sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Diferença Entre Escrever & Escrever Bem






Há alguns anos temos presenciado a conversão de ficwriters, em bookwriters. Eu inventei a segunda terminologia ― eu acho ― na falta de coisa melhor, no intuito de estabelecer as diferenças entre essas vertentes.
No fundo, toda ficwriter começou a escrever suas fanfics como uma “homenagem” aos personagens que tanto gostaram. Algumas trazem possíveis desfechos a eles, e outras trazem um enredo completamente diferente. Essas últimos são as que mais se acercam do que eu chamei de “bookwriter”, aquela pessoa arrogante, presunçosa, e que se acha a dona do mundo, que um belo dia acorda e diz: “Eu vou escrever minha própria história! Do meu jeito! E se eu quiser matar a protagonista, eu vou matar a protagonista.” A essa pessoa eu batizei de “bookwriter”, mas minha mãe a batizou de Evelyn (hahahaha’).
Deixando minha presunção e arrogância no cantinho, eu venho aqui com toda a humildade do mundo, tentar clarear alguns pontos em nossas cabeças. Como por exemplo: “Tia Evelyn, o que é preciso para ser uma escritora best-seller?”
Bom, eu não sei. Que tal perguntarmos para um/a escritor/a best seller?
A verdade é que se eu conhecesse a fórmula, eu já teria feito uso dela, e estaria ficando rica com palestras por aí. Mas na verdade não há “uma fórmula”, e sim alguns passos que você tem se certificar de estar seguindo, e então deixar tudo nas mãos da sorte. Ou de Deus. Ou do destino. Ou dos três juntos.
O que sempre devemos ter em mente no tópico “Tia Evelyn, o que é preciso para ser uma escritora best-seller?”, é que: um bom escritor, é antes de tudo um excelente leitor. Se você não lê, como pretende escrever? Melhor: o QUE pretende escrever, exatamente? Eu fiz essa diferenciação, mas uma coisa está atrelada à outra. Não há enredo, por mais fantástico que seja, que consiga sobreviver ao assassinato da LÍNGUA PORTUGUESA! Assim mesmo, tudo em maiúsculas, para que você veja o quanto respeitar seu idioma é bom. E ele gosta. Como gosta. Mas ser bacharel em Língua Portuguesa não vai fazer de você o Machado de Assis do século XXI! Calma aí, meu chapa! Ainda que você tenha um linguajar impecável e irrepreensível, não vai ajudar em nada se você decidir escrever sobre uma lontra comendo cocada. Não vai.
Então chegamos a um dilema (e é aqui que eu fujo do tema. Oficialmente, eu quero dizer, porque ainda tinha esperanças de não fazer isso): o que priorizar? Como se escreve, ou o que se escreve? Bom, eu respondo: que tal os dois?
Não, eu não quero que você seja perfeito! Nem que tente, porque pode terminar louca em poucos dias. Mas que tal se tentarmos dar uma equilibrada básica? Só se aprende escrever escrevendo, porém a leitura é um (SENHOR!) suporte. E além do mais, você vai precisar de ideias para um enredo, não vai? E eu não estou fazendo apologia ao plágio, olha a blasfêmia! É só que, gente, ideias surgem de algum lugar! (Oh! Que gênio!) E um enredo nasce assim, da junção de várias ideias, que surgem de vários pontos distintos. Fim.
E você deve estar se perguntando onde exatamente entra o título. Bom, ele entra aqui: uma ficwriter vê as ideias surgindo dos personagens já existentes, e vai dando forma a eles, certo? Oh, certo! Isso acontece na maior parte dos casos e, sem querer desmerecer ao pessoal dessa vertente, isso facilita a vida. Os personagens estão ali, prontos, e as ficwriters vão apenas se divertir com eles, e colocá-los nas mais diversas situações.
Quando se escreve uma história original (chega desse lance de “bookwriter”, porque né?), você entra num território vazio, e tem que se rebolar dar o melhor de si, para construir os personagens, o enredo, e fazer tudo isso de uma forma coerente! Mas vamos falar também das meninas que começaram escrevendo fanfics, e que hoje têm seus livrinhos lançados? Bom, eu citei essa possibilidade no começo do texto, e acho que vale a pena ressaltar que esses livros nasceram sim como fanfics, mas com a ambição de se tornar uma original, sabe? As autoras basicamente usaram os nomes dos personagens já existentes e... Só. As semelhanças se limitam aos nomes, e uma ou outra característica física.
Honestamente, eu acho plausível quem consegue pegar suas ideias e costurá-las a personagens já existentes. Eu não consigo (não me julgue! Você não sabe tudo o que eu já tive que enfrentar na vida, viu?!), porque para mim é bem mais desgastante do que construir tudo exatamente como pensei.
Isso. Chame-me de presunçosa. Tudo bem. Eu já me acostumei a isso.
Agora, meus amores, não se enganem: o fato de sua fanfic ter 993989283283 reviews, quer dizer apenas que as pessoas gostam da história como uma fanfic. FANFIC. O que não quer dizer que ela seja uma história original substancial (rimou!).
Então, pese as coisas. Analise qual seu verdadeiro estilo, e siga por ele. No fim de tudo, por mais que escrever seja uma diversão, não é uma tarefa fácil, e ainda que você escreva para si mesmo, apenas para você, para ninguém mais além de você, escrever não é uma tarefa solitária, eu asseguro. Trocar ideias nunca matou ninguém, gente, e é também uma forma de evoluir. Essa é sua chance de parar e ver o que escreveu através dos olhos de outra pessoa. Pense nisso, e agarre um beta de sua preferência (eu já agarrei a minha e era a última vaga, então... sinto muito), aquele ser mágico que vai te ouvir e compreender sempre (e querer te dar safanões).

Amigas Fanfics Recomenda


 
Imagine uma mulher decidida entre dois homens que disputam seu amor pelos motivos errados. Um é guiado pela sede de conquista: Guilhermo. O outro está motivado por uma aposta e o desejo de superar o primo. Num jogo de sedução, nos vemos presos ao dilema de Evangeline. Confira essa história que te conquista de um jeito torto, mas muito especial.
(Análise completa apenas para a escritora).
 
Clique aqui e confira a história.

Doce Amargo Capítulo 18



~ 18 ~

Robert

“Temos que obrigar a realidade a responder nossos sonhos, e é necessário continuar sonhando até abolir a falsa fronteira entre o ilusório e o tangível, até realizarmos e descobrirmos que o paraíso estava ali, ao redor de todas as esquinas.”

Julio Cortázar

Havia uma estreita faixa de luz ao meu lado, na cama, proveniente da fresta na cortina sobre a cabeceira. Num primeiro momento, eu estranhei o ambiente ao meu redor, mas o cheiro de Linda adentrando minhas narinas quando me movi sobre seu travesseiro me lembrou de onde eu estava: sua casa. Sua cama. Mas ela não estava em lugar algum. Sentindo-me um pouco mais forte, eu joguei os cobertores para um lado, incomodado com o suor grudado ao meu corpo. Afastei as cortinas da janela, e espreitei o dia lá fora, meu carro parado em frente à calçada, e a rua deserta. Mas não foi isso o que me impressionou

Doce Amargo Capítulo 19

~ 19 ~

Robert

“Às vezes, ter o que se quer muda a coisa querida. O meu desejo fere. Não desejá-la, no entanto, seria ilógico e impossível. Eu só quero que ela tenha o futuro que eu não mereço lhe dar.”

 Maira Zamproni Pereira

Eu não estava totalmente certo sobre estar fazendo aquilo como deveria ser feito, porque estava concentrado demais nas mãos de Linda se embrenhando em meus cabelos. Em circunstâncias normais, aquele beijo já deveria ter nos levado a algo um pouco mais íntimo, mas eu agarrei a cintura de Linda com força, no intuito de refrear o desejo de tocá-la em todos os lugares que pudesse alcançar.

Serendipity Capítulo 16

Eu olhei para trás, mas Victoria afastou a cadeira ao meu lado, sentou-se e virou a cadeira de modo que ficasse de frete para mim não me dando outra alternativa se não virar a minha cadeira também.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

MVE - Capítulo 11



A viajem até Volterra tinha sido estranha. Ao contrário do que imaginei, não usamos aviões, jatinhos ou nada do tipo. Fomos apenas com nossa rapidez natural, usando a calada da noite como aliada.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Por Trás dos Sonhos Capítulo 3



O dia da viagem dos meus pais finalmente chegou, o que significava que Eu iria acampar no dia seguinte. As coisas ainda não haviam se normalizado entre Renée, Phill e eu. A despedida não foi calorosa como teria sido se as circunstâncias fossem outras.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Como Conquistar Leitores








Ninguém que escreve fanfics escreve só fanfics. Quem gosta de escrever, geralmente já se aventurou em todas as áreas que pôde, desde poeminhas rabiscados no caderno até um enredo original. E quem concluiu essa história original, ou pelo menos tem planos sérios de fazê-lo, muitas vezes torna-se bastante apegado aos seus personagens e quer, como todo escritor, que alguém leia o produto de suas horas em frente ao computador.
            Afinal, a gente escreve para si, claro (e aqui você finge que sim, sorri e acena como uma pessoa sensata deve fazer), mas todo mundo gosta de ter leitores. E quanto mais, melhor, porque é no mínimo desmotivador passar horas se dedicando a uma coisa para a qual ninguém vai dar valor.
            Aí, você vai lá, toda animadinha (e eu estou usando gênero feminino, porque a maioria dos leitores daqui deve ser mulher, então, leitores do gênero masculino, deal with it!), postar a sua original que aquela sua amiga disse que está perfeita, que a sua beta (ou professora boazinha) calibrou até ficar com o português impecável (porque vocês fazem isso, certo? cuidam do português, não é? não é?) e que você acha que está realmente boa e então... Não tem retorno nenhum.
            Qual o problema, você pensa, onde foi que eu errei? Será que minha amiga/beta/professora mentiu para mim? Será que minha história não é boa?
            Aí você fica insegura, com medo de ter se enganado o tempo todo, então o medo leva à raiva e a raiva leva ao Lado Negro...
            Bem, cara padawan, antes de você ficar realmente brava e ser tentada a usar a Força para o mal (sim, eu faço muitas referências a Star Wars, problem?), considere que o problema talvez não seja você. Quer dizer, sejamos realistas, às vezes é, mas na maior parte das vezes, não. Pois se as suas amigas curtiram e você sente lá no fundo que é uma boa história, é porque deve ter outras pessoas que concordem com vocês, certo? Mesmo que você saiba que existem falhas e a que as suas amigas não são exatamente imparciais, sempre tem gente que tem um gosto parecido com o seu e que iria gostar do que você imaginou que seria uma história legal.
            Faz sentido, não faz?
            Faz. Essas pessoas existem, elas se chamam “base de leitores”. Você só precisa conhecê-las e fidelizá-las. Só. Como se fosse fácil. Puff! Então agora chegamos no ponto que eu queria (porque toda essa enrolação era só a introdução, haha) que é a necessidade e o valor de se conquistar leitores fieis.
            Para começo de conversa, você tem que levar em conta o suporte, ou seja, onde a sua história está sendo disponibilizada. Praticamente sempre é em um site de fanfics, então daí você já percebe que o leitor que entra lá está buscando o quê? Bom, fanfics. Ele está buscando histórias novas com os personagens pelos quais já era apaixonado, porque a gente busca originais na livraria.
            Existem sim leitores que dão preferência para originais, mas são poucos e já costumam ter os seus autores favoritos escolhidos. Isso sem contar que o próprio sistema de busca dos sites já dificulta encontrar uma boa original naqueles dias em que você está de bobeira, procurando algo para ler, a menos que você saiba bem o gênero que está procurando ou dê sorte de esbarrar com uma por acaso.
            Sendo assim, você que quer postar uma original tem três possíveis caminhos:
            1 – Tenha paciência e espere os leitores esbarrarem em você. Se eles gostarem do seu estilo e forem bem tratados por você, eles voltarão. Às vezes até trazendo um amigo. Demora e depende muito da sorte, mas você não vai precisar se esforçar muito.
            2 – Comece por fics mesmo. Você sabe, POVs diferentes, continuações, explorar lacunas que o autor deixou ou como seria se determinado evento tivesse acontecido de outra maneira... Essas coisas. Quando você tiver um grupo legal de leitores que te seguem e acreditam na sua capacidade, eles darão uma chance a uma original. True story.
            3 – Adote a tática do Universo Alternativo e adapte sua história para o que chamamos de “fic de enredo original”. Ou seja, você mantém o seu enredo, mas altera seus personagens para os de alguma saga que você goste. Eu, particularmente, não faço isso, não escrevo UA e sou mais a tática 2, mas não há como negar que essa aqui é a mais efetiva das três.
            O importante... não, o fundamental, é  notar que seja qual for a sua escolha, você só tem uma maneira de cativar o seu leitor (isso fora a necessidade de escrever minimamente bem, porque acho que está implícito): SEJA GENTIL COM AS PESSOAS.
            Parece simples e é. Se você quer que as pessoas voltem por mais, seja legal e dê atenção a elas. Atenção de verdade, gentileza sincera e tal e coisa. Algumas “regrinhas”:
a)      Leia o perfil da pessoa, dê uma olhada para ver se ela tem alguma história que seja interessante para você, e, se tiver, dedique um tempo a ler e comentar. É claro que eu não estou falando de ler coisas que não te atraem e sair distribuindo elogios falsos. Isso não leva a nada e não engana ninguém. Porém, todo mundo sabe que, no mundo das fics (e em todo lugar), as boas relações começam na base da “troca”, ou seja, quando você mostra que tem alguma atenção a oferecer àquele leitor tão gente boa que te segue.
b)      Responda reviews. É somente lógico. A gente vive “brigando” com os leitores fantasmas, tentando mostrar a eles o quanto o feedback deles é importante para nos motivar, aí a pessoa vence sua timidez, sai de sua zona de conforto e pensa em alguma coisa para te dizer, por mais simples que seja, e você não diz nada em resposta? “Véi”, na boa, eu não preciso nem dizer o tamanho do desserviço que você está prestando aos próximos autores que essa pessoa vai ler. Se é que ela vai ler, porque eu, por exemplo, tendo a abandonar fics de gente que não responde review, por melhor que possa ser a história.
c)      Agradeça recomendações, senão nas notas do capítulo seguinte, então por MP ou qualquer meio que você tenha de contatar a pessoa. Essa é fácil de entender o porquê. É sinal de educação, simplesmente.
d)     Faça o leitor se sentir especial e único, porque, bom, ele É especial e único. Você não é nenhum autor de best seller que tem milhões de leitores e por isso não pode se dedicar a conhecê-los e valorizá-los. E até mesmo eles procuram arrumar uma maneira de dar uma atenção especial a alguém quando podem. Isso significa que você pode fazer o “esforço”.

            Sendo assim, pequena padawan, depois de tudo isso, a lição acaba sendo bem simples: você precisa dos leitores mais do que eles precisam de você, porque, bom, eles não precisam de você. Então os trate com a importância que eles têm. E, como diria uma amiga minha (oi, Eve!), 3 beijos.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

CD 2 - capítulo 1

Capítulo 1 – Pequeno Universo

And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
And sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
(Iris – Goo Goo Dolls)

 Logan

Estrela estava sorrindo.
Estávamos no hospital porque ela tinha feito questão de medicar um corte no joelho de Lily, conseguido graças a uma trombada com Kyle durante o futebol. Eu estava encostado à parede e observava Estrela de pé em frente ao catre onde sua “paciente” estava sentada. Ela estava tão concentrada no que fazia que foi quase uma surpresa quando sua expressão compenetrada se abriu num enorme sorriso por causa de uma brincadeira que Lily fez. Algo sobre como Kyle estava tão desesperado para ganhar o jogo que precisou cometer falta contra a melhor jogadora do outro time.
Não era realmente engraçado, mas Estrela sempre achava graça nas coisas que Lily dizia. Era algo no jeito dela que a fazia sorrir e eu gostava disso. Gostava de vê-las juntas. Lily, por sua vez, parecia perceber que fazia Estrela sorrir e estava sempre dizendo alguma coisa agradável ou engraçada, satisfeita com o efeito que provocava, parecendo feliz pelas duas serem amigas. Por isso eu gostava de Lily.
E porque o sorriso de Estrela é sempre a melhor coisa de meus dias, a melhor memória que me habita quando fecho os olhos, eu as observava com atenção e avidez. Se eu estivesse menos atento teria perdido o momento, o breve segundo antes de o mundo parar, o instante em que o sorriso de Estrela vacilou apenas um pouco, então ficou maior quando ela olhou para o próprio ventre e depois de volta para mim.
Lembro-me de ter corrido até ela, ou talvez tenha sido apenas a sensação de que tudo o mais tinha se congelado, não sei. Mas a próxima coisa de que me lembro é de ter seu rosto entre minhas mãos, seus olhos presos nos meus e da sensação estranha de me sentir vulnerável. De sentir tudo ao mesmo tempo e de ter medo, muito medo, de que algum momento me escapasse, de que eu não conseguisse lembrar de cada segundo depois.
Lily se levantou instintivamente tentando entender o que estava acontecendo conosco e eu tomei Estrela nos braços e coloquei sobre o catre que Lily abandonara.
— Logan, que exagero é esse? É só uma primeira contração... Ainda vou demorar horas para precisar ficar deitada. Ou ser carregada no colo, se quer saber — disse Estrela rindo.
— Não me importo... Ora, Estrela! Eu posso não entender muito sobre como isso funciona — disse eu fazendo um gesto em direção à barriga dela, — mas sei o suficiente sobre como eu funciono para ter certeza de que você não vai levantar daí até...
E então eu parei.
Até... Até nossa filha estar em meus braços!
Oh.
Lily riu alto, deu um beijo no rosto de Estrela e afagou meu ombro antes de se virar em direção à porta.
— Vou chamar o Doc. Talvez você devesse se deitar também, Logan. Está um pouco pálido — disse ela rindo de mim mais um pouco.
Movi meu rosto na direção dela, a tempo apenas de vê-la saindo, e mesmo esse simples movimento pareceu estranho ao meu corpo, como se eu estivesse meio paralisado.
Ok. Controle-se.
Mas era mais fácil dizer, ou pensar, em ordens assim para dar a mim mesmo do que de fato executá-las. Meu cérebro ainda estava mais parecido com uma pintura surrealista do que com a máquina calibrada e eficiente que eu gostaria que ele fosse. Mas também, quando foi que me senti assim, como o dono de um cérebro equilibrado e sóbrio, depois que Estrela entrou em minha vida?
— Logan — chamou ela baixinho, sentando-se no catre e inclinando o rosto para encontrar meus olhos.
— Sim?
— Como está se sentindo?
— Não sei. E você?
— Um pouco assustada, pra falar a verdade.
Ouvir isso disparou um alarme num canto de meu cérebro, um barulhinho sutil que foi aos poucos aumentando de intensidade até não me deixar pensar em mais nada. Foi um alívio ser invadido por um sentimento tão familiar novamente. Foco. Saber exatamente o que eu tinha que fazer. Era isso que sempre tinha me mantido inteiro. E nesse momento isso significava proteger Estrela, tranquilizá-la.
