quinta-feira, 14 de março de 2013

EVEOM - Capitulo 3

Entre você e o mar
capitulo - Lutando

Acordei desorientada, não reconhecendo o lugar em que estava, minha cabeça doía, levantei devagar, tentando me situar, ate que a compreensão chegou em minha mente. Eu estava deitada na cama da Renée. Ela não esta em lugar visível para mim, levantei devagar e senti a cabeça girar, havia uma pequena bandeja com biscoitos e uma pequena bolsa térmica com suco.

Tomei um copo cheio de suco e comi alguns biscoitos, meu estomago deu um sinal em contentamento. Após me saciar segui para seu banheiro, por sorte ela também tem um no quarto e não precisarei passar por seu padrasto. Me arrastei ate a pia e me assustei-me com o estado que me encontro, meus olhos vermelhos de mais, fazendo o tom amendoado parecer sangue. Suspirei e preferi não reparar em outros erros, abaixei a cabeça reprimindo o choro. Então pude ver um bilhete da Renée.

Tive que resolver um assunto, pretendo não demorar, vou trazer roupas mais adequadas pra você e comidas saudáveis, use uma peça minha, acredite: eu tenho peças aceitáveis par você!

Suas palavras e cuidados eram as únicas alegrias em minha vida. Fui ate seu closet e peguei uma blusa de manga e uma calça jeans, ficou um pouco justa, mas poderia esperar ate ela voltar, não pretendo sair do quarto mesmo! Entra as sacolas que trouxemos haviam calcinhas novas para mim. Segui par ao banho agradeci a agua morna em contato com meus nervos em frangalhos.

Penteei com lentidão meus cabelos, tentei não lembrar de nada, não pensar em nada e foi impossível. As palavras deles... Renée entrou alguns minutos depois. Sorriu para mim e veio prender meus cabelos. Seguimos para o quarto onde havia um bule com um café fumegante e pães. Mas o que realmente chamou minha tenção foi o cartão com um comprovante do lado.

– Eu entrei em contato com seu irmão...

– Porque? – viro enraivecida por ela tomar essa decisão sem meu consentimento.

– Porque eu te conheço? Porque eu sei que não vai falar com seu irmão!

– Isso era assunto meu...

– Nosso! Você é minha amiga e não vou deixar que ferre ainda mais sua vida por medo! – disse alterada.

– Como conseguiu entrar em contato com ele?

– Peguei o numero na sua bolsa! – disse nos servindo do café.

Olhei seus gestos, ainda continuo irritada por seu atrevimento, mas esta claro que ela fez para o meu bem, principalmente que ela me conheci e acertou quando disseque eu não iria ao meu irmão. Resignada, sentei em sua cama e sorri para mostrar, mais uma vez. Que ela esta certa. Ela sorriu e me estendeu a sacola de uma marca desconhecida por mim. Tirei um lindo vestido de cetim, rosa com mangas longas. Voltei para o banheiro e coloquei.

– Venha se alimentar, seu irmão deve chegar amanhã, então podemos preparar nossa viagem! Eu não vou ficar longe de você e também.... completo maior idade amanhã! – disse sorrindo presunçosa. Com todos esses problemas me esqueci.

– Sou uma péssima amiga! Nem lembrei do seu aniversario! – resmungo.

– Eu quase esqueci – disse em espanto – se não fosse o bate boca com meu padrasto e ter conversado com seu irmão.... vê? Ate parece que vou ficar longe de você...

– Então precisamos achar sua mãe – ela fechou a cara na hora – Charlie não aceitará leva-la nem na esquina sem conversar com sua mãe!

– Ele que não se atreva – disse erguendo o queixo – eu rasgo as bolas dele! – disse espetando com violência seus ovos mexidos.

Comemos sem comentários adicionais, Renée terminou primeiro e eu permaneci comendo, olhando-a dançar pelo quarto, ela separava as melhores roupas, enquanto me fazia perguntas sobre Lisboa. Sobre o clima, as pessoas. Ela tem a certeza que meu irmão não surtaria, não me renegaria e principalmente nos levaria para Lisboa com ele.

Mas o principal, a cada minuto ela lançava os olhos para o telefone, como se ansiasse pelo toque, mas pareceu disfarçar quando me pegou olhando-a. após isso guardou seus documentos na mala e depois pôs a mala em baixo de sua cama. Então tratou de arrumar uma mala destinada para mim.

O restante do dia foi se arrastando, eu pensei em ligar para Carmem, mas Renée sempre me distraia, perguntando cada vez mais interessada em Lisboa, querendo mais detalhes de toda Portugal. Eu não conseguia dormir. Só fiquei imaginando a reação de Charlie, eu não sabia o que fazer, como contar a ela, apesar de Renée teoricamente ter contado, ele vai querer ouvir de minha boca, e por todo poderoso! Como contar da gravidez? E de olhos bem abertos eu amanheci o dia. Renée começou a se mover, coçando os olhos, sorriu ao me olhar. Ouvimos batidas fortes na porta.

– Renée? Sua mãe ligou! Avisou pra você atender o telefone ou já era seus sonhos! To indo e não sei se volto essa semana – disse e ouvimos seus passos, ele se quer verificou se ela havia ouvido e entendido o recado.

Eu realmente não poderia deixar Renée para trás!

Ela bufou levantando e se arrumando, segui seu exemplo e descemos juntas, ele não estava e todo o lixo estava empilhado na porta dos fundos, assim como vasilhas limpas empilhadas na pia, ela seguiu em marcha ate as louças e começou a guardá-las, então segui para o lixo e arrastei pelo quintal, o caminhão do lixo passou na hora e quando voltei o cara veio atrás, olhei espantada e aumentei o passo.

– Sem tretas Phil! Fica tranquila Esme – disse Renée saindo com o outro lixo!

- Quando vai aceitar meu pedido linda? – disse beijando a testa de Renée.

– Eu amo minha liberdade Phil.

– E quem disse que vou tirá-la, vou mostrar o bom da liberdade, é só esse castigo acabar – disse apontando para seu uniforme – e sequestrarei você! – me senti corar com a forma em que ele olhou para ela, o mesmo olhar de Carl quando...

Entrei e lavei minhas mãos, ela entrou minutos depois, sua boca vermelha, da janela lateral vimos ele partir. Ela sorri sapeca e lavou as mãos também.

– Não liga pra isso tá, ele é o filho do prefeito, destruímos alguns patrimônios, sem querer claro, mas ele assumiu tudo e o pai castigou desta forma! Saímos algumas vezes, o mínimo que eu poderia fazer por ele – disse voltando os olhos pela casa. Ela espalhou desinfetante por tudo e quando terminamos o telefone tocou.

– Oi mãe? – ela se jogou no sofá agora com outra capa e ficou

Mexendo em meu cabelo – como assim? – disse espantada, depois sua cara fechou, virou o telefone pra que eu pudesse ouvir.

– Isso mesmo que você ouviu! Esse rapaz me ligou antes do dia raiar, querendo falar com urgência sobre você e a irmã dele, eu jurei Renée que não importasse o que fosse, se você voltasse a aprontar você iria mora com seus avos na Itália! – Charlie? Como? Olhamos uma pra outra sem entender, ela estava furiosa, mas tenho certeza que não como Renée.

– Eu não fiz nada com ele ou com a irmã dele, ela esta aqui e eu já tinha explicado pra senhora...

– Não me interessa, ambas são menores.

– Ela é, eu sou maior! Mamãe – disse com asco.


– Você não vai a lugar algum alem da casa dos seus avós! – rugiu.

– Com toda certeza irei, melhor com vovô e vovó Swan do que ficar aqui! – disse e desligou o telefone – Eu juro Renée, eu vou socar o seu irmão!

– Você falou sobre sua mãe?

– Claro que não, não sou imbecil! Agora como ele soube?

- Ahhh – fiquei em duvida se contava ou não – meu irmão trabalha com segurança... tecnologia...

– E você só me fala isso agora? - telefone tocou novamente – alo? – disse sem um fio de educação – você! Olha aqui , eu não sou mentirosa seu imbecil, como se atreveu a procurar minha mãe? Quem te deu o telefone, espionagem é crime sabia? – abriu a boca pasma – chame-me deste nome novamente e terei prazer de chutar suas bolas quando te ver! – rosnou me entregando o telefone!

– Oi?

– Esme? Eu realmente não sei se fico feliz de você estar com ela! Como se tornaram amigas?

– Longa historia meu irmão, ela é ótima, apesar do gênio forte.

– Percebi e que linguajar é esse, espero que ela não esteja lhe influenciando!

– Não, não esta... ela, explicou o que houve?

– Não exatamente, mas já sei o que houve. Exatamente o que houve – meu sangue gelou – chego em poucos minutos.

– Você esta vindo pra cá? Sabe o endereço? – pergunto apreensiva, eu não estou preparada, eu tenho medo de sua reação...

– Maravilha, poderei me vingar rapidamente – resmungou Renée!

- Tudo bem, aguardamos! – digo e ele desliga.

Renée já estava no andar superior, começou a descer nossas malas. Tentei ajudar, mas não permitiu. Não demorou muito e ouvimos um carro estacionar, minhas mãos suavam frio, assim como meu corpo tremia. Continuei sentada, tentando coordenar minha respiração, enquanto Renée seguiu para a porta.

- Renée? – ouvi ela gaguejar.

– Tudo fica explicado, entre, ela esta na sala! – nunca quatro segundos foram tão longos...

Quando Charlie entrou em meu campo de visão, foi incrível, a sensação de estar protegida, minhas pernas ganharam forças e corri para seus braços, ele me apertou me erguendo, seu cheiro me levando a uma época maravilhosa, quando eu sempre corria escondida para seu quarto, quando meus medos eram apenas os raios e trovões das tempestades de Forks.

– Esta tudo bem, esta segura agora – disse baixinho. Já esta sentado comigo em seu colo. preferi ficar quieta e ele me deu todo o tempo – não precisa me dizer nada se não quiser minha luz , vamos pra minha casa agora – sussurrou e ficamos assim ate que eu me acalmasse.

Quando me acalmei, respirei fundo mais algumas vezes e contei, contei tudo, mas mantive meu rosto escondido em seu pescoço, não queria ver a decepção atravessar seu rosto e quando terminei, esperei pelas ofensas e renegação. Ambas não vieram e tomei coragem para olha-lo, Charlie esta com os olhos fechados, sua respiração alterada, seus lábios em uma fina linha, ele tentava conter suas emoções.

– O qual a sua participação nisso? – disse após alguns minutos, seus olhos fixos em Renée, ela corou, limpou a garganta e começou a me explicar o que a levou a me ajudar. Quando ela terminou de explicar, ouvimos outro carro estacionar e ela bufou e rosnou em seguida, só entendi sua ação quando uma senhora que só havia visto por fotos, entrou sorridente na sala.

– Bom dia, oi minha querida, senti sua falta – disse toda carinhosa.

– Francamente – disse Renée com nojo, se afastando da mãe.

– E vocês são?

– Charlie e Esme Rosental?

– Somos! – disse Charlie me sentando no sofá e levantando para cumprimentar a mãe de Renée e segui seu exemplo.

Só então reparei em Charlie, ele não usava mais tsitsi*, seus cabelos estavam muito curtos e estava com um terno azul escuro, quase negro. Um executivo, seu porte o deixava ainda mais velho e tentei ignorar o fato da mãe da minha amiga estar olhando para meu irmão como se ele fosse um pedaço de carne.

Ta fazendo o que aqui? - Cortou Renée visivelmente irritada.

– Eu voltei para seu aniversario...

– Sei, você não vai me impedir de viajar – disse raivosa.

– Senhora...? – Charlie chamou a atenção para si.

– Chame-me apenas de e Scarlet!

– Sim, Scarlet, poderíamos conversar a sós?

– Claro – disse alegre e encaminhou para outro cômodo de porta.

– Não acredito que sou filha de uma vadia? – disse Renée se jogando no sofá.

– Não fale assim da...

– Vai dizer que não viu ela dando em cima do seu irmão? Ela é casada com aquele imprestável e Charlie é... – ela mordeu os lábios e virou o rosto, totalmente corada.

– Charlie é o que? – perguntei com um meio sorriso – ficou com ciúmes do meu irmão Renée?

– Que? Tá louca Esme? Eu? Com ciúmes? E do seu irmão? Limpa o cacete garota, a fita pode agarrar.

– Tudo bem, mas pare de segurar o braço do sofá desse jeito e morder os lábios, vai se machucar! – digo e ela bufa.

Após minutos esperando, eles finalmente voltam para a sala, Charlie esta feliz e Scarlet parecia irritada e nervosa. Charlie sorriu e veio me abraçar. Meus olhos foram para Renée e ela duelava com a mãe, seu rosto corou quando voltou a olhar para Charlie e sorri, ela me olhou e virou os olhos ao ver meu sorriso.

– Então... vamos logo? – disse Renée.

– Espere, tenho condições assim como Charlie também tem, tudo será explicado e você aceitará!

– Diga – disse, mas conheci sua carranca, ela não faria nada das exigências.

– Você vai. Charlie será seu responsável, uma confusão por menor que seja e você embarca no próximo voo e o principal. Nada de homens, você é atirada de mais e eles seguem uma religião que você respeitará, entendeu?

– Não sou eu a oferecida da casa! – sibilou.

– Então podemos ir? – disse Charlie me olhando, acenei e Renée sorriu, vindo me abraçar, fingi não notar que ambos tremeram.

Dei um abraço em dona Scarlet e segui para o carro, eu já havia guardado minhas malas e agora Charlie e Renée guardavam as dela, seguimos em silencio dentro do carro, Renée é muito tagarela quando quer e principalmente quando esta irritada, mas nesse momento esta seria, de olhos fechados, suas mãos entrelaçadas no colo.

– Esta tudo bem com sua amiga? – perguntou Charlie, estudando Renée pelo retrovisor.

– Acho que sim, ela não me falou nada sobre medo de avião – digo dando de ombros.

Quando chegamos ao aeroporto Renée ficou agindo como se esperasse alguém, seus olhos varrendo todos os lados,quando perguntei o que houve sorriu sem graça e começou a contar seus planos para quando chegássemos, ainda tínhamos uma hora de espera, nosso voo atrasou 20 minutos o que nos permitiu lancharmos e fazermos o check in sem pressa alguma.

Em pensar que daqui há alguns minutos deixarei tudo para trás, tudo e todos, seguirei sentimentalmente sozinha, cuidando do meu bebê. Um lagrima caiu sem minha permissão e limpei rápido para que eles não percebessem. Como eu queria que tudo fosse mentira... é pedir de mais?

Seguimos para a sala de embarque, Renée roia as unhas, olhando para a porta, quando nosso voo foi chamado, a realidade me bateu e congelei por poucos segundos, mas a mão de Charlie estendida em minha frente, me fez acordar para a minha nova realidade. Eu, Esme Rosental, mãe solteira, aos 17 anos, sem completar o ensino médio e morando em um pais desconhecido por mim, de uma língua que sequer sei dizer o oi.

Sorri para meu irmão e segui ao seu lado para o avião, enxugando minhas lagrimas com discrição para que ele não visse, percebi que Renée não estava ao nosso lado, voltei-me e ela esta parada, olhando para a portão e limpando uma lagrima? Caminhei silenciosa ate ela.

– O que houve? – ela me olhou triste, deu um sorriso forçado.

– Nada... só... vamos ser felizes amiga, é uma promeça que cumprirei – disse me dando um abraço apertado. Nosso pensamentos em sincronia.

– Tudo bem com as duas? Temos que ir! – disse Charlie e sorrimos forçadamente e seguimos ao seu lado, abracei Renée de um lado e me atei ao meu irmão. Senguindo ao desconhecido.


...

Ao contrario dos U.S.A. o clima em Portugal era mais leve, menos frio, desembarcamos de madrugada, dormimos bastante durante as horas de voo, estávamos atentas, havia dois taxis a nossa espera, um levou boa parte de nossas malas.

O centro da cidade estava lotada, artistas fazendo sua apresentações em lugares um pouco inadequados, dançarinos seguindo de uma lado ao outro, os bares e restaurantes plenamente cheios. Uma mistura fascinante, do medieval ao modernismo.

Aos poucos as ruas de contrições antigas foram dando espaço para casas e prédios modernos, ainda sim eles continham a beleza medieval. Era difícil tirar os olhos da janela, meus olhos bem abertos para cada detalhe, passamos em frente a uma praça enorme e linda se não estivesse com tantas malas e não fosse de madrugada, pediria para ir até lá, tão...

– Linda! Esse lugar é lindo! Perfeito, porque não nasci portuguesa? – disse Renée, verbalizando meus pensamentos.

– Portugal é uma isca! – disse Charlie sorrindo – hoje ficaremos em meu apartamento em Expo**, não conseguiríamos passar pelas ruas de Alfama*** há essa hora...

– Eu queria ir a praça, pode nos levar amanhã? – pediu Renée olhando para a traseira do carro, acompanhando a praça que se distanciava aos poucos.

– Sim, amanhã levarei há alguns lugares, mas para isso preciso que durmam, sairemos assim que o sol levantar.

– Tudo bem – dissemos juntas.

Estacionamos em um prédio pequeno, as ruas não estavam tão movimentadas como as do centro, pelas pinturas e fachadas, estávamos no centro empresarial,com a ajuda dos taxistas seguimos com todas as malas para o elevador.

– Tome Esme, numero 15 – disse me entregando a chave, passamos com as malas, sem dificuldade.

O apartamento era pequeno, de solteiro e bem organizado. Da sala tínhamos a visão de cada cômodo, apenas duas portas fechados que imaginei ser o quarto e banheiro, o restante era dividido por uma meia parede ou apenas a arrumação deixando claro que ali já era outro cômodo.

Um lugar simples, aconchegante, mas se ele vivia em um lugar simples. Como mandava tanto dinheiro? Segui para a janela, uma pequena varanda, delicada como tudo dentro da casa, tínhamos uma bela vista do mar, bem ao longe, mas ainda sim bela. As luzes deixavam claro que estávamos em uma cidade movimentada e que poderia ser barulhenta se quisesse, mas exalava realeza, vida.

– Nem ameaçada eu iria embora daqui, sentirei prazer em ser chamada de ex-patriota! - disse Renée sorrindo e segurando meu braço – seremos felizes aqui, tenho a certeza.

– Também minha amiga, seremos! – digo tocando minha barriga.

– Vocês ficaram no meu quarto, ficarei por aqui – disse jogando algumas roupas de cama no sofá que não parecia nenhum pouco confortável.

– Não...

– É só por hoje, amanhã as levarei para minha casa. Alfama tem as ruas pequenas demais para passarmos com carros, a noite é muito movimentada, não conseguiríamos passar arrastando todas as malas.

– Tudo bem, então vamos dormir, eu necessito ir ate aquela praça amanhã – disse Renée seguindo em pulinhos ate uma de suas malas e puxando uma camisola de uma delas e sua necessair – onde é o banheiro.

– Na porta verde – disse Charlie e ela seguiu sorrindo.

– Então, como tem sido morar aqui? – estava curiosa sobre sua vida, toquei perto de sua orelha, em uma pergunta muda do que o levou a remover nossos costumes.

– Eu fui ate Forks – disse e tremi.

– Nossos pais?

– Sim – puxou minha mão – eu não acreditei que eles foram capazes de tratá-la desta forma, tudo bem que eles são conservadores de mais e desrespeitamos eles ao mudarmos nosso nome, mas eu prefiro ser chamado de Charlie.

– Eu não devia ter seguido seu exemplo como eles falaram, mas desta vez quem começou foi a Renée – digo sorrindo.

– Esme soa bem, muito bem – disse bagunçando meu cabelo.

– Eles lhe trataram bem? – ele bufou em sarcasmo.

– Eles não me ouviram e me fiz ser ouvido, obriguei ele assinar os documentos passando sua guarda pra mim. Eles não tiveram escolha ou me passavam sua guarda ou os entregaria por abando, você ainda é menor e estava sobre a guarda deles, isso dá cadeia... mesmo que sejamos judeus vivíamos na America...

– Entendo... agradeço por cuidar de mim meu irmão, não lhe desonrarei novamente.

– Você não me desonra minha irmã, apenas eu que lhe deixei desprotegida e inocente de mais...

– Aprendi a lição. Acredite.

– Por Jeová! Estarei aqui para cuidar de ti minha estrelinha – disse dando-me um beijo na testa, foi quando vi que não tinha sai estrela no pescoço, não precisei perguntar para saber o que houve com ela.

– Agora vá dormir, amanhã temos um passei, antes de nos aventuramos por Alfama e acredito que sua amiga nos dará um trabalho enorme para chegarmos a minha casa sem a perdermos entre os mercados! – brincou ao mesmo tempo em que Renée saia com sua camisola do banheiro e meu irmão ficou por alguns segundo congelado, piscou algumas vezes e passou a olhar para a janela com extremo interesse.

– Durma bem – digo seguindo para o quarto e arrastando Renée que deu um boa noite ao Charlie.

– Fiz alguma coisa errada? – ela perguntou já no quarto após Charlie lhe responder aos sussurros.

– Imagina, aparecer com um pedaço de pano na frente do meu irmão é nada! – Renée me olhou com expressão confusa.

– Essa é uma das maiores... – disse tocando a barra que pegava quase em seu joelho, mas o tecido moldava seu corpo com perfeição. Como uma segunda pele.

– Então este será o primeiro objetivo assim que nos instalarmos, comprar camisolas adequadas para uma jovem, que mora com um tutor que não tem nenhum parentesco com ela!

– Vocês vestem o que pra dormir? – revirei os olhos.

– Nossos trajes despudorados são permitidos quando somos casadas, para usarmos somente com nossos maridos. E Charlie não é seu marido...

– Marido... – disse com um sorriso malicioso e entendi perfeitamente o que se passava naquela cabeça.

– Por Adonai****, não tente meu irmão, Renée, ele não aceitará viver em pecado com você e não terá nada com você enquanto estiver sobre a tutela dele.

– Isso é o que veremos! – disse de uma forma que não deixava duvidas – Charlie é o inicio da minha nova vida – disse com determinação.


E assim deitamos apertada na cama de solteiro de Charlie, dormindo em nossa primeira noite em Portugal. A primeira noite de uma nova vida!



* tsitsi consiste, geralmente em um pedaço de lã com franjas nos quatro cantos
___________
** Bairro empresarial de Lisboa
_________
*** Bairro Arabe de construções antigas, ponto turistico de Lisboa
_________
**** Adonai, significa Deus como Governante Todo Poderoso
__________

EVEOM - Capitulo 2

Entre você e o mar
Capitulo 2 De boas intenções....

Com passos mortos segui pela estrada, sem ver nada, sentindo o vento gélido cortar meu rosto todas às vezes em que os carros passavam, com passos lentos segui para casa de Carlisle, mas antes que entrasse na pequena estrada, ouço gritos, virei assustada ao reconhecer Carmem. Ela não deveria estar andando sozinha.

– O que aconteceu Esme? – perguntou assustada ao reparar em meu estado.

– Eu... eu ficarei bem, tive problemas com minha família... estou indo a casa de Carlisle.

– A pé?

– Sai desprevenida...

– Vem pra minha casa? Já esta tarde, a família dele, pode não gostar...e... eu estive com Eleazar hoje, Carlisle não esta, ele ainda esta na faculdade, sabe, provas finais e festas.

– Talvez seja o melhor, eu não sei o que fazer... - estávamos caminhando para seu carro, assim que abri a porta ouço minha fada madrinha.

– Esme? – ela corria, completamente desgrenhada – que bom que te encontrei.... – disse se curvando e apoiando as mãos nos joelhos.

– Ela virá para minha casa, Renée não é? Então, depois vocês conversam.

– Nada disso. Eu fiquei te esperando, percebi que algo estava errado – ela dizia com uma careta, enquanto olhava para Carmem – vem comigo, precisamos conversar e aqui não é o melhor lugar – disse se voltando para mim.

– Esme... – chamou Carmem.

– Obrigada por tudo Carmem, eu vou com a Renée. Mando noticias, obrigada pela preocupação – seu rosto se tornou uma carranca, certamente preocupada com meu estado e o jeito de Renée não colaborava – eu manterei contato.

– Tudo bem – seu rosto suavizou, deu um sorriso e voltou-se para seu carro.

– Obrigada por tudo Carmem – repetiu Renée com escárnio e nojo – francamente? Detesto essa garota – olhei espantada para Renée, ela não é uma pessoa que demonstra sentimentos negativos – ela me calafrios e você sabe o que eu faço quando me dão calafrios...

– Então não faça isso com ela... é tão bom ter você aqui amiga –disse explodindo em lagrimas.

– Eu sabia que algo aconteceria... – disse secando minhas lagrimas – vem cá amiga? – disse me puxando para um abraço, apertado.

Ficamos abraçadas no acostamento, por tempo suficiente para que tudo em mim doesse pelo choro demorado, Renée apenas me abraçava mais apertado, com afagos em minhas costas, não me perguntou nada, apenas esperou que eu terminasse, me acalmasse.

Quando as lagrimas secaram, ela enxugou meu rosto, deu um sorriso gentil e segurou minha mão, me levando em silencio pela estrada, andamos boa parte da rodovia, aos poucos as casas foram diminuindo, ate que não existia mais nenhuma.

Ela me puxou por um trecho, onde havia uma entradinha de terra já na mata, ela remexeu em uma vegetação esquisita, ela puxou algo que parecia uma capa, então entendi do que se tratava, ela removeu alguns gravetos e puxou a uma lona enorme, deixando uma chevet à mostra.

– Espero que goste de minhas acomodações! É o temos por enquanto senhorita! – disse jogando a lona na caçamba do carro.

– Eu vejo nada menos que uma suíte 5 estrelas – sorri sem humor.

– Vem amiga, você precisa se alimentar, me conta tudo pelo caminho – disse abrindo a porta para mim e dando a volta.

