Capítulo 37 – Do Pó Ao
Pó, Mas Antes...
Look into my eyes
You will see, what you
mean to me
Search your heart,
search your soul
And when you find me
there, you'll search no more
(...)
Don't tell me it's not
worth fighting for
I can't help it,
there's nothing I want more
You know it's true,
everything I do, I do it for you
There's no love, like
your love
And no other, could
give more love
There's nowhere, unless
you're there
All the time, all the
way
Everything I Do (I Do It For You) – Bryan Adams
— Você sabe o que vai acontecer se eu
ficar...
O som de sua voz
desaparecendo no silêncio.
—
Sei.
A
luz de seus olhos no escuro.
—
Tem certeza? Preciso que tenha certeza.
Sua
respiração tocando meu rosto.
—
Eu quero que você fique.
Seus
lábios. Suas mãos. Em toda parte.
Minha
mente se perdendo sob o comando de meu corpo. Minhas próprias mãos. Tocando-o.
Em. Toda. Parte.
Eu
pensei que pararia de pensar. Em vez disso, sinto-me como se tivesse sentidos
novos processando cada coisa. E meu coração. Meu coração sente tudo. Meu
cérebro se liga a ele e funciona como se o corpo de Eric o comandasse.
Estamos
moldados um ao outro, nos beijando. Cada centímetro de nossos corpos se
tocando, uma de minhas pernas entrelaçada às dele e sua mão subindo meu vestido
quase até a cintura. Meus dedos resvalando por sua pele quente enquanto tento
abrir os botões de sua camisa, afastando-a de seu peito com a mão que o
percorre. O coração dele disparado sob minha palma.
—
Eric, eu não... — Tento dizer uma coisa, mas seus lábios roubam minhas
palavras, prendendo-as entre seus dentes que me arranham de leve.
—
Você não...? — Ele me provoca, sua língua se alternando com seus lábios na pele
do meu pescoço, de meus ombros, suas mãos apertando meus seios.
Ele
se senta por um momento para se livrar dos sapatos, depois se deita novamente sobre
mim, seu corpo pressionando o meu em todos os lugares certos. Vejo-o pegar
alguma coisa no bolso de trás e colocá-la ao meu lado no travesseiro. Um pacote
de camisinhas.
—
É, eu não tinha, que bom.
Ele
se senta sobre minhas pernas e sorri enquanto termina de desabotoar a camisa.
—
Ter passado na farmácia valeu a pena então — diz. — Eu não tinha certeza, aí
por via das dúvidas...
Sento-me
na cama para encará-lo.
—
É que eu não...
Ele
está prestes a tirar a camisa, mas para o movimento quando percebe minha
expressão séria. A luz da sala nos ilumina de longe. Meus olhos acostumados
vislumbram letras tatuadas em seu peito, meio escondidas sob o tecido preto.
—
O que foi? — pergunta, sua mão pousando de leve sobre o lado de meu rosto, as
pontas dos dedos acariciando minha orelha, avançando pelos meus cabelos. Então
ele acende a luz da luminária ao lado da cama para me olhar melhor, e sua
expectativa me deixa um pouco nervosa.
Não
sei como dizer isso a ele. Eu sabia que a hora chegaria, mas não me imaginei
dizendo, as palavras sendo escolhidas. Nunca. Contudo preciso dizer, então
empurro as frases para fora do meu peito.
—
Isso que estamos fazendo aqui... — Suspiro. — Eu nunca fiz isso com ninguém.
É.
É isso. Eu nunca fiz sexo com ninguém, é claro. Porque nunca tive um namorado.
Para mim não é grande coisa, mas não quer dizer que eu não entenda que muda
algo.
—
Você nunca...?
Balanço
a cabeça em negativa e sua mão em meu rosto desliza com força em direção aos
meus cabelos, os dedos enterrando-se ali num puxão suave que leva minha boca
até a sua.
—
Por quê? — ele pergunta. Nossos rostos estão colados de forma que eu não vejo
seus olhos, mas há algo diferente em sua voz.
—
Eu não tinha conhecido você ainda — respondo, e ele me abraça tão forte que mal
consigo respirar.
Ficamos
assim pelo que me parece um minuto inteiro, seu rosto enterrado na curva de meu
pescoço e meu coração ameaçando escalar minha garganta e fugir pela minha boca.
—
Eric? — chamo com o pouco de ar que consigo reunir. Preciso saber o que mudou.
Como ele se sente quanto a isso. — O que você está pensando?
Sinto
seu peito se movendo contra o meu, enrijecendo-se, soltando o ar como se fosse
um grito mudo. Então ele me olha e uma palavra me vem claramente à cabeça, me
tirando o fôlego.
Predatório.
Tenho
que admitir que gosto disso mais do que achei possível.
—
Bem, baby, isso exige uma ligeira mudança de abordagem — ele diz, segurando a
barra do vestido emaranhado à minha cintura e fazendo com que deslize por meu
tronco até não estar mais ali. De repente, estou seminua na frente dele e, para
minha surpresa, sinto-me bem com isso. — Vou fazer com que você nunca se
arrependa de dividir este momento comigo.
O
som dessas palavras tinge minha pele com o calor de meu sangue. Quero dizer que
confio nele, que não estou com medo. Porque não estou. Mas a amplitude desse
desejo diante de mim é o desconhecido abrasador. E embora eu esteja ávida pelo
caminho, não sei qual é o próximo passo.
—
Em que consiste essa mudança de abordagem? — Minha voz sai trêmula, hesitante e
desejosa ao mesmo tempo. Eric sorri em resposta. De um jeito que só posso
classificar como deliciosamente sacana.
—
Você precisa estar pronta para mim, amor — ele diz, beijando delicadamente meus
ombros enquanto abre o fecho de meu sutiã. Depois deixa as mãos correrem por
minhas costas, até a base da coluna. Um carinho suave e prolongado que me arrepia.
— Então vamos passar um longo tempo nos dedicando a descobrir do que você
gosta.
Quando
nos afastamos um pouco, sinto o sutiã escorregando por meus braços. Como já
estou quase totalmente vulnerável, eu mesma o retiro e jogo para longe uma das
poucas barreiras que ainda separa minha pele da dele. Eric me faz deitar de
novo e a sensação de estar nua sobre os lençóis onde durmo me parece
deliciosamente nova em sua banalidade quase indecente. Finalmente, ele tira
minha calcinha e agora não há mais nada a esconder, nada protegido de sua
visão.
Eu deveria me sentir
tímida, mas não é o que acontece. Sinto prazer em ser observada assim por ele,
inteiramente descoberta. Vulnerável. Como se não houvesse nenhum segredo. Seu
olhar me faz sentir como se ele já estivesse me possuindo. Como se todas as
partes de mim já tivessem concordado em fazer tudo o que ele quiser.
—
Você é linda, Clara. Linda demais.
As
mãos dele apertam meus seios, massageando-os, e ele segura um de meus mamilos
entre os dedos, puxando-o com uma firmeza calculada. A dor é inesperada e boa,
o que a torna ainda mais surpreendente, mas mal tenho tempo de senti-la quando
a ponta de sua língua acaricia de leve o mesmo lugar, causando um contraste
quase entorpecedor.
—
Gosta disso? — ele pergunta sério. Balanço a cabeça confirmando, pronta para
mais, quaisquer que sejam seus planos. — Então você vai ter que dizer. Diga-me
o que quer que eu faça.
Eu
estava esperando que ele comandasse nossos passos, ao invés disso obriga minha
mente a não se perder, me fazendo tomar decisões, como se quisesse me manter
concentrada simultaneamente no agora e no depois imediato. Hesito um pouco,
confusa sobre o que fazer, mas seus dedos continuam tocando meus mamilos, agora
os dois de uma só vez, e sinto-os entumecidos ao extremo, ansiando pelo alívio
do carinho de sua boca.
—
Peça — ele ordena, não há outro verbo que melhor defina o que indica o tom de
sua voz.
—
Me beije — respondo, como se nestas alturas a decisão fosse realmente minha.
Suas
mãos agarram meus seios outra vez, os dedos emoldurando-os e levantando-os um
pouco, então sua língua percorre a aréola de um deles e seus lábios se fecham
ali, sugando com uma entrega enlouquecedora de homem sedento.
Uma
de suas mãos desce lentamente sobre minha barriga, parando pouco acima de onde
quero ser tocada, as unhas curtas brincando com minha pele enquanto sua boca se
ocupa de meu outro seio. Penso que ele vai me fazer pedir outra vez, mas então
a mão desliza para a parte de trás, apertando minha bunda por um momento e
depois resvalando para o meio de minhas pernas. Arquejo com o choque de
temperatura e por todas as outras coisas. Estou queimando quando seu polegar
começa a fazer círculos suaves que irradiam desejo por todo meu corpo, até a
febre escapar de mim na forma de um gemido.
Desconheço
minha voz, bem como a necessidade de continuar deixando aqueles sons fugirem
pelo quarto. Tento dizer alguma coisa, mas as palavras me parecem inúteis,
quase obsoletas. O sentimento de perdê-las é obsceno. E eu gosto.
A
energia potente que toma conta de meu corpo começa a ficar incontrolável quando
ele beija minha boca, o tórax firme pesando sobre meu peito. Quero
desesperadamente sentir sua pele contra meus seios e tento, de uma forma tão
desajeita que soa violenta, arrancar sua camisa. Ele ri.
—
Use suas palavras, Clara.
—
Tire isso. Pelo amor de Deus, tire isso.
Ele
me obedece, trocando a mão que se ocupa de mim quando precisa tirar aquela
manga. Vejo que desabotoa o jeans também, libertando um pouco do volume que
ameaça arrebentá-lo, mas não o tira. Em vez disso, se deita de novo sobre mim,
sem nunca parar de me tocar, e sua língua invade minha boca, engolindo meus
gemidos. Quando sua pele exposta toca a minha, a sensação me faz explodir em
espasmos em que meu corpo todo se contrai. Eric para de me beijar e observa meu
rosto.
—
Bom. Já sabemos que você gosta muito disso.
—
Como eu poderia não gostar? — ofego.
Então,
quando acho que acabou, seu dedo desliza para dentro de mim com impressionante
facilidade, prolongando a sensação mais um pouco.
—
Você chegou rápido aonde tinha que chegar — ele explica. — E está molhada o
bastante para mais. Gosta disso também?
O
dedo dele continua me penetrando, e então começa a se mexer dentro de mim, bem
devagar.
—
Gosto.
O
desejo começa a crescer novamente, mas Eric continua a se mexer de forma
deliberada e enlouquecedoramente lenta. Movo meu quadril em direção à mão dele,
tentando acelerar um pouco, mas uma dor aguda me impede de continuar. Eric
parece perceber, então tira o dedo com cuidado e me beija novamente: a boca, o
pescoço, os seios, minhas coxas que se abrem para ele...
Quando o dedo me penetra
novamente, desta vez com um pouco mais de intensidade, vem acompanhado da
língua que percorre minha barriga e meu quadril, minha virilha e a parte
interna das minhas coxas. Mexo meu corpo, inquieta novamente, mas sua mão livre
me mantém no lugar, seu olhar me provocando.
—
O que foi que eu disse sobre usar suas palavras? É a única forma de sabermos
seus limites, minha Luz. Até onde você está disposta a ir agora. Diga-me o que
você quer. Eu vou adorar servi-la.
Me
servir? Fazer o que eu quiser, tipo, o tempo todo? Será que é muito errado
gostar tanto dessa ideia?
—
Acredite, amor. Estou gostando disso tanto quanto você — ele diz, como se
pudesse ler meus pensamentos.
—
Eu quero... — Fico procurando as palavras, tentando me explicar sem ser
explícita demais. Não sei por quê. Por fim, me resolvo por isso: — Quero chegar
lá de novo. Com você me beijando.
Ele
sorri daquele jeito malicioso de sempre, mas o efeito parece amplificado pelo
olhar de quem ouviu o que queria ouvir. Então, enquanto o dedo continua seu
trabalho lento e constante, ele deixa a língua me acariciar, primeiro devagar,
provando minhas reações, depois com mais intensidade.
—
Olhe para mim — ele manda, indicando a cabeceira e me dando espaço para que eu
me acomode ali, meio sentada, apoiada nos travesseiros que empilho às pressas.
Seguro seus cabelos com
força quando ele volta a fazer o que estava fazendo antes. O estímulo duplo é
poderoso demais e tudo é muito mais rápido do que eu imaginei. Quando a mão
livre dele busca meu seio, minhas pernas se fecham um pouco, pressionando seu
rosto e amplificando a sensação. Acho que estou gemendo alto,
incontrolavelmente, e isso parece atiçá-lo muito. Seus beijos ficam mais
vorazes e então seu dedo é substituído pela língua que penetra minha entrada e
depois retorna ao centro do meu prazer mais imediato.
Quando o dedo volta e eu
começo a mexer meus quadris, a firmeza do movimento já não me incomoda mais e
ele acelera um pouco, olhando para mim com o rosto todo vermelho e os olhos
ferozes, um gemido profundo arranhando sua garganta como se ele mesmo mal
conseguisse se segurar. Então eu me solto por ele, por nós, meus pés se
fincando com força no colchão enquanto meu corpo se empina para cima.
Ainda estou de pernas
bambas e coração acelerado, sentindo os espasmos em meus músculos muito mais
fortes do que da primeira vez, quando ele se levanta e finalmente se livra do
jeans e da boxer, apressado como se não pudesse aguentar mais. Acho que ele é a
coisa mais bonita que eu já vi e digo isso em voz alta. Ele sorri sem graça — o
que o deixa ainda mais lindo — e quando começa a rasgar o pacote de camisinhas
para retirar uma, me levanto também, mais pela força da minha vontade de
tocá-lo, do que pela firmeza em minhas pernas.
Fico de frente para ele,
finalmente olhando de perto a tatuagem que atravessa seu peito um pouco abaixo
da clavícula direita. “In pulverem reverteris”.
— Ao pó retornarás. —
Lembro-me da citação bíblica em latim[1].
— “Lembra-te, homem, que és pó e em pó te tornarás”.
—
Às vezes é preciso me lembrar — ele diz, segurando minha mão que toca as letras
tatuadas em seu corpo e beijando a ponta de meus dedos — de que um dia tudo vai passar.
Um
lembrete de nossa insignificância diante da eternidade. Uma tábua de salvação
em meio à dor. É isso o que ele está me dizendo que aquilo significa.
Nunca
pensei na importância disso, na fugacidade a que estamos condenados trazendo
consigo também o fim da dor. Sempre vi o mundo como a continuidade de uma vida
na outra através dos gestos de bondade com que tocamos o próximo, através do
amor que podemos sentir e carregar para além de nós mesmos, prolongando-nos no
tempo.
De algum jeito, quero
crer que o que estamos vivendo hoje vai ecoar em nossas vidas, que nosso amor
vai crescer com isso, e que quando formos embora deste mundo, um pouco da
beleza do que sentimos vai ficar para trás. Aproximo-me dele e deixo meus dedos
percorrerem os contornos de seus músculos, sentindo-os se retesarem e se
arrepiarem ao meu toque.
—
Mas enquanto estivermos aqui — digo, beijando seu peito —, posso amar você
infinitamente.
Eric
põe os braços ao meu redor, tombando a cabeça para trás quando meus lábios
alcançam seu pescoço, perdendo-se, como eu, no amor que nos circunda. Deixo
minhas mãos percorrerem todas as partes de seu corpo, testando a rigidez e o
calor. Quando toco a parte mais sensível ele estremece, e seus olhos febris se
voltam para mim outra vez, tomados pelo desejo. Fecho meus dedos sentindo-lhe a
textura, movendo minha mão da forma que parece agradá-lo tanto.
—
Não faça isso — ele geme, mas eu quero continuar. Gosto do efeito que causa. —
Ou faça — desiste, por fim.
Por
alguns segundos, ele se deixa envolver, segurando a respiração com os olhos
fechados, como se tentasse aproveitar a sensação e controlá-la ao mesmo tempo.
Depois, enquanto assisto ao seu rosto passar de uma expressão extática para um
tormento decidido, sinto sua mão segurar a minha com força, impedindo-me de
continuar.
Ele
me levanta no ar com uma facilidade desesperada, e minhas pernas envolvem sua
cintura enquanto o atrito entre nós me enlouquece. Quero-o dentro de mim agora.
Não posso estar mais preparada do que isso.
—
Deixa eu pôr isso pra você — digo quando ele me deita na cama e se ajoelha
entre minhas pernas, pegando um preservativo do pacote rasgado.
Tomo
a embalagem de sua mão antes que ele possa dizer qualquer coisa em resposta,
mas estou trêmula, o desejo me consumindo e atrapalhando meus movimentos. Eric
guia minhas mãos e me olha com uma ternura enlouquecida que torna tudo ainda
mais erótico.
Sem dizer nada, ele se
deita sobre mim e me penetra de novo com os dedos, sendo mais vigoroso agora,
tentando me preparar para o que há de vir. Fico à mercê de um prazer doloroso
que ameaça me esmagar novamente enquanto ele me beija, mas então sinto algo
mais me penetrando, só um pouco. Solto um gemido de dor e êxtase misturados e
ele para onde está, tremendo ainda mais do que eu, os braços sustentando parte
do seu peso para que eu possa me movimentar livremente sob seu corpo.
— Desculpe, amor — ele
sussurra, beijando meu rosto e meus lábios carinhosamente. — Você está bem?
— Estou — confirmo,
cravando um pouco as unhas em suas costas enquanto a dor vai embora. — Estou.
— Eu prometo que vai
melhorar logo. Segure-se em mim — ele me instrui. — Até se sentir confortável,
é você quem vai comandar. Você que vai dizer até onde posso ir. Entendeu? Use
suas palavras. E seu corpo também.
O carinho dele me inflama
a prosseguir. Desço as mãos por suas costas, tirando um momento para apreciar o
quanto sua bunda é macia e firme. Eric permanece parado enquanto o acaricio e
seu rosto concentrado me dá uma ideia do quanto deve estar lhe custando
continuar assim. Então tomo coragem e respiro fundo, puxando o quadril dele em
direção ao meu mais um pouco e sentindo a dor bem-vinda de algo se rompendo.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e ele a apanha em sua boca.
— Desculpe, amor. Me
desculpe.
— Não — sorrio para ele.
— Não é nada de mais. Você está tornando tudo perfeito.
Ele também me sorri em
resposta e eu me mexo devagar sob seus quadris, me acostumando à sensação de
tê-lo dentro de mim. Meus dedos apertam sua bunda e ele afunda mais um pouco ao
meu comando, soltando um gemido arrastado quando nossos corpos por fim se
completam.
Seus olhos me pedem
permissão e eu cedo, então ele começa a se mover lentamente. A dor vai embora
de vez e, gradualmente, o incômodo que restou se transforma em outra coisa. O
atrito agora é bom e o rosto de Eric se transtorna de prazer quando ele percebe
que estou gostando. Fecho meus olhos, tentando controlar as sensações que me
arrastam, mas a voz entrecortada de desejo dele penetra a névoa de meus
sentidos misturados:
— Olhe para mim, Luz.
Faça isso olhando em meus olhos. Por favor.
A voz dele, seu cheiro
bom impregnado em mim e a maciez de sua pele que começa a ficar molhada de suor
transam comigo também. E quando abro os olhos como ele me pediu, sou brindada
com seu lindo rosto iluminado. Não como o prisma de antes, mas apenas uma face
luminosa, repleta de amor e devoção por mim. Olho dentro de seus olhos e abro
mão de qualquer controle, aceitando me perder ali. Paro de querer adivinhar o
que virá, quando virá. Apenas sinto-o me penetrar cada vez mais rápido, cada
vez com um pouco mais de força, nossos ventres se tocando freneticamente até
seu olhar parecer descontrolado também.
Um grito sufocado me
escapa e a emoção não cabe mais em mim. Lágrimas quentes começam a escorrer por
meu rosto enquanto me deixo ir numa nova onda de prazer avassalador. Eric beija
meus seios de novo, com força, descontrolando-se realmente pela primeira vez, e
sei que ele não pode mais esperar.
— Faça isso olhando para
mim — imito seu pedido, segurando seus cabelos e puxando-os um pouco.
Ele me obedece e luta
para fixar meus olhos, os sentimentos todos estampados em seu olhar, ele todo mais
vulnerável do que eu jamais o vi. Um som rouco rasga seu peito e foge por sua
garganta. Seguro seu rosto quente e sugo seus lábios enquanto ele se despeja em
mim, sem nunca fechar os olhos em que continuo mergulhada. Em que continuarei
sempre.
Quando tudo termina, ele
desaba em meu peito, o peso de seu corpo me servindo de agradável prisão, mas
minhas mãos não param de acariciá-lo. Minha boca não consegue evitar de beijar
cada ponto de sua pele que alcanço enquanto ele controla a própria respiração.
Depois ele me beija também. Calmo. Enlevado. E se enrola em meu corpo como se
agora eu fosse sua tábua de salvação,
não mais a ideia do fim. Aconchego-me em seu abraço e deixo novas lágrimas rolarem.
Lágrimas de felicidade que caem sobre as palavras que enfeitam sua pele.
Não dizemos mais nem uma
palavra até o sono nos alcançar. Não precisamos.