fazendo passar fome, ainda não estou desesperado ao ponto de comer meu futuro amigo! Tendo dito isso, Auron fechou a porta, escutando o estalo de dedos – o que provavelmente significava alguma labareda indo em direção a porta.
Pharos ficou pensando sobre a última palavra do garoto. Auron era um garoto teimoso, com certeza era, mas também era um discípulo fiel. Apesar de ser engraçado e bem humorado, o jovem não tinha amigos, pois somente a pouco tempo feiticeiros começaram a serem aceitos pelas cidades, ainda encontrando resistência em muitas pessoas que acreditavam que magia era uma coisa maligna. Além disso, estavam sempre viajando e embora fizessem algumas amizades pelas estradas, o caminho da magia era algo difícil e, muitas vezes, solitário. O velho feiticeiro passou a mão pela cabeça careca e coçou a vista, acendendo seu cachimbo. – Nossa, que corpo tinha aquela jovem que vi ontem!

Fim do Capítulo 1





Livro 1 Auro e Mira Prólogo

Prólogo
O sol já abandonara a linha do horizonte a algum tempo, e sobre um céu preenchido por estrelas, Arghos estava em frente a Igreja segurando um archote na mão. O calor oriundo das chamas não era responsável pela sensação de desconforto que se passava dentro do Guardião do Templo, pois devido a seu treinamento na cidade de Midghar, Arghos já não se incomodava com o calor, nem sequer com a brisa gelada da noite anunciando a chegada do Inverno. Não. Não era isso. Era algo a mais.

CD2 Capítulo 7


Capítulo 7 - Juntos

If this is to end in fire
Then we shall burn together
Watch the flames climb higher into the night
Calling out father, oh, stand by and we will
Watch the flames burn on and on
The mountainside

And if we should die tonight
Then we should all die together

(I See Fire – Ed Sheeran)