Assim que ela entrou e ligou a luz da picape percebi algumas embalagens no chão, lanches, Milk shakes, com ovomaltine, meu preferido, frutas e algumas roupas. Ela manobrou com calma após me entregar o copo de 1 litro. Seguimos em silencio, ela me olhava de canto, enquanto manobrava, ela só estava esperando que eu terminasse de me abastecer de glicose.

– Diga? – perguntei colocando o copo vazio no canto da picape.

– Quem tem que me dizer é você, mas adianto que seus documentos estão comigo – disse sorrindo maliciosa – incluindo seu passaporte, estão no porta luvas. Isso sem contar com um pequeno roubo do seu histórico escolar, não se preocupe que eu fiz uma copia, não quero problemas com a policia.

– Foi você? – perguntei maravilhada – eu pensei... pensei que meu pai...

– É que ele esconderia, eu pensei também, meu padrasto tentou varias vezes me tratar como o seu pai te trata, como se alguém me colocasse freios...

– Como você sabia?

– Eu estranhei o seu pai, ele me olhava torto há alguns dias, eu preferi não te contar, mas fiquei cismada quando ouvi uma conversinha dele, ele falava com alguém sobre uma carta, que todos se arrependeriam, que com você ninguém brinca.... – ela me olhou de lada, deixando claro que agora, eu tinha que falar.

– Depois que ele te levou... – expliquei tudo, cada mínimo acontecimento – então estou aqui, com minha fadinha madrinha.

– ...Ele certamente ficou muito irritado ao não encontrar seus documentos e o cartão. Principalmente o cartão, sem os documentos, sua sobrevivência seria com o dinheiro e se não existisse cartão, você seria dependente deles... só achei muito estúpido da parte dele achar que eu realmente entraria naquele avião – ela resmungou mordendo um pedaço enorme de seu lanche, com muita maionese.

– Para onde vamos?

– Vamos ate Carlisle... – disse de boca cheia – vocês conversam, viajam para Lisboa, seu irmão precisa saber do tratamento que seus pais lhe deram....

– Nem pensar, Charlie mataria Carlisle... eles eram amigos, lembra que te contei?

– É mesmo, mas isso torna mais fácil! – disse dando de ombros dando uma golada no Milk, meu estomago embrulhou – a é... vocês não misturam leite com carne né? Desculpa, eu estou faminta, as bolachas no fundo da sacola são de leite, fique a vontade...

Preferi virar o rosto e esquece a mistura que ela estava devorando, passamos a noite na estrada, Renée não quis parar, ela estava em alerta. Permanecemos ate um pouco depois do amanhecer, já estamos quase na fronteira com Oregon. Seguiríamos para florida, ela não quis ir de avião por causa da minha idade.

Eu só seria maior de idade daqui a um mês, portanto precisaria de autorização para embarcar... teríamos que contatar meu irmão, Charlie ficaria uma fera quando descobrir minha gravidez, Carlisle.... sorri ao imaginar sua reação quando contar, deslizei minha mão por minha barriga, ainda lisa...

– Vamos parar aqui? - disse quando passamos por um hotel de beira de estrada.

– Eu posso ir dirigindo?

– Não, você precisa de um banho, descansar e colocar comiga saudável pra dentro, isso aqui é só pra nos manter acessas – disse apontando para as guloseimas.

Ela estacionou a picape longe do hotel, não entendi, mas não pedi para explicar. Facilmente Renée conseguiu um quarto para nos, tomamos um banho, nos alimentamos e devoramos tudo que estava no frigobar. Trocamos de roupa e ela pediu que vestimos as roupas de antes por cima, também não entendi, quando deitei na cama ela me chamou.

– Eu quero dormir... – resmunguei.

– Acontece que já dormirmos por cinco horas, temos que ir, a mulher do hotel é muito esquisita, temos que dar o fora – assim que ela disse essas palavras eu levantei.

Ela pegou dois engradados de energéticos e coca-cola, mais alguns sucos e pagou com um cartão dela, saímos pelos fundos, dando a volta na mata, quando nos aproximamos da picape vimos duas viaturas passando, elas param no hotel, olhei para Renée e ela sorriu como “eu sempre tenho razão”.

Ela me mandou pra dentro e que removesse a roupa, prendi meu cabelo e coloquei um óculos escuros, peguei uma das jaquetas de corou, com estampas dos Scorpions, ela pareceu colar coisas nas laterais da picape. Depois seguimos sem olharmos para o hotel, a policia ainda estava lá.

Ela ligou o radio e assim permanecemos ate o anoitecer, assim que escureceu, Renée escondeu a picape na mata, permaneceríamos dormindo ali, faltava mais duas cidades, pelos seus cálculos passaríamos o dia na estrada, chegando ao finalzinho da tarde no alojamento de Carl.

Quando finalmente a tarde do outro dia chegou eu já não me aguentava, a ansiedade pó vê-lo me consumia, da mesma forma que um medo me atingiu... um medo completamente irracional, mas que me afetou, será que ele reagiria bem a noticia, ele iria desejar tanto esse bebê quanto eu já desejo?

Conversamos muito sobre nos casarmos, sobre filhos, mas em momento algum falamos sobre tê-lo agora, era tudo pra quando eu também estivesse me formando na faculdade, Carlisle sempre deixou claro que me queria formada, que não queria atrapalhar minha vida se eu quisesse seguir uma carreira, que esperaria.

– Chegamos – disse Renée estacionando em uma das poucas vagas disponíveis.

Seguimos em silencio pelo prédio que parecia o principal, pedimos informação, Carlisle ainda estava no alojamento, quando alcançamos o alojamento já estava escuro, havia uma algazarra. Muitos bêbados, e me apavorei ao ver um casal, transando na frente de outros que se agarravam ali, como se estivessem sozinhos, preferi olhar para o chão.

– Ai esta você Elizabeth? – disse um rapaz saindo nu de um quarto, seus cabelos de um tom de cobre – eu disse que faria tudo por você, esqueça o Cullen. – disse me segurando, puxando, tocando meus cabelos e tentou me beijar, consegui empurrá-lo.

O que essa Elizabeth tem haver com meu Carl? Não havia outro Cullen aqui. Segui pelos cômodos com Renée ao meu lado, quando chegamos a porta do quarto, eu realmente quis voltar, Renée abriu a porta de supetão, fechei meus olhos com medo de encontra-lo como os outros, mas para meu alivio o quarto estava vazio, Renée olhou no banheiro.

Voltou com a cara vermelha e completamente sem graça, quando ela abriu a boca pra falar algo a porta do banheiro foi aberta e quis me afundar em qualquer toca. Um cara muito alto saiu nu e tocando lá.

– Ele foi pra biblioteca – disse ainda mexendo em seu membro, alguém abriu mais a porta, uma garota, que parecia ser mais nova do que nos chiou, ela parecia plenamente lúcida, diferente dos rapazes que pareciam embriagados.

– Acho que não entramos em uma faculdade... – digo quando entendo a imagem em minha frente. A garota estava sentada no... em cima do cara, ela puxou o cara que falava conosco e sem cerimônia, sugou ele.

– Essa é gulosa – disse Renée fechando a porta.

– Eu já vi de mais por hoje... vamos embora? – digo com náuseas.

– Eu que sou a virgem aqui, esqueceu? Eu deveria estar chocada...

– E como não esta? – digo segurando o vomito.

– Quando se é obrigada a conviver com um padrasto alcoólatra enquanto sua mãe esta no mundo cuidando dos filhos dos outros, você pode descobrir que o mundo não é um mar de rosa, e que finais felizes não são para todos...

– Agora entendo porque não gosta de falar da sua família.

– É difícil alguém dizer que prepara drinks e comidas para seu padrasto, enquanto ele fode algumas drogadas na sua frente... – quando ela disse isso ela estaca no lugar, seus olhos modificam.

Acompanho seu olhar e minha vida se ilumina, Carlisle estava sentado em um dos bancos longe de toda a orgia que acontecia em sua volta, meu amor, antes que entendesse, meu corpo já seguia para o seu, meu passos apressados, Renée vindo logo atrás. Então Lea aperta minha mão, foi então que prestei atenção a cena, já estava muito próxima. Perto da arvore, onde a copa da mesma cobriria o banco nos dias.

Ele conversava com uma jovem, ela ate parecia comigo, o mesmo porte, apesar dos cabelos castanhos bem escuros, os olhos de um verde tão profundo quanto esmeraldas. Estavam com o rosto vermelho, como se tivesse chorado muito, então reparei nele, ele estava paralisado. Como se tivessem petrificado ele.

– Você tem certeza? – sua voz estava morta.

– Eu não brincaria com uma coisa dessas, eu não quero pena de ninguém, mas não posso voltar pra casa grávida – meu sangue gelou, eu só posso ter ouvido errado – eu me lembro que falou da garota de Forks, sei esteve com ela...

– Esse filho é meu... eu vou assumi-lo – não sei se ele falou algo para alem disso, mas pra mim, tudo ruiu neste momento, Carlisle... ele não faria isso comigo.

Um barulho animalesco rompei o silencio após sua fala. Apesar das lagrimas, eu ainda conseguia ver seu rosto, vi quando se virou pra mim, as lagrimas desceram por minha face, deixando minha visão limpa para olha-lo, seu rosto se contorceu ao me ver, deu passos em minha direção e me afastei. Percebi que eu fazia o barulho, provinha de minha alma, despedaçadas.

– Esme? – chamou – por favor me ouça? – disse dando mais passos em minha direção e corri, corri com todas as minhas forças, um buraco devorava minha alma, tudo a minha volta tremia.

Como eu pude ser tão... como ele pode? Eu não sei como, mas cheguei a picape, Renée estava ao meu lado, entramos rápido, pude vê-lo se aproximar, tranquei minha porta e vi Renée fazer o mesmo com a sua, me encolhi no banco, cobrindo meu rosto para não voltar a vê-lo, suas mãos socando o vidro, tentando puxar a porta.

– Se segure – avisou Renée e logo senti a picape girar, o barulho ensurdecedor dos pneus protestando chegaram aos meus ouvidos, permaneci em posição fetal por muito tempo – fique normal Esme, essa posição há fará mal, tire essas roupas de roqueira, vista o vestido vermelho e aperte o cinto – disse acelerando.

Fiz o que me mandou, o choro sem parar um segundo, eu relutava em pensar o que seria de mim, do meu filho... isso só tornou meu choro ainda mais compulsivo. Senti seus braços em minha volta, só então me dando conta de que Renée já havia estacionado, estávamos escondidas nas construções.

– Eu nunca vou deixar nada faltar a vocês, minha irmãzinha... chora, chora bastante... – disse e foi isso que fiz.

Chorei tanto que peguei no sono, acordei desorientada. Renée estava vestida de outra forma, não havia sacolas no carro, meus cabelos estão soltos, um óculos, com a lente muito escura em minha cabeça. Ela falava com um homem, encostado ao carro.

Firmei meu corpo, sentando de forma correta. Minhas costas estalaram, meu corpo estava rígido. Renée sorriu e fez sinal para que a seguisse, desci desorientada, estávamos dentro de uma garagem, estávamos em sua casa, ela conversava com seu padrasto que me olhava de lado e resmungou algo.

Renée bufou e o empurrou, ele seguiu na frente e percebi que ele estava bêbado. Quando entramos na casa ela me puxou pra outro lado, passando pela cozinha, havia uma mulher ali. Ela esquentava algo em uma lâmpada quebrada. Ela estava só de calcinha.

– Apenas ignore tudo o que ouvir e ver ok? – acenei e tentei bloquear as risadas e gemidos findo de um dos cômodos – não precisa ter medo dele, apesar de ser um drogada depravado, ele nunca tocou em mim e não deixa os amiguinhos chegarem perto de mim... ele sabe que se mexer comigo ou com você... acorda na cova – ela sorriu diabólica.

– Eu não quero lhe causar problemas... eu só.... só preciso saber o que fazer da minha vida, com meu filho.
Eu ainda não conseguia acreditar que Carlisle fez isso comigo, tudo era tão... tão real, tão sincero... mas ouvir aquela mulher falar com tanto conhecimento sobre nos,de ouvir ele falar que ela esta carregando um filho dele...

Afundei no cochão, chorando devastadoramente. Por tudo o que passei, por toda a mentira e o conhecimento que de agora em diante, estarei sozinha com meu bebê. Não sei se serei capaz de enfrente meu irmão, eu já perdi muito e se ele me virar as costas... não sei se conseguirei sobreviver.

EVEOM - Capitulo 1


Entre você e o mar
Capitulo 1 – Realidade

– Não devia estar aqui – digo temerosa, um frio em minha barriga por causa dos meus pais, mas estar com Carlisle é maravilhoso.


– Quer voltar? – perguntou docemente.


Virei para olhá-lo, Carlisle sempre foi tão atencioso, sempre me respeitando. A cada dia estamos mais unidos, nosso amor só cresce, não via hora de nos formarmos para sumirmos de Forks. Seus pais não aceitam o fato que sou de uma família teoricamente humilde, afinal meus pais não aceitavam o dinheiro de meu irmão.


Charlie esta há dois anos em Lisboa, trabalhando como gerente em uma empresa, mesmo sem estar formado. Seu salário é alto, mesmo pagando sua faculdade e series de cursos, ele sempre mandou uma quantia alta para nos, ele havia me enviado secretamente por Carmem uma carta com um cartão, dando-me acesso a uma conta onde ele depositava periodicamente uma boa quantia, que eu ia usando cuidadosamente em nossa casa, sem que meus pais pudessem perceber.