— Do que você tem medo? — perguntei, tentando fazê-la verbalizar suas emoções. Pôr as coisas em palavras sempre a ajudou a se acalmar, entender as emoções era importante para ela.
— Bem... Acho que não do parto em si. Quer dizer, Doc e Candy não são exatamente experientes, você sabe. Essa não era a especialidade dele e ela nunca fez um parto enquanto Curandeira, mas confio neles, sei que se sairão bem depois de termos trazido John ao mundo.
— É claro que vão se sair bem! A coisa é simples, no final das contas, com todos os medicamentos que temos... Além disso, quando eu falei que não entendia nada sobre o que estava se passando por aqui — abaixei para beijar a barriga dela, — não era inteiramente verdade, sabe?
— Não?
— Ei, você não me conhece? — disse sorrindo e ela sorriu de volta, revirando os olhos em tom de brincadeira. — Andei prestando atenção às suas conversas com Doc. Além disso, também andei perguntando por aí, para todo mundo que pudesse me ensinar alguma coisa sobre como foi o parto de Peg. Acho que aprendi bastante, posso até ajudar se for preciso.
Estrela olhava para mim com uma expressão ao mesmo tempo terna, confusa e um tantinho indignada:
— Oh, Logan, sinto muito, estive tão imersa em meus próprios planos que acabei me esquecendo o quanto às vezes você é... só um menino grande — ela sorriu quando disse isso, e foi como se estivesse me acariciando com o olhar.
Mesmo agora, enquanto me lembro, não estou certo de que gosto de ser chamado de “menino grande”, mas se havia um jeito de não me sentir abraçado pela doçura dela eu ainda não havia descoberto. Não que eu quisesse encontrar esse jeito, de qualquer maneira. No estranho processo que foi me apaixonar por ela, lembro-me de ter percebido que eu estava preso a esse encanto por minha própria vontade.
 — Eu não fazia ideia de que você estivesse tão apreensivo em relação a isso — ela continuou. — Se você estava mesmo querendo saber mais devia ter me perguntado. Afinal, sou Curandeira e sua mulher! Posso tranquilizar você de vez em quando, só pra variar.
— Não, amor. Cuidar de vocês duas é meu trabalho — um sentimento meio estranho, meio familiar me invadiu quando eu disse “duas”, então percebi que já pensava em minha filha de maneira tão concreta há muito tempo, só não tinha dito em voz alta ainda. – Eu não queria que você pensasse que não confio em Doc e Candy e que ia ficar feito um maluco me metendo no trabalho deles, porque não consigo lidar com a situação ou algo assim. Estou bem. Eu só quero entender o que está acontecendo. É só um jeito de... de...
— Manter um pouco de controle sobre o incontrolável? — disse ela, meneando a cabeça num gesto que dizia “Eu leio você como o meu livro preferido” em luzes de neon.
— Sim — respondi, um pouco envergonhado. — Eu só preciso... não enlouquecer. Então vai ficar tudo bem.
— Sei. Você tem tudo sob controle, não é? — disse ela, me puxando para perto, uma das mãos acariciando meu cabelo e a outra agarrada à parte de trás de minha cintura, o polegar entrelaçado ao passante do jeans.
Ela era tão doce! Nunca em minha existência imaginei que pudesse ter algo assim. Ela me fazia acreditar que essa vida, e apenas essa, bastaria. Eu estava tão apaixonado por ela naquele momento que quase cheguei a me esquecer de onde estávamos, do que estava prestes a acontecer. Quase. A palavra “duas” ainda ecoava no fundo de minha cabeça.
Em breve haverá duas garotas em seus braços. Duas razões pelas quais essa vida seria suficiente.
Eu ainda me maravilhava com como algo assim era possível. Acerca de um ano tudo era tão diferente! Exceto por minha vontade de protegê-la. Essa tinha permanecido a mesma. O que me lembrava...
— Estrela, você disse que estava com medo, mas acabou não me explicando por quê.
— É só... O “depois”, sabe? Como vamos cuidar dela? Protegê-la? Que dizer, nós nem sabemos direito o que estamos fazendo! — não pude deixar de sorrir, porque ela parecia estar perdendo a cabeça com a velocidade de quem rola uma ladeira. — É sério, Logan, não ria!