 Logan

            — E depois o quê? Nós apontamos uma arma para a cabeça de algum Curandeiro e o obrigamos a fazer o procedimento? — provocou Kyle. — Se ele não se mijar de medo antes... Pode dar certo. Até alguém apertar algum botão de pânico maluco e 458 buscadores aparecerem para nos pegar... É. Eu acho mesmo que isso pode dar certo.
            — Kyle, agora não é hora para ironia — Ian tentou corrigi-lo. Inutilmente.
            — Tem razão. Devo guardar todo o meu estoque de cinismo pra dizer para Almas apavoradas que eu não sou um humano com uma arma apontada para um deles.
            — Ninguém falou em apontar uma arma para eles. Logan tem um plano, não é? — disse Melanie, dirigindo-me um olhar esperançoso.
            — Eu tenho — garanti para tranquilizá-la, mas se eu pudesse ser mais específico, confessaria que ainda não, pelo menos não um plano completo e sem falhas.     Eu estava, na verdade, formulando-o naquele exato momento, ocupando minha mente com a análise de todos os possíveis reveses e de como contorná-los. Seria útil contar com a ajuda dos outros para isso, sem dúvida. Mas eu conhecia o suficiente dos humanos para saber que às vezes era muito mais importante parecer confiante do que ter argumentos. O medo que eles sentiam poderia facilmente desbancar qualquer plano, antes mesmo que ele tivesse uma chance de ser posto em prática. E, francamente, eu podia entender isso bem, já que estava tentando não me deixar derrotar por minha própria antecipação do quanto as coisas podiam dar errado.
            — Sahuarita — disse eu, porque precisava explicar que já tinha, pelo menos, uma boa ideia do que fazer. — Fica no mesmo condado de Tucson, o que significa que fica perto daqui. Nós já estivemos lá uma vez, durante uma incursão. É uma cidade pequena, por isso evitamos visitá-la com frequência, mas é grande o suficiente para não sermos reconhecidos como forasteiros assim facilmente. Será madrugada, talvez 3 horas da manhã, quando chegarmos lá. A Instalação de Cura é um lugar pequeno, pouco mais que uma clínica, e provavelmente estará vazia nesse horário.
            Uma luz se acendeu nos olhos de Estrela quando mencionei a cidade. Na verdade, tinha sido ela quem estivera lá, há cerca de dois anos, quando suspeitou que estivesse grávida e procurou uma Instalação para confirmar. Era ela quem tinha me dito que o lugar era pequeno, e que devíamos mantê-lo em mente no caso de um dia precisarmos conseguir remédios rapidamente. Então, bem, acho que o momento chegou, embora precisemos de algo mais complicado do que poucos frascos que possamos roubar.
            — Haverá alguém na recepção e um Curandeiro para o caso de emergências — disse ela em meu apoio, tentando resgatar tudo o que se lembrava sobre a dinâmica noturna das Instalações de Cura. — Talvez alguém trabalhando na limpeza, algum aprendiz que tenha ficado para trás, dando assistência a alguém. Mas não creio que haja mais do que quatro ou cinco pessoas transitando por ali às 3 da manhã. E a viagem não é muito longa, Jeb pode aguentar. Não precisamos nos preocupar que eles não tenham o necessário, porque todas as Instalações são perfeitamente equipadas, por menores que sejam. Pode ser uma boa solução.
            — Certo. Nós vamos precisar de alguém que entre primeiro e alegue algum mal-estar simples, algo que possa ser resolvido rapidamente, apenas para checar quantas pessoas estão lá dentro. Depois, criaremos uma distração.
            — Eu posso fazer isso — disse Mel, ansiosa por ajudar. — Posso quebrar algo, fazer barulho e depois sair correndo para longe.
            — De jeito nenhum — Jared e eu dissemos em uníssono.
            Melanie nos olhou com sua expressão costumeira de desafio. Ela não aceitaria o que chamava de “baboseira de macho protetor”.
            — Eu posso cuidar de mim mesma melhor do que todo mundo aqui. Fiz isso durante anos e eu era só uma criança. Então, só pra constar, valeu a tentativa, mas não preciso que vocês me protejam. Vou fazer o que tiver que fazer para ajudar e pronto.
            — Não se trata disso, Mel — objetei, porque, de fato, não se tratava. — Mas qualquer distração que um de vocês, humanos, possa causar, se esgotará rapidamente. Nós vamos precisar de mais tempo do que isso. Algo que não só os atraia todos para fora, como também que os mantenha ocupados por vários minutos. Além do mais, não podemos arriscar que um de vocês seja pego. Nós podemos sustentar qualquer mentira, simplesmente porque somos Almas, mas a presença de humanos não é algo que possamos encobrir.
            — Mas você e Estrela não vão conseguir fazer isso sozinhos — insistiu Melanie.