Era esse dinheiro que eu usurparia por um tempo, para que eu e Carlisle pudéssemos nos manter ate que ele conseguisse um emprego em um dos hospitais aos quais ele havia estagiado. Depois reembolsaríamos meu irmão e entregaria tudo aos meus pais.


Charlie... como diria meu pai, virou as costas para nossa família e religião, na verdade Charlie não aceitou que meu pai decidisse sobre sua noiva, nossos pais temiam que ele se envolvesse com uma mulher que não fosse judia. Que caísse em pecado com ela, que desonrasse a linhagem da família, quando na verdade, eu estou desonrando. O que me dói é que eles preparam meu casamento com quem eu se quer conheço.


– Não. Não há lugar melhor do que estar aqui – digo me sentando em uma das enormes pedras do penhasco – isso só deixaria a nos três em maus lençóis, apesar de achar que mamãe ainda passará em meu quarto – digo casualmente, admirando a linda lua cheia.


À noite esta completamente banhada pela lua, não havia necessidade de uma fogueira, mas Carl achou prudente, alem de afugentar os animais da reserva. Estávamos escondidos entre as pedras, ninguém da pista ou da beira mar nos veria, estávamos em nosso mundo, sem empecilhos. Senti seus braços a minha volta, me aconcheguei mais em seu colo, seus lábios tocaram levemente minha cabeça.


– Tenho certeza que Renée ficará bem se passando por você. Queria que pudesse ser diferente... –disse me arrumando em seus braços, me sentando em seu colo.


– Eu certamente estou condenada, mas se te amar me condena... não me importo.


– Não diga isso Esme! – disse me apertando ainda mais – vamos dar um jeito, falta pouco para minha formatura, só mais alguns dias e terei meu diploma, receberei uma quantia de presente de meu avô e embarcaremos para Inglaterra.


– Eles marcaram com a família de Isaías, eles levarão o filho mais velho em minha casa – sussurrei e nos apertamos.


– Porque eles não me aceitam, eu disse que me converteria....


– Meus pais são extremamente conservadores, mesmo que não digam, eles não escondem o orgulho de serem uma das poucas famílias a terem uniões de berço, eles já tiveram que suportar o fato de Charlie ter se negado a casar com a caçula de uma família importante e influente e passar semanas constrangidos na sinagoga...


– Será uma pena, mas enfrentarei sua família para tê-la, mesmo que para isso eu tenha que fugir com você.


– Eu confio em você, irei para onde me levar... – digo e seus lábios devoram os meus, sua língua quente em meus lábios. Senti meu rosto queimar quando sua mão deslizou por dentro da saia do meu vestido.


Esta não seria a primeira nem segunda vez que me entrego para Carlisle, mas sempre parece ser a primeira, me sinto ser impulsionada para outra realidade, ser removida de meu corpo, como se nossas almas se unissem, puxou uma coberta que esta em suas costas e me senta, sua mão ágil e enorme desabotoando meu vestido enquanto deita-me na pedra.


Meu corpo se arrepia com seus toques, resmungos de prazer passando por meus lábios, fecho meus olhos envergonhada quando sinto suas mãos em meus seios, descendo e me tocando lá, minha respiração apressada, descompassada com sua língua deslizando por toda a pele exposta. Minhas mãos migrando para seus cabelos sedosos.


– Abra os olhos minha menina? – pedia em uma suplica, enquanto o sentia nos unir.


Meu corpo arqueando com a invasão, com nossos olhos conectados, sinto-o me preencher por completo e a remeter seu corpo contra o meu, firme e lentamente, tornando meu corpo consciente do seu, seu calor me inundando, seus lábios exigiram os meus, sua mão apertando minha cintura e coxa com força, mas nunca me machucando, sua língua deslizando em cada canto, tocando a minha, dançando com ela, deslizando a ponta da sua pela minha.


Calafrios gostosos dominavam meu corpo, uma pressão começava a se formar em meu centro, minhas pernas enrijecendo, seus movimentos se tornavam ferozes, meus chiados se tornando gritinhos agudos, sua risada gostosa invadindo meus tímpanos, logo suas mãos se tornaram garras em meu quadril, chocando nossos corpos com certa violência, me fazendo senti-lo cada vez mais fundo.


Colou nossas testas, puxou minha bunda, apertando, puxando minhas pernas para me abrir mais e correspondi seu movimentos, me abrindo mais e inutilmente tentando unir meu pés em suas costas. A pressão aumentando drasticamente, um formigamento em meu ventre, senti sua mão sobre minha boca, em um ímpeto deslizei minha língua por seus dedos, suguei seu dedão, gemendo com a pressão dolorosamente prazerosa que me inundava.


Carlisle afundou a cabeça entre meu pescoço e ombros e abafou algo que parecia um rugido, que também foi acompanhado de um som que era uma mistura de grito com miado que escapou por meus lábios quando a pressão ficou insuportável, fazendo minha pernas enrijecerem e jatos explodirem por meus meios. Com mais um brusco movimento dele, senti um liquido quente em meu interior, nossos corpos relaxando.


Rapidamente Carlisle nos gira, se removendo de meu interior e aconchegando em seus braços. Ficamos um tempo assim, ate que ele levantou, comigo ainda em seus braços, permanecemos abraçados e nus apreciando a lua. Sorrisos inebriantes estampando nossos rostos, sua mão deslizando por meu braço, passando por meu ombro e descendo por meu seio.


Seus dedos brincavam com meu mamilo intumescido, ergueu um pouco sua perna, deixando meu seio na altura de seus lábios que deslizaram por ele todo, logo dando espaço para sua língua fervente. Começamos nossa dança novamente, parando apenas quando o sono se fez fortemente presente. Sabia que poderia descansar, que Carlisle nos protegeria.


Acordei com beijos em minhas costas, o lençol foi removida de minhas pernas, senti seu membro duro, seu corpo pousando com delicadeza sobre o meu, suas pernas separando delicadamente as minhas, me empinando, sua mão abafou meu grito de êxtase e desta forma me teve novamente. Seguimos para o pequeno riacho perto da barraca.


Ainda estava escuro, deveria ser 04:30hs no máximo. Com todo cuidado e após muitas caricias para que a água não estivesse tão congelada para nossos corpos, tomamos um banho, mas isso não impediu Carlisle de me possuir novamente, não me fiz de rogada ou cansada, apenas me entreguei para ele, me abrindo mais a cada gesto explicito.


Após estarmos devidamente arrumados e sem o cheiro do outro, ele nos levou por uma estrada alternativa, com seu jipe silencioso e escuro. Parando algumas casas longe da minha, entramos pela mata e passamos ladeando as casas, meu quarto ficava nos fundo, já havia uma escada de cordas amarrada na pequena varando. Carlisle me ajudou a subir, após me roubar vários beijos.


– Alguns dias, só mais alguns e será minha senhora Cullen – sorri com suas palavras sussurradas com muito amor, mandei-lhe um beijo e me preparei para entrar em meu quarto, Renée iria com ele e voltaria amanhã a tarde como se estivesse chegando naquele momento, mas congelei ao ver minha mãe parando na porta.


Escondi-me longe da porta de vidro, pude ver sua sombra pelo abajur, ao qual ela desligou, vindo a porta de vidro da varanda e trancando, seguiu para a porta, afiei meus ouvidos para ouvir o ranger da fechadura. Procurei pela chave extra da porta, quando me abaixei para pegá-la Renée já havia aberto, tão ligeira quanto um felino.


– Você demorou – disse removendo a blusa de camisola, ela já estava arrumada e pegou sua bolsa, estrategicamente amarrada em baixo do banco em minha varanda, ela me abraçou e desceu pelas escadas, depois removi as amarras e eles seguiram pela mata.


Voltei para minha desastrosa vida, contando os minutos para estar para sempre com Carlisle e me tornar a senhora Cullen.


...


– Isaias virá hoje a noite para conhecê-la filha – disse mamãe. Reprimi um resmungo.


– Com o perdão da palavra senhor Isael, seria adequado que me mantivesse no quarto de Esme? Apesar de toda convivência, ainda não estou plenamente familiarizada com todos os costumes e não quero cometer uma gafe que envergonhe sua família ou atrapalhe o futuro de minha amiga – por esse motivo, meus pais vinham em Renée uma não judia que poderia conviver comigo, ela sempre mostrou-se com essa conduta na frente deles. Sempre com um extremo respeito por minha família e nossa religião, sempre mantinha-se como uma judia verdadeira quando vinha para nossa casa.


– É o mais adequado senhorita - meu pai não aceitava o fato dos pais de Renée a deixarem viajar sem o acompanhamento de um adulto familiar.


...


Com minha mãe e uma empregada preparando o jantar, eu permaneci em meu quarto, me arrumando para... um contrato de matrimonio, eu tentei diversas vezes pensar que era tudo uma encenação, eu precisava fingir estar de agrado, que quanto mais dócil e gentil eu fosse, mas fácil seria minha vida e menos vigilância sobre meus horários eu teria.


Na hora exata a família de amigos de meu pai chegou, permaneci na ante sala com minha mãe, a esposa do senhor Isaias entrou na ante sala, permaneci em silencio, enquanto ela e minha mãe conversavam, uma senhora, já idosa entrou alguns segundos depois, era a matriarca da família. Ela me fez diversas perguntas sobre minha educação religiosa, sobre as tradições e festividades.


Tudo aquilo, não passava de uma pesquisa para saber se eu seria uma mãe adequada, se eu educaria devidamente meus filhos, após um exausto interrogatória, fomos permitidas a seguir para a sala. Permaneci com os olhos longe de Isaías e seu filho. O jantar foi completamente torturante, era como se eu tivesse me tornado uma vaca premiada. Minha família exaltando minhas qualidades e educação judaica e os pais de Israel fazendo o mesmo.


Após ardilosas horas fui libertada para seguir para meu quarto, mas não fui para ele, sabia que as senhoras viria atrás de mim e neste momento tenho certeza que Renée estava trancada em meu banheiro canto um rock pesado dos The Rolling stons, Charlie havia me presenteado com um banheiro acústico, mais isso não impediria que elas vasculhassem e inventassem uma desculpa para averiguarem como me comporto em minha intimidade, e ver minha amiga não judia dançando nua em meu banheiro, não é a melhor forma.


Desta forma, não me surpreendi quando em menos de cinco minutos a empregada abriu a porta e deu passagem para a minha ex-futura sogra e a avó. Elas ficaram me estudando em silencio por um tempo a matriarca pareceu não me aprovar, ela enrugava a testa sempre que se aproximava.


Mas para meu infortúnio, Isaías e meu pai confirmaram a união, o casamento ocorreria em menos de três meses. Eu não poderia exteriorizar minha vontade de não me casar, portanto permaneci em silencio enquanto meu pai me comunicava sobre meus deveres que o dia do casamento. A primeira era não sair de casa sem estar acompanhada.


Os próximos dias foram torturantes, eu não conseguia me comunicar com Carlisle. Renée tentou algumas vezes, mas algo aconteceu e meus pais pediram que Renée fosse embora. Ela me pediu que lhe entregasse o cartão, que havia algo errado, ela daria um jeito de me avisar. Consegui lhe entregar o cartão antes que meu pai entrasse no quarto para buscá-la.


Aquele dia percebi que eles sabiam sobre Carlisle, ele sabia que eu não era pura. Sem uma única palavra e com os olhos lampejando de desprezo e vergonha ele caminhou ate mim e me deu um tapa, um único tapa que me fez voar na cama em que me encontrava sentada, Renée e minha mãe gritaram assustadas, mas minha mãe não veio ate mim e Renée foi impedida por meu pai, que a arrastou sem nenhuma palavra.


Naquela mesma noite, ele voltou ao meu quarto, não me olhou nos olhos, não me perguntou nada, apenas me arrastou porta a fora, me jogando no quarto de hospedes, onde uma senhora se encontrava com minha mãe e duas enfermeiras.


– מה קורה? אב? (O que esta acontecendo? Pai?) – ele não disse nada, apenas me jogou na cama e deu a ordem delas me examinarem em hebraico.


לא! אני עוזב! - (Não, me soltem) gritava em hebraico, mas tudo era inútil, elas levantaram meu vestido à força, rasgando a saia no processo e arrancaram minha calcinha – אמא? עצור! (mamãe? Parem!)


Nada do que eu fazia adiantava a medica introduziu seu dedo enluvado e chiou em hebraico que eu não era virgem, nesse momento eu parei de lutar, a medica conversou baixo com minha mãe que me olhava decepcionada e depois seus olhos se arregalaram com o que a medica disse e logo depois seus olhos cintilaram em algo obscuro. Logo depois ela saíram, minha mãe caminhou lentamente, mas não havia nada de bom em seus olhos.


– Quem foi?


– Eu não sei do... – minha fala foi rompida por sua bofetada.


