sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Terceira Pessoa: O Poder da Onisciência


            Aí você vai para a cama pensando em uma história que leu, acorda com uma cena específica na cabeça (talvez uma daquelas inquietantes que parecem não ter importância alguma, mas têm), cumpre suas obrigações do dia, dorme de novo tem filhos, netos, bisnetos, e a coisa toda ainda não saiu da sua cabeça.
            E não é que o tal livro não seja maravilhoso, o que poderia até justificar a obsessão, mas não é bem isso que te inquieta, certo? Convenhamos, se você é como eu, provavelmente está imaginando qual será a história por trás e/ou à frente daquele personagem secundário pelo qual você se apaixonou, mas sobre quem o protagonista não fala tanto quanto você queria saber.
            Talvez até, quem sabe, você esteja se perguntando que tipo de coisa passou pela cabeça do personagem que estava do outro lado daquela conversa tão intensa, vista apenas pelo ponto de vista do narrador em primeira pessoa. (Eu sei que eu imagino essas coisas o tempo inteiro!)
            E se fosse apenas isso... Mas ainda existem as lacunas. Ah, as lacunas me deixam louca! O que acontece depois do final? O que acontece entre o último capítulo e o epílogo que se passa tempos depois? O que aconteceu antes do início? O que aconteceu...?
            A ansiedade de preencher essas lacunas foi o que me trouxe para o universo das fics — tanto como leitora, quanto como autora —, mas são todas perguntas que partiram da parcialidade do foco narrativo em primeira pessoa, se você reparar bem.
            Quer dizer, não é que a terceira pessoa faça milagre, quando o que você quer é uma prequência, por exemplo, ou então uma continuação, não é o foco narrativo que vai resolver a questão, claro. No entanto, um narrador onisciente pode proporcionar uma distribuição mais equilibrada, por assim dizer, dos detalhes a que o leitor vai se atentar.
            Enquanto o foco narrativo em primeira pessoa é vertical, porque permite um mergulho profundo e intenso nos pensamentos de um único personagem que conta a história, o narrador em terceira é mais horizontal, porque de seu ponto de vista vemos um pouco de cada um e temos uma visão mais ampla das situações.
            Isso é interessante não apenas quando falamos de sentimentos, reações e background dos personagens, mas também em termos de agilidade de enredo. Quando pensamos em uma história mais complexa que tenha, por exemplo, acontecimentos simultâneos em lugares muito distantes entre si, além de um número grande de personagens, um narrador onisciente acaba sendo um excelente negócio para escritor e leitor.
            O Código da Vinci de Dan Brown é um livro bem conhecido que pode ser citado como exemplo aqui. Seu enredo viaja por vários pontos de Paris, mas também passa por outros lugares da Europa, como a Capela de Rosslyn, na Escócia. Os personagens transitam por esses vários cenários e nunca ficam em contato por tempo suficiente para que a história possa ser contada por apenas um deles sem parecer incompleta.
            Além disso, a trama que mistura arte, história, religião e uma boa dose de ficção muito bem trabalhada, te absorve por completo, justamente por causa de como os acontecimentos parecem, de início, sem relação entre si. Você não consegue parar de ler, porque com tanta coisa para ser esclarecida e tantos personagens importantes, o autor acaba tendo que criar ramificações e histórias paralelas que só vão se entrelaçar perto do final. A forma como Brown intercala as situações enche o leitor de ansiedade pelo próximo capítulo e pela possibilidade de acompanhar o desenrolar de uma das pontas que ficou em aberto para que outra se desenvolvesse.
            Em suma, o que se pode tirar desse exemplo é que quando o foco do enredo não está na profundidade das relações, mas no dinamismo da aventura; e quando a história abrange uma gama ampla de locações e personagens ou mesmo um espaço muito grande de tempo, o foco narrativo em terceira pessoa é a melhor escolha.

            Afinal, tudo o que torna O Código da Vinci e todos os outros livros desse autor viciantes seria impossível sem um narrador onisciente e onipresente, verdadeiramente capaz de dar vida a uma aventura intrincada e eletrizante. Alguém que seja, enfim, poderoso como apenas os seres divinos e os narradores em terceira pessoa podem ser.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Primeira Pessoa: O Mergulho e o Amor




            “Sou o vampiro Lestat.”

            Essas palavras abrem o livro O Vampiro Lestat de Anne Rice, e também uma porta que nunca se fecharia para mim. Eu tinha 12 ou 13 anos e o vampiro louro de olhos cor de violeta e pendores artísticos, com sua personalidade inquieta e seu caráter dúbio, se tornaria o meu primeiro amor literário.
            A partir daquelas quatro palavras simples e diretas, o personagem que eu já conhecia através da interpretação afetada de Tom Cruise em Entrevista com o Vampiro, ou pelos olhos melancólicos de Louis, para quem Lestat não passava justificadamente de seu criador de comportamento psicopata, mudaria. Eu perdoaria seus pecados, porque entenderia a dor por trás deles; toleraria sua conduta ambígua, porque ele era meu humano-vampiro-monstro-príncipe. Não da Anne Rice, mas meu, porque eu o conhecia. Eu o entendia. Meu Príncipe Moleque. Aquele que eu amaria para sempre.
            Esse é o tipo de coisa que o foco narrativo em primeira pessoa faz com você. Mergulhar nas emoções de um personagem através dos próprios olhos dele faz você se enredar em suas revoluções internas como numa teia inescapável. A intensidade disso é avassaladora e só pode ser proporcionada por alguém que está contando a história de dentro — de si mesmo, inclusive.
            Grandes mestres da literatura sabiam disso. Edgar Allan Poe, por exemplo, explorou o terror de não sabermos se as coisas que horrorizavam seus narradores-personagens eram ameaças reais ou simples produtos de suas imaginações deturpadas. Ou se a reviravolta seguinte de suas vidas atormentadas estava na próxima esquina ou nunca iria acontecer.
            Foi dele também a ideia de um detetive brilhante com um parceiro. Um sidekick narrando tudo num ritmo mais lento do que o da mente prodigiosa de seu companheiro genial, controlando o fluxo das informações de uma maneira que o mistério parecesse se resolver aos poucos, à medida que o investigador vai revelando ao amigo onde as peças do quebra-cabeça se encaixam.
            Mais tarde, Sir Arthur Conan Doyle usaria essa técnica e a tornaria icônica através de Sherlock Holmes e Watson. Entender o que se passa na mente do genial morador da Baker Street sem que ele mesmo o revele a Watson não teria a menor graça. Contadas pelo próprio Holmes (sim, existem, e eu já li algumas), as histórias terminam muito mais rápido, porque o ritmo do raciocínio dele é outro, e essa é graça do personagem, mas não de uma narrativa de mistério.
            Parece óbvio, mas ainda não era elementar naquela época, e todos os fãs de CSI da vida devem gratidão eterna a esses dois autores geniais que souberam manejar a primeira pessoa a favor do paradigma indiciário (sim, a maneira de se investigar nos dias de hoje tem nome, e eu sei porque sou phoda já li um texto sobre isso). Sendo assim, obrigada Senhor pelo Poe e pelo Doyle. Assinado: Fã de CSI (e franquias), Law and Order (e franquias), Criminal Minds, Mentalist, House (sim, pessoas, House = Holmes, Wilson = Watson, e, não, não é mera coincidência) etc.
            Mas se não houvesse o americano e o inglês para dar graças, euzinha aqui, fã de literatura brasileira que sou, ainda teria que cair de joelhos e não levantar mais. Porque sabe que outro autor era genial no manejo da primeira pessoa? Se você pensou nele, vem cá e dá um abraço. Estou falando de Machado de Assis.
            O cara. O Bruxo do Cosme Velho. Aquele que fazia magia com as palavras. (Já deu pra notar a devoção, né? Então se não compartilhar, senta num cantinho e come uns biscoitos para não acabar a amizade.)
            Um de seus livros mais importantes, Dom Casmurro, é a história de uma dúvida. Capitu traiu ou não traiu? Bento destruiu o próprio casamento por um motivo legítimo ou o ciúme o transformou em uma versão horrível de si mesmo? Ao longo da história você tem evidências para ambas as versões. Mas a dúvida permanecerá para sempre, espelhando seu próprio caráter através de como você percebe e explora essas evidências, por causa de um detalhe fundamental: a história é contada pelo “traído”. E quem pode confiar na mente de alguém consumido desde sempre pela insegurança e pelo ciúme?
            Esses são apenas alguns exemplos. Eu teria coisas a dizer sobre vários outros livros que considero esplêndidos e cujos autores souberam manusear as possibilidades do foco narrativo em primeira pessoa quase como uma arma. O Menino do Pijama Listrado de John Boyne (o filme não passa nem perto do poder do livro, justamente por causa do uso de um narrador ingênuo que não enxerga o mesmo que o leitor), A Culpa é das Estrelas de John Green DFTBA, nerdfighters (aposto que você não percebeu, mas o foco narrativo determina o desfecho), Eu Sou o Mensageiro de Markus Zuzak lindo, querido, amo (você nunca entenderia a “mensagem” em terceira pessoa), e uma fila de outros.

            Então, está mais do que comprovado quais são as vantagens do narrador-personagem. Entretanto, não nos apressemos em sua defesa irrestrita, pois ele tem suas limitações. Mas acho que prefiro demonstrá-las através das vantagens do narrador-observador. Portanto, fique comigo mais um pouco.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A escolha do foco narrativo: um toque que pode fazer a diferença


Sempre achei que a essência de uma boa história está na maneira de contá-la. Mais do que um bom enredo, portanto, é preciso um bom narrador, alguém que nos faça apaixonar e envolver pelo que virá, que nos puxe para dentro de forma que não queiramos sair mais daquele mundo que passa a ser nosso também.
            Como leitores, não há muito o que fazer a não ser confiar na escolha do autor e, para falar a verdade, não é uma coisa na qual se gaste muita análise, a gente aceita e pronto. Se funcionar, não nos perguntamos por quê. Se não funcionar, certamente não culparemos a escolha de foco narrativo também. A não ser que você seja alguém pentelho como eu.
            Só que quando você está do outro lado da viagem, ou seja, escrevendo, e cabe a você achar o jeito certo de puxar o leitor para dentro, a escolha do tipo de narrador não é uma coisa que possa ser feita de qualquer jeito. Não se você quiser realmente fazer uma coisa bem feita. E como eu acho que todo mundo que lê estas nossas colunas quer fazer algo legal, vale a pena falar das duas maneiras de se contar uma história para que você pense direitinho em qual se adéqua mais ao seu estilo e aos seus planos.
            A primeira maneira é o quando a história é narrada por alguém que está dentro dela, ou seja, um narrador-personagem. Chamamos isso de foco narrativo em primeira pessoa, e vemos tudo a partir do ponto de vista de quem narra, que é geralmente o protagonista em cujos sentimentos podemos mergulhar sem restrições.
            Já outras histórias são contadas por alguém que só observa, sem nunca interagir com os personagens. Geralmente esse tipo de narrador é onisciente, ou seja, é alguém que sabe de tudo: passado, presente, futuro e o que se passa dentro da cabeça de cada um. Nesse caso, temos um foco narrativo em terceira pessoa.
            Parece simples, mas há coisas a se considerar no jogo da conquista da escrita. Geralmente o que funciona bem para você como leitor, vai funcionar também como autor, porque a gente tende a ter mais facilidade em reproduzir um estilo que gostamos. Então, analisemos, quando você se encanta por um livro, o que é, precisamente, que desperta seu amor?
            Personagens apaixonantes cujas emoções intensas você passa a compartilhar; ou você é mais do tipo que curte uma história vibrante com um enredo ágil e muitas reviravoltas? Prefere ter uma visão geral das coisas ou mergulhar nas particularidades de um só ponto de vista? O que faz mais a sua cabeça?
            Para mim, sempre foram os personagens. Quem lê minhas histórias sabe que nada acontece nelas sem que antes e durante e depois meus pobres narradores tenham revolvido suas entranhas em divagações, analisando a repercussão e os motivos de cada acontecimento.
            Falando assim parece uma chatice, mas sorte minha que meus personagens também não se poupam de autoironia e sarcasmo, então acaba ficando ao mesmo tempo reflexivo e engraçado. De uma forma maluca, funciona. Ou pelo menos é o que dizem meus leitores. (Se eu estiver me iludindo, minta para mim, ok? Ok.)
            Acho que, como eu, eles não conseguem ignorar o apelo da empatia. Conseguir se colocar no lugar de um personagem é o que faz com que nos apaixonemos por ele e por sua história, o que é mais facilmente alcançável com um narrador-personagem. Por isso o foco narrativo em primeira pessoa tem sido a escolha mais comum dos livros atuais, além de também ser o mais popular no mundo das fics.
            Entretanto, esse foco tem suas limitações, porque, muitas vezes, ficar preso aos olhos de um único personagem pode comprometer a agilidade da história. Há situações em que é importante mostrar todos os sentimentos envolvidos em uma conversa, sem a parcialidade de alguém que está participando dela, por exemplo. Ou, quem sabe, o enredo apresente a necessidade de alternar cenas, para que possamos acompanhar o que se passa com cada personagem mais ou menos simultaneamente.
            Isso sem contar que ficar restrito aos pensamentos provenientes de um único ponto de vista pode entediar quem não tem muita paciência para divagações. Em todos esses casos, a imparcialidade e a flexibilidade proporcionadas por um narrador em terceira pessoa, aquele que é apenas um observador onisciente, acabam sendo preferíveis.
            Por isso é importante planejar bem sua história e ver o que é mais adequado para ela. Muita gente, inclusive eu, usa a primeira pessoa, mas alterna quem é o narrador, o que é um recurso do qual você pode abusar nas fics e consiste em usar o melhor de dois mundos, ou seja, a flexibilidade do foco em terceira e o toque pessoal da primeira. Só que, apesar de toda a facilidade, ou talvez por isso mesmo, é algo mais reservado ao mundo dos escritores amadores. Fora algumas exceções (por exemplo, quando Jacob Black assume a narração em Amanhecer), não é algo que se vê muito fora desse contexto informal.
            Há ainda uns raros autores que alternam primeira e terceira pessoa no mesmo livro. Nos romances policiais de Lisa Gardner, por exemplo, a protagonista D.D. Warren, detetive durona e pouco afeita à análise de sentimentos, aparece em terceira pessoa. Já sua co-protagonista, uma suspeita e/ou vítima sobre a qual sempre é interessante sabermos um pouco mais, aparece em primeira.
            Vale tudo, na verdade.
            Principalmente para autores consagrados que podem se dar ao luxo de fazer o que quiserem, ou para amadores iniciantes que ainda estão experimentando um pouco de cada coisa. Qualquer lugar no meio desse espectro pode requerer um pouco mais de cuidado, mas como eu acho que ninguém aqui é meio-famoso, podemos trabalhar com a premissa do vale-tudo-em-fic. Isso, no entanto, não te dispensa de saber manejar bem as duas possibilidades de foco narrativo, porque, de um jeito ou de outro, você sempre estará trabalhando com uma delas. E saber escolher qual, pode fazer toda a diferença.

            Às vezes essa escolha vem naturalmente. Aliás, não me lembro de ter conhecido alguém que ficasse num dilema sobre isso. O problema é que muitas vezes ela vem errada. E antes que você se descubra no meio de sua história tendo feito uma opção equivocada, chega mais e vamos analisar, nas próximas colunas, as possibilidades e limitações dos dois focos narrativos.

Primeira pessoa: o mergulho e o amor

Terceira pessoa: o poder da onisciência

sábado, 23 de agosto de 2014

Entre a Luz e as Sombras Capítulo 3

Capítulo 3 – Mãe


Lived a life so endlessly
Saw beyond what others see
I tried to heal your broken heart
With all that I could
(…)
Plans of what our futures hold
Foolish lies of growing old
It seems we're so invincible
The truth is so cold
(...)
Sleep tight, I'm not afraid
The ones that we love are here with me
Lay away a place for me
'Cause as soon as I'm done I'll be on my way
To live eternally
 (So Far Away – Avenged Sevenfold)


É solitário ser quem eu sou. O mundo para mim se torna um lugar deserto mais ou menos a cada dez anos, quando sou obrigada a romper todos os meus laços para sempre. E depois reconstruí-los em outro lugar.
Dentre os seres humanos comuns, ninguém realmente me conhece e, por causa disso, não há ninguém que possa me amar pelo que realmente sou. A única pessoa que sabia quem eu era de verdade era minha mãe, mas ela se foi há muitos anos. É um processo natural na vida dos filhos, pelo menos daqueles que não morrem antes da hora. Eu deveria já ter me conformado, portanto. Porém, não há nada de natural em perder alguém que é todo o seu mundo, a única parcela de amor que é reservada somente a você na Terra.
Mas, a despeito dessa dor que às vezes me incapacita, eu sou grata por ela ter existido, grata pela lembrança que me move. É por ela que eu faço o que faço. Não porque acredite piamente na nobreza de minha missão, mas porque ela acreditava. Minha mãe sacrificou boa parte de sua vida, passando pelo processo dos dolorosos rompimentos, sabendo que não teria netos, que não me veria envelhecer, que eu não seria verdadeiramente amada por ninguém enquanto aceitasse minha missão. Ainda assim, ela acreditava nisso. Mais do que eu, ela sabia o que era preciso fazer.
Tudo começou para nós numa tarde de domingo, quando eu tinha dezesseis anos. Eu sempre tinha sido estranha, por isso nunca me questionei sobre as coisas que sentia. Parecia normal para mim. Então, quando durante o almoço, eu me levantei da mesa sem dar explicações à minha mãe, saí de casa e impedi que o filho do vizinho pegasse seu carrinho de rolimã e entrasse com ele na frente de um caminhão em movimento, não pareceu nada diferente de uma tarde normal para mim. Mas minha mãe, que me observava paralisada no jardim de entrada de nossa pequena casa, não achou a mesma coisa.
— Como você sabia? — ela perguntou.
— Eu simplesmente sabia — respondi.
—Como isso é possível? É como se o anjo da guarda desse menino tivesse soprado em seu ouvido. — continuou ela, admirada.
— É quase isso.
O interrogatório continuou tarde afora, até que minha mãe finalmente entendesse o que se passava comigo. Aquilo sempre tinha estado ali, mas ela simplesmente nunca tinha prestado atenção. E ficou maravilhada em finalmente perceber. Ela amava o fato de ter posto “algo realmente especial” no mundo.
Então, por causa dela, acima de qualquer outra coisa, eu continuava, porque eu sentia que era isso que me fazia especial aos olhos dela, mesmo que esses olhos agora só vivam na minha cabeça, imateriais e eternos, esperando pelo dia em que eu não aguente mais.
Sim, eu sei que não era por isso que ela me amava. Sei que ela me amaria de qualquer maneira. Eu era sua filha, afinal. Sua única filha. Mas eu não queria decepcioná-la. Além disso, embora houvesse dias em que eu realmente não conseguisse ouvir o que Meu Pai queria de mim, minha solidão falando mais alto do que qualquer outra coisa, havia outros em que eu simplesmente amava quem eu era.

Como no dia em que, há vinte anos, durante uma noite chuvosa, eu soube que tinha que ir até um ponto de ônibus pelo qual normalmente não passava. E lá, desamparada e sozinha, encontrei aquela que eu amaria como se fosse minha família.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

CP - Epílogo


Elizabeth fazia o caminho de volta para casa com Violet, sua melhor amiga. Caminhando devagar, muda, enquanto sua mente buscava fugir da terrível pergunta, resolvendo que devia encurralar a amiga.

– Eu conto se você me contar de quem você gosta, primeiro.

– Não vale, lizzie! Eu perguntei primeiro.

– Mas eu só respondo se você contar.

– Eu não vou contar, você vai rir de mim.

– Eu não vou rir, somo melhores amigas. Jamais faria isso com você. – diz se pondo em frente à Violet.

– E porque você acha que eu vou rir de você?

– Você não vai rir, vai ficar com raiva... – disse desviando o olhar.

Violet bufou erguendo o dedo mindinho – prometo que não vou rir e não vou brigar com você – Elizabeth olhou a amiga atenta e segundos mais tarde aceitou o juramento e enlaçou com seu dedo mindinho.

– Eugostodoseuirmão.

– O que?

– Eu gosto doseuirmao.

– Fala devagar, Elizabeth.

– Você prometeu que não ia ficar com raiva.

– Eu prometi que não ia brigar quando me contasse, mas tá ai falando como se eu fosse a supergirl e entendesse o que diz, fala logo.

– Eu gosto do seu irmão!

– O que a Violet fez dessa vez, lizzie? – Christopher perguntou parando a alguns passos de Elizabeth.

Tanto ela quanto Violet empalideceram, Elizabeth se pudesse cavaria um buraco e se jogaria. A primeira a se recompor foi Violet.

– Esta nos espionando?

– Não, só ouvi “seu irmão” – disse abraçando Elizabeth que respirou fundo, apreciando o perfume e corando absurdamente.

– E por acaso você é aquele que não pode ser pronunciado?

– Se eu fosse já teria dado fim a sua língua afiada.

– Agradeça a Elizabeth por isso! E eu não aprontei nada. Elizabeth só queria saber se você permitiria eu ficar à tarde com ela e eu como boa menina ia responder que você não manda em mim. – disse dando língua.

– Claro que ela pode Elizabeth, quanto mais tempo ela passa com você mais ela se parece com um ser humano. Tome – disse entregando seu boné para Elizabeth – esta muito vermelha. – disse por fim tocando a bochecha, fazendo-a corar mais ainda.

– Obrigada – sussurrou.

– Vou acompanhar vocês.

– Eu quero ir conversando com a Elizabeth.

– Conversem quando chegar lá.

– Chato.

Christopher acompanhava de perto a irmã e Elizabeth, mas colocou seus fones em um som alto. Em seus 15 anos se sentia responsável por sua irmã. Sorria vendo como Violet estava agarrada ao braço de Elizabeth. Um sorriso cresceu, era grato por Elizabeth ser amiga de Violet, uma era o avesso da outra tanto fisicamente como em caráter.

Enquanto Elizabeth, agora em seus 11 anos, já demonstrava o inicio das curvas, o seio começa a crescer, seus cabelos loiros cinzas tornaram-se mais rebeldes, caindo em longos cachos por suas costas, sendo a mais alta em sua turma, olhos extremamente expressivos. Tratando a todos com educação, sempre gentil.

Violet da mesma idade sendo baixinha, ruiva, grandes olhos verdes e irônicos, ainda mantinha um corpo infantil, a língua afiada e malvada afastava a todos, gênio forte, sempre conseguia o que queria, mesmo que fosse a base do tapa, principalmente quando se tratava de Elizabeth, ela se transformava em um projeto de noiva do chuck para proteger a única amiga.

Quando já estavam em frente à casa de Elizabeth, Christopher retirou os fones e puxou a irmã pela alça da mochila – tem dever?

– E se tiver?

– Tem, lizzie?

– Só de literatura.

– Se você chegar em casa sem esse exercício pronto, pode esquecer de vir pra cá.

– Eu sou a CDF em literatura.

– Nos faremos. Chris? – chamou, mas ele já havia colocado os fones.

– Cala a boca e fica com o boné – retrucou Violet puxando em direção à entrada. – tem alguém em casa?

– Mamãe ainda esta de licença. Deve estar olhando aquilo.

– Você já foi mais amorosa! –disse Violet rindo ao fechar a porta.

– Mãe? Cheguei!

– Eu também, tia Bella! E vou almoçar aqui e passar à tarde! – gritou subindo as escadas. Arrastando Elizabeth.

– Que pressa é essa que não vem me ver mais? – Bella surgiu na porta que dava acesso a cozinha, acariciando sua barriga de oito meses.

– Desculpe, mãe! – disse indo e beijando-a e beijando a barriga.

– Tia Bella, você é a grávida mais linda do mundo sabia? – disse Violet beijando-a.

– Sei.... não tem sorvete hoje!