            — Eu sei. É por isso que vamos precisar que ao menos uma das garotas nos ajude — respondi, tendo em mente incluir Sunny e Peg em meus planos, já que humanos só tornariam tudo mais perigoso do que já era.
            — Nem pensar — Kyle vociferou, sem conseguir conter sua irritação, mesmo que Doc olhasse feio para ele.
            Ian, pelo menos, teve a decência de respeitar o hospital e a delicadeza de não se opor diretamente a mim ou a Mel, ciente de que aquilo provavelmente geraria um enfrentamento desnecessário naquele momento, mas sua postura e expressão deixavam claro que ele concordava com o irmão. No que dependesse deles, nenhuma das duas teria qualquer coisa a ver com aquela aventura arriscada. E foi quando me dei conta disso que, finalmente, minha própria irritação veio à tona e já não pôde mais ser contida.
            — Bem, acho que a decisão pertence a elas, não é? Não a vocês. Eu entendo o instinto de protegê-las. Acreditem, das coisas deste mundo essa é a que mais faz sentido para mim, e, por isso mesmo, se eu achasse que uma delas correria perigo, iria sozinho. Ou vocês acham que eu arriscaria a segurança de Peg ou Sunny? Acham que eu arriscaria a vida de minha própria mulher, da mãe de minha filha?
            — Não, você não arriscaria — disse Ian, sendo razoável como Kyle provavelmente não seria capaz de ser, ainda que soubesse o significado da palavra. — Mas você não está agindo como você mesmo, Logan. Quando se trata de Jeb, você perde o foco. E por mais que ache que tem as coisas sob controle, não pode negar que isso é perigoso.
            — Nenhum de nós está em perigo de verdade, a menos que esteja acompanhado de um humano. Por mais que vocês não gostem de admitir isso, sabem que é verdade.
            — Certo, nada de humanos, então — disse Kyle. — Pensando bem, você até que tem razão. Três ou quatro Almas poderiam fazer isso dar certo, mas o que vocês pretendem fazer com relação a Jeb? Afinal, o propósito da coisa toda é colocá-lo lá dentro, mas não é como se desse para disfarçar quem ele é.
            — Bem, esse é o objetivo da distração, não é? — interferiu Mel. — Nós o colocamos lá dentro sem ninguém ver. Estrela faz a cirurgia e depois nós damos um jeito de tirá-lo de lá.
            — Olha, Mel... — Jared hesitou por uns segundos, depois pareceu tomar coragem de dizer algo que ele sabia que não seria bem recebido. — Logan... Eu entendo o empenho de vocês, mas nenhum dos dois está sendo racional. Eu também me importo com ele, não quero... — ele bufou e balançou a cabeça, hesitando mais uma vez. — Não quero que aconteça o pior, mas alguém precisa pensar como Jeb pensaria. E ele não ia querer que arriscássemos todo mundo por ele.
            — Então a gente senta e espera ele morrer. É isso? — retrucou Melanie.
            Não.
            — Pessoas morrem, filha — uma voz fraca, mas resoluta decretou.
            Enquanto discutíamos, Jeb tinha acordado e ouvido parte da conversa, provavelmente o trecho em que Jared apelava para que fôssemos racionais e não colocássemos o grupo todo em risco por causa de um só.
            — Não tente se sentar, Jeb, você precisa ficar deitado por causa da circulação — aconselhou Doc, já ao lado dele quando meu amigo tentou, imprudentemente, içar o corpo sobre o catre, caindo para trás de novo imediatamente.
            Jeb se esforçou para falar. Ele parecia pálido e ofegante. O esforço que tinha tentado fazer o exaurira e sua respiração era curta, embora sua expressão não denotasse dor.
            — Desistam. Eu não vou... — Mais esforço e mais dificuldade em respirar. Doc e Estrela estavam ao lado dele, mas não havia nada que pudessem fazer. Era quase penoso de olhar. — A lugar nenhum... Não vou a lugar nenhum.
            Simples. Direto. Preciso. Um perfeito Stryder. O mesmo velho ganso teimoso de sempre.
            O mesmo velho teimoso que não chegaria ao dia de amanhã.
            — Bem, que pena que você não esteja em condições de fazer nada para evitar. Porque eu sim estou em condições de fazer o que quiser. Saímos em 20 minutos. Estrela, esteja pronta.
            Beijei-a suavemente na testa, sentindo que ela assentia em meu benefício, mas que estava preocupada. Eu tinha que encontrar uma maneira realmente eficiente de solucionar tudo, e essa ideia me sobrecarregava. De repente, aquele lugar, aquelas pessoas, a iminência das coisas... Tudo aquilo foi demais para mim e tive que me afastar.
            Ouvi Jeb chamar meu nome. A voz fraca não tornava a demanda do chamado menos exigente e meu primeiro instinto foi o de atendê-lo. Mesmo assim, não voltei atrás. Pela primeira vez desde que o conheci, eu sabia o que ele ia dizer. E pela primeira vez, eu não queria ouvir.