– Quem foi? – eu não me atrevi a olhá-la, nem responder – eu perguntei quem a tocou? – nesse momento a porta foi aberta com violência, meu pai invadia o quarto, sua roupa estava desalinhada, como se ele tivesse brigado. E veio pra cima de mim. Foram diversos xingamentos em hebraico. Meu pai me praguejava, me deserdava, mas algo em sua fala me fez prestar atenção.


– Você não pertence mais a esta casa, você destruiu nossa família, mas o pior é que carrega um criança da sua vergonha, sai desta casa agora e pela porta dos fundos, não araste ainda mais o meu nome – disse sem me olhar.


– Marido?


– Não me desobedeça – disse para ela.


– Deixe-a trocar de roupa, esta está rasgada!


– Cinco minutos, se estiver sobre meu teto após este minuto será tratada como uma ladra – dito isso, me vira as costas.


Eu ainda esta sobre o efeito de suas palavras, eu tenho um bebê crescendo em meu ventre, Carlisle vai adorar, apertei minha mão sobre meu ventre ainda liso, mas bem abaixo, esta durinho, de quantos meses eu estou? Então lembrei de minha condição. Renegada, expulsa de casa, do convívio com minha família, sem um teto.


– Levante-se e vá se vestir, já perdeu um minuto – a voz áspera de minha mãe entrou por meus ouvidos, olhei para seus olhos, que estavam sem um vestígio de amor, ela virou o rosto e manteve a porta aberta para que eu passasse.


Eu já não era sua filha, não era digna de sua presença, havia desrespeitado nossos mandamentos, envergonhado minha família, que não poderia cumprir com a palavrada dada, por que sua única filha mulher havia se perdido e carregava um filho de um pagão. Rumei para meu quarto, onde troquei minha roupa. Procurei meus documentos, mas não os encontrei.


Eu não poderia ir muito longe sem eles, talvez nem ao próximo estado, quem dirá viajar com meu Carl. Caminhei ate o escritório e me mantive com a postura baixa. Meus pais brigavam em nossa língua. Bati na porta, mas não entrei quando permitiu que eu abrisse apesar de não saber que eu ainda estava ali. Assim que seus olhos pousaram em mim, estremeci.


– Entregue-me o colar. Agora – disse amargo, o colar era o brasão de nossa família, algo que sempre provava nossa descendência. Aquela era aprova da desgraça de um membro, eu estou sendo expulsa. Mesmo sem um conselho, este que não mudaria a forma que meus pais me viam, sem opções removi o colar, entregando com este a estrela de Davi. Neste momento percebi que não deveria perguntar sobre meus documentos, eles já haviam queimado, na melhor das hipóteses.


Sai sem olhar para trás, agora eu não tinha para onde ir, sem meus documentos e dinheiro, só me restou ir diretamente para a casa de Carlisle.

Entre você e o mar





Esme vê seu mundo desabar, perder tudo e principalmente o homem que ama, quase sem forças contará com uma grande amiga e seu irmão para se reerguer e seguir com uma nova vida, com seu filho, esquecer tudo e todos de seu passado.
Poderá fugir da convivência com seu passado, mas nunca das lembranças e quando pensa que poderá viver, seu passado volta para atormentá-la e principalmente para testá-la e mostrar que as vezes somos amigos de pessoas que não são nossos amigos.
Poderá ela seguir em frente?

1. Realidade
2. De boas intenções
3. Lutando
4. Mirante
5. Gestação
6. Nascimento
7. Futuro
8. Encontrando o passado
9. Fase 2: Seatlle
10. Fase 2: La Push
11. Fase 2: Encontros
12. Fase 2: É o mínimo que espero
13. Fase 2: Meias verdades
14. Fase 2: Sangue
15. Fase 2: Águas passadas não movem moinhos
16. Fase 2: Adrenalina
17. Fase 2: Encontros e desencontros
18. Fase 2: Convivência
19. Fase 2: Final: Colapso

quarta-feira, 13 de março de 2013

MVLN - Capítulo 21

 MVLN - Capítulo - Guarda 







– Esta mais calma agora? – sussurrou deslizando o nariz por meu pescoço, me aconcheguei mais ao seu corpo.


– Acho que sim! – sussurro de volta – minha cabeça esta doendo – digo ao sentir as pontadas que não me permitiam acalmar rapidamente.

– Durma um pouco? – disse me ninando – após dormir eu te levo, Charlie ficará mais calmo se a ver descansando - Jake começou a cantarolar em Quileute e com o fundo sendo o som do mar, foi fácil.

Quando abri meus olhos estava em meu quarto, meu pai estava sentado na cadeira de balanço as mãos enlaçadas, batia os dedos indicadores na boca, os olhos fechados. Me mexi incomodada com o calor e senti alguém mexer, jake estava abraçado comigo. Seu ronco veio alto após causar a mudança de postura.
Charlie abriu os olhos, pousando rapidamente em mim. Ergui-me devagar e jake acordou, Charlie lançou um único olhar para Jacob e ele me deu um selinho rápido, de surpresa e levantou indo embora. Charlie levantou e veio para sentar na cama. Segurou minha mão e respirou fundo.

– Após você fugir hoje a tarde, tivemos uma visita. O advogado Jason Scott! Ele é conhecido da família Cullen... – disse Cullen com certo asco.

– E? – Charlie suspirou novamente, foi ate o pequeno criado mudo perto do berço e pegou um envelope.

– Ele é muito bom no que faz! – disse alegre me entregando o papel – não sei como ele conseguiu ser tão rápido, mas ai diz que estamos por enquanto com a guarda provisório de Charles Alexander. Isso é pra garantir sua permanência no hospital para acompanhá-lo, o pessoal do juizado foi informado rapidamente por causa da confusão no hospital...

– E... os pais da Pamela? – perguntou olhando a papelada.

– Renée já avisou, parece que eles surtaram, tentaram nos jogar a culpa e... Renée deu um surra na mãe dela após ela praguejar você... – disse e me assustei, minha mãe não é assim – eu sei, também fiquei impressionado, mas alguma coisa você tinha que ter dela, não é?

– Eu posso vê-lo ainda hoje? 

– Não! Agora só amanhã! E por falar em ver... – disse tirando um envelope do bolso. – esse telegrama chegou, endereçado a você!– peguei o envelope e abri rapidamente após ver um selo Frances.
Cara senhorita Isabella Swan.
Há alguns dias recebi uma carta de minha neta Pamela, nesta carta relata fatos sobre a gestação da própria. Acredito que minha neta tenha lhe informado de minha predileção por ela, da mesma forma que me foi relatado o afeto que tem por você e dos generosos cuidados que a senhorita e seu pai tem por minha menina, dentro de alguns dias pessoas de minha alta confiança entrarão em contato com a senhorita e senhor seu pai. Deste já agradeço o cuidado com minha neta e peço para que ela não conhecimento deste telegrama.
Mr e Mrª Lefévre
 
Li em voz alta para que Charlie soubesse, voltei a dobrar o papel.

– Isso é bom! Esse bebê ainda tem uma família sanguínea. E quanto mais ajuda melhor! Sei que os pais de Pamela se arrependeram, mas gente que prefere o aborto não tem meu respeito! Sei que isso não é contra a lei daqui, mas vida é vida.

– E aborto é assassinato. – digo o cortando – também não os quero com o bebê, isso não é arrependimento, é consciência pesada. Charles Alexander merece muito mais que isso! – digo levantando.

– Então que venham essas pessoas, esse menino já perdeu os pais – disse me olhando – o mínimo que podemos fazer é cuidar bem dele – disse levantando. Segurou em meus ombros, trouxe sua mão para meu rosto – apesar de ter sumido por quase três dias e merecer, eu vou anular o castigo por mostrar sua força – disse beijando minha testa – estou orgulhoso de você Bells. É de alguém forte assim que esse menino precisa. Tenho certeza que eles ficariam orgulhosos... – disse saindo do meu quarto. Meu peito latejou novamente.

Juntei uma muda de roupa e rumei para o banho, minha noite não foi a melhor, eu não conseguia dormir, sempre sonhava com o rostinho de Charles, e gritando por Pamela e Alex que não me ouviam. Após isso resolvi desistir,desci para a copa, liguei o CPU e enquanto o Windows iniciava fui ate a cozinha preparar um sanduiche e peguei um alguns yakults e derramei em uma caneca.

Procurei saber mais sobre bebês, vários sites que mostravam como é o crescimento de bebês, os cuidados com os prematuros. Em determinado momento tive a impressão de estar sendo observada, enquanto vários sites carregavam voltei para a cozinha, limpei minha bagunça e quando voltei fechei todas as cortinas, liguei o radio em uma estação qualquer e voltei as minhas pesquisas.

Amanheci o dia assim, ouvi Charlie no banho e resolvi desligar o CPU. Preparei uma vitamina para tomarmos, Charlie fazia muito uso de café e isso deveria sumir por aqui... fiz algumas torradas e subi, Charlie saia do banheiro quando passei.

– Não acredito que aquela porcaria de relógio esta quebrado! – resmungou secando os cabelos.

– Deu formiga na minha cabeça, pai... não perdeu a hora, já fiz o café! Vou arrumar uma bolsa com algumas peças e fraudas para o Charles e me arrumo em seguida. – Charlie acenou e fiz o mais rápido possível e desci para comer algo, não percebi que estava com tanta fome ate engolir a vitamina.

Seguimos cada um em seu carro para o hospital. Charlie iria, infelizmente, lutar por pistas sobre Pamela. Eu não poderia fazer nada para mudar, então preferi não perguntar e mostrar total aversão a esse fato, sabendo que Charlie entenderia como uma maneira de impedir a dor, voltando toda minha atenção para Charles. Quando chegamos ao hospital uma enfermeira nos levou para a sala de Carlisle, lá estava o Dr.Brenner.
– Bella! Senhor Swan?

– Sim, sou eu!

– Sinto muito querida, eu não estava no Estado ontem... sinto muito, estava conversando com Dr. Cullen, ele me explicou o ocorrido. Pedi autorização para acompanhar o bebê enquanto ele estiver internado.

– Se o senhor não puder ser o medico dele, gostaria que me indicasse um pediatra. Que não fosse de Forks! – digo rapidamente.

– Será um prazer...fui informado do procedimento do juizado...

– Eu já tenho a guarda provisória. – digo balançando o envelope. – vamos visitar Charles. O advogado se encarregou de registrá-lo, obrigada Carlisle. Dr. Scott é um ótimo advogado.
– Fico feliz por termos grandes amigos. – disse olhando para o relógio – esta na hora da amamentação, vamos lá?

– Claro!

– Vou adorar ver essa esta cena senhorita Swan! – disse o Dr.Brenner rindo com certeza por lembrar de um dos tombos que tive em seu consultório.

Quando chegamos, não havia rastros da confusão do dia anterior, uma enorme tela cobria a área afeta, separando do berçário. Seguimos pelo mesmo protocolo de esterilização, quando entramos, era Rosalie que cuidava de Charles, ela estava trocando sua frauda. Meus olhos foram para a enfermeira que jurou cuidar dele.

Ela estava do outro lado, auxiliando uma das enfermeiras com os poucos bebês que estavam ali. Rosalie sorriu para nos e a ignorei. Segui para meu lindo, ele estava desperto, sorri ao ver que não estava com o fio para respirar. Carlisle entregou a bolsa para uma das enfermeira que etiquetou e sorriu pra mim.

Ouvi quando explicou que por enquanto ele não precisaria de roupinha, a incubadora resolvia esse problema, recebi o auxilio de como eu deveria amamentar, a enfermeira removo-o da incubadora, embrulhando em algo grosso, explicou o que eu faria, me sentei abrindo um pouco a camisola, Charles deveria ficar em contato com minha pele. Abriu a manta e o deitou sobre meu colo, sua mãozinha espalmada em meu seio, tão quentinho.

Com muito medo e tremula, com a ajuda da enfermeira, comecei a dar-lhe o leite do banco de doações, muitas mães que ainda estavam aqui e outras ainda tem filhos mamando se encarregaram de fazer doações para o hospital e para ser a mãe de leite de Charles Alexander, já era de conhecimento de toda a cidade o que ocorreu com Pamela.

Por isso não foi surpresa quando ergui meus olhos e vários rostos conhecidos estavam vidrados em nos, muitos colegas de classe disputavam espaço com o pessoal de La Push. Voltei minha atenção para Charles. dando o leite em pequenas porções, quando terminou e a enfermeira deixou que eu o segurasse por mais um tempo. Tão pequenino.

...

– Bella? – ouvi e me virei ao reconhecer a voz.

Edward estava a alguns passos de onde eu estava, mas não foi preciso outra palavra, todos que estavam a minha volta deixaram suas frases morrerem e se afastaram, era o que eles realmente queriam, não foi a toa que vieram. Mantive-me parada, xinguei-me mentalmente quando seu cheiro chegou em mim, grudando em minha pele.

– Algum problema? – sussurro esganiçado, soando rude aos meus ouvidos.

– Eu queria falar com você... – começou se pondo em minha frente. – precisamos conversar, eu quero falar com você... – eu sinceramente, não quero ouvir, não quero correr o risco de voltar a acreditar em suas palavras.