– Nossa, tia Bella! Me julga tão mal! – fez biquinho rindo em seguida. – mas tem sobremesa?

– Tem, Violet. Sempre tem.

– Então vamos, lizzie!

– Olhem o Charlie pra mim, ele esta quieto demais!

– Tá! – gritaram correndo pela escada.

– Não corram na escada!

– Tá mamãe! – disse diminuindo o passo e quando estavam no corredor, correram e os passos ecoaram no andar de baixo e Bella pode ouvir.

Quando chegaram à porta do quarto, Elizabeth arregalou os olhos. Sua primeira reação foi de descrença, em seguida fúria e gritou de uma forma que assustou Violet e o pequeno delinquente que havia revirado seus livros e pulava em sua cama com o pequeno sutiã amarado na cabeça.

– Eu vou te matar, Charlie!

O pequeno arregalou os olhos pulando da cama e tentando se esquivar da irmã. Elizabeth conseguiu segurar no sutiã, esticando a alça. Fazendo o tecido estalar na nuca do irmão que gritou enfiando os dentes no braço de Violet quando tentou detê-lo.

– Peste ambulante! – gritou soltando o garotinho que escorregou por baixo de sua perna e correu.

– Mamã? Mamã? Socorlo? – gritava a plenos pulmões.

– Nem a mamãe vai te salvar! – gritou a poucos passos da criança, mas Edward entrava no momento e segurou a filha.

– O que esta acontecendo?

– Eu vou matar o Charlie!

Bella entrava na sala arrastando um Charlie assustado. – não, mamã, não! – gritava tentando se soltar e correu de volta para a cozinha.

– Você não vai bater no seu irmão Elizabeth. – avisou Edward pondo a filha de volta ao chão – fique aqui. – exigiu quando ela ameaçou ir atrás do pequeno.

Edward seguiu para a cozinha após beijar Bella que seguiu para o sofá.

– Porque esta chorando Violet? – perguntou fazendo sinal para ambas.

– Aquele monstrinho mordeu ela.

– Não fale assim do seu irmão querida.

– Ele revirou o meu quarto, mãe e ainda mexeu nas minhas gavetas. Ele pegou o meu sutiã!

Edward entrou com um Charlie assustado no colo, o pequeno sutiã agora esmagado nas pequenas mãos de Charlie que se encolheu ao ver o olhar irritado da irmã. Edward colocou o menino no chão que se escondeu em suas pernas.

– Vai, campeão! – incentivou e Elizabeth bufou.

– Diculpa, izzie? – disse estendendo o sutiã. Elizabeth tomou o sutiã com brusquidão.

– E a valval? – perguntou Bella ao pequeno.

– Dicupa eu, valval?

– Você gosta de ser mordido? – rebateu e Charlie escondeu os braços – então não volte a me morder ou eu te mordo.

– Violet?

– Qual é, tio Edw? Ele quase arrancou um pedaço do meu braço!

– Não é ameaçando que vai mudar isso.

– Claro! E qual o castigo dele? – perguntou Elizabeth.

– Nos já conversamos.

– Conversamos? Vai ficar passando a mão na cabeça dele só porque é pequeno?

– Não estou passando a mão, me respeite. Charlie entendeu que foi errado.

– Claro, o príncipe intocável nunca tem um castigo!

– Quem vai ficar de castigo daqui a pouco é você, olhe os modos e esta gritando. – Edward falou pausadamente.

– Vou pro meu quarto, não precisa me por de castigo, senhor! – disse irritada.

– Graças a Deus eu sou a caçula – retrucou Violet acompanhando a amiga.

– É melhor lavar essa mordida, vai saber o que ele mastigou hoje – disse Elizabeth recolhendo os livros.

– Ele esta vacinado? – perguntou Violet rindo. – espera que eu já venho lhe ajudar.

Ainda irritada, Elizabeth arrumou tudo. Trocando a decoração do quarto, removendo todos os ursinhos e bonecas e colocando seus livros na prateleira mais alta. As bonecas na media e os ursos deixou embaixo.

Enquanto Violet trocava a roupa de cama suja pelo tênis de Charlie, Elizabeth dobrava a roupa revirada, jogando sua gaveta de peças intimas no cesto de roupa suja. Quando terminaram a arrumação foi à vez de espalharem os livros e todo o material para estudarem sobre a enorme bancada.

Batidas na porta fizeram Elizabeth se erguer de má vontade, indo destrancar a porta. Edward correu os olhos pelo quarto.

– Chegou tarde, tio. Já arrumamos tudo!

– Desça para almoçar, Violet. Quero ter uma conversa com a Elizabeth.

Elizabeth apenas se afastou, indo para a mesa de estudos e ignorando o pai. Edward entrou sem se abalar, puxou a cadeira ao lado e sentou.

– Sei que esta zangada comigo, sei também que fui rude. Eu só quero que entenda que não trato seu irmão diferente de você.

– Tá bom, pai. Já avisou e sempre deixa claro a igualdade, eu preciso estudar.

– Não, filha. – disse puxando-a para o colo – eu só fico preocupado, entende? E um completo idiota quando se trata de chamar a atenção do seu irmão. Eu nunca precisei dar uma bronca em você quando pequena. Charlie já tem 3 anos, eu sei que ele entende muitas coisas, já sabe o que pode ou não pode fazer... isso não significa que eu o ame mais.


– Desde que ele aprendeu a andar a minha paz acabou, tudo o que ele faz vocês ficam só em sorrisos, como se fosse certo ele aprontar, meu quarto estava revirado, vocês vieram me ajudar? Não, ficaram bajulando ele. Ele mordeu minha amiga e vocês fizeram ele pedir desculpas e pronto. Agora se eu altero a voz com ele é o fim do mundo.

– Então você me desculpa por ter feito isso? Eu não tinha essa intenção, filha.

– Tudo bem, pai. Só não piora depois que a minha irmã nascer?

– Prometo. Agora me dá um beijo e vamos almoçar.

Quando desceram, Violet já esta na sobremesa, devorando uma enorme taça com gelatina e creme amarelo. Charlie olhava de lado para a irmã, ainda estava com medo e Violet lhe enviava olhares que faziam o pequeno tremer, mas não denunciava, escondendo o rosto e devorando sua comida, agarrando-se em Bella.
Voltaram para terminar o exercício e quando Elizabeth foi ao banheiro seu grito ecoou pelo quarto, assustando Violet.

– O que aconteceu?

– Ai meu Deus, a minha calcinha...

– Se molhou é só trocar...

– Não Violet, eu estou sangrando....

– A sua menarca?

– Chama a mamãe!

 Violet correu em busca de Bella que estava no quarto, também estudando. Após alguns momentos constrangedores com as perguntas diretas e persistentes de algumas crianças e por seu afeto ao casal de idosos, Bella decidiu mudar sua área, passando para geriatria.
Chegaram ao quarto encontrando uma Elizabeth nervosa, enrolada na toalha. Uma pequena conversa entre as duas que era escutada por Violet com atenção.

– Eu queria ter minha mãe comigo... imagina quando for minha vez? Vou ter que roubar os paninhos que minha avó vive bordando – brincou com sua situação.

– Mas você tem a mim! E quando não puder recorrer a sua avó, eu vou estar aqui de braços abertos, mãe de três, pode ser mãe de quatro, cinco, seis! – disse Bella puxando a menina para um abraço e cobrindo-a de beijos.

– Se fossemos parentes de sangue, obviamente seria minha prima, filha da tia Rose! – brincou Elizabeth.

– Ou de Victoria!

– Seria da tia rose. – pontuou Violet rapidamente, confundindo as duas.

– Então vamos às compras?

– Vamos, mas só vou olhar – respondeu Violet com vergonha.

– Não precisa ter vergonha, meu amor!

– Tia, quanto tempo isso demora? – perguntou Violet enquanto Elizabeth se encolhia ao lado.

– O ciclo é diferente para cada mulher, como é a primeira vez da Elizabeth, será pouquinho e rápida – disse dando partida. – pode ser algo de um dia, dois, três, em algumas até sete dias.

– E o seu mamãe?

– Quatro dias....

– Espero que o meu seja menos!

– Também espero, lizzie. Eu não vou fazer o teste com todas aquelas garotas velhas sozinha!

– Que teste, meninas?

– Ah é o teste para o time da vôlei. O professor disse que temos grandes chances e que a escola vai contratar um técnico para treinar o time. Eu só não disse nada porque ainda não liberaram o papel de autorização.

– É tia, acho que vão entregar amanhã – diz dando de ombros.

Já dentro da farmácia, Elizabeth olhava para todos os lados. Não querendo ser vista comprando absorvente. Após Bella explicar e comprar a marca que se adequava a Elizabeth seguiram para o caixa, assim que atravessaram a grande porta caminhando de volta para o carro, Elizabeth viu Christopher  na praça em frente, conversando com uma jovem da turma dele.

A forma com que a jovem se inclinava e sorria para ele fez seu coração se comprimir, batendo dolorosamente e perdendo uma batida quando o viu sorrir, mas não um sorriso simples, mas daqueles que seu tio Emmett dava para Rose antes de desaparecerem pela casa de sua avó.

– Liz? – perguntou Bella vendo que a filha chorava – o que foi, meu amor?

– Deve ser cólicas, tia! – Violet rebateu para a amiga que claramente não saberia mentir. Voltando um olhar assassino para o irmão quando já estavam no carro.

– Chega, temos que fazer alguma coisa! – disse ainda irritada quando já estavam no quarto.

– O que? – perguntou Elizabeth chorosa, deitada encolhida sobre a cama.

– Como assim o que? Eu não vou admitir uma qualquer se apoderando do meu irmão! Você já disse e depois da cena na praça tá na cara pra quem quiser ver.

– Ela é tão... e eu só...

– Só o caramba! Você será minha cunhadinha ou não me chamo Violet, ficou claro?

– Eu só sou uma criança perto dela...

– Escute Elizabeth, eu não sou o terror dos professores atoa. Vou colocar essa vagaba pra correr em um tempo. – sorriu diabólica.

– Você esta me dando medo – sussurrou – isso significa que vai dar certo.

– Eu sempre consigo o que quero, escreve o que te digo. Essa garota vai saber o que é se meter com um garoto que me tem como irmã, eu vou acabar com ela.

E a promessa foi cumprida, a jovem, Sasha foi apresentada para Violet no dia seguinte. Na verdade ela foi até Violet, se apresentou e disse que seriam grandes amigas, dando um abraço em Violet que rapidamente removeu o chiclete e espalmou nas costas da jovem loira, grudando em alguns fios lisos.

Algumas horas depois ela conseguiu invadir o prédio para os alunos do colegial, descobrindo qual era o armário de Sasha e deixando um sapo de presente. Descobrindo as tentativas do irmão em sair com a loira e escondendo as chaves do carro. Mas a cartada final veio no dia dos testes para o time de vôlei.

Sasha era uma das varias alunas que se inscreveram, e vinha corajosamente encaram as brincadeiras nada saudáveis que veio recebendo. E após cometer o erro de ofender Violet para o irmão, passou a agir com ela. Indo doce até o banco de Violet e Elizabeth que suava frio.

– Veio me prestigiar, cunhadinha? – disse em tom de brincadeira.

Enquanto Elizabeth prendia o choro, Violet girou olhando em suas costas como se o comentário não fosse com ela e sim com alguém em suas costas.

– Tá falando comigo?

– Claro! Seu irmão já deve estar vindo me ver jogar – disse jogando os cabelos para as costas.

– Corte maneiro! – sorriu inocente.

– Tive que cortar alguns centímetros, uma criança grudou chiclete no meu cabelo. – disse olhando firme – isso me fez lembrar porque as odeio tanto.

A troca de farpas entre as duas fora completamente esquecida por Elizabeth quando seus olhos capturaram Christopher entrando no ginásio. Sentia o coração bater forte ao ver o caminhar firme e despreocupado, erguendo os inseparáveis óculos aviador sobre o cabelo ruivo livre de boné.

– Me atrasei?

– Não! – Sasha agarrou-se a sua cintura – chegou a tempo. Adorei que suas irmãs vieram me prestigiar.

– Prestigiar? Desculpe gata, mas elas vão participar. – disse separando-a e caminhando para sentar ao lado de Elizabeth que respirou fundo sentindo o perfume invadir cada parte sua.  – é melhor se preparar para a competição, elas são as melhores. – disse passando os braços em torno dos ombros de Elizabeth.–  Tenho a certeza que vai passar!

O simples elogio elevou o ego e fez com que corasse, olhando-o por baixo dos longos cílios, mas antes que pudesse dizer algo, Sasha interveio.

– Assim vai deixar essa menina apaixonada! – disse zombando e sentando no colo dele o que fez Elizabeth encolher os ombros.

– Vou me aquecer – disse se desvencilhando do braço – enquanto vocês namoram, vamos Violet.

– Estou bem aqui.

– Eu preciso da sua ajuda pra me alongar! – disse rude puxando-a com força.

Christopher mantinha os olhos nas duas enquanto se alongavam do outro lado do ginásio. Vendo alguns garotos olharem para as duas de forma maliciosa, acompanhando os olhares começou a se incomodar com o tamanho dos shorts de ambas, assim como o de Elizabeth parecia ainda mais grudado a sua pele, deixando a marca da pequena calcinha a mostra e isso o fez se erguer, deixando Sasha  para trás seguindo até os garotos que correram assim que ele se aproximou.

– Lizzie? – rapidamente as duas pararam os exercícios assim que ouviram o chamado – não tem outro short para vestir?

Elizabeth correu um olhar por suas pernas, olhou para as outras garotas e não viu diferença alguma, estava até maior que as outras.

– Tem algo de errado nele? Ele é grande demais?

– Não! – quase gritou – quer dizer, ele esta muito colado. – disse e viu as finas sobrancelhas loiras frisarem confusas.

– Não tem nada de errado com seu short, lizzie. Alias meu short, escolhi a dedo para você ficar linda.

– Agora esta explicado, vocês não vestem o mesmo numero.

– Elizabeth Cullen? – o treinador chamou antes que ela pudesse responder. Sorriu sem graça indo até o meio da quadra.

– Ai Chris.. se queria chamá-la de gostosa com o short era só chamar! – disse inocentemente.

– Vê se eu tenho cara de papa anjo?

– Lizzie dá de mil nessa loira oxigenada que vive grudada em você.

Os testes começaram e varias garotas foram eliminadas de primeira, o que não foi o caso de Elizabeth e Violet, na parte de duplas ficou claro o contentamento dos professores e técnico com o desempenho das duas que se tornavam uma muralha na rede, impedindo qualquer avanço.

Quando a prova de dupla foi entre Elizabeth e Violet contra Sasha e uma jovem que a competição ficou seria e perigosa. Violet virou sorrindo perversamente para Elizabeth que seguiu para sacar, sem notar as intenções da amiga. Seu saque viajem estourando um pouco antes da linha, deixando a adversária irritada com o sorriso provocativo de Violet.

Na segunda vez, Sasha  recebeu a bola sentindo o braço em chamas com sua parceira enviando para o outro lado, com Elizabeth recebendo e jogando para Violet e estourou a bola no rosto de Sasha que caiu deixando a bola quicar no campo.

Atitudes como estas que foram irritando Sasha mais e mais, principalmente quando as duas formavam uma barreira impedindo a passagem da bola e devolvia com força ou com um toque suave, apenas deixando a bola cair do outro lado da rede.

Quando o técnico percebeu que aquilo não estava sendo apenas um teste e sim um combate, deu por encerrado e começou a dizer os nomes das escolhidas para o novo time de vôlei dos espartanos. Quando os nomes das duas foram chamados, tanto elas quanto Christopher e alguns de seus amigos gritaram.

– Esta na hora de comemorar! – disse abraçando-as pelos ombros.
Só se for agora.

– Precisamos de um banho, Violet.

– Então vamos pra sua casa e depois saímos, pode ser?

– Claro.

– Eu vou me lavar pra sairmos, Chris – Sasha se aproximou.

– Não vai dar, gata. Hoje eu estou por conta das garotas.

– Tudo bem, quando elas dormirem você me liga – disse beijando-o.

Com a pequena cena, Elizabeth foi calada, dentro do carro de Christopher. Enquanto Violet o cobria de perguntas sobre como foi à compra, pararam na vaga vazia de Edward. Usando sua chave Elizabeth destrancou a pesada porta, gritando pela mãe que não atendeu. Seguiu até a cozinha, onde tinha o aviso.

– Meus pais estão no hospital, minha mãe estava sentindo algumas contrações.

– Quer ir pra lá?

– Não, ele disse que se for mesmo à hora, ele vai me ligar e não tem chamadas perdidas no celular. Tem tudo o que precisa na geladeira, vou me lavar e já desço. Controle da antena local, parabólica e a cabo – explicou entregando os controles antes de subir.

...

– Ela é linda, mamãe! – dizia fascinada com os grandes olhos verdes da irmã, que se mantinha atenta e quieta em seu colo. Tendo Violet e Christopher ao lado admirando o bebê gorduchinho.

– Qual o nome dessa gatinha? – perguntou Christopher tocando com cuidado a cabeleira mogno.

– Estávamos esperando por Elizabeth para escolher.

– Eu?

– Sim, temos dois nomes: Ashley ou Annie

– A senhora colocaria...

– Bella que deu a ideia.

– Devo agradecer a ela por ter você em minha vida... – Elizabeth sorriu com olhos marejados.

– Bem vinda à família, Annie. Espero ter vários troféus para você destruir quando começara andar, porque meus livros já são funções de Charlie! – diz se inclinando e beijando a testa da irmã.

...

– Vamos lá, Annie, ajuda a irmã? Qual é o mais bonito? A preta ou a vinho? – perguntava nervosa para a irmã que se esparramava sobre sua cama.

– Graças a Deus ela esta aqui! Tenho medo quando essa casa fica em silencio. – diz Bella entrando e sentando aliviada ao lado de Annie que correu para seu colo.

– Ajuda, izzi! – pedia apontando a mão gordinha em direção a Elizabeth.

– Ajudar em que? Onde vai querida?

– Estou escolhendo uma roupa. Um caso de vida ou morte.

– Rapazes?

– Não, um rapaz. Preciso que ele me veja como uma garota, não uma criança.

– Já não há traços infantis em você, bonequinha – sorriu terna para a filha, tirando o seio para Annie que repuxava sua blusa. – para o desespero do seu pai. – riu no final.

– Qual delas eu uso? – pediu chamando atenção de Bella que acomodava Annie de uma forma confortável. A pequena mamava segurando o dedão do pé, sacudindo a perna uma vez ou outra.

– Use a preta.

– E a blusa?

– Essa vermelha em degrade.

– Ok, então, saia vinho, e blusa degrade! – disse rindo.

– Eu falei a preta.

– Eu sei, por isso escolhi a outra, vou usar essa bota. Vou deixar separado porque assim que ganharmos o jogo de amanhã, eu vou sair com Violet pra comemorar e se tudo der certo só volto no toque de recolher!

Bella estudava a filha com cautela, sabia exatamente a intenção dela e permaneceu calada desde o dia em que Annie nasceu por perceber que Edward não desconfiava de nada, mas agora com Elizabeth completando 13 anos, mas com corpo de 16 e mentalidade de 18 não poderia ficar calada.

– Filha? Precisamos ter uma conversa.

– Já conversamos sobre sexo, mamãe e quando eu resolver o que não vai acontecer por longos anos...

– Me refiro aos seus sentimentos pelo Christopher.

Elizabeth empalideceu, desviando os olhos e sentando rígida – acho que a senhora tá febril! O Christopher é...

– O rapaz. Não tente mentir, percebi ou devo dizer, aceitei isso quando os vi entrando no quarto de hospital.

– Não pede pra me afastar, mamãe... eu não consigo.

– Eu tive minhas suspeitas e quando vi seus olhos brilhando para ele, todas às vezes em que fica irrequieta quando o nome dele e citado... não me intrometi porque imaginei ser uma paixonite, mas já fazem quase dois anos e parece que tudo só esta piorando... – Elizabeth fungou – eu não estou falando por mal, filha.

– Eu sei, eu já tentei, mamãe, já tentei não gostar dele, mas dói.

– E sabe que vai doer mais não sabe?

– Sei, esse é o ultimo ano dele aqui – fungou.

– Exatamente. Ultimo ano, logo ele completa 18, vai para um faculdade e você ainda vai entrar no colegial, completar 14 anos. Ele vai seguir a vida de adulto...

– Eu sei, mamãe. Eu não posse tentar?

– Jamais impediria, filha. Mas entenda que sairá magoada, que seu pai não aceitará, Christopher já é um homem feito...

– Eu não vou fazer nada que possa prejudicá-lo...

– Eu vou guardar segredo, apesar de acreditar que o melhor seria conversar com seu pai, mas com uma condição.

– Qual?

– Você tem até o aniversario dele, assim que ele completar a maior idade você vai se afastar. Me prometa?

– Mamãe....

– Me prometa, Elizabeth? Tenho certeza que seu pai não deixará que isso vá adiante com ele sendo legalmente maior e você nem terá completado 14. Isso seria prejudicá-lo.

– Tudo bem, mamãe. Eu prometo.

Aquela conversa e decisão fez a mente de Elizabeth trabalhar boa parte da madrugada, fervilhando de ideias e agora mais que nunca precisaria das ideias mirabolantes de Violet, que sai ano entra ano, colocou varias namoradas de Christopher para correr. Fazendo o irmão desistir de namorar fixo por todas se colocarem contra a irmã e fazendo-o ganhar a fama de predador.

Na hora do jogo Elizabeth ainda estava um pilha de nervos, tudo piorou quando viu Violet entrar seguida dele, Violet agora com mais altura e seu corpo ganhando as curvas em um ritmo lento, diferente dos seios que estavam maiores que os de Elizabeth. Os cabelos ruivos eram a marca registrada da família e para desespero de Christopher que estava começando a usar o punho com alguns rapazes.

Os olhos azuis correram pela bela visão do rapaz agora com seus 1,87. Com muitos músculos ganhos com os treinos no time de futebol americano, sendo o capitão. Se aproximou, deixando a mochila de Violet sobre o banco.

– Boa tarde.  – disse indo abraça-la de lado, o perfume de gardênia invadiu suas narinas – perfume gostoso – pensou alto se afastando.

Elizabeth ruborizou encarando os belos olhos verdes e sentiu a mão pinicar em desejo por tocar os cabelos ruivos. O leve bronzeado escondias as sardas de outrora. As mesmas que ainda persistiam pela pele de leite de Violet que assistia a cena com um singelo sorriso nos lábios.
Piscou os grandes olhos verdes para a amiga, jogando os cachos ruivos para trás e puxou a blusa do irmão.

– Ei, Chris depois vai nos levar para comemorarmos?

– Claro!

– O que há de errado com você. Lizzie? – exigiu enquanto arrastava a amiga para o canto da quadra para um breve aquecimento.

– Minha mãe me deu um ultimato,ontem. Ela sabe que amo seu irmão...

– E você não negou? O que ela disse?

– Resumindo, que eu devo desistir do seu irmão assim que ele completar 18 anos.

– Ah claro, maior idade mais menor idade, igual cadeia.

– Exatamente.

– Ok, primeiro vamos ganhar esse jogo.

– E depois?

...

– Isso!

– Eu não posso usar isso? – disse assim quem viu a roupa que Violet lhe trouxe.

– Claro que vai, é meu e eu sei que cabe em você. Agora anda logo, meu irmão esta lá embaixo com seus pais e tio Edw tem uma cisma com o Chris!

– Eu desço assim e papai vai me fazer voltar para o quarto e me trocar!

– Leva esse casaco e se cubra. Você usa roupa mais curta que isso.

– Dentro de casa.

– Quer parecer uma pirralha ou uma mulher?

– Tudo bem!

Ao descerem Elizabeth suspirou de alivio ao notar que Edward não estava na sala e Christopher brincava com Charlie, enquanto Bella olhava para os dois. Voltou os olhos a filha, a sobrancelha crispada, nenhuma das peças usadas foi a escolhida no dia anterior.

Elizabeth não teve coragem de se olhar no espelho, o medo de parecer vulgar foi maior que sua coragem, e mesmo sem saber o resultado final, ficou feliz com a analise feita por Christopher.

– Seu pai foi colocar Annie no berço, podem ir que eu falo com ele – disse olhando firme para Elizabeth que sorriu abrindo a porta com agilidade.

– Estou levando um casaco.

– Nem precisa, esta tão quente, não é Chris? – provou Violet.

– Sim, vamos?

– Eu quero ir jogada atrás! – disse empurrando Elizabeth e abrindo a porta de trás.

Respirando fundo e sem olhá-lo caminhou ao lado dele até que Chris abriu a porta do carro para ela, respirando fundo antes de entrar no carro. O casaco estava jogado servindo de travesseiro para Violet.
Disfarçadamente olhou as pernas nuas de Elizabeth, que deixou mais carne amostra ao cruzar as pernas, respirou fundo novamente antes de por o carro em movimento. Assim que atravessaram o pub muitos olhares voltaram para os três.

– Peguem uma mesa pra gente, eu vou falar com o Pablo e já volto. – disse Violet deixando os dois para trás.

Apenas a mais afastada da entrada estava sendo desocupada, uma das atendentes limpava e logo se acomodaram.

– Já venho atendê-lo – disse maliciosa para Christopher, ignorando Elizabeth.

– Não pude dizer antes, mas esta linda. A pesar deste não ser o estilo de roupa que use...

– Estou vulgar?

– Não, não foi isso que eu quis dizer, quer dizer é que... são roupas adultas de mais e prefiro sentir sua pele – disse tocando a bochecha maquiada.

– Eu não sou mais uma criança, apesar de não ter idade...

– Parece muito chateada com isso. Quando tiver minha idade vai querer voltar à infância e eu nem cheguei aos vinte – brincou.

– Eu não vou me arrepender, é tudo o que mais espero...

– O que deseja? – voltou à garçonete. Destruindo o clima entre os dois.

– Uma pizza grande, metade frango com catupiri e... – voltou-se para Elizabeth.

– Calabresa. E uma pequena doce. Coca 2 litros, trás junto com a pizza. É só isso, pode ir agora. – disse rude.

– Ela quem manda! – brincou para descontrair.

A garçonete saiu espumando.

– Eu queria sua opinião em algo, sobre sua família e Violet. – disse esticando o braço sobre o banco.

– O que houve?

– Meu avô já morreu e minha avó não esta com a saúde das melhores... eu sou emancipado, meu avô escolheu assim antes de morrer... – Elizabeth descansou as costas sobre o encosto do banco, sentindo a pele do braço de Chris roçar em seus ombros desnudos. – se... se o pior acontecer, eu não terei como ganhar a guarda da minha irmã na justiça... acha que se eu conversar com seus tios, Rose e Emmett vão aceitar cuidar dela, pelo menos até que eu comece a estagiar, até lá ela já vai estar quase completando o ensino médio.

Toda a conversa que teve com sua mãe voltou de imediato, o medo a corroeu, vendo que Christopher já fazia planos para um futuro. Um futuro onde ela não estava incluída.

– Se eu falar com meus pais ela pode ficar na minha casa, eu sei que eles aceitariam...

Sua atenção foi capturada por um movimento em sua visão periférica, Violet mexia as mãos, sentada na mesa atrás, assim que teve a atenção da amiga, Violet fez sinal para que ela beijasse Christopher.
Meneou negando, voltou um sorriso nervoso quando Christopher viu seu olhar mudar, coçou a nuca suada e respirou fundo.

– Eu quero conversar com você, algo serio...

– Sou todo ouvidos – disse e Elizabeth respirou novamente.

– Então... quando me olha o que vê? Não me refiro a ser a amiga da sua irmã.

– Vejo uma garota linda que me orgulho de conviver. – respondeu confuso, tocando sua bochecha.

Violet assistia a cena com as mãos coçando de vontade de socar a cabeça dos dois, continuando a fazer sinais para Elizabeth que passou a ignorá-la. Suas mãos tremiam e se desesperou ao ver algumas das colegas de turma de Christopher e que pareciam caminhar para o pub. Temendo que sua tentativa fosse por água a baixo, tomou o rosto dele entre as mãos e beijou.

Era seu primeiro beijo, não sabia o que fazer, mas manteve os lábios pressionados sobre os de Christopher que parecia congelado, tamanha a surpresa. Com o desespero de ser correspondida, jogou-se sobre o colo másculo.

Segundos mais tarde a surpresa passou e sem perceber Christopher já estava retribuindo ao beijo, sentindo o perfume suave de gardênia acompanhado da pele quente. Sua consciência deixou de funcionar e tudo o que fez foi buscar por mais, enquanto Elizabeth se ocupava de repetir os movimentos dele.

As mãos pequenas correram para a nuca, tomando os fios cobres entre os dedos, sentindo as lagrimas umedecerem os olhos, escorrendo pela face. Apertou-se ao corpo musculoso quando sentiu as mãos grandes apertarem seu joelho e cintura. Memorizando o gosto da língua quente em sua boca, poucos segundos antes de Christopher sentir seu corpo reagir ao de Elizabeth e finalizar o beijo.

Os olhos fixos no outro, ele completamente confuso e sem saber como agir, já Elizabeth queria se jogar de cabeça em tudo o que sentiu. E se antes havia alguma duvida, por menor que fosse, a partir deste beijo ela sabia que ele estava irremediavelmente em seu coração.

– Eu te amo – sussurrou.

– Lizzie, isso... não pode acontecer – disse sentando-a no banco.

– Porque?

– Porque esta confundindo as coisas...

– Eu não estou, eu sei que o que eu sinto pro você é forte, é amo...

– Não é amor, Elizabeth. Alem disso... eu não sou bom pra você.

– Você me faz feliz.

– Você ainda é nova, quando tiver mais...

– Eu sei o que eu sinto por você – disse seria e irritada.

– Você não sabe. Eu não sou bom pra você, procure alguém da sua idade.

– Eu sou madura o suficiente para distinguir o que eu sinto e o que é bom pra mim e você é tudo.

Violet percebeu que uma discussão começaria e preferiu intervir, conhecendo os dois, sabia que o irmão não daria o braço a torcer, assim como Elizabeth não aceitaria ser tratada como uma criança que não sabe o que sente.

– A gente se fala Pablo! – disse alto para que ambos percebessem sua volta.

– Não pode fingir que não sentiu nada com essa beijo – rebateu Elizabeth, mordaz e sua frase foi como um tapa para Christopher que  inconscientemente percorreu sua mão pela ereção.

– Já pediram?

– Sim. – retrucou Elizabeth.

O clima pesado permaneceu entre os dois mesmo com Violet falando e fazendo coisas engraçadas, espirrando maionese na roupa da garçonete que se insinuou para Christopher, dando um sorriso debochado para Elizabeth.

Ela por sua vez, manteve o foco em cortar, mastigar e engolir a pizza. Em uma respiração profunda para manter as lagrimas presas em seus olhos. Fez todo o caminho de volta para casa em silencio. Já Violet viu uma nova chance, cutucando a amiga antes de fingir que dormia para dar privacidade aos dois, e uma nova oportunidade para a amiga.

Quando estacionaram em frente à casa, Christopher voltou um olhar para Violet, apenas para confirmar se a irmã estava mesmo dormindo. Respirou fundo olhando para Elizabeth que enxugava uma lagrima com uma mão e abria o cinto de segurança com a outra.

Não sabia mais o que fazer, voltou um rápido olhar para Christopher antes de abrir a porta. Sem dizer uma palavra saiu do carro. Alguns segundos passaram antes que ele fizesse o mesmo e corresse até ela. Segurando-a pela mão.

– Espera, nos precisamos conversar sobre isso, lizzie.. – buscava as palavras, não queria vê-la chorar, mas não queria afirmar que ficou confuso com o beijo – passamos tanto tempo juntos que você possa ter confundido as coisas. Mas ano que vem eu não vou estar aqui, então...

– Então eu vou morrer a cada dia, porque é tão difícil assumir que gostou do beijo? Sua boca fala uma coisa, mas seu corpo mostrou outra.

– Você entendeu errado, eu só fiquei surpreso. Você ainda é nova...

– Eu posso ser nova, não ter experiência, mas sei o suficiente – disse irritada se aproximando e deixando a mão espalmada pela barriga dele – sei como o corpo de um homem corresponde.

Christopher corou absurdamente, não imagina ter uma conversa como esta com Elizabeth, perdendo a fala e se sentindo péssimo por ter tido e por ter permitido que Elizabeth sentisse sua excitação.

– Não vamos nos provocar mais problemas? – balbuciou quando reencontrou a voz.  Segurando-a pelo braço e afastando-a.

– Não, – disse libertando os braços e segurando o pescoço musculoso – eu só quero uma chance – disse se pondo na ponta da bota para alcançá-lo.

Christopher permaneceu em seus pensamentos, relembrando o gosto do beijo, como foi bom ter o pequeno corpo sobre o seu e o perfume de gardênia que ainda embalava seus sentidos.

Um rápido filme com os prós e contras de se envolver com Elizabeth passavam por sua mente, meneou a cabeça se xingando por apenas cogitar se envolver com ela. Elizabeth segurou o choro ao ver a decisão nos olhos verdes, principalmente por não ser a esperada.

Segurou o choro e se jogou sobre ele, colando os lábios. Desta vez não precisou esperar para ser retribuída. Foi automático, assim que sentiu o toque macio e o corpo frágil de encontro ao seu, Christopher apenas retribuiu, apertando-a mais.

Nesse momento ele percebeu que seria complicado seu ultimo ano em Forks, ele não queria se afastar de Elizabeth, mas devia. Não a desrespeitaria dessa forma. Essas eram as palavras em sua consciência quando o beijo finalizou, se afastou devagar percebendo que já havia pressionado o pequeno corpo de sua lizzie na porta.

Não teve coragem de olhar os olhos azuis da jovem, apenas a visão parcial do corpo tremulo e a respiração descompassada foi o suficiente para ele.

– Isso... começa aqui e acaba aqui.

– Chris...

– É melhor entrar e se trocar, antes que seus pais apareçam – disse caminhando de volta para o carro.

Elizabeth acompanhou o andar, vendo o carro sair de quintal e sumir pela estrada. O clique da porta a vez recobrar os sentidos, para seu alivio era Bella, não esperou que a mãe perguntasse, apenas entrou seguindo em silencio para o quarto. Entrando e trancando a porta, jogando-se sobre a cama e chorando baixinho, até adormecer.

Tanto Edward quanto Bella tentaram tirá-la do quarto, mas ela só respondia que estava com sono, estudando. Prendia o choro e buscava manter o sofrimento escondido durante as refeições, onde era encurralada pelo pai e para não responder ao questionamento vestia um sorriso largo no rosto e descia para sentar a mesa com a família.

Já para o colégio seguia devagar, desta vez sem Violet e Christopher que não passaram para buscá-la, seguiu devagar. Pensando se insistiria ou não com Christopher, as palavras ainda martelavam, mas não sabia mais o que fazer.

– Oi, lizzie. Finalmente. Eu tentei te ligar, mas não me atendia e eu não pude sair, minha avó passou mal e o imbecil do Chris não estava em casa. O que vocês conversaram? – disparou Violet quando Elizabeth surgiu no estacionamento da Forks High school.

– Seu irmão foi educado na forma de me chamar de infantil demais para ele...

– Como assim? Eu vi um beijo, tenho certeza que vi e não tinha nada de infantil ali...

– Aquilo só foi o meu desespero e como esta sua avó?

– Melhor, mas e o que faremos agora?

– Eu... – as palavras sumiram quando seus olhos focalizaram em Christopher estacionando com uma morena no carona.

Os olhos azuis ficaram marejados quando viu a jovem levar o braço ao corpo de Christopher que carregava a mochila de ambos. Azul e verde se encontraram por poucos segundos, antes de Elizabeth desviar o olhar e começar a seguir para sua sala.

Durante longas semanas foi desta forma, Christopher manteve distancia, a cada dia aparecia com uma garota diferente. Violet desistiu de levar Elizabeth para estudarem em sua casa, pois sempre que seu irmão chegava do trabalho e encontrava Elizabeth, simplesmente se arrumava e saía. Via o sofrimento da amiga e se tornava furiosa com o irmão, enlouquecendo-o a cada nova oportunidade.

Em um dia atípico de Forks Elizabeth voltava sozinha da escola,sentindo os raios de sol esquentarem sua pele, ainda triste por saber que Christopher persistia com a rotina de trocar de garota como quem troca de roupa e por ele não ter aparecido no colégio, de cabeça baixa ia chutando alguma pedras pelo caminho, até avistar sua casa e paralisar com a visão.

Seus olhos se arregalaram e precisou de alguns segundos para se recompor antes de continuar o caminho, agradecida por ele estar de cabeça baixa  e não ter visto seu susto.

– Oi – disse por fim, ao estar em frente a Christopher.

– Oi... eu preciso falar com você – dizia nervoso, sentindo-se como um criminoso.

– Hm... vamos entrar – disse removendo a chave do bolso da calça.

– E seus pais?

– sempre sou a primeira a chegar. Meu pai almoça no restaurante do hospital agora que minha mãe não esta de licença maternidade, Annie esta com a vovó e o Charlie na escolinha...

Ambos entraram em silencio, Elizabeth tentava conter a alegria por vê-lo ali, mas temia o conteúdo da conversa. Queria abraçá-lo, mas conteve os braços, cruzando-os em frente ao peito. Christopher voltava os olhos pela casa, esperando Edward aparecer a qualquer momento.

– Eu queria conversar sobre o que aconteceu durante essas semanas.

– Veio me contar sua lista de conquistas?

– Não. Na verdade, eu venho me explicar. Essas semanas foram um inferno, eu não deveria ter permitido que nossos beijos acontecessem, mas a cada minuto eu me lembro deles. Você é inteligente o bastante para entender que isso – sinalizou apontando de uma para o ouro – não deveria acontecer e toda a dor de cabeça que teremos, que eu teria.

– Eu sei perfeitamente as consequências, e se tinha alguma duvida, minha mãe deixou claro.

– Merda, lizzie. Você contou para a senhora Cullen?

– Não contei dos beijos, só contei do que eu sinto por você.

– Como ela reagiu? – perguntou nervoso.

– Como você, agindo com descrença, achando que o que eu sinto não passa de um capricho...

– E será que não é isso, lizzie? – perguntou interrompendo.

– Como eu estava dizendo, eu expliquei meus sentimentos e minha mãe acredita em mim, sabe que eu jamais brincaria com algo assim.

Christopher sentou sobre o braço do pequeno sofá, passando as mãos pelos cabelos ruivos, revirando-os mais. Completamente confuso. Elizabeth se aproxima deixando a mochila no chão e escorre os dedos pelos fios, acariciando delicadamente a nuca dele.

– Porque não quer acreditar em mim? Nos meus sentimentos? – Christopher ergueu os olhos frustrados, firmando sobre os de Elizabeth.

As mãos enormes se posicionaram sobre a cintura fina, puxando o corpo de encontro ao seu. Se abraçaram com carinho, Christopher colou o rosto na dobra do pescoço, sentindo o perfume que tanto sentia falta.

– Eu fiz algumas coisas das quais me arrependo durante esse tempo após nossos beijos. Quero lhe contar antes de conversamos sobre nos.

– Eu não quero saber... – dizia tento uma leve noção do que poderia ser.

– Mas eu quero contar – disse afastando os rostos, apenas o suficiente para se olharem – eu estava me sentindo mal por ter gostado dos beijos, um pedófilo por sentir desejo por você – Elizabeth corou com o ultimo comentário. – eu...

– Se atracando com as garotas da sua idade...

– Não exatamente, serei franco com você Elizabeth. Eu não fiquei de beijos e abraços com nenhumas delas. Eu despejei minha frustração por ser afetado por você... transando com todas que apareceram na minha frente. – disse constrangido por falar de sexo com ela que corou, mas desta vez de raiva, ódio a corroía ao saber que outra esteve tão intimamente com ele.

– Porque esta me contando isso?

– Porque eu estou louco, pensando em você a todo o momento, seu gosto, sua pele, seu perfume não foi embora e me sinto sujo por sentir isso, me sinto sujo por ter transado com elas pensando em você. – disse deslizando o dedão pelo lábio carnudo de Elizabeth que beijou seu dedo inocentemente. – você é fisicamente desenvolvida, tem mais corpo que muitas garotas da minha idade, mas é tão novinha...

– Isso realmente importa?

– Elizabeth... o que imagina que sua família falaria se descobrisse?

– Eu gosto de você e eles terão de aceitar... mas tenho a impressão que não é isso que te preocupa, até porque sempre respondeu meu pai...

– E não é, minha questão é que estou envolvido com... sei de toda a merda que vai acontecer e se no meio você resolver que não vale apena? Que era só um capricho?

– Não é.

– Tudo bem, o mal já esta feito...

– Espera, isso significa que vai nos dar uma chance? – pedia com a voz alta e alegre.

– Não consigo fingir que não me afeta, menina. – a forma com que a palavra ecoou pelos lábios de Christopher deu um novo significado, uma nova intensidade e seu coração galopou em seu peito. – mas há um grande problema... eu já vou completar a maior idade, você ainda esta com 13...

– Vou completar 14 em alguns meses...

– Quando mencionarmos sobre nosso namoro sabe o que vão pensar?

– Imagino...

– E sabe que seu pai, que já não vai com minha cara, logo vai pensar que só quero me aproveitar de você – disse as ultimas palavras após pensar.

– Sei, mas quando meu pai ver que nos gostamos e que não é sobre sexo...  – Elizabeth pensou finalmente sobre a questão. Era nova de mais e mesmo com o corpo desenvolvido e completamente apaixonada por Christopher não se sentia bem para tal passo e o simples fato de que durante essas semanas afastados ele teve uma garota diferente a cada pares de dia a deixou apreensiva. – eu... e eu nunca fiz nada, Christopher...

– Eu sei Elizabeth, estou acostumado a ter... relações, mas você é diferente e não quero apressar nada. Já estou errado em muitos aspectos, quero seguir corretamente os que forem possíveis, começando por não cobrar isso de você, faremos quando você quiser e se sentir bem o que não vai acontecer por um longo tempo e... conversando com seus pais.

– Você... vai me pedir em namoro?

– Sim, hoje mesmo se possível.

Elizabeth olhou admirada para Christopher, colou seu corpo ao dele e sem conter a alegria o beijou. Apesar das mãos grandes estarem firmes na cintura fina e as de Elizabeth enroscadas na nuca e queixo de Christopher o beijo era quente, as línguas se tocavam em descoberta e Elizabeth sorria entre o beijo, nadando em todas as emoções.

A porta foi aberta sem que o casal percebesse e tanto Bella quanto Edward estacaram ao ver a cena. Bella completamente sem reação, segurando a mão de Charlie que olha a cena com nojo, mas em silencio.

Enquanto Edward acordava do estupor aos poucos, de acordo com o caminho que seus olhos percorriam na visão da filha abraçada a um cara com o dobro de seu tamanho, as mãos enormes cravadas na cintura e subindo para a nuca.

Quando seus olhos focalizaram a inibição de línguas sua ira foi ao recorde, socando a porta ainda aberta, chamando a atenção do casal que se separou, o rosto de Elizabeth foi perdendo a cor até alcançar o branco e depois vermelho ao extremo, e depois empalideceu ao sentir Christopher em suas costas.

Edward ia alterando entre os tons, começando com vermelho sangue até alcançar um tom próximo de roxo, as mãos em punho e deu um passo em direção aos dois, Elizabeth se pôs em frente a Christopher ao ver o ódio do pai direcionado ao jovem.

– Charlie, vai pro quarto, meu amor! – disse Bella segurando Edward.

– Mas, mamãe...

– Sem “mas” suba agora e vá se lavando. Edward, respira. – as simples palavras fizeram Edward encontrar a voz.

– Eu vou matar você, seu safado! – gritou avançando sobre Christopher.

– Não pai! – o pedido de Elizabeth não foi ouvido, Edward apenas a puxou pelo braço jogando-a de encontro a Bella.

– Eu não sou nenhum safado, não tem o direito de me tratar assim! – rosnou Christopher de volta, no mesmo tom que Edward.

Em momento algum Christopher se pos em ataque como Edward, mas não recuou um passo se quer, pelo contrario, deu dois passos adiante imitando o sogro.

– Como quer que eu lhe trata? – rosnou com o rosto próximo de Christopher, ambos se mediam, enquanto Elizabeth chorava desesperada sem saber o que fazer, temendo que os dois trocassem socos.

– Eu respeito Elizabeth....

– Respeita? – debochou segurando o rapaz pela gola da camisa e empurrando de encontro à pilastra que dividia a sala da cozinha e copa. Christopher olhou com raiva para Edward, sabia exatamente como se livrar do aperto, mas não faria por respeito a Elizabeth. – eu pego você atracado com minha filha de 13 anos, dentro da minha casa, sozinhos? O que um cara da sua idade ia querer com uma criança?

– Edward, por favor?

– Pai, para! Eu não sou uma criança! – dizia correndo segurando os pulsos do pai. – solta ele, papai?

– Vai para o seu quarto agora Elizabeth, tira ela daqui, Bella. Agora – gritou mantendo os olhos sobre Christopher.

– Não!

– Vamos filha, será melhor.

– Não, mãe. O papai...

– Eles vão conversar, me ouça. – disse Bella puxando a filha para um dos quartos no mesmo andar.

– Você vai ficar longe da minha filha. Eu não gostava de você como irmão da Amiga dela e não será com genro que vou gostar, ficou claro? – disse fazendo o corpo do jovem bater na pilastra. – eu conheço você muito bem, não quero minha filha no seu histórico. Ela não é como essas adolescentes vagabundas que você conquista e joga fora, entendeu?

Christopher apenas riu em escárnio. – jamais trataria Elizabeth dessa forma. Se me conhece bem como diz, sabe que não enganei nenhuma delas – Christopher odiava ser tratado como estava e fazia apenas irritar a pessoa e faria o mesmo com Edward – o senhor é tão homem quanto eu e não digo não ao que me é oferecido.

Neste instante Edward desferiu um soco, acertando perfeitamente a lateral do rosto de Christopher que automaticamente revidou, acertando Edward na lateral da boca.

– Quando me interesso por alguém, levo o relacionamento a serio. Elizabeth é muito importante para mim. Daria minha vida por ela – gritava se afastando de Edward, que removia as gotas de sangue, para não continuar com a agressão mutua – eu não quero me sentir mal por estar apaixonado pela sua filha. Eu a amo e farei de tudo para tê-la feliz ao meu lado e não será o senhor que irá atrapalhar, eu a quero e não vou desistir dela. – gritava enfurecido.

– Some daqui... – gritou de volta.

– Eu não vou até o senhor me ouvir e entender que eu amo e respeito sua filha.

– Vai continuar amando com ela na escola, enquanto tiver universitárias ao alcance da sua cama?

– O senhor sabe que se o que sinto fosse tesão há outras por ai que me dariam fácil e não me trariam tanta dor de cabeça como sei que passarei com Elizabeth. Eu quis conversar com ela, marcarmos para que eu conversasse com vocês.

– Minha filha merece coisa melhor.

– Eu sei disso, por isso vou buscar ser o melhor a cada dia.

As vozes já não eram alteradas e Elizabeth temia pelo silencio, olhava para Bella aflita, implorando para que libertasse seu braço. Quando o silencio perdurou por muito tempo, apenas libertou-se dos braços maternos com rudez, correndo até a porta atravessando o corredor.

– Ou me aceita como namorado de Elizabeth convivendo em sua frente ou nos encontraremos e namoraremos as escondidas, seja enquanto estudo aqui ou quando eu for para a faculdade? O senhor decide.

Elizabeth jogou-se sobre Christopher. Seu choro rompeu ao ver que ambos continham marcas no rosto, o pai com a boca cortada e Christopher com uma mancha de sangue na maça do rosto.

– Por favor, papai?

– Elizabeth, cuidado ferimento de Christopher. Não saiam daqui, vem Edward.

– Não. – disse indo até os dois.

– Vamos conversar, Edward e cuidar desse corte, eles não vão a lugar algum. – disse puxando-o novamente.

– Eu não vou aceitar isso, Bella! Ela é só uma menina e ele... ele não perde a oportunidade de se enfiar entre as pernas de uma garota.

– Ele gosta de Elizabeth...

– Claro que gosta, tirando obviamente a irmã, Elizabeth deve ser a única garota de Forks High School que ele ainda não transou...

– Edward? Ele enfrentou você, revidou um soco e muito bem revidado, diga-se de passagem – disse abrindo a maleta e primeiros socorros.

– Porque esta agindo com tanta naturalidade? Por acaso sabia disso? – perguntou irritado.

– Sei dos sentimentos de Elizabeth.

– E não freou isso?

– Elizabeth sempre foi uma criança mentalmente avançada, mesmo que não tenha idade é extremamente madura, esta descobrindo o amor, precisa aceitar que ela já não é só nossa bonequinha.

– Eu sei que Elizabeth não seria criança pra sempre, cada dia mais parecida com a mãe, ganhando corpo de mulher, mas precisava ser com esse predador? Sabe que é assim que os pais de meninas o chamam? Que os médicos e enfermeiros que tiveram filhas seduzidas me avisaram para manter os olhos nele? Foi o que eu fiz!  E o que eu encontro? Os dois atracados no sofá da nossa casa, sozinhos. Ela poderia ter uma paixonite por outro!

– Tem certeza? Uma paixonite por algum garoto da idade dela com hormônios em ebulição? Loucos para contar vantagem com os amigos? Com essas apostas estúpidas de quem pega mais, quem alisa quem? Quem transa primeiro? Infelizmente, Edward. Nos tempos em que estamos é quase um milagre nossa filha não ter corrido atrás de garotos e ser virgem.

– Devo ficar feliz por ela trocar moleques que gozam nas calças por um que sabe fazer ela gozar? Com ele nela? – disse com nojo.

– Céus Edward! Você esta se ouvindo? Nos sabemos quem é Christopher! Conhecemos o caráter dele, claro que ter transado com boa parte da ala juvenil de Forks é um peso contra, mas sabemos como ele sempre respeitou Elizabeth. Vamos dar uma chance? Proibir será muito pior.

Edward permaneceu em silencio por muito tempo, sabia do que Christopher era capaz e por obstáculos nunca impediu que ele alcançasse suas metas e Elizabeth era sua nova meta.

– Tudo bem, provavelmente esse interesse termine após a distancia e algum tempo com universitárias. – disse com desprezo.

– Doeria menos se aceitasse que sente orgulho da determinação e caráter de Christopher, ele é um rapaz incrível, mesmo com tudo o que passou. Vamos?

Se aproximaram devagar da sala, escutando a conversa do casal, Elizabeth sentada sobre o braço do sofá, as pernas sobre as de Christopher que a abraçava.

– Eu não quero te prejudicar...

– Não esta me prejudicando, eu demorei a tomar uma decisão, a encarar o que eu sinto por você. Agora eu não vou abrir mão de você. Que venha seus pais, a distancia faculdade o que for, só vou me afastar se você desistir...

– Nunca.

– Então... acha que o sua mãe consegue fazer meu sogro aceitar e me desculpar pelo soco?

– Elizabeth e Christopher – disse Edward de forma imperial. Ambos se ergueram com rapidez, mas Christopher segurou Elizabeth pela cintura – não estou nenhum pouco contente com esse envolvimento e completamente desapontado com você – disse a ultima parte olhando firme para Elizabeth.

– Pai...

– Ainda não terminei, ficou claro que o que eu penso não lhe importa mais. Não quero prejudicar Violet e a avó de vocês, colocando-o na cadeia. Sem opções vou ter que engolir esse namoro, mas isso não significa que eu aprovo.  E quanto a você, garoto, o que eu puder fazer pra tornar sua vida difícil eu vou fazer e se tentar se enfiar entre as pernas da minha filha eu te castro.

– Eu vou cumprir com cada promessa que fiz, senhor Cullen.

Rapidamente a noticia do namoro de Elizabeth se espalhou pela família e por Forks, no colégio todos voltavam os olhos admirados e irritados pelo novo casal, as garotas invejavam Elizabeth por conseguir ser namorada de Christopher, principalmente após se espalhar a noticia dos socos trocados por ele e Edward.

Os meses foram passando, o namoro mostrando raízes, Edward começava a digerir a noticia, mesmo com desconfiança, esta que ficou clara após marcar exames de dois em dois meses para Elizabeth, tudo como forma de ter a certeza sobre a não vida sexual da filha.

Fato que deixava Elizabeth mal e magoada com o pai, mas após uma longa conversa com Christopher aceitou a desconfiança do pai. Os meses passavam e com ele a saúde da avó de Violet e Christopher só piorava. Desta forma com o auxilio do advogado da família, Edward e Bella receberam a guarda provisória de Violet com todo o apoio da avó que viera a falecer nas férias de inverno.

Violet se mudará para a casa dos Cullens nos primeiros dias de janeiro, a grande propriedade que moravam está no nome de ambos e quando as aulas voltaram a família Cullen já havia encontrado inquilinos para alugarem a casa, levando Christopher a morar com Esme e Carlisle.

Cada segundo fora da sala de aula era aproveitado por Elizabeth que passou a frequentar mais vezes a casa dos avós. Cada hora era bem gasta, uma divisão de beijos caricias, estudos, conversas e abraços.
Christopher estava cumprindo com o prometido, o dinheiro ganho com os inquilinos estava sendo depositado em um fundo conjunto com a irmã, trabalhava com Esme em suas criações para ficar ao lado de Elizabeth e estudava com afinco, mas com a proximidade de junho, vinha o fim do ano letivo, a formatura de Christopher e logo a mudança para uma faculdade.

– Eu vou sentir tanto a sua falta...

– Não vai, não.

– Será aceito em varias faculdades...

– Eu vou para Seattle. O quanto mais próximo eu conseguir, melhor.

– Mas deve estudar na melhor do seu curso.

– O bichinho da medicina me mordeu... e Seattle tem um ótimo campus. – disse mordiscando os lábios vermelhos.

– Eu vou fugir pra cá...

– Porque?

– Eu quero ficar ao seu lado, mas desde que veio pra cá, meu pai não me deixa dormir na vovó.

– E o que quer fazer aqui? Me acusar de roubar sua virtude? – brincou deitando sobre o corpo delgado e beijando-a de forma provocativa – se seu pai soubesse que quem vive no cio nessa relação é você, ele teria pena de mim. – sussurrou quebrando o beijo ao ouvir o gemido.

– O que espera de uma jovem com hormônios sobrando, com um namorado lindo, sexy e mal consigo um amasso? Não gosto de ficar na imaginação com tudo isso a disposição.

– Você é uma novinha fogosa, isso sim. – disse se erguendo e sentando-a sobre seu colo. Elizabeth deslizou as pernas em torno de seu quadril. – e ainda vai me colocar em maus lençóis, literalmente.

Elizabeth corou, sentia o sangue ferver ao imaginar como poderia ser, mas quando imaginava os ataques do pai desistia rapidamente.

– Papai tá chamando os dois – disse Charlie ao lado dos dois.

– Nos já vamos – retrucou abraçando o namorado, beijando suavemente. Christopher notou que o pequeno permanecia ao lado dos dois.

– Já pode ir pequeno Cullen.

– Não. Papai mandou buscar os dois e vou voltar com os dois. E meu nome é Charlie Swan Cullen, não isso ai que falou.

– Não sei qual dos dois é mais empatafoda. – retrucou Christopher baixinho.

– Sem esquecer da Annie...

– Roubei o coração das filhas do homem que me quer castrado – disse se erguendo e abraçando-a pelos ombros – sou ou não sou o fodão da área? – brincou beijando sua cabeça.

...


– Ele não vem... eu não quero mais isso. – dizia Elizabeth com olhos marejados removendo a tiara dos cabelos ricamente modelados.

– Como assim? Fala serio, lizzie... – Violet espumava ao lado da cunhada – e claro que Christopher vem. Vamos debutar juntas!

– Querida, já explicamos que houve um problema com o voo dele, mas ele disse que viria nem que fosse a pé! – Bella tentava acalma a filha vestida como uma princesa para seu baile de 15 anos.

– Mas teve tantos dias para ter essa viagem...

– Congressos são assim querida, não mudam de data...

– Estão prontas minhas princesas? – perguntava Alice, entrando com Rosalie ao lado.

– Eu não vou...

– Vai sim, senhora. Não fará essa desfeita com seu pai – Bella disse mais seria. – você ainda trocará de vestido, terá tempo de sobra para Christopher chegar. Agora desça e quando ela voltar para se trocar, você desce Violet.

– Sim senhora. – respondeu rápido assustada.

Elizabeth descia as escadas lentamente, tentando manter as lagrimas dentro dos olhos, sorrindo ao ver o pai ao fim da escada, Edward estava admirado com a beleza da filha.
O olhar idêntico ao da mãe, os cabelos em cachos largos enlaçados por uma tiara que prendia os cachos em perolas, o tom em uma confusão de loiro e cinza a pele clara e delicada com uma maquiagem leve realçava o rosto fino.

– Está linda, filha. A cada dia mais parecida com sua mãe. – disse tomando a mão enluvada entre a sua.

– Obrigada, papai.

Edward seguiu pelo salão apresentando a filha aos convidados e familiares, antes de seguir até a pista de dança onde bailou com a filha.

– Porque esta com essa carinha triste?

– Desculpe...

– Então? Me diga?

– Ele não vem, pai.

– Christopher?

– Meu namorado e príncipe não chegou até agora...

– Ele não seria louco, bonequinha. Ele te ama e bem, se ele não aparecer... eu vou atrás dele e castro ele antes de matar!

– Muito animador, pai.

– Vamos lá anime-se, ainda tem muito o que dançar hoje...

– Todos querem dançar comigo?

– Sim.

E assim foi feito, Elizabeth foi passando de braço em braço, cada homem da família dançou com a aniversariante, incluindo Henry e até Charlie com seus seis anos exigiu valsar com a irmã.
Logo após encerrar as valsas com Charlie, Edward acompanhou a filha de volta a pista onde havia uma cadeira com o trono do filmes infantis da Disney. Edward acomodou a filha e se ajoelhou em frente a ela, desamarrando a sapatilha prateada e colocou um Scarpin preto. Ao mesmo tempo em que Bella removia a tiara e perolas, libertando os fios.

Apenas uma pequena parte do consciente de Elizabeth percebeu esses detalhes, seus olhos giravam em torno dos convidados que admiravam a cena, tendo flash disparados por todos os lados.
Não encontrando Christopher entre eles, suspirou estendendo a mão para a do pai a sua frente, que beijou sua testa e foi guiada por sua tia para a troca de vestido, enquanto Violet apontava no topo da escada.

Elizabeth queria saber o que seria da amiga, já que quem valsaria com ela seria Christopher, mas não o viu no salão. Não pode ver o que acontecia, já que sua tia trancava a porta.

– Não chore Elizabeth...

– Onde esta a mamãe?

– Ocupada com algo muito importante.

– Quem vai dançar com Violet?

– Não se preocupe, ela esta muito bem acompanhada.

– Ela vai matar ele e eu mato ele também – disse furiosa enquanto sentia o vestido de princesa ser removido de seu corpo e o um longo e rodado vestido vermelho ser posto em seu corpo.

Tempo suficiente para que Violet finalizasse a valsa e entrasse sorrindo no quarto. Antes que Elizabeth tivesse oportunidade para perguntar algo, Rosalie a arrasta de volta ao salão, entregando-a Edward.

Desta vez com o vestido vermelho, rodado, os cabelos mais soltos, salto alto e maquiagem mais pesada, Elizabeth parecia uma mulher, não a princesinha de minutos atrás.
Valsaram mais uma vez no centro do palco, Edward removia a lagrima que escapou. Beijando a testa da filha começou a se afastar, Elizabeth fechou os olhos, agora chorando. A musica havia mudado.

– Pai? – não foi respondida, mas sentiu um beijo sobre sua lagrima.

– Espero que se contente comigo, meu sogrão foi cuidar da Annie.

Elizabeth abriu os olhos e seu coração bateu violentamente em seu peito. O sorriso já estava rasgando a face. Seus olhos percorreram o namorado, os cabelos ruivos bagunçados, usava um blazer escuro, uma camisa social e uma calça jeans de lavagem clara, destacando as pernas grossas e um sapatênis.

– Sei que não estou vestido como manda o figurino, mas foi o melhor que dona Bella pode fazer...

– Você veio... – disse soluçando, jogando os braços em torno do pescoço másculo.

– Eu jamais faltaria, minha menina – disse de forma maliciosa, beijando o queixo delicado, arrancando uma gargalhada. – Violet me esquartejaria e eu não me perdoaria – disse enlaçando o corpo pequeno ao seu.

Começou a cantarolar a letra da musica, fazendo-a sorrir, girando-a algumas vezes, esquecendo de onde estavam e que tanto a família como amigos e conhecidos olhavam a cena.
Elizabeth continha os sorrisos enquanto afagava a nuca de Christopher que continuava a cantar puxando os cachos deixando rastros de beijos molhados pelo pescoço exposto.

– My girl, my girls – cantarolou recebendo um sorriso e depositou um beijo suave sobre a ponta do nariz, mas Elizabeth queria mais, inclinou tomando os lábios entre os seus, um beijos que começou lento e delicado e tomava novas proporções a cada segundo, até acabarem ofegantes junto com a musica. – eu te amo, minha menina.

Assovios e gritos foram ouvidos, trazendo-os de volta ao mundo real, fazendo-a corar ao ver sua família admirando a cena. Desceram do palco quando muitos outros amigos e familiares subiam para dançar de acordo com o Dj.

– Eu disse que ele viria. – disse Bella abraçando a filha.

– Quando vi que o voo estava atrasado quase enlouqueci. Por sorte a estrada de Seattle a Forks estava quase deserta, nunca corri tanto na minha vida.

– Alice já entrou em contato com a agencia e vão enviar suas malas para o campus.

– Vem, eu quero aproveitar o máximo de você. – disse Elizabeth arrastando-o para a varanda, onde permaneceram entre beijos e amassos escondidos de todos. – Hoje você vai dormir aqui e vai pro meu quarto.

– Não é uma boa ideia, apesar de ser muito tentadora... ainda me lembro da ultima vez...

– Meu pai vai se acostumar que durmo melhor do seu lado do que sozinha, se você não for, eu vou.

– Você não é louca.

Ele não acreditou, mas Elizabeth cumpriu a promessa. Após ouvir um rosário de Edward sobre Christopher ir dormir na casa de Rosalie e Emmett, Bella havia o convencido que não era preciso, pelo simples fato de Violet e Elizabeth dividirem o quarto e Violet ser territorialista quanto a sua cama. Em seu grande quarto, Elizabeth ouvia o ressonar de Violet e de Annie. Podia ouvir os cochichos dos pais,apesar de não entender o que falavam.

Edward completamente em alerta, duvidando que Christopher permanecesse no quarto, enquanto Bella o acalmava e pedia para confiar na filha. Alguns minutos passaram até que Elizabeth se ergueu, andando na ponta dos pés. Já abria a porta quando Annie se moveu.

– Izzi?

– Oi princesa?

– Onde vai?

– Vou beber água...

– Não vai não, vai ver o topher? Leva eu? – apavorada com a percepção da irmã, voltou até ao lado de Annie.

– Fica aqui que eu vou buscá-lo pra dormirmos aqui. Você espera, quietinha? – Annie abriu os olhos azuis atentos, sorrindo e voltando a fechar os olhos.

Com passos sorrateiros caminhou para fora do quarto, vendo uma fraca luz pela fresta da porta do quarto dos pais que para sua alegria esta fechada, com ouvidos apurados pode ouvir batidas, reconhecendo o barulho da cama batendo contra a parede e ouviu alguns gemidos baixos.

Sua face se contorceu em nojo, não é nada confortável ter em sua mente os sons de seus pais transando, tapou os ouvidos agradecendo mentalmente por sua mãe estar distraindo seu amado pai ciumento e andou com passos de pluma até o quarto em que Christopher estaria, no final do corredor, o mais distante possível do seu.

Girou a maçaneta devagar, entrando no quarto iluminado por dois abajures.  Christopher retribuía o mesmo grau de implicância do sogro, mantendo-se em um sono leve. Ouviu a porta ser aberta e manteve os olhos atentos ao pequeno corpo que invadia seu quarto.

– Quer mesmo que seu pai me castre, Elizabeth? – sussurrou quando a viu caminhar para a cama.

– Eu disse que viria se você não fosse até mim... – disse puxando o cobertor e afundando sobre o corpo quente e forte.

– Eu não estou vestido...

– Eu não me importo.

– Mas meus sentidos, sim.

– Eu quero ficar com você.

– Eu também, princesa, mas não precisa ser agora. – disse sentando e procurando por sua cueca.

– Não, eu me sinto preparada para... darmos o passo.

– Não brinca Elizabeth...

– Não estou... eu te amo, confio em você... estamos a quase dois anos namorando... sei que mesmo na faculdade, com todas as universitárias safadas, você é fiel.

Christopher permaneceu estudando as feições de Elizabeth que mordia os lábios em nervosismo, voltou a deitar, deixando a cueca de lado. Com delicadeza acomodou seu corpo sobre o de Elizabeth. Sentindo seu membro enrijecer, moveu o quadril levemente e sentiu o corpo pequeno tremer.
Virou sentando na cama e pondo-a sobre seu colo, as mãos desceram para a costura do pequeno short do pijama, descendo junto com a calcinha. No silencio do quarto e com suas peles se tocando, Christopher podia ouvir as batidas frenéticas de Elizabeth.

Elizabeth apenas ouvia o sangue pulsando em seus ouvidos, sua respiração descompassada ao sentir a carne quente e cachos tocando a curva de sua bunda, inclinou o corpo sobre o peito másculo.

– Senti? – a pergunta feita em voz rouca a fez gemer.

Sabia exatamente ao que Christopher se referia. Sentia com exatidão o membro rígido tocar seu sexo, mordeu os lábios ao sentir a mão grossa descer por sua virilha, gemeu alto tendo um tremer percorrendo seu corpo com o toque da glande quente em seu sexo.

Rapidamente Christopher lhe cobriu a boca com a outra mão, desejava essa momento por anos, exercia seu auto controle, mantendo o foco para apenas deslizar o membro pelo sexo quente de Elizabeth.

Inclinou o corpo permitindo que seus lábios tivessem acesso ao pescoço. Lambendo a pele exposta no mesmo momento em que permitia seu membro roçar e encaixar na entrada molhada de Elizabeth.
Elizabeth gemeu novamente ondulando o quadril, fazendo a glande entrar alguns centímetros, sentindo certa dor. Christopher libertou o membro e segurou firme os quadris de Elizabeth, libertando os lábios arfantes e pondo a mão em concha sobre o sexo dela.

– Viu como não esta na hora?

– Você me deseja, nos amos...

– E você esta com medo. Esta irritada pelas imposições do seu pai. Eu estou sem sexo desde que começamos a namorar, eu não morri e nem vou morrer por isso. Não precisa temer que eu a traia. Eu te amo de mais.

– Eu quero pertencer a você.

– E você vai, mas não precisa ser agora. – disse ajudando-a a por a roupa novamente e buscou por sua cueca. Elizabeth mantinha os olhos sobre o ereção indisfarçável de Christopher, era a primeira vez que via.

– E quando será?

– Quando for a hora, nos temos muito pela frente, quero conhecer cada parte sua, me preparar e moldá-la  para quando for o momento.

– Como faremos isso?

– Com toques – dizia deslizando o dedo por dentro do tecido fino da blusa do pijama – com beijos – disse tocando os lábios vermelhos com a ponta da língua, – com intimidade. – disse a ultima parte subindo o tecido e deixando os seios fartos a mostra, tocando o mamilo com a língua quente, sugando com vontade.

Elizabeth suspirava de olhos fechados, apreciando a caricia. – você promete?

– Prometo, minha menina. Temos todo o tempo do mundo. – sorriram cúmplices antes de se beijarem com ardor.

Edward acordou sonolento, Bella dormia pesadamente esparramada sobre a cama o corpo nu completamente a mostra, o conhecimento que a esposa estava apenas o distraindo sempre passou por sua mente, mas a tentação do corpo nu e curvilíneo vibrando de tesão sobre o seu, fazendo seu membro latejar, dificultou completamente sua missão de levantar e montar guarda na porta do quarto da filha.

Cobriu o corpo a mostra, se erguendo e buscando por sua calça, quando já se preparava para abrir a porta, Bella despertou.

– O que foi, Edward?

– Vou conferir se o plano de vocês deu certo.

Bella piscou confusa e alguns segundo depois entendeu o que Edward disse, levantando rápido e jogando a camiseta dele sobre o corpo nu. Enfiando a calcinha nas pernas com dificuldade ao ver Edward parado no corredor com as mãos em punho.

Caminhou até o lado do marido, vendo a porta do quarto de Elizabeth aberta, Annie dormia atravessada no berço especial para que fosse apoiado ao lado da cama da irmã, enquanto Violet dormia na cama king do outro lado.

Mas a visão que paralisou Edward foi Elizabeth abraçada a Christopher. A visão do corpo pequeno da filha, sendo ainda mais diminuto ao estar abraçada por Christopher trouxe sangue aos olhos de Edward, o lençol cobria parcialmente as pernas de ambos.

Bella se aproximou ao ver um brilho no dedo de Christopher, estendeu uma mão para Edward, forçando-o a ver o mesmo que ela. A mão firme que amparava a cabeça de Elizabeth continha uma aliança grossa, mesclada entre prata e ouro, uma mesma versão, mas ainda mais delicada também estava na mão que Elizabeth mantinha espalmada sobre o peito desnudo de Christopher.

– O que esse predador pensa que vai conseguir – rosnou baixo.

– Predador Edward? Ele já virou um cachorrinho adestrado faz tempo. Isso no dedo de Elizabeth foi o motivo para o atraso de Christopher.

– Você sabia disso?

– Claro que sei, eu sou a mãe deles. Sempre sou cúmplice, essa é a minha função. – disse abraçando o marido que a olhou atravessado antes de voltara olhar o casal dormindo.

– Ele não vai desistir...

– E você deveria dar o braço a torcer, ele a ama e a forma que se olham...

– É a mesma que nos olhamos, vou ter que aturá-lo pelo resto da minha vida...

– Sim, ele me confidenciou que assim que Elizabeth se formar pretende pedi-la em casamento. Quer minha ajuda para amansar o sogro rabugento e ciumento.

Edward respirou fundo – é melhor eu começar a me acostumar com isso.

– Pai? – viraram encontrando Charlie sonolento entrando no quarto, esticou os braços pedindo colo – minha barriga tá doendo.

Edward voltou um rápido olhar para as filhas dormindo, vendo Annie despertar e se aproximar da irmã que sonolenta virou puxando a menina para seus braços, com Christopher abraçando as duas com delicadeza e beijando a testa de Elizabeth.

Olhou novamente para Bella que sorria para a cena, seus olhos se encontraram e não fora preciso o uso de palavras, eles diziam tudo. Deixaram o quarto, fechando a porta.

Orgulhosos de suas conquistas, da família formada e encaminhada. Uma felicidade plena que não haveria obstáculos e só tendia a perdurar.


Notas:
Foi um grande prazer finalizar esta estória, que eu já amava acompanhar e espero ter  agradado com o rumo que escolhi, assim como espero ter conquistado alguns de voces continuem comigo em minhas estórias.um grande beijo!

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