******

            Entrei em meu quarto pretendendo arrumar às pressas uma bolsa para a incursão. Tinha que pegar a roupa que me identificasse como Buscador, além de uma outra mais comum, porque eu ainda não tinha certeza do que seria melhor. Minha arma não ficava mais aqui desde que Lindsay começou a andar e a mexer em tudo. Então eu precisava correr ao esconderijo alto entre as pedras do depósito, onde passamos a guardá-la.
            Também precisava ir até Peg e Sunny, se é que Ian e Kyle já não teriam feito isso, e eu provavelmente teria que enfrentar a resistência deles novamente. Mas que fosse. Eu o faria. Ter que me despedir de minha filha é o que seria mais difícil. Neste exato momento, eu precisava do sorriso de Lindsay, da vozinha dela em meu ouvido, quase tanto quanto de ar, mas, ao mesmo tempo, desejava que ela não estivesse acordada para que eu não tivesse que explicar. Por uma razão que arranhava os cantos de meus pensamentos, mas que eu não estava pronto para admitir, simplesmente pareceria errado demais dizer que voltaria logo.
            E, então, depois de tudo, eu certamente teria que dizer a Melanie que ficasse, argumentar que ela seria de mais ajuda aqui, onde poderia coordenar, ao lado de Jared, uma evacuação de emergência. Uma fuga. Caso as coisas dessem errado.
            O que eu estava fazendo?
            As coisas podiam dar errado. E muito. Meu plano era todo cheio de furos e só ia até certo ponto. Peg podia entrar, alegando uma enxaqueca ou algo assim, andar pelos corredores com alguma desculpa e checar quantas Almas teríamos que enganar. Mas não havia como garantir que não houvesse alguém que lhe escapasse e que poderia se tornar um problema no momento decisivo, como um Curandeiro fechado em um quarto tirando um cochilo, por exemplo.
            Eu podia causar danos sérios a mim mesmo, simular um acidente que me fizesse sangrar o suficiente para desmaiar. Então Sunny causaria uma comoção, pediria socorro para o irmão que tinha caído no estacionamento antes de conseguir completar o percurso até a entrada. Mas como garantir que todos os presentes sairiam em meu auxílio? E o quão prudente era estar desacordado quando eu era a principal linha de defesa das garotas, caso houvesse Buscadores por perto?
            Jeb seria levado para dentro quando Sunny tivesse conseguido atrair as Almas para fora e a entrada ficasse livre. Alguém forte teria que se encarregar de transportá-lo, provavelmente Kyle ou Ian, já que eu não imaginava nenhum dos dois ficando aqui enquanto suas mulheres estivessem lá fora. Estrela faria o que fosse preciso e eu, recuperado, encontraria uma maneira de tirá-los de lá. Supondo que tudo funcionasse do jeito previsto e eles não fossem descobertos antes do tempo. Mas e se caso isso acontecesse, o que faríamos? O velho plano suicida que eu tanto rechaçara? Ou eu seria capaz de agir com violência contra outras Almas, meus semelhantes?
            Era insustentável. Meu suposto plano era ingênuo, incompleto e absurdo.
            Talvez nós conseguíssemos, mas talvez eu condenasse a todos. E eu não podia. Jared tinha razão, nós não podíamos. Mesmo que do outro lado da balança pendesse a vida daquele que salvou a todos nós.
            Eu podia entender a lógica disso, deste equilíbrio obscuro entre o que tem valor para nós e o que é realmente importante no quadro geral das coisas. Avaliar esse quadro e agir de acordo com ele estava na natureza de minha espécie. Ainda assim, eu não era mais o mesmo e não conseguia mais aceitar que tivéssemos que fazer esse tipo de escolha. O valor de um indivíduo em oposição ao valor do grupo. A resposta era óbvia até mesmo para um humano, mais acostumado à dureza de escolhas egoístas. Mesmo assim, o que era claro como água nunca me pareceu tão errado.
            Como poderia ser certo simplesmente cruzar os braços e deixá-lo partir?
            Sentei-me no chão, no espaço apertado entre a pequena cômoda e o berço que Jeb fez à mão para Lindsay, antes mesmo de ela nascer. Não vi quando minhas mãos, movendo-se além de qualquer comando, se fecharam em punhos, mas senti-me poderosamente ciente da frustração se acumulando, prestes a explodir. Eu queria bater em alguma coisa, socar a primeira superfície que pudesse alcançar. Não pude evitar que os nós dos dedos de minha mão esquerda se espatifassem contra a madeira da lateral da cômoda, a pele ralando-se com a força do impacto, a dor se espalhando pelos ossos delicadamente intrincados da mão.
            Era algo estúpido de se fazer. A primeira coisa que alguém que já foi obrigado a usar os punhos aprende, é que existe só uma coisa que dói quase tanto quanto levar um soco: ter que desferir um. Na academia de polícia aprende-se a maneira certa de se fazer isso, um jeito de causar menos dano, mas eu não estava interessado em me preservar. Talvez a dor trouxesse alguma clareza. Talvez pudesse suavizar o que eu sentia por dentro.
            — Você não está pelado aí nem nada, né? — A voz irritante ribombou como um trovão, e muito me surpreendeu que não tivesse acordado todos nos quartos ao redor.
            — Saia daqui, Kyle!
            — Estou entrando. E é bom você estar decente senão quebro sua cara. — Ele já estava praticamente dentro de meu quarto quando disse isso, e olhou para a madeira quebrada com desdém, como se aquilo parecesse normal para ele. — Canhoto, é? Nunca tinha reparado. Você deveria ter usado o travesseiro ou batido no colchão. É meio ridículo, mas pelo menos a raiva vai embora sem levar sua carne junto, imbecil.
            — Gentil de sua parte se preocupar. Agora saia daqui.
            — Não estou preocupado. Mas Estrela está. E todo mundo também.
            — E dentre todos, você foi a escolha mais óbvia para vir até aqui me dissuadir? Estranho.
            — Escolha? — Kyle riu alto. — Não houve bem uma convenção para decidir quem vinha ver como a boneca estava. Seu chilique não é exatamente prioridade. Se você não notou, temos problemas maiores.
            — Não, nem tinha notado. Ainda bem que você me avisou. Mas e agora? Vai começar logo a despejar as razões pelas quais devemos deixar Jeb morrer, ou vai sair daqui e me deixar pensar direito?