– Vamos pessoal? – ouvi Ben e Angela falarem e começarem a puxar os mais próximos– podemos conversar lá fora, quero evitar problemas com seu pai – disse e acenei, Charlie estava com Carlisle e Dr.Brenner e Dr. Scott, resolvendo os cuidados com meu afilhado.

– Pronto Edward. – digo quando chegamos perto do seu volvo.

Edward me olhou por um tempo, antes que eu pudesse reagir sua mão grande e gélida tocava meu rosto com suavidade, quando a corrente varreu meu rosto, eu repremi o tremor de reconhecimento que invadiu minha alma. Infelizmente foi impossível conter as batidas falhas, do meu coração.

– Eu queria que me perdoasse pelo que fiz, eu nunca tive a intenção de dizer tudo o que lhe disse... – disse tentando me tocar novamente, afastei sua mão.

– Sua parceira sabe que esta aqui?

– Minha parceira é você Bella...

– Não. Sua parceira roubou meus amigos... eu sou a humana idiota que te distraiu por um tempo. – no outro segundo seu corpo gélido apertava o meu.

Foi impossível não tremer, não sentir o choque do reconhecimento, a sensação de paz me atingindo. Porque não posso esquecê-lo por completo. Meu corpo comrçou a ficar leve, minha respiração estava superficial, sua mão apertava a base de minhas costas, enquanto a outro segurava minha nuca, seu nariz deslizou por meu pescoço.

– Minha parceira é você Bella... – sussurrou deixando uma trilha de beijos por meu pescoço – eu precisa mentir pra você, precisava que acreditassem em minhas palavras. A razão pra que acreditasse que eu tinha uma parceira, foi porque pensei em você, foi de você que eu falei, era você, sempre será... – tentei me livrar de seus braços, eu sabia onde isso acabaria, mas infelizmente eu queria isso. mais do que deveria – eu te amo Bella. – disse e selou nossos lábios.

Sem meu consentimento, meu corpo retribuiu ao beijo. Seu gosto maravilhoso. Sua língua invadiu minha boca, faminta e exigente. Meus punhos que antes estavam fechados, agora subiam por seu peito duro e gélido. Segurando-o ao meu corpo, apertei sua nuca, nos separamos quando o ar se fez ausente.

Suas mãos continuaram em meu corpo, ouvi seu riso, eu não devia ter feito isso, não devia ter permitido. Puxou meu queixo para olhar-me, seus sorriso me ludibriando por segundos. Não! Empurrei-o, Edward não esperava esta reação e por isso me libertou cambaleando levemente. Deu um passo em minha direção e dei dois para trás.

– Não – minha voz saiu estrangulada – não sou seu brinquedo – minha visão embasada pelas lagrimas.

– Bella...por favor... confia em mim?

– Você destruiu essa confiança, não volte a me tocar. Fique longe... – digo me afastando...

– Bella? – ouvi Emily me chamar e não hesitei em correr ate ela. Kim e Jared estavam juntos. – tudo bem? – perguntaram, Jared manteve os olhos em minhas costas, poucos segundos depois e o volvo prata dispara pelo estacionamento a quase 100 p/hora.

– Agora sim... Jared? – ele me olhava serio, desconfiado. – deixe que eu conte a Jacob.

– Isso é um problema entre vocês, mas jake é meu amigo, meu irmão. Não brinque com ele. Isso é mais serio do que um simples triangulo.

– Não há um triangulo.

– Eu sei que não, só você que não se deu conta ainda – disse áspero e me encolhi com suas palavras
.
– Vamos voltar amanhã... – começou Emily para mudar o clima.

– Sim, por favor...

– Sabe quando ele irá para sua casa? – perguntou Kim.

– Ele precisa ficar aqui algumas semanas, precisa ganhar peso... poderia me ajudar com os primeiros cuidados Emily?

– Claro, será um prazer!
......

Os próximos dias foram terríveis. Precisei voltar as aulas para não perder o ano. Os primeiros dias foram impossíveis de conviver com as pessoas, todos vinham me dar os pêsames, perguntar sobre Charles e havia Edward. Se antes já tínhamos muitas aulas juntas, ele conseguiu que estudássemos em todas, ate educação física. Dividindo a mesma carteira.

A maldita corrente elétrica não parava um segundo e passei a fugir dele, evitando ficar sozinha e agradecia por Angela entender o que eu passava sem que eu precisasse falar. Passou a ser minha fiel escudeira, nem ao banheiro eu ia sozinha. Não conseguiu falar com Jacob por três dias, eu sabia que a esta altura, ele já teria visto algo na mente de Jared.

No quarto dia assim que bateu o sinal juntei minhas coisas o mais rápido que consegui, eu precisava vê-lo e iria para La Push, não queria que ele ficasse com raiva... quando segui para a picape ela estava com o pneu murcho. Tive a certeza de ser uma trapaça quando vi Alice e Edward se aproximarem.

– O que fizeram?

– Bella... é perigoso conviver com os Quileutes.

– Isso não é da sua conta.

– Você é minha amiga...

– Nos preocupamos com você, fique por Forks....

– Não se intrometam em minha vida. Não tem e nunca tiveram o direito de decidirem por mim!

– Não entendeu meu recado Cullen! – ouvi Jake rosnar, literalmente, sua mão veio possessiva para minha cintura e me deixei ser erguida, enquanto me afastava deles e depois me colou ao lado de seu corpo.
– Solte-a – Edward sibilou.

– Quem tem que dizer isso é ela... – disse com o sorriso de deboche. Edward deu um passo em direção a Jacob e senti seu braço tremer em volta do meu corpo.

– Chega! Vamos embora jake. Quero ver Charles...

– Sim, vou calibrar o pneu depois, vamos na moto – disse me olhando e nos virando.

Atei-me ao seu corpo e quando nos viramos, todos os alunos estavam vidrados em nos. O diretor descia pelos poucos degraus. Jake me passou seu capacete e seguimos para o hospital, passamos um tempo com meu pequeno. Quando o horário permitido terminou, sai e vi Jacob com meu celular.

– Desculpe, mas era seu amigo, imaginei que gostaria de saber do que se trata. – disse me entregando o celular já com chamada terminada.

– O que aconteceu?

– Eles estão com problemas com sua amiga, parece que ela tem um dom extra, esta com problemas para dominar...

– Ele disse qual seria?

– Não, mas que vão demorar, ela esta indo bem na parte de ser sanguessuga, não feriu nenhum humano ainda, mas... tem um gênio explosivo, palavras dele.

Seguimos para casa e Scott estava em uma conversa com meu pai, outro homem estava junto. Era o advogado mandado pelos avós de Pamela, ele é um Frances divertido, apesar do terno deixá-lo serio de mais. Nos explicou que não tomaria o causa, mas ajudaria, que seu trabalho era dar todo o auxilio para Pamela e eu, mas com a “morte” de Pamela a situação modificava.

Entramos na batalha judicial pela tutela de Charles Alexander, enquanto os avós maternos entraram com o pedido de anulação da guarda provisória, que foi negado, Scott conseguiu a anulação do pedido de revisão de guarda que, os mesmo pediram. Para nosso felicidade, tratava-se de uma juíza que é solidaria com causas como a nossa.

O Advogado Gerald Martinez acompanhou a luta e após ter certeza do qual seria o veredito voltou para a frança, onde explicaria toda situação pessoalmente para os avós de Pan, pediu para aguardarmos por sua volta. Charlie e eu não contínhamos a felicidade quando a megera mãe da Pan voltou com o rabo entre as pernas.

Ficou entendido que eu terei a guarda definitiva de Charles Alexander e que os avós maternos teriam o direito de ver o neto a cada quinze dias. Claro que nesta regra não foi integrada para os pais de Alex, que também participaram da cessão. Eles poderia vir quando bem entendesse.

A partir deste momento, eu não era livre para nada, minha vida era para Charles Alexander, ele viria em primeiro lugar, em todas as minhas decisões. Eu sou responsável por uma vida, de um pequeno anjo. E o mínimo que eu poderia fazer é viver para ele. Eu devo isso aos meus amigos.

Charles Alexander ganhava peso com rapidez, também ganhando o amor de todos, sendo o bebê mais paparicado do hospital, todos se derretiam por ele, enquanto os outros bebês choravam a torto e a direito, xandinho, como foi apelidado pelas enfermeira, era o extremo oposto. Ouvi seu choro apenas uma vez, quando demorei a lidar o leite.

E hoje era o grande dia. Finalmente Charles Alexander receberia alta. Coloquei a primeira roupinha que Pamela havia comprado, eu mesma que lhe dei banho, cuidei do umbigo que caiu e o vesti, fiz questão de carrega-lo no colo ate a viatura onde a cadeirinha estava devidamente encaixada.

Apesar de todos insistirem para nos acompanhar, eu fiz questão das primeiras horas serem apenas de nos três. Com cuidado arrumei Charles na cadeirinha partindo em seguida. Claro que em se tratando de Forks, vários vizinhos fizeram a questão de violara regra de “não quero ninguém conosco nas primeiras horas”
 Charlie abriu a porta para entrarmos enquanto eu fiz questão de enxotar um por um e fechar a porta na cara.

– Seja bem vindo Charles! Esse é o seu lar – digo beijando sua cabecinha. Charlie e eu sorrimos com sua careta seguida de uma tentativa de sorriso.

– Vamos apresentar o quarto do garotão?

– Vamos!

Esses seriam os primeiros passos de uma vida diferente, eu não seria mais a menina veneno, seria a mamãe veneno, sorri com esse pensamento subindo os primeiros degraus com Charlie ao meu lado.

– Seja bem vinda a vida adulta Bells! – disse me abraçando.

MVLN - Capítulo 20

 MVLN - Capítulo 20 - Mudança de planos

Cheguei aflita ao hospital, eu não podia acreditar que Pan estava tendo o bebê antes do tempo e ainda por se preocupar demais comigo. Eu nunca me perdoaria se algo de mal lhe acontecesse, eu deveria ter ficado...
Mas por outro lado, eu sabia que não poderia ter deixado Edward ser destruído. Como ele foi capaz de estragar minha vida ainda mais? Nem mesmo longe ele me deixava em paz.

Andei apressadamente pelos corredores, seguindo Alice. Jasper tinha ficado do lado de fora, ele ainda não seria confiável em um hospital, e eu não queria me preocupar com Edward no momento.

_ Você sabe mesmo onde está indo? – eu questionei nervosa pela demora.

_ Fique calma Bella, tudo vai dar certo no final. – ela falou tranquila, desejei ter seu dom.

_ Como assim, no final? – eu aumentei um terço o tom da minha voz, Alice não estava ajudando.

Eu queria perguntar o que iria acontecer afinal, eu estava aflita por notícias, mas logo me esqueci de Alice assim que vi Carlisle saindo de uma porta lateral.

_ Por favor Carlisle, me diga o que está acontecendo com eles...

Ele não me respondeu, na verdade, ignorou minha pergunta, me lançando apenas um olhar de compaixão.
_ Faça o que tem que ser feito. – ele se virou para Alice, que saiu numa velocidade sobre-humana. – Fique calma Bella...

_ O que está acontecendo? – eu insisti, mas ele voltou para dentro da sala.
Logo avistei Charlie um pouco mais a frente, sua expressão era de extremo nervosismo, algo totalmente compreensível.
_ Pai? O que está havendo? – eu me aproximei rapidamente.

_ Eu trouxe a Pan, ela está em trabalho de parto Bells... – ele estava agitado – Eu sei que está fora de hora, ela estava nervosa demais... Onde esteve? – disse me puxando para seu lado, assim que viu os outros.

_ Depois pai... Os médicos te disseram algo?

_ Nada ainda, todos trancados naquela sala.

Me sentei ao seu lado, sentindo-me totalmente impotente e culpada. Deixei que as lágrimas corressem por meu rosto, sem me importar em conter os sentimentos. Nada poderia acontecer à eles, eu não podia aceitar, Alex nunca me perdoaria...

Alex? Onde ele estaria agora?

_ Bella? – eu ouvi alguém me chamar, meu corpo respondeu ao som de sua voz.

_ Jake... – eu corri até ele.

Jacob tomou meus lábios num beijo apaixonado e urgente.

_ Que bom que voltou. – ele disse ainda nos meus lábios.

_ Eu te disse. – e ele voltou a devorar minha boca e me senti mal por um instante...
Se antes eu me sentia quebrada, agora eu estava completamente perdida. Beijar Jake não foi mais tão reconfortante como eu pensei que seria, ainda mais sabendo que ele estava nos observando. Sim, eu podia sentir seu olhar e estranhamente até mesmo seu sofrimento me queimar.

O afastei com ternura, eu não queria machucá-lo, mas eu sabia que não era certo continuar com minhas dúvidas. Isso também o faria sofrer, ele merecia tanto alguém completamente dele, sem passado os assombrando. Eu queria ser essa pessoa, e até pensei por um tempo que pudesse ser, mas não, essa não era eu e esse não era meu lugar...

Mas, eu ainda queria que fosse. Eu já não sabia o que fazer, o que pensar...

Vi quando ele me olhou atentamente, me estudando. Sorri para acalmá-lo, eu ainda não tinha tanta certeza quanto queria ter. Que Jake iluminava minha vida, isso eu não tinha dúvida, mas ele trazia sentido para ela...? Essa era a questão.

_ Bella, podemos conversar? – Edward surgiu ao meu lado, eu sabia que ele tinha vindo como um humano normal, afinal Charlie ainda estava ali, mas minha preocupação não me deixou perceber. Jake ficou tenso e me segurou com força.

_ Está de volta? – Jake falou com aspereza.

_ Parece que sim. – foi sua resposta desconcertada.

_ O que foi Edward? – era estranho conversar com ele novamente, olhar em seus olhos, agora dourados novamente, sentir seu cheiro e todas aquelas sensações que ele me causava, mesmo sem minha permissão. Pensei que ele sumiria assim que pousássemos em Seatlle.

_ Pamela está com graves problemas, sua pressão está subindo muito e rápido demais...

_ Eclampsia? – eu perguntei com a voz embargada, me lembrando de ter lido algo num desses livros de grávida. Lembrando de nossa conversa há meses, de sua frase agora irônica.

_ Isso mesmo. Carlisle está conseguindo manter o quadro estável, o bebê acaba de nascer e foi levado para UTI neonatal, ele ficará na incubadora por um tempo, até que atinja a maturidade pulmonar e ganhe peso. Pamela não esta reagindo aos estímulos, seu coração não suportará por muito tempo... – ele despejou tudo até travar.

_ Fala logo Edward.

_ Alex vai tirá-la daqui e transformá-la.

_ Mas e Charles Alexander...? – minha cabeça tentava acompanhar todas as informações, eu nem sabia o que pensar. Me apoiei em Jake.

_ Nós vamos dar um jeito dele ficar com você. – ele disse por fim.

Comigo? Eu nem sabia o que pensar a respeito. É claro que eu cuidaria dele, com todo amor e da melhor forma possível. Eu só temia por Pan, o que ela acharia disso tudo? Como seria nossas vidas daqui para frente? Tudo tinha mudado de repente, todos nossos planos mandados para o espaço...

_ O bando já foi informado? – Edward se colocou ao meu lado, ainda com um expressão triste.

_ Missão cumprida, sang... – eu o interrompi, antes que Charlie ouvisse algo que não deveria.
Forcei para não questionar mais nada, eu sabia que depois teria minhas respostas. Mas agora não era o momento.

_ Leve Bella e Charlie para ver o bebê, assim que Carlisle me der o sinal... eu aviso – ele disse para Jake saindo.

Meu consciente estava no automático,me defendendo do que acontecia. Segui para meu pai e não esperei porcaria alguma de sinal, segurei em sua mão e segui para o berçário. Charlie veio ao meu lado, havia poucos bebês uma enfermeira trazia um pequeno anjo em uma incubadora. Charlie soltou um som estrangulado, voltei meus olhos para ele, ele ergueu a mão batendo no vidro delicadamente. A enfermeira ergueu os olhos falou algo para as outras e se encarregaram do bebê, a primeira enfermeira deu a volta e veio para a porta, sorriu doce e triste para nos.

_ Querem vê-lo?

_ Vamos lá vê-lo pai? – eu chamei. Meu pai descongelou após eu chacoalhá-lo. Ele estava realmente abalado, acho que estava sendo pesado para todos nós.

Nos levou para um cômodo onde passamos por um processo de limpeza e nos colocaram as roupas adequadas. Entramos no berçário, Charlie congelou nos primeiros passos, olhei pela pequena caixa de vidro que uma enfermeira apontou, e lá estava ele. Segui a passos incertos, me pondo em frente à pequena caixa com meu pequenino, Charles é tão frágil...

O corpinho coberto apenas por uma frauda, fios presos em seu pezinho, outro colado de sua barriga, subindo por seu pescoço ate seu nariz. Meus olhos marejados me atrapalhavam por um tempo a vê-lo. Uma mexa grosa em sua fronte era o único vestígio de cabelo, loiro, quase branco, tão perfeito…

Suas pequenas mãozinhas se fechavam fortemente uma contra a outra, me passando a impressão de uma oração. Seus olhos se abriam apertados, tentando entender o mundo a sua volta, mas logo eram fechados novamente, provavelmente pela claridade excessiva.

Ele era quieto, calmo... Apaixonei-me por cada uma de suas feições, por cada gesto quase imperceptível que ele fazia. Era impossível dizer com quem ele se parecia, mas eu podia jurar que tinha um pouco de cada um de meus grandes amigos.

Aquele pedacinho de gente, ainda tão frágil, teria que passar por coisas que eu desconhecia. Ele teria que ser forte, mas nós iríamos conseguir. Olhei para a enfermeira em uma pedido mudo de toca-lo, ela acenou e com muito cuidado introduzi minha mão, tocando suas mãos, seus dedinhos pequenos seguraram meu dedo, sem força.

_ Você tem a mim bebê... Não se preocupe ok? Eu sempre vou estar aqui, nós estaremos juntos nessa... Apenas cresça e fique forte, e quando você já estiver bem, a dinha vai ter dado um jeito nas coisas. – mesmo com aquele plástico que me impedia de sentir seu toque por completo, eu sabia que estávamos conectados.

Senti o toque de Charlie em meu ombro, Charles abriu os olhos, tinham um tom incerto entre verde e azul, um tom cinza. Quando ergui meus olhos pude ver os Cullen do lado de fora, Jake estava no canto do vidro, o mais afastado dos Cullens. Sorri para ele que deu aquele sorriso debochado e deu de ombros, sorriu olhando para o bebê. Voltei meus olhos para o pequenino que parecia me olhar... sua respiração suave.

_ Eu te amo meu bem... – eu falei deixando uma lágrima espessa cair sobre o vidro, embaçando minha visão momentaneamente. Fiquei ali com Charles até que um tumulto se formou do lado de fora. Jake correu até mim.

_ Uma bomba estourou fiquem aqui! – disse Jake na porta do berçário.

– As pessoas estão desmaiando aí fora, estamos seguros. – disse a enfermeira.

_ Pan? – Charlie correu até a porta, a abrindo com ferocidade.

Corri atrás dele, seguida por Jake. Acho que isso estava fora dos planos... Meu pai abriu a porta que separava a ala das salas de cirurgia. A maioria das pessoas estava desmaiada por terem sidos atingidos pelos destroços. Vi quando meu pai amarrou sua blusa sobre o nariz e Jake fez o mesmo comigo. Algumas pessoas corriam com máscaras, todas fazendo o caminho contrário ao nosso. Trazendo pacientes pelos braços, alguns gritavam de dor.

_ Charlie, vamos sair daqui... – Jake tentava detê-lo.

_ Não antes de achar a Pan. – ele estava determinado.

Vi Carlisle deitado no chão, provavelmente fingindo um desmaio também. Isso seria cômico, se a situação não fosse trágica. De esgueira vi Jacob dar uma leve risada, também observando a cena. Provavelmente esta seria a sala em que Pan estava. Tudo estava destruído, Carlisle se mexeu lentamente, vi que cobria outra pessoa com seu corpo.

_ É aqui. – eu falei rápido,indo ate Carlisle.

Vi o rosto de meu pai empalidecer e sua respiração se acelerar, e quando menos se espera, o Charlie preocupado cede o lugar para o Chefe Swan... Meu pai se adiantou e ajudou Carlisle a levantar. Aquilo tinha tornado tudo real para mim, provavelmente Pan estava agonizando de dor, se transformando em uma vampira sob o olhar atento de Alex em algum lugar seguro.

Imediatamente ele começa a fazer perguntas, me doía saber que por mais que ele se esforçasse, no final suas investigações fossem fracassar e provavelmente viria uma má notícia junto com elas. Eu saberia de toda a verdade, e mais uma vez, eu precisaria escondê-las de quem eu amo.

_ Vamos Bells... – Jake me puxou pela mão – Precisamos continuar com o plano. – ele falou entendendo minha preocupação com Charlie.

_ Mas como...? Os Quileutes não tem uma regra quanto a isso...? Ele pode simplesmente transformá-la? – eu deixei minha dúvida fluir, uma vez que já estávamos sozinhos.

_ Sam permitiu... – ele disse a contragosto, visivelmente irritado com a escolha – Foi um pedido de Emily e Kim.

Certamente eu precisaria agradecê-las por isso. Minha cabeça começava a doer, e muito. Estava perdida, no olho de um furacão, sabendo que não importa qual caminho eu seguir, sairei ferida e magoando os outros, tendo a certeza que Charles Alexander será o único protegido desta história.

Jake suavemente segurou minha mão quando o pessoal do pronto socorro invadiu o cômodo. Meu pai veio para meu lado, me abraçou e começou a me rebocar para a ala segura. Entendo que meu estado de letargia devia ao fato de não haver vestígio da minha amiga. Eu quero vê-lo, mas preciso saber do nosso bebê.

– Temos que voltar ao berçário... – sussurrei.

Meus pés seguiram pelo caminho,quando nos aproximamos, pude ver Esme e Rosálie dentro do berçário, ajudando as poucas enfermeiras que ficaram, enquanto muitas estavam cuidando dos feridos. Eu quero saber o que exatamente aconteceu, mas não podia sair de perto de Charlie, não poderia sair de perto do bebê.

Caminhei para o mesmo local que a enfermeira havia me levado, com cuidado para que os outros pais não me vissem passar e invadissem o berçário. Entrei devagar, Esme sorriu docemente, enquanto terminava de limpar um bebê, Rosalie sorria para meu afilhado. Me aproximei tocando-o com cuidado.

– Não se preocupe Bella. Ele será bem cuidado – disse com um sorriso diferente, como se estivesse admirando o bem mais precioso da Terra.

– Como assim? – Rosalie olhou para os lados discretamente.

– Pamela está em nossa casa, poderíamos cuidar dele até que ela esteja sobre controle – disse sorrindo para meu afilhado.

– Não. Eu sou a madrinha, eu cuidarei, eu não confio em vocês. Não é porque voltaram que tem minha confiança, vocês não vão brincar com o futuro do meu afilhado – rosnei.
Eu não vou deixar que façam o mesmo com meu afilhado, que o façam amá-los e depois sumam sem olhar para trás, sem se importar em destruí-lo. Rosalie me olhava firmemente, duvidando de minhas palavras. Ergui meu queixo em desafio, Rosálie gaguejou algumas frases, mas não disse nada e Esme a puxou para cuidar de outro bebê.

– Não se preocupe meu amor, vou cuidar de você – digo sorrindo para meu afilhado – você vai ficar aqui um pouco e logo vem comigo! – digo tocando seu rostinho e fez uma careta piscando os olhinhos.
Ouvi a batida no vidro, meu pai me chamava, seu rosto abatido. Alguns policias e Jake estavam ao seu lado. Dei uma última olhada em meu anjinho e sai. Não gostei de deixá-lo com Rosalie, mas precisei sair. Meu pai estendeu a mão me puxando para seu lado. Deixou-me com a certeza que agora seria a mentira para Charlie e mais um segredo para minha conta.

– Bella... Não conseguimos encontrar Pamela nos destroços, o resultado sobre ela saiu primeiro por termos Carlisle, ele está cuidando dos feridos... – os policias assim como meu pai pensaram que meu silêncio e choro era devido ao choque, mas na verdade...

É a minha dor e culpa, culpa por tudo que causei aos meus amigos, o que continuarei causando ao meu pai, sei que ele nunca desistirá dela. Principalmente por Charles Alexander, Charlie me abraçou forte quando comecei a soluçar. Escondi meu rosto em seu peito e tentei me conter, voltar ao meu equilíbrio.

– É melhor avisar a família... – meu corpo retesou com a frase. Meu pai percebeu e afagou meu braço.

– Vamos fazer isso agora mesmo – um arrepio cortou minha espinha, olhei para meu pai e ele me deu um beijo na testa.

Eu não queria deixar Charles sozinho, principalmente no meio do caos que ainda reinava no hospital. Após incontáveis minutos e a enfermeira nos garantir que ficaria com a atenção voltada para meu pequeno que permiti ser removida do hospital. Os Cullen já não estavam mais, pelo menos no berçário...

Entrar em minha casa e não ouvir a voz de Pan... foi cortante, eu não queria ter que falar com os pais dela, ter que suportar a mãe dela, mas era preciso e Charlie jamais permitiria que eles não tomassem conhecimento do que aparenta acontecer. Charlie ligou diretamente para Renée explicou tudo, eles decidiram que ela contaria.

Enquanto meu pais terminavam de conversar me voltei para a saída, eu preciso ver a Pan, preciso conversar com Alex. Preciso ouvir seus conselhos. Disparei em direção a casa Cullen. Assim que eu fiz a curva para a estrada o vulto de um lobo surgiu em minha frente, Jake e Embry. Abaixei o vidro e fui direta.

– Vou ver Alex e Pan, preciso falar com ele – Jake lobo se pôs na frente da picape, eles não me permitiriam passar? – Jacob Black, você é meu namorado, mas se você se atrever a tentar me mandar, não será por muito tempo, saia da minha frente! – rosnei.

Jake lobo caminhou para o lado da picape, fez um choramingo e foi para a mata, desci da picape e esperei ele voltar, não demorou um minuto e ele já estava em minha frente. Me abraçou e sentou-me no banco da picape.