— Desculpe, é só que você não estava tão preocupada assim quando estava grávida de John. O que mudou? — perguntei, ficando sério.
— Com John era diferente. Ele sempre foi parte dessa comunidade, tem pai e tio humanos iguais a ele. E tem Melanie, Jared... Nossa filha é como nós, uma recém chegada a esse mundo. Só que não é exatamente como nós, porque ela é humana, pertence a esse lugar de um jeito que nunca vamos pertencer. Somos diferentes dela!
— Você se sente realmente assim? — perguntei apertando meus braços em torno dela. — Esse é nosso lugar também, Estrela. Nós o conquistamos. E essa é a nossa família. Temos Peg, Sunny, Melanie, Jeb... As diferenças entre nós desapareceram quando esse lugar se tornou parte de quem somos. Não é possível que isso aconteça sem que também nos tornemos parte dele. Acho que você só está assustada com a responsabilidade, só isso.
— Talvez. E acho que estou sendo injusta com nossos amigos ao dizer isso — ela suspirou e eu apertei o rosto dela contra meu peito um pouco mais.
— Só um pouquinho. Mas acho que eles te perdoariam. Errar é humano, afinal.
Senti um riso abafado contra a minha camiseta e ela estremeceu um pouquinho em meus braços como se estivesse tentando se livrar de um sentimento incômodo.
— É incrível como você consegue isso. Parece que sempre que estou prestes a perder a cabeça, você me abraça desse jeito só seu, espalmando sua mão sobre o meu rosto e me separando do resto do mundo — disse ela fechando a mão em torno da minha como um casulo. — Eu fico aqui sentindo seu cheiro, bem ao lado de seu coração e esqueço... Faz com que eu me sinta tão segura! Você faz tudo parecer tão simples!
— Então fique aqui no nosso mundo quanto tempo precisar — respondi. — Eu manterei suas preocupações longe de você.
Ela inspirou, o nariz encostado em mim como costumava fazer quando queria se acalmar.
— Não sei se posso me dar ao luxo de deixar você me fechar em seus braços nesse momento. Ela está chegando e precisará tanto de nós! De mim. Eu não deveria me permitir me sentir tão vulnerável! Tão indefesa diante de minhas dúvidas quanto ao futuro. Preciso ser mais forte por ela.
— Você pode se permitir sentir o que for preciso, amor. Essas emoções são quem você é, lembra? Foram elas que nos trouxeram aqui. Foi por essa delicadeza que me apaixonei. Você ão tem que ser outra pessoa para ser a mãe que nossa filha precisa. Você já é perfeita.
— Não sou não — disse ela afastando-se um pouco e balançando a cabeça, a voz num fiapo enquanto ela mantinha os olhos abaixados.
— É sim — respondi, beijando-lhe a testa e levantando seu rosto para que olhasse em meus olhos. — Escute, vamos fazer o seguinte, a gente deixa para pensar no futuro quando chegarmos lá, ok? Vamos nos concentrar em uma coisa de cada vez. Você não quer ver o rostinho dela? Saber como ela é?
— Muito.
— Em pouco tempo isso vai acontecer. Você vai fechar seus olhos e eu vou ficar aqui ao seu lado. Quando acordar, eu ainda estarei aqui, mas vai ter mais alguém esperando por você. E é alguém que você quer muito conhecer. Guarde esse pensamento com você, concentre-se nisso e tudo vai ficar bem.
Ela não respondeu, apenas fechou os olhos e eu sabia que ela estava tentando imaginar como seria Lindsay. Ainda de olhos fechados, ela assentiu devagar e uma lágrima fujona desceu furtivamente por sua bochecha quando ela os abriu novamente. Eu a enxuguei com o polegar e soube que não era mais medo o que ela estava sentindo.
— Você consegue imaginá-la, não consegue?
Ela apenas olhou em meus olhos e concordou com a cabeça. Então não precisamos dizer mais nada, pois foi como se os sonhos dela tivessem encontrado uma ponte para os meus.
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Doc e Candy chegaram em seguida e puseram-se eficientemente ao trabalho. Peg e Sunny insistiram em estar presentes e quando Jeb fez menção de sair, eu pedi que ele também ficasse.
E, assim, na presença de meu melhor amigo e de minhas duas “irmãs”, eu observei qualquer resquício de apreensão no rosto de Estrela desaparecer de vez quando ela adormeceu, com Peg segurando uma de suas mãos e eu a outra.
Sunny ficou ao meu lado, o braço em volta de minha cintura e a cabeça recostada em meu ombro. Doc e Candy permaneciam sérios e focados, mas ainda assim, havia uma nota de emoção em seus semblantes. Estrela tinha se tornado mais do que alguém com quem compartilhavam conhecimento e isso se fazia notar na maneira gentil com que cuidavam dela. Jeb, acostado a uma cadeira próxima à entrada, observava tudo em seu costumeiro silêncio misterioso, mas voltou seus olhos para mim por um momento e seu “olhar de redoma”, como dizia Estrela, cobriu tudo ao redor. Estávamos todos prontos para testemunhar aquilo que, por tantos séculos, deve ter sido algo quase banal para os humanos, mas que aos nossos olhos fazia o mundo se converter de volta a infinitas possibilidades.
Quando o corte foi feito engoli em seco, esquecendo por um momento breve o que o gesto significava, cego diante da violação que aquilo me parecia. Sunny me abraçou mais forte e eu voltei a mim, seguro na presença dela.
Alguns momentos se seguiram até que Candy retirou Lindsay e a levou para um canto para que recebesse os primeiros cuidados. Pousei delicadamente a mão de Estrela sobre o catre e as segui, saindo dos braços de Sunny, mas levando-a pela mão, enquanto Doc cuidava de Estrela sob o olhar atento e feliz de Peg.
Eu não queria perder um momento. Cada um daqueles instantes continha uma primeira vez para ela, o primeiro som, os primeiros movimentos, o primeiro olhar que foi dirigido a mim. A primeira vez em que ela fez meu coração parar.
Candy a embrulhou em uma manta e a entregou a mim. Segurei-a firme em meus braços e olhei para ela, absorvendo todos os detalhes que pudesse, porque eu sabia que aquele seria o momento para o qual eu voltaria sempre, o que quer que acontecesse.
Eu não era mais a alma Canção Noturna, duas vidas no Mundo Cantor, ou o Buscador Logan, convertido e readaptado à resistência humana. Eu era todas essas coisas, sim, mas era algo mais importante e imutável. Eu era pai daquela garotinha. E essa nunca mais deixaria de ser a única verdade que sobreviveria, mesmo quando todo o resto a meu respeito deixasse de existir.
Queria que houvesse uma maneira de ela saber disso, que ela pudesse entender quando eu lhe dissesse, que fosse capaz de enxergar dentro de mim. Mas ela era apenas uma garotinha, uma pequena humana cuja existência mal tinha instantes o suficiente para serem computados pelas eras do universo.
A despeito disso, ali, diante dela, olhando em seus pequenos e brilhantes olhos verdes de floresta fechada, era como se ela me entendesse. E por mais tênue que fosse sua existência, por mais diminuto e frágil que fosse aquele bebê, eu me sentia de volta às estrelas.
— Lindsay? — uma voz baixa e meio grogue chamou.
— É sua mãe, bebê — disse eu, levando-a em direção a Estrela. Eram as primeiras palavras que eu pronunciava em algum tempo, a primeira coisa que eu disse à minha filha, e minha voz era algo irreconhecível e macio quando falei com ela.
Entreguei-a nos braços de Estrela, cujos olhos se umedeceram instantaneamente. Ela sorriu quando Lindsay olhou para ela como se a conhecesse e acariciou cada centímetro visível de seu pequeno corpo pela manta entreaberta, tocando de leve com as pontas dos dedos seus bracinhos frágeis e suas mãozinhas rechonchudas.
— Ela é tão pequena! — disse Peg, e registrei vagamente que ela e Sunny estiveram chorando. — É diferente de John.
— É porque é uma menininha delicada. John é um garotão – acrescentou Jeb, já não conseguindo manter sua expressão neutra, mas ainda tentando parecer pouco afetado. Como se eu não o conhecesse melhor do que isso!
Ela era mesmo. Pequena. Delicada, Frágil.
Pensei nos medos de Estrela, em sua inquietação por não sermos humanos como nossa filha. Então percebi que não fazia mais diferença. Nossa família, nossa filha, me atava à minha própria humanidade. Eu nunca sairia daqui. Nunca sequer contemplaria ter de volta o meu lugar na minha espécie. Jamais trocaria os instantes de sua vida pelos milênios que eu ainda poderia viver. Isso não importava mais.
Os anos de uma vida humana podiam parecer insignificantes diante da perenidade de nossas existências, mas a eternidade não tinha valor diante de meu amor por ela. Esse pequeno universo inteiro que segurava a ponta de meu dedo.

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Sim, aquele continuava sendo o momento para o qual minha mente voltava sempre. Um ano e meio tinha se passado desde então, mas isso não tinha mudado.
Eu estava do lado de fora, observando Lindsay brincar na areia ao entardecer. Ela e John andavam para todos os lados agora e precisávamos nos revezar para ficar de olho neles o tempo todo, mas nesse momento ele estava lá dentro com o pai dele, jogando bola, e eu estava aqui perdido em pensamentos envoltos na risada de minha ruivinha.
— Papa! – disse ela, correndo até mim com um pedregulho nas mãos.
— Bonito. Quer levar para você?
— Uhum — ela confirmou, os cachinhos do cabelo sacudindo quando balançou a cabeça.
— Tudo bem. Vamos lavar bem para a mamãe não dizer que você está enchendo suas gavetas de terra, ok?
— Tá — ela sorriu. — Tchuká! – gritou de repente, abrindo os bracinhos.
Fechei a cara quando vi Kyle vindo em nossa direção, o sorriso tonto de sempre nos lábios. Por alguma razão misteriosa, Lindsay adorava o “tio” Kyle. Ou, como ela dizia, “Tchuká”. Ela até tinha um urso de pelúcia gigantesco e de um tom horrível de verde abacate que tinha esse nome. Sunny tinha trazido para ela depois de uma incursão e desde então ela arrastava o maldito Tchuká para todos os lados. Eu odiava aquele urso.
— Lindy! — disse Kyle estendendo os braços para minha filha que se acomodou neles instantaneamente.
— O nome dela é Lindsay — resmunguei.
— E o meu é Kyle. Muito prazer, babaca — disse ele rindo.
— Será que você pode medir suas palavras em frente à minha filha?
— Uhum — ele respondeu como se não tivesse escutado.
— Certo, Tchuká, se você vai ficar cortando o nome de minha filha pela metade, então é assim que eu vou te chamar.
— No dia em que você for uma menininha fofa como essa, — ele beliscou a bochecha de Lindsay e ela riu alto, como se ele tivesse feito algo engraçado. Arg! —  vai poder me chamar de Tio-qualquer-coisa. Até lá... Não somos parentes, otário!
— Você também não é parente dela, Tchu-ká — zombei, minha voz cheia de escárnio.
— Ai, cara! Essa doeu! — Kyle respondeu, pondo a mão no peito teatralmente e eu não pude deixar de rir.
Lindsay, no entanto, não prestava atenção nenhuma à nossa conversa. Ela olhava alternadamente de Kyle para mim, prestando atenção em alguma coisa que não entendíamos. Em seguida, ela baixou os olhos, parecendo pensativa e um pouco triste.
— O que foi, princesinha? — perguntei, puxando-a do colo dele de volta para o meu.
Ela pôs o dedinho muito perto de um de meus olhos e perguntou:
— Verde?
— Sim, bebê, como os seus.
— Não — ela disse, fazendo biquinho. Então apontou para o rosto de Kyle e choramingou: — Diferente.
— Acho que ela está dizendo que ela e eu temos olhos diferentes... Quero dizer, dos seus, da mãe dela, de Sunny... Não é, princesa? — perguntou Kyle e ela olhou para ele balançando a cabeça afirmativamente.
— Me dê sua mão aqui, bebê — pedi, e ela estendeu o bracinho.
Coloquei a mão dela sobre a minha, tomando o cuidado de distribuir seus dedos exatamente sobre seus correspondentes em minha mão, que espelhava a dela.
— Está vendo? Somos iguais.
Lindsay arregalou os olhos como se eu tivesse dito algo ligeiramente interessante, mas não esclarecedor o suficiente, depois me deu um sorriso mais parecido com uma careta frustrada. Então segurei novamente sua mãozinha e a pousei em meu peito, sobre meu coração.
— Está sentindo? Tum Tum Tum?
— Sim — ela riu, a irritação começando a desaparecer de seu rosto rosado.
— Agora veja o seu — segurei a mão dela sobre seu próprio coração, rápido e forte como deve ser. — Tem “Tum Tum” também, certo? — ela balançou a cabeça, soltando um gritinho animado. — Os seus olhos são da cor dos meus, os da mamãe são de outra cor, os do Tchuká são de outra, como os de John e os do Tio Ian, e eles não têm prata como eu, sua mãe ou suas tias. Mas são só cores, amorzinho. Somos todos iguais onde interessa.
— Tudo tem Tum Tum?
— Sim, bebê.
— Tá bem então — ela disse, e no instante seguinte já estava tentando se livrar de meu abraço, encantada com outro pedregulho maior e mais empoeirado que o anterior.
Kyle me olhava com um sorriso divertido no rosto e se levantou, tirando a poeira das calças para ir embora. Mas ele ainda tinha aquela cara insuportável de quem estava rindo de sua própria piada.
— Já te disseram que você é um poeta sensível, Buscador? Vou tomar mais cuidado com seu Tum Tum de agora em diante.
— Ah, cala a boca, Kyle! Só porque você é um ogro não quer dizer que não tenha seu próprio Tum Tum para eu machucar. E digo isso literalmente.
— Claro, claro. Estou morrendo de medo, poetinha. A pena pode mais do que a espada, certo? É o que diziam por aí... Mas, falando sério agora, babaca. Às vezes você é um cara legal. Às vezes — ele continuou andando, mas voltou-se um momento pra mim antes de ir embora de vez. — Lindy tem sorte — disse, depois me deu as costas, como se tivesse vergonha de fazer um elogio.
— É Lindsay! — gritei.
— Tá, tá! — ele gritou de volta sem se virar, fazendo um gesto de desdém com a mão.
Você também pode ser legal, pensei.

Não que eu fosse dizer isso a ele. Claro.

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