            — Certo. Porque você está tendo muito sucesso nisso. Obviamente. — Ele não precisava apontar para as lascas de madeira no chão ou para meu estado deplorável e confuso para que eu entendesse a provocação, mas mesmo assim o fez, porque aquele era Kyle O’Shea, afinal de contas, e ele não perderia a oportunidade. — Bem se vê que você está com tudo resolvido nessa sua cabeça oca.
            — De qualquer jeito, eu sou o único que parece disposto a tentar.
            — Aham, Superman, porque sem você o que seria da humanidade? Não sabia que Almas também podiam vir de Krypton.   
            Eu ia perguntar do que ele estava falando, mas a verdade é que não havia energia em mim, ou vontade, ou neurônios para serem gastos com as brincadeiras inoportunas de Kyle, então simplesmente fiquei em silêncio.
            — Você não sabe mesmo pedir ajuda, não é? — ele continuou.
            — Quê!? Você veio... me ajudar!?
            — De jeito nenhum. Não vou deixar você sair daqui com esse seu plano capenga. Acredite, cara, não estou só cuidando de todo mundo, estou protegendo você de si mesmo também.
            Ele tinha se esborrachado na minha cama, agindo como se o lugar fosse dele. A única coisa que me impedia de ignorar essa conversa estranha e ir embora carregando Jeb era que Kyle estava entre eu e a porta. Mas do jeito que as coisas estavam indo, eu passaria por cima dele sem nenhum remorso, se ele não tivesse se sentado e continuado a falar:
            — Olha só, eu sei que você não está nem aí quando eu digo que não vou te deixar sair, porque você vai tentar de qualquer jeito. Mas você também sabe que eu não vou sair daqui, não importa o que você faça. Então só cala a boca e escuta, tá?
            — Não tenho tempo para...
            — Eu disse pra você calar a boca. Tenha um pouco de respeito, porque eu estou tentando dizer uma coisa e já é difícil o suficiente admitir para mim mesmo, tanto mais deixar você saber...
            Eu ia articular alguma coisa em resposta. De fato, abri a boca para fazê-lo, mas não encontrei nenhuma palavra. Eu podia escutá-lo por alguns segundos ou podia derrubá-lo, ir embora e me arrepender depois. No fim, optei por escutar.
            — A verdade é que... eu respeito você. Admiro sua lealdade. Sei que você provavelmente está pensando em me dar uma gravata ou um soco na cara, qualquer coisa que te ajude a passar por mim, e eu gosto disso. Gosto de gente que sabe o que precisa fazer e faz sem pestanejar. Como eu.
            Ele ficou em silêncio por um segundo, deixando suas palavras assentarem em minha consciência, ou talvez pensando no que diria a seguir. Eu não sabia o que dizer, exceto que entendia o que ele estava falando. Por menos que eu gostasse de admitir, via muito de mim em Kyle. Então ele deu um suspiro pensativo, daqueles que ficavam muito estranhos nele, depois continuou:
            — Você sabe sobre Jodi, não é? O que eu fiz antes de vocês chegarem aqui?
            É claro que eu sabia a história sobre como Sunny tinha vindo parar neste lugar. Kyle certamente estava ciente disso e a pergunta era, obviamente, retórica. Mesmo assim, ele parecia esperar por uma resposta, então assenti, confirmando.
            — Acho que isso faz de mim o maior especialista local em pôr as pessoas em perigo, porque as coisas podiam ter dado totalmente errado e eu sabia disso. Mesmo assim, não pensei em meu irmão ou em mais ninguém aqui quando fiz aquilo. Simplesmente ignorei todos os riscos.
            Kyle fez outra pausa durante a qual eu só fiquei observando aquele homem que, de uma forma completamente imprevista, tinha se tornado uma espécie de “irmão de armas”, um amigo na acepção mais tipicamente humana da palavra. Pensei um pouco no que estava ouvindo enquanto o analisava. Eu sempre soube que ele era mais inteligente do que sua brutalidade ensaiada deixavam antever, mas ele nunca tinha me parecido tão sofrido, nem muito menos tão centrado quanto agora.
            — Gosto de pensar que aprendi a lição, mas a verdade é que eu tive sorte. E a sorte é uma péssima professora. Quando penso naquele dia, quando penso que Sunny não estaria aqui e que eu nunca teria certeza de que Jodi se foi de verdade, eu sei, sem precisar ir muito fundo, que faria tudo de novo. E não tem um dia em que eu não pense em fazer o mesmo pelo meu pai...
            — Ele também se foi, Kyle. Eu sinto muito, de verdade. Mas...
            — Eu sei, eu sei. Tudo o que eu teria seria outra Alma sequestrada num corpo do qual eu não conseguiria dispor. Eu sei. Ian e eu já tivemos essa conversa muitas vezes. Mas o meu ponto é: eu sei o que você está sentindo. Talvez eu seja a pessoa que mais entende você neste momento. E tenho certeza de que se eu não te ajudar, você vai fazer uma besteira como a que eu fiz, e como a que eu penso em fazer todos os dias, e pode ser que você não tenha tanta sorte quanto eu. Pode ser que você coloque minha família e a sua em perigo. Meu sobrinho Johnny e a Lindy, e todo o resto das pessoas que amamos e até as que não gostamos tanto.
            — Então você veio aqui para... — Pensei por um momento, mas a verdade é que eu estava cansado, confuso e assustado, minha mente não estava trabalhando em seu melhor. — O que você veio fazer aqui, afinal?
            — Vim impedir você de arriscar todo mundo e te ajudar a pensar num jeito de salvar o seu velho.
            Meu velho?
            — Bom, um pouco de ajuda poderia ser útil. Então acho que... obrigado? — testei, meio sem graça, mas a palavra pareceu boa, afinal. Adequada. Momentos assim eram estranhos pra mim, mas era bom sentir que havia um amigo disposto a ponderar comigo, mesmo que pensar em Kyle dessa maneira sempre parecesse um pouco insólito. — A verdade é que essa conversa toda me desarmou e... eu realmente estou me sentindo sozinho o suficiente para não ser o cara orgulhoso que posso ser às vezes.
            — Ah, viu? Eu quase gosto de você quando não está agindo como um babaca arrogante e metido a autossuficiente.
            Tive que rir dessa vez. E o som saiu raspado de minha garganta como se fosse a coisa mais estranha que meu corpo podia produzir. Acho que fazia tempo que eu não ria.
            — Tarde demais para “eu quase gosto de você” — retruquei. — Você acabou de declarar seu amor por mim. É meio que irreversível quando se é assim tão romântico!
            Eu realmente estou brincando quando o mundo está desmoronando ao meu redor?
            Tirei um segundo para ficar atônito comigo mesmo. Kyle era a única pessoa que conseguia esse efeito. Ele era capaz de me levar da irritação profunda à brincadeira inconsequente e atípica de mim em segundos. Eu não sabia se isso era bom ou ruim, mas, no momento, me fez sentir melhor.
            — Eu disse que te respeitava, nunca disse que gostava de você, seu merda! E se você contar a alguém que eu falei essas coisas, eu nego e depois quebro sua cara.
            — Bom, acho que, nessas circunstâncias, tentar quebrar minha cara seria o mesmo que confessar que me ama. Mas tudo bem, cara. Eu respeito isso. E “respeito” você também. — Fiz questão de fazer aspas no ar para provocá-lo, e então completei: — Às vezes. Quando você não está sendo um babaca arrogante e metido a autossuficiente.
            — Rá rá! Então somos iguais, é isso? Pena que você não consegue ser engraçado como eu. E nem criativo, porque, francamente, esse seu plano é uma merda!
            — Eu sei — confessei, voltando a me sentir aturdido diante de tanta impotência.
            — Bom, então vamos fazer com que ele deixe de ser tão ruim. A coisa toda de entrarmos escondido até que não é má ideia, o problema é que se você vai estar ocupado distraindo os caras lá na frente, algum de nós vai precisar entrar carregando Jeb, porque ele não vai conseguir chegar sozinho. Mas mesmo que eu consiga entrar e sair sem ser notado, Jeb ainda estará lá dentro. Estou supondo que no fim ele vai estar bem o suficiente para sair com as próprias pernas, então o humano que entrar com ele, provavelmente euzinho aqui, não vai precisar ficar lá dentro. Só que quando ele estivesse saindo, teríamos que arrumar uma nova distração.
            — Ou outra saída — conjecturei. — Se ao menos houvesse uma saída lateral, ou nos fundos... Se não souberem que vocês estão lá dentro, não há motivo para vigiarem uma porta menos utilizada, por exemplo. Aliás, não há motivo para nem um tipo de vigilância.
            — É uma possibilidade, mas para isso teríamos que garantir que conseguiríamos entrar sem problemas. E que também não seríamos pegos em flagrante enquanto Estrela estivesse trabalhando. Eu não teria problemas em deixar alguém desacordado, se for preciso. Mas isso complicaria consideravelmente as coisas. Principalmente porque eles saberiam que há humanos sendo ajudados por Almas em algum lugar das redondezas. Eles poderiam vir atrás de nós depois.
            — Isso sem contar que você estaria sozinho para garantir a sua segurança e a de Estrela e Jeb. Se você for pego de surpresa e não conseguir reagir...
            — Pouco provável — Kyle me interrompeu.
            — Bastante provável — continuei. — Tanto quanto eles chamarem ajuda quando perceberem algo errado e vocês acabarem cercados por Buscadores.
            — E se você o levasse dizendo que Jeb é um de vocês? Ele tem a cicatriz na nuca. Todos nós fizemos uma por precaução. Assim ele entraria sem problemas, nós não precisaríamos nos preocupar em sermos flagrados em plena cirurgia, e poderíamos reservar a distração para a hora de irmos embora.
            — É arriscado também. Em algum momento eles o despertariam.
            — E assim que ele abrisse os olhos estaria acabado. Verdade.
            Kyle soltou um palavrão qualquer e eu deixei escapar o ar num bufo de frustração. Parecia não haver saída do labirinto em que nossas mentes perambulavam, as paredes se fechando bruscamente cada vez que tentávamos nos iludir com uma solução.
            De todas as coisas com que me defrontei, de todas as coisas com que tinha aprendido a me preocupar, a irreversibilidade da morte para os humanos era a pior delas. Quando chegar a hora de meu hospedeiro eu ficarei com ele, enfrentarei essa inevitabilidade da qual não se pode escapar indefinidamente. É uma decisão que todos nós daqui tomamos, assim como Peg antes de nós, porque este é nosso lugar no universo e não podemos sobreviver a ele. Estou em paz com isso. Mas isso não quer dizer que aceitei não lutar quando se trata dos outros, quando se trata de uma vida que poderia ser salva com tanta facilidade.
            Tudo poderia ser muito fácil. Tudo deveria ser muito fácil. Se Jeb fosse um de nós, o problema já estaria resolvido. Ninguém questionaria seu direito de existir, ninguém tentaria torná-lo o que não é ou o consideraria uma ameaça a ser eliminada. Conhecê-lo não teria importância, porque ele seria como qualquer outro de nós. E era aí que estava o grande paradoxo, porque conhecê-lo era saber que ele precisava viver, que este lugar e as pessoas daqui precisavam dele. Que eu precisava dele. Mas sua humanidade, aquilo que, ironicamente, o tornava especial, era o que o mataria no final das contas.
            Se ao menos...
            — Kyle!
            Percebi que tinha quase gritado quando ele deu uma espécie de pulo ao levantar os olhos perdidos para mim. Levantei-me finalmente do canto onde tinha estado por tanto tempo derrotado. Não havia mais tempo a perder. Tudo estaria resolvido ao amanhecer.
            — Estava na nossa cara o tempo todo! — De uma hora para outra, era como se tudo que antes era impenetrável e impossível fosse razoável e simples, exequível. Como se as luzes de uma cidade vista ao longe se acendessem todas de uma única vez após um blecaute. —Como foi que não vimos isso antes? Céus! Quer dizer, era tão fácil! Bom, fácil, não. Mas é a única solução. E era tão óbvio!
            — Quer se acalmar e me dizer do que está falando? O que estava na nossa cara o tempo todo?
            — É simples: se nós não podemos levar um humano até lá, não levaremos. Eu vou no lugar dele.
            — Cara, você ainda está falando grego pra mim. Eu pensei que o problema todo fosse que o Jeb tem que estar lá por causa da máquina de circulação, ou sei lá o quê.
            — Bem, o corpo dele precisa estar.
            A expressão de Kyle passou gradativamente da neutralidade para a descrença, e então para a estupefação. Fazia sentido, ele não podia negar. Daria certo, isso também era difícil de contestar. Mas só porque era óbvio não queria dizer que não fosse a ideia mais maluca que eu poderia ter.
            — Meu Deus. Você tentando convencê-lo... — Kyle riu alto, quase gargalhando. — Por favor, diga que vai me deixar ver isso.
            De fato, eu teria uma conversa difícil pela frente. Mas não estava nem perto de ser a pior coisa desta noite. E desta vez eu não seria demovido por nada.
           



CD2 Capítulo 6

Capítulo 6 - No Abismo

Send away for a priceless gift
One not subtle, one not on the list
Send away for a perfect world
One not simply, so absurd
In these times of doing what you're told
You keep these feelings, no one knows
What ever happened to the young man's heart
Swallowed by pain, as he slowly fell apart

And I'm staring down the barrel of a 45,
Swimming through the ashes of another life
No real reason to accept the way things have changed
Staring down the barrel of a 45

(45 – Shinedown)

Logan

            Ele não estava lá quando ela fechou os olhos...

            — Mas o que diabos aconteceu!?
            — Ele começou a sentir dor... E então... De repente desmaiou.
           
            ...mas sabia que ela tinha morrido bem antes disso.

Livro 1 - Auron e Mira - Uma Nova História

O enredo é baseado na história de dois personagens principais: Auron e Mira. Auron é um mago de fogo, aprendiz de Pharos, um importante mago de Conodrian. O jovem teimoso tem por objetivo tornar-se um grande mago, ao mesmo tempo em que descobre informações quanto a seu passado. Mira, por sua vez, é uma garota que quer conhecer diversos lugares do mundo e que viaja ao lado de sua raposa branca de patas azuis, Tails. Auron acaba por conhecer Mira ao tentar, acidentalmente, capturar a raposa da menina. Desse encontro nascerá um elo capaz de alterar o rumo da história da magia.


Capítulos

  1. Prólogo
  2. Lagartos de Fogo - Aí Vou Eu!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Entre a Luz e as Sombras Capítulo 1

I've got an angel
She doesn't wear any wings
She wears a heart that could melt my own
She wears a smile that could make me want to sing
()
You got to be careful when you've got good love
Cause them angels will just keep on multiplying

You're so busy changing the world
Just one smile can change all of mine

(Angel Jack Johnson)

Meu nome é Clara, tenho uma casa simples, um carro velho, uma aparência tranquila e sou um anjo. Isso mesmo, um anjo. Não daquele tipo de pessoa amorosa e dedicada a quem os amigos atribuem o epíteto como um elogio carinhoso, mas um anjo de verdade mesmo.

Entre a Luz e as Sombras





Há mais criaturas caminhando sobre a Terra do que nós, humanos comuns, podemos imaginar. E talvez a nossa definição do que é humano seja um pouco limitada. Clara é uma dessas criaturas que nos fariam alargar nossas definições. Ela nasceu humana, mas se tornou anjo por opção, algo reservado a alguns poucos escolhidos por Deus. Sua missão é viver na Terra e ajudar o próximo nas pequenas coisas, naquelas que eles nunca saberão que serão as ocasiões definidoras de sua existência.
Quando a escolha é feita há consequências. Clara não envelhece, por isso é obrigada a ver seus entes queridos perecerem com o tempo. Também não pode viver muito tempo em um mesmo lugar, senão as pessoas notariam essa estranheza a seu respeito. É uma vida solitária, mas é a que ela escolheu, a sua forma especial de servir ao Pai. Ela se sente preenchida por esse objetivo e pelo amor que permeia a humanidade como um todo. Clara não ama como uma mulher comum, nunca desejou ninguém só para si. Até que alguém misterioso e irresistível aparece.
Algumas vezes é inevitável que a vida aconteça ao seu redor.

Ela sempre conheceu apenas um caminho. Através da luz.
Tudo o que ele conheceu na vida foi a dúvida. A dor. As trevas.
Mas ela está prestes a descobrir que há algo mais entre Terra e Céu.
E ele vai ganhar algo em que acreditar.
Nas sombras, luz e escuridão se encontram.


Capítulos:


  1. Anjo Terrestre
  2. Perdida
  3. Mãe
  4. Dividida
  5. Partida
  6. Fantasma
  7. Perdão
  8. Revelação
  9. Deslumbrada
  10. Entorpecimento
  11. Paty
  12. Sonhos e Descobertas
  13. Encantada
  14. A Persistência da Memória
  15. Meu Rio
  16. Salto de Fé
  17. Revoluções
  18. Encontros
  19. Salva
  20. Nesses Braços
  21. Explicações
  22. Montanha-russa
  23. Deixe-me entrar
  24. As Duas Pontas da Conversa
  25. Verdade
  26. Jogos de Amor e Ódio
  27. Jogos de Paixão 
  28. Prisma
  29. Bagagem
  30. Oceano e Âmbar
  31. Sobre o Ciúme e seus Afins
  32. As Coisas Que Acontecem
  33. A Esperença é Vermelha
  34. Acompanhada
  35. Calma
  36. Fique
  37. Do Pó Ao Pó, Mas Antes...
  38. Sobre a Existência de Relógios
  39. Dias Felizes
  40. O Que Jaz À Margem
  41. Decisão
  42. Inevitável
  43. Terríveis Surpresas
  44. Confusa e Despedaçada
  45. Inimigos
  46. Protocolo Para Rompimentos
  47. Um Momento Para Pensar
  48. Quem é Amigo de Quem?
  49. Instintos
  50. Minha Canção
  51. Você Me Ganhou Com Um Olá
  52. Sem Reservas
  53. Fazer O Que É Certo E Torcer Pelo Melhor
  54. Apenas Três Palavras
  55. Entre a Luz e as Sombras
  56. Quem Quer Viver Para Sempre?
  57. Para Sempre é o Nosso Hoje
  58. Epílogo

Fernando Tuna


Biólogo de formação, Fernando Tuna desde pequeno vive imerso no mundo dos oceanos e peixes. Imerso parece ser a palavre correta, pois compartilha o mesmo amor por livros e histórias, sejam elas de fantasia, imaginação ou comédia. Filho de jornalista e aviador, sempre tem que prestar atenção para que seus pés continuem a tocar no chão controlando as asas da imaginação. Auron e Mira é a primeira história que ele dispõe para o público e retrata um pouco desse universo de magia em que o próprio autor está inserido. Alea Jacta Est - A sorte esta lançada.



Histórias:

sábado, 26 de julho de 2014

MV-A Capítulo 4

 Nada disso mocinho! Sem choro – digo erguendo Ale em meus braços, seus olhos vermelhos pelo choro.

MV-A Capítulo 3

Nossos passos despreocupados sobre a grama verde e o canto dos pássaros atravessando o céu era tudo o que ouvi quando voltamos para a casa Cullen. Do ângulo que estamos não era possível ver a destruição causada pelos treinos, mas quando nos aproximamos ouvi o barulho típico de uma cerra elétrica.

MV-A Capítulo 2

 Não Alice, isso esta exagerado.
 Será o casamento, Bella. O primeiro de muitos que pretendo fazer para vocês, então colabora.

MV-A Capítulo 1

Esta nunca foi uma compra fácil de fazer, mas estar aqui, em uma filial da Victoria’s Secret com Cindy não foi uma boa ideia. Pensei que vir com Alice seria terrível e fatal, mas Cindy superou minhas expectativas. Não que eu possa reclamar, longe disso. Alice poderia causar uma vergonha maior, pois ela sabia exatamente o que fazer para me deixar ruborizada, enquanto Cindy não me conhecia o suficiente para saber que eu não conseguiria entrar naquela peça minúscula de rende vermelha que ela erguia como se estivesse me mostrando um pedaço de bolo.

MV-A Prólogo

Quando se pensa em uma estória de amor, em um relacionamento, um casamento. Todos, e eu me incluo, pensamos que tudo será incrível, um lindo conto da Disney.

Menina Veneno Amanhecer




Tudo esta definitivo, a data para o combate contra os Volturi já esta marcada, todo o futuro esta baseado no resultado desta luta. Haverá sobreviventes?


Segunda fase
Apos uma surpreendente batalha, finalmente uma aparente paz reina entre o mistico e o real, todos os olhos voltados para o novo rumo do mundo vampiro e para o tão aguardado casamento, mas como sempre a vida de Isabella Swan é sempre uma surpresa.


  1. Prólogo
  2. Fofoca
  3. Imposições
  4. Criança Imortal
  5. Conselho Quileute
  6. Se eu tivesse oportunidade, eu faria
  7. Eu vou buscá-la
  8. Frente de batalha
  9. Segundo comando
  10. Fase 2: Eu amo os dois
  11. Fase 2: Eu não consigo ver um caminho sem ele
  12. Fase 2: Eu preciso de você
  13. Fase 2: Eu era a pessoa mais feliz no mundo
  14. Fase 2: Eu não vi os meses passarem?
  15. Fase 2: Eu te amo mais
  16. Fase 2: Batalhas perdidas
  17. Fase 2: Eu sabia
  18. Fase 2: Eu amo vocês
  19. Fase 3: Anjo
  20. Fase 3: Minha filha
  21. Epílogo




Visitas ao Amigas Fanfics

Entre a Luz e as Sombras

Entre a luz e a sombras. Confira já.