– Desculpe Bells, mas é perigoso... sua amiga está se transformando, eu não sei como funciona isso, mas há mais vampiros com eles, outros de olhos dourados – disse dando de ombros e meu coração falhou duas batidas, Jake me olhou interrogativo.

– Eu sei Jake, mas eu preciso, o futuro do meu afilhado depende desta conversa, meu pai está conversando com minha mãe, ela contará aos pais da Pan sobre o desaparecimento dela, eu tenho medo da mãe dela tentar algo contra o bebê... – disparei antes que ele me questionasse.

Jake me abraçou e me deu um selinho, se afastou rápido e olhou para a estrada, Alice e Jasper estavam parados no meio da estrada, Jake bufou e me deu espaço para voltar a picape. Liguei o motor novamente, ele encostou na janela com um sorriso forçado.

Vou te esperar aqui! – disse e o segurei antes de se afastar.

– Eu estarei segura, não se preocupe – Jake me puxou e me deu um beijo, depois fui liberada para prosseguir.

Dirigi para a cassa Cullen com Alice e Jasper ao lado da picape, eles pareciam caminhar, eu conseguia vê-los como se andassem, mas eu estava a 40kh, estacionei de atrás de um Renault na frente da casa. Alice veio para o meu lado, mas Jasper se pôs a nossa frente. Ainda distante, mas percebi que queria falar e parei. Ele sorriu acenando.

– Eu gostaria de me desculpar pelo ocorrido, mesmo que eu não consigo me perdoar pelo meu ataque...

– Não precisa Jasper... eu sei que não teve culpa, essa é a natureza vampiro, sei que lutam contra o que é ser um vampiro, Felix foi muito explicito – digo sorrindo para tranquilizá-lo. - você é incrível! – digo esticando minha mão.

– Eu que tenho que lhe agradecer – disse tocando levemente minha mão – obrigada por trazer minha senhora de volta – disse dando um grande sorriso e piscando para Alice.

Soltou minha mão e Alice seguiu para seu lado e eu fui atrás, eles pareciam conversar, os lábios de Alice moviam-se rápidos. Ignorei esse fato e segui com eles, a casa estava exatamente como me lembrava, nenhuma mudança, como se não houvesse passado um dia se quer. Na sala estavam Esme, Emmett e as irmãs Denali. Faltava uma e ela descia neste momento com os outros dois Denali, eles traziam malas.

– Esta tudo aqui! – disse Tanya.

– Obrigada Tanya – ouvi Edward. E virei na direção de sua voz, ele estava no canto da sala, meio escondido pela pilastra. Virei minha atenção para Alice e ela sorriu.

– Vou levá-la – disse e segurou minha mão, caminhamos para as escadas, cumprimentei os outros dois Denali por obrigação, já que ainda estavam descendo as escadas como humanos achando que me assustariam.

Seguimos pelo corredor, dando acesso para um dos quartos vagos. Alice bateu na porta e esperou alguns segundos antes de me permitir entrar. Sorriu e voltou para o corredor, olhei da porta e Alex estava me olhando, acenou para que eu terminasse de entrar. Sua mão atada a de Pamela.

Voltei meus olhos para ela enquanto fechava a porta, minha amiga estava com a postura rígida, era visível seu maxilar trincado. Os olhos fortemente fechados, me aproximei devagar. Afaguei os cabelos de Alex, tentando segurar minhas lágrimas. Ele ergueu os olhos quando ouviu meu fungado. Seus olhos... seus olhos estavam vermelhos. Respirei fundo e tentei começar a conversa.

– Charles está bem... – digo baixinho e quem reage é Pamela, ela gira a mão – o... como isso aconteceu? – digo me sentando ao lado de Pamela e toco seu braço. Alex faz uma careta para a porta e depois revira os olhos e bufa.

– Idiotas... – sussurrou tão baixo que ainda tenho dúvidas de ter ouvido - Victória não conseguiu saber sobre você e foi um pouco descuidada, ela se aproximou da casa, conseguimos afastá-la, mas ela me fez chocar com Jacob. Jasper conseguiu segurá-la por segundos e afastar da casa, mas... foi o bastante para assustar Pamela....

Meu choro rompeu novamente e me levantei, seguindo para o outro lado da cama e me agachando, deitando ao lado da minha amiga. Eu causei isso, tantas coisas poderiam ser evitadas... eu estrago tudo o que toco... meu choro foi aumentando o padrão, soluços começavam a atrapalhar minha respiração. Puxei o braço de Pan e chorei colada a ela.

Perdoa-me?... Por que... eu nunca vou.... conseguir me perdoar! – com muito custo consegui dizer, sua mão apertou a minha com força, doendo um pouco – eu... estraguei... sua vida... de novo... – me sinto ser erguida, Alex me puxava e me sentou em seu colo fazendo malabarismo, pois não libertei a mão de Pamela.

– Não é sua culpa Bella, você não procurou por isso... O erro foi nosso, principalmente meu... eu não consegui defendê-la. – Pamela se contorceu – vamos conversar lá embaixo, assim ela não poderá ouvir... – sussurrou em meu ouvido e me pôs de pé.

Ele separou nossas mãos, seguiu para o lado dela e sussurrou em seu ouvido. Logo depois a beijou e virei o rosto para esse momento, eu não mereço ser amiga deles... limpei minhas lagrimas caminhando para a porta, senti o toque de Alex em meu ombro quando passamos para o corredor.

– Aqui ela ainda pode ouvir... vamos para o escritório lá de baixo – disse me guiando para a escada, todos estavam na sala, esparramados pelas poltronas e sofás. Ela continuava ali. Minha língua coçou para saber o motivo de estarem ali. Acho que a encarei de mais, pois levantou seguindo para a varanda.

– Bella? – Esme me chamou – seu pai ligou para a reserva, Jacob foi tranquilizá-lo. Desculpe dizer isso, mas não pode demorar. Ele virá para cá.

– Pamela não irá conter-se por muito tempo – disse Jasper com a expressão agonizante, ele estava ajudando a Pamela e sorri para ele.

– Não pretendo demorar. – digo áspera de mais.

Voltei minha atenção para Alex. Quando entramos no escritório ele fez questão de fechar a porta. Sentei no primeiro banco que vi, minhas pernas tremiam. Alex sentou em minha frente após puxar uma cadeira da enorme mesa. Segurou minhas mãos e esperou que eu me acalmasse.

– Bella... eu preciso que seja forte, não se culpe.

– Como? Eu estraguei a vida de vocês... eu destruí a Pamela duplamente...

– Não veja assim Bella... tente ver pelo meu lado, pelo lado que Pamela verá... pelo menos espero... você nos uniu pela eternidade... – sua voz estava embargada por um choro que não romperia por seus olhos...

– Ela nunca me perdoará por tirá-la o direito de cuidar de Charles Alexander, o direito de amamentá-lo...

– Ela perdoará sim, entenda que ela... morreria... Bella... Alice teve varias visões com Pamela... em todas ela... morria– estudei seu rosto, ele não parecia mentir... mesmo eu indo para Volterra, termos nos arriscado... ela continuou mentindo pra mim. Meus soluços entregavam minha dor.

– Como faremos? Temos que organizar... pra quando derem Pamela como... morta. Charlie e Renée ficaram encarregados de falar com os pais de vocês... sua mãe gostará de conhecer o neto... – sorri – você já o viu?

– Não – disse com um leve sorriso. – eu esperei por um sinal do Carlisle, quando destruí a sala, a enfermeira já havia levado para o berçário. O cheiro estava forte de mais...

– Isso não será problema por muito tempo, ele é lindo e ficará forte logo, eu prometo que cuidarei bem dele até que possam ir vê-lo, não conversei com as enfermeiras, mas no máximo um mês não é? Ele precisa ganhar um pouco de peso – digo enquanto me acalmo e seco as lagrimas.

– Precisamos conversar sobre isso. – disse ficando sério. – mandaremos um advogado de confiança de Jasper para sua casa, ele deve passar ainda hoje.

– Não entendi.

– Alice teve muitas visões Bella. Entre elas teve a dos meus sogros ganhando a guarda do meu filho por pagar grandes subornos...

– Desgraçados! Isso nunca! – como podem?

– Também não queremos isso. Pedi a ajuda de Edward para fabricarmos uma falsa carta de Pamela para os avós franceses. Pedindo auxilio, dizendo que ela não se sentia bem e tinha medo de acontecer algo e os pais tentarem tirar nosso filho de você. Alice viu que os avós mandariam auxílio para vocês e que esta intromissão seria o suficiente.

– Quando ele estiver em minha guarda será melhor para vocês... Pamela poderá vê-lo quando bem entender...

– Na verdade... – me interrompeu – não poderemos.

– Como não? Pamela exigirá ver o filho!

– Eu sei... por isso Rosalie está no hospital...

– O que ela está fazendo lá? Dá pra parar de enrolação Alex?! – exijo me erguendo.

– Vou levar Pamela ainda em transformação.

– Como é? Acho que não ouvi direito – digo completamente confusa.

– Vamos levá-la... ela será uma recém criada e será perigoso tê-la tão perto de vocês, não sabemos como ela poderá reagir, Esme e Rosalie acham que o extinto materno será a principal característica dela, devido aos cuidados com você e pela gravidez.

A minha ficha começava a cair, as malas... maldita! Segui para a porta puxando com violência. O que ela pensa que é, que todos eles pensam, passei ventando pelos cômodos.

– Onde estão as malas? – todos se ergueram.

– Bella... – começou Edward.

Eu perguntei onde estão as malas – digo fulminando a Denali.

– Bella não... – disse Alex me puxando – nós precisamos ir.

– Vocês não vão a lugar algum – digo alguns tons mais alto – eu quero falar com a minha amiga, ela precisa ver o filho.

– Bella, Pamela seria um perigo para o bebê – disse Alice.

– Pamela não mataria o próprio filho! – grito para eles. Senti uma onda de calmaria. Virei minha atenção para Jasper – pare – sibilei. – traga as malas – sibilei para Alex.

Ela precisa se adaptar primeiro Bella... – ouço a Denali.

– Cale a boca – grito raivosa – quem pensa que é para falar sobre a MINHA AMIGA? E para você é Isabella.

– Bella por Deus... entenda? – começou Alex.

– Entenda é o cacete! – grito quando tenta me segurar – vocês não vão a lugar algum – as malditas lagrimas começavam a brotar novamente – eu sei que sou culpada, que acabei com a vida de vocês, mas não podem fazer isso comigo, com o bebê... – ouvi um estalo Jacob estava em sua forma lupina na porta aberta. Irina deu um passo em sua direção sua irmã a segurou e seu corpo caiu causando um grande estalo.

Não ousem tocar no Jacob – grito, meu grito foi o que bastou para que Jacob entrasse quebrando a porta.
– Está tudo bem... Bella está alterada com a noticia da mudança. – disse Edward e Jacob me olhou com seus grandes olhos de lobo.

– Você sabia? – pergunto com a voz embargada, ele virou o rosto em meia volta e entendi isso como um “desconfiava” voltei minha atenção para Alex. – eu sei que eu errei e muito com vocês, mas...

– Não é isso Bella... não tem nada a ver com você... você não é culpada por nada...

– Claro... – digo me afastando – eu não sirvo – digo olhando para o andar de cima e me viro.

– Bella – Edward se põe em minha frente – por favor...

– Não toque em mim! – digo puxando meus braços. – espero poder vê-la antes que eu morra! Ou pelo menos apareçam para ver o filho de vocês, se não se distraírem por muito tempo – digo já ao lado do que restou da porta, olhando diretamente para Alex.

Meu corpo sacudia com o choro, meus nervoso estavam destruídos, minha cabeça voltou a doer, mas desta vez foi ainda mais forte, quando estava perto da minha picape vejo Rosalie chegar, seu sorriso rasgando a face, mas foi sumindo assim que viu os outros lobos perto da minha picape e me viu e com Jacob descendo as escadas ao meu lado. Seus olhos voltaram para as escadas e não me voltei para saber qual deles estava ali.

– Pode dirigir pra mim Jake? – não reconheci minha voz.

Jake voltou a cabeça para meu lado e lambeu minha mão. Seguiu ao meu lado até chegar perto da picape, voltando a sua forma humana e se vestindo em minha frente. Os outros lobos ficaram em uma espécie de formação, só agora reparei que era Embry e Jared. Jacob enlaçou-me e me levou para o outro lado da picape, puder notar por minha visão periférica que muitos deles estavam nos degraus.

– Podem ir, avisem o Sam – disse Jake já do lado do motorista. Os dois lobos latiram e uivaram alto e dispararam pela mata – quer ir pra casa ou outro lugar? – teve a delicadeza de me perguntar.

– Me leva para o nosso lugar, para onde quiser, mas me tira daqui...– digo soluçando. Jake lançou um olhar para os degraus e seu corpo ficou tenso, me aconcheguei em seu peito descoberto, que foi molhado por minhas lágrimas. Seu corpo relaxou e ele ligou o motor.

Visitas ao Amigas Fanfics

Entre a Luz e as Sombras

Entre a luz e a sombras. Confira já.