quinta-feira, 14 de março de 2013

EVEOM - Capitulo 3

Entre você e o mar
capitulo - Lutando

Acordei desorientada, não reconhecendo o lugar em que estava, minha cabeça doía, levantei devagar, tentando me situar, ate que a compreensão chegou em minha mente. Eu estava deitada na cama da Renée. Ela não esta em lugar visível para mim, levantei devagar e senti a cabeça girar, havia uma pequena bandeja com biscoitos e uma pequena bolsa térmica com suco.

Tomei um copo cheio de suco e comi alguns biscoitos, meu estomago deu um sinal em contentamento. Após me saciar segui para seu banheiro, por sorte ela também tem um no quarto e não precisarei passar por seu padrasto. Me arrastei ate a pia e me assustei-me com o estado que me encontro, meus olhos vermelhos de mais, fazendo o tom amendoado parecer sangue. Suspirei e preferi não reparar em outros erros, abaixei a cabeça reprimindo o choro. Então pude ver um bilhete da Renée.

Tive que resolver um assunto, pretendo não demorar, vou trazer roupas mais adequadas pra você e comidas saudáveis, use uma peça minha, acredite: eu tenho peças aceitáveis par você!

Suas palavras e cuidados eram as únicas alegrias em minha vida. Fui ate seu closet e peguei uma blusa de manga e uma calça jeans, ficou um pouco justa, mas poderia esperar ate ela voltar, não pretendo sair do quarto mesmo! Entra as sacolas que trouxemos haviam calcinhas novas para mim. Segui par ao banho agradeci a agua morna em contato com meus nervos em frangalhos.

Penteei com lentidão meus cabelos, tentei não lembrar de nada, não pensar em nada e foi impossível. As palavras deles... Renée entrou alguns minutos depois. Sorriu para mim e veio prender meus cabelos. Seguimos para o quarto onde havia um bule com um café fumegante e pães. Mas o que realmente chamou minha tenção foi o cartão com um comprovante do lado.

– Eu entrei em contato com seu irmão...

– Porque? – viro enraivecida por ela tomar essa decisão sem meu consentimento.

– Porque eu te conheço? Porque eu sei que não vai falar com seu irmão!

– Isso era assunto meu...

– Nosso! Você é minha amiga e não vou deixar que ferre ainda mais sua vida por medo! – disse alterada.

– Como conseguiu entrar em contato com ele?

– Peguei o numero na sua bolsa! – disse nos servindo do café.

Olhei seus gestos, ainda continuo irritada por seu atrevimento, mas esta claro que ela fez para o meu bem, principalmente que ela me conheci e acertou quando disseque eu não iria ao meu irmão. Resignada, sentei em sua cama e sorri para mostrar, mais uma vez. Que ela esta certa. Ela sorriu e me estendeu a sacola de uma marca desconhecida por mim. Tirei um lindo vestido de cetim, rosa com mangas longas. Voltei para o banheiro e coloquei.

– Venha se alimentar, seu irmão deve chegar amanhã, então podemos preparar nossa viagem! Eu não vou ficar longe de você e também.... completo maior idade amanhã! – disse sorrindo presunçosa. Com todos esses problemas me esqueci.

– Sou uma péssima amiga! Nem lembrei do seu aniversario! – resmungo.

– Eu quase esqueci – disse em espanto – se não fosse o bate boca com meu padrasto e ter conversado com seu irmão.... vê? Ate parece que vou ficar longe de você...

– Então precisamos achar sua mãe – ela fechou a cara na hora – Charlie não aceitará leva-la nem na esquina sem conversar com sua mãe!

– Ele que não se atreva – disse erguendo o queixo – eu rasgo as bolas dele! – disse espetando com violência seus ovos mexidos.

Comemos sem comentários adicionais, Renée terminou primeiro e eu permaneci comendo, olhando-a dançar pelo quarto, ela separava as melhores roupas, enquanto me fazia perguntas sobre Lisboa. Sobre o clima, as pessoas. Ela tem a certeza que meu irmão não surtaria, não me renegaria e principalmente nos levaria para Lisboa com ele.

Mas o principal, a cada minuto ela lançava os olhos para o telefone, como se ansiasse pelo toque, mas pareceu disfarçar quando me pegou olhando-a. após isso guardou seus documentos na mala e depois pôs a mala em baixo de sua cama. Então tratou de arrumar uma mala destinada para mim.

O restante do dia foi se arrastando, eu pensei em ligar para Carmem, mas Renée sempre me distraia, perguntando cada vez mais interessada em Lisboa, querendo mais detalhes de toda Portugal. Eu não conseguia dormir. Só fiquei imaginando a reação de Charlie, eu não sabia o que fazer, como contar a ela, apesar de Renée teoricamente ter contado, ele vai querer ouvir de minha boca, e por todo poderoso! Como contar da gravidez? E de olhos bem abertos eu amanheci o dia. Renée começou a se mover, coçando os olhos, sorriu ao me olhar. Ouvimos batidas fortes na porta.

– Renée? Sua mãe ligou! Avisou pra você atender o telefone ou já era seus sonhos! To indo e não sei se volto essa semana – disse e ouvimos seus passos, ele se quer verificou se ela havia ouvido e entendido o recado.

Eu realmente não poderia deixar Renée para trás!

Ela bufou levantando e se arrumando, segui seu exemplo e descemos juntas, ele não estava e todo o lixo estava empilhado na porta dos fundos, assim como vasilhas limpas empilhadas na pia, ela seguiu em marcha ate as louças e começou a guardá-las, então segui para o lixo e arrastei pelo quintal, o caminhão do lixo passou na hora e quando voltei o cara veio atrás, olhei espantada e aumentei o passo.

– Sem tretas Phil! Fica tranquila Esme – disse Renée saindo com o outro lixo!

- Quando vai aceitar meu pedido linda? – disse beijando a testa de Renée.

– Eu amo minha liberdade Phil.

– E quem disse que vou tirá-la, vou mostrar o bom da liberdade, é só esse castigo acabar – disse apontando para seu uniforme – e sequestrarei você! – me senti corar com a forma em que ele olhou para ela, o mesmo olhar de Carl quando...

Entrei e lavei minhas mãos, ela entrou minutos depois, sua boca vermelha, da janela lateral vimos ele partir. Ela sorri sapeca e lavou as mãos também.

– Não liga pra isso tá, ele é o filho do prefeito, destruímos alguns patrimônios, sem querer claro, mas ele assumiu tudo e o pai castigou desta forma! Saímos algumas vezes, o mínimo que eu poderia fazer por ele – disse voltando os olhos pela casa. Ela espalhou desinfetante por tudo e quando terminamos o telefone tocou.

– Oi mãe? – ela se jogou no sofá agora com outra capa e ficou

Mexendo em meu cabelo – como assim? – disse espantada, depois sua cara fechou, virou o telefone pra que eu pudesse ouvir.

– Isso mesmo que você ouviu! Esse rapaz me ligou antes do dia raiar, querendo falar com urgência sobre você e a irmã dele, eu jurei Renée que não importasse o que fosse, se você voltasse a aprontar você iria mora com seus avos na Itália! – Charlie? Como? Olhamos uma pra outra sem entender, ela estava furiosa, mas tenho certeza que não como Renée.

– Eu não fiz nada com ele ou com a irmã dele, ela esta aqui e eu já tinha explicado pra senhora...

– Não me interessa, ambas são menores.

– Ela é, eu sou maior! Mamãe – disse com asco.


– Você não vai a lugar algum alem da casa dos seus avós! – rugiu.

– Com toda certeza irei, melhor com vovô e vovó Swan do que ficar aqui! – disse e desligou o telefone – Eu juro Renée, eu vou socar o seu irmão!

– Você falou sobre sua mãe?

– Claro que não, não sou imbecil! Agora como ele soube?

- Ahhh – fiquei em duvida se contava ou não – meu irmão trabalha com segurança... tecnologia...

– E você só me fala isso agora? - telefone tocou novamente – alo? – disse sem um fio de educação – você! Olha aqui , eu não sou mentirosa seu imbecil, como se atreveu a procurar minha mãe? Quem te deu o telefone, espionagem é crime sabia? – abriu a boca pasma – chame-me deste nome novamente e terei prazer de chutar suas bolas quando te ver! – rosnou me entregando o telefone!

– Oi?

– Esme? Eu realmente não sei se fico feliz de você estar com ela! Como se tornaram amigas?

– Longa historia meu irmão, ela é ótima, apesar do gênio forte.

– Percebi e que linguajar é esse, espero que ela não esteja lhe influenciando!

– Não, não esta... ela, explicou o que houve?

– Não exatamente, mas já sei o que houve. Exatamente o que houve – meu sangue gelou – chego em poucos minutos.

– Você esta vindo pra cá? Sabe o endereço? – pergunto apreensiva, eu não estou preparada, eu tenho medo de sua reação...

– Maravilha, poderei me vingar rapidamente – resmungou Renée!

- Tudo bem, aguardamos! – digo e ele desliga.

Renée já estava no andar superior, começou a descer nossas malas. Tentei ajudar, mas não permitiu. Não demorou muito e ouvimos um carro estacionar, minhas mãos suavam frio, assim como meu corpo tremia. Continuei sentada, tentando coordenar minha respiração, enquanto Renée seguiu para a porta.

- Renée? – ouvi ela gaguejar.

– Tudo fica explicado, entre, ela esta na sala! – nunca quatro segundos foram tão longos...

Quando Charlie entrou em meu campo de visão, foi incrível, a sensação de estar protegida, minhas pernas ganharam forças e corri para seus braços, ele me apertou me erguendo, seu cheiro me levando a uma época maravilhosa, quando eu sempre corria escondida para seu quarto, quando meus medos eram apenas os raios e trovões das tempestades de Forks.

– Esta tudo bem, esta segura agora – disse baixinho. Já esta sentado comigo em seu colo. preferi ficar quieta e ele me deu todo o tempo – não precisa me dizer nada se não quiser minha luz , vamos pra minha casa agora – sussurrou e ficamos assim ate que eu me acalmasse.

Quando me acalmei, respirei fundo mais algumas vezes e contei, contei tudo, mas mantive meu rosto escondido em seu pescoço, não queria ver a decepção atravessar seu rosto e quando terminei, esperei pelas ofensas e renegação. Ambas não vieram e tomei coragem para olha-lo, Charlie esta com os olhos fechados, sua respiração alterada, seus lábios em uma fina linha, ele tentava conter suas emoções.

– O qual a sua participação nisso? – disse após alguns minutos, seus olhos fixos em Renée, ela corou, limpou a garganta e começou a me explicar o que a levou a me ajudar. Quando ela terminou de explicar, ouvimos outro carro estacionar e ela bufou e rosnou em seguida, só entendi sua ação quando uma senhora que só havia visto por fotos, entrou sorridente na sala.

– Bom dia, oi minha querida, senti sua falta – disse toda carinhosa.

– Francamente – disse Renée com nojo, se afastando da mãe.

– E vocês são?

– Charlie e Esme Rosental?

– Somos! – disse Charlie me sentando no sofá e levantando para cumprimentar a mãe de Renée e segui seu exemplo.

Só então reparei em Charlie, ele não usava mais tsitsi*, seus cabelos estavam muito curtos e estava com um terno azul escuro, quase negro. Um executivo, seu porte o deixava ainda mais velho e tentei ignorar o fato da mãe da minha amiga estar olhando para meu irmão como se ele fosse um pedaço de carne.

Ta fazendo o que aqui? - Cortou Renée visivelmente irritada.

– Eu voltei para seu aniversario...

– Sei, você não vai me impedir de viajar – disse raivosa.

– Senhora...? – Charlie chamou a atenção para si.

– Chame-me apenas de e Scarlet!

– Sim, Scarlet, poderíamos conversar a sós?

– Claro – disse alegre e encaminhou para outro cômodo de porta.

– Não acredito que sou filha de uma vadia? – disse Renée se jogando no sofá.

– Não fale assim da...

– Vai dizer que não viu ela dando em cima do seu irmão? Ela é casada com aquele imprestável e Charlie é... – ela mordeu os lábios e virou o rosto, totalmente corada.

– Charlie é o que? – perguntei com um meio sorriso – ficou com ciúmes do meu irmão Renée?

– Que? Tá louca Esme? Eu? Com ciúmes? E do seu irmão? Limpa o cacete garota, a fita pode agarrar.

– Tudo bem, mas pare de segurar o braço do sofá desse jeito e morder os lábios, vai se machucar! – digo e ela bufa.

Após minutos esperando, eles finalmente voltam para a sala, Charlie esta feliz e Scarlet parecia irritada e nervosa. Charlie sorriu e veio me abraçar. Meus olhos foram para Renée e ela duelava com a mãe, seu rosto corou quando voltou a olhar para Charlie e sorri, ela me olhou e virou os olhos ao ver meu sorriso.

– Então... vamos logo? – disse Renée.

– Espere, tenho condições assim como Charlie também tem, tudo será explicado e você aceitará!

– Diga – disse, mas conheci sua carranca, ela não faria nada das exigências.

– Você vai. Charlie será seu responsável, uma confusão por menor que seja e você embarca no próximo voo e o principal. Nada de homens, você é atirada de mais e eles seguem uma religião que você respeitará, entendeu?

– Não sou eu a oferecida da casa! – sibilou.

– Então podemos ir? – disse Charlie me olhando, acenei e Renée sorriu, vindo me abraçar, fingi não notar que ambos tremeram.

Dei um abraço em dona Scarlet e segui para o carro, eu já havia guardado minhas malas e agora Charlie e Renée guardavam as dela, seguimos em silencio dentro do carro, Renée é muito tagarela quando quer e principalmente quando esta irritada, mas nesse momento esta seria, de olhos fechados, suas mãos entrelaçadas no colo.

– Esta tudo bem com sua amiga? – perguntou Charlie, estudando Renée pelo retrovisor.

– Acho que sim, ela não me falou nada sobre medo de avião – digo dando de ombros.

Quando chegamos ao aeroporto Renée ficou agindo como se esperasse alguém, seus olhos varrendo todos os lados,quando perguntei o que houve sorriu sem graça e começou a contar seus planos para quando chegássemos, ainda tínhamos uma hora de espera, nosso voo atrasou 20 minutos o que nos permitiu lancharmos e fazermos o check in sem pressa alguma.

Em pensar que daqui há alguns minutos deixarei tudo para trás, tudo e todos, seguirei sentimentalmente sozinha, cuidando do meu bebê. Um lagrima caiu sem minha permissão e limpei rápido para que eles não percebessem. Como eu queria que tudo fosse mentira... é pedir de mais?

Seguimos para a sala de embarque, Renée roia as unhas, olhando para a porta, quando nosso voo foi chamado, a realidade me bateu e congelei por poucos segundos, mas a mão de Charlie estendida em minha frente, me fez acordar para a minha nova realidade. Eu, Esme Rosental, mãe solteira, aos 17 anos, sem completar o ensino médio e morando em um pais desconhecido por mim, de uma língua que sequer sei dizer o oi.

Sorri para meu irmão e segui ao seu lado para o avião, enxugando minhas lagrimas com discrição para que ele não visse, percebi que Renée não estava ao nosso lado, voltei-me e ela esta parada, olhando para a portão e limpando uma lagrima? Caminhei silenciosa ate ela.

– O que houve? – ela me olhou triste, deu um sorriso forçado.

– Nada... só... vamos ser felizes amiga, é uma promeça que cumprirei – disse me dando um abraço apertado. Nosso pensamentos em sincronia.

– Tudo bem com as duas? Temos que ir! – disse Charlie e sorrimos forçadamente e seguimos ao seu lado, abracei Renée de um lado e me atei ao meu irmão. Senguindo ao desconhecido.


...

Ao contrario dos U.S.A. o clima em Portugal era mais leve, menos frio, desembarcamos de madrugada, dormimos bastante durante as horas de voo, estávamos atentas, havia dois taxis a nossa espera, um levou boa parte de nossas malas.

O centro da cidade estava lotada, artistas fazendo sua apresentações em lugares um pouco inadequados, dançarinos seguindo de uma lado ao outro, os bares e restaurantes plenamente cheios. Uma mistura fascinante, do medieval ao modernismo.

Aos poucos as ruas de contrições antigas foram dando espaço para casas e prédios modernos, ainda sim eles continham a beleza medieval. Era difícil tirar os olhos da janela, meus olhos bem abertos para cada detalhe, passamos em frente a uma praça enorme e linda se não estivesse com tantas malas e não fosse de madrugada, pediria para ir até lá, tão...

– Linda! Esse lugar é lindo! Perfeito, porque não nasci portuguesa? – disse Renée, verbalizando meus pensamentos.

– Portugal é uma isca! – disse Charlie sorrindo – hoje ficaremos em meu apartamento em Expo**, não conseguiríamos passar pelas ruas de Alfama*** há essa hora...

– Eu queria ir a praça, pode nos levar amanhã? – pediu Renée olhando para a traseira do carro, acompanhando a praça que se distanciava aos poucos.

– Sim, amanhã levarei há alguns lugares, mas para isso preciso que durmam, sairemos assim que o sol levantar.

– Tudo bem – dissemos juntas.

Estacionamos em um prédio pequeno, as ruas não estavam tão movimentadas como as do centro, pelas pinturas e fachadas, estávamos no centro empresarial,com a ajuda dos taxistas seguimos com todas as malas para o elevador.

– Tome Esme, numero 15 – disse me entregando a chave, passamos com as malas, sem dificuldade.

O apartamento era pequeno, de solteiro e bem organizado. Da sala tínhamos a visão de cada cômodo, apenas duas portas fechados que imaginei ser o quarto e banheiro, o restante era dividido por uma meia parede ou apenas a arrumação deixando claro que ali já era outro cômodo.

Um lugar simples, aconchegante, mas se ele vivia em um lugar simples. Como mandava tanto dinheiro? Segui para a janela, uma pequena varanda, delicada como tudo dentro da casa, tínhamos uma bela vista do mar, bem ao longe, mas ainda sim bela. As luzes deixavam claro que estávamos em uma cidade movimentada e que poderia ser barulhenta se quisesse, mas exalava realeza, vida.

– Nem ameaçada eu iria embora daqui, sentirei prazer em ser chamada de ex-patriota! - disse Renée sorrindo e segurando meu braço – seremos felizes aqui, tenho a certeza.

– Também minha amiga, seremos! – digo tocando minha barriga.

– Vocês ficaram no meu quarto, ficarei por aqui – disse jogando algumas roupas de cama no sofá que não parecia nenhum pouco confortável.

– Não...

– É só por hoje, amanhã as levarei para minha casa. Alfama tem as ruas pequenas demais para passarmos com carros, a noite é muito movimentada, não conseguiríamos passar arrastando todas as malas.

– Tudo bem, então vamos dormir, eu necessito ir ate aquela praça amanhã – disse Renée seguindo em pulinhos ate uma de suas malas e puxando uma camisola de uma delas e sua necessair – onde é o banheiro.

– Na porta verde – disse Charlie e ela seguiu sorrindo.

– Então, como tem sido morar aqui? – estava curiosa sobre sua vida, toquei perto de sua orelha, em uma pergunta muda do que o levou a remover nossos costumes.

– Eu fui ate Forks – disse e tremi.

– Nossos pais?

– Sim – puxou minha mão – eu não acreditei que eles foram capazes de tratá-la desta forma, tudo bem que eles são conservadores de mais e desrespeitamos eles ao mudarmos nosso nome, mas eu prefiro ser chamado de Charlie.

– Eu não devia ter seguido seu exemplo como eles falaram, mas desta vez quem começou foi a Renée – digo sorrindo.

– Esme soa bem, muito bem – disse bagunçando meu cabelo.

– Eles lhe trataram bem? – ele bufou em sarcasmo.

– Eles não me ouviram e me fiz ser ouvido, obriguei ele assinar os documentos passando sua guarda pra mim. Eles não tiveram escolha ou me passavam sua guarda ou os entregaria por abando, você ainda é menor e estava sobre a guarda deles, isso dá cadeia... mesmo que sejamos judeus vivíamos na America...

– Entendo... agradeço por cuidar de mim meu irmão, não lhe desonrarei novamente.

– Você não me desonra minha irmã, apenas eu que lhe deixei desprotegida e inocente de mais...

– Aprendi a lição. Acredite.

– Por Jeová! Estarei aqui para cuidar de ti minha estrelinha – disse dando-me um beijo na testa, foi quando vi que não tinha sai estrela no pescoço, não precisei perguntar para saber o que houve com ela.

– Agora vá dormir, amanhã temos um passei, antes de nos aventuramos por Alfama e acredito que sua amiga nos dará um trabalho enorme para chegarmos a minha casa sem a perdermos entre os mercados! – brincou ao mesmo tempo em que Renée saia com sua camisola do banheiro e meu irmão ficou por alguns segundo congelado, piscou algumas vezes e passou a olhar para a janela com extremo interesse.

– Durma bem – digo seguindo para o quarto e arrastando Renée que deu um boa noite ao Charlie.

– Fiz alguma coisa errada? – ela perguntou já no quarto após Charlie lhe responder aos sussurros.

– Imagina, aparecer com um pedaço de pano na frente do meu irmão é nada! – Renée me olhou com expressão confusa.

– Essa é uma das maiores... – disse tocando a barra que pegava quase em seu joelho, mas o tecido moldava seu corpo com perfeição. Como uma segunda pele.

– Então este será o primeiro objetivo assim que nos instalarmos, comprar camisolas adequadas para uma jovem, que mora com um tutor que não tem nenhum parentesco com ela!

– Vocês vestem o que pra dormir? – revirei os olhos.

– Nossos trajes despudorados são permitidos quando somos casadas, para usarmos somente com nossos maridos. E Charlie não é seu marido...

– Marido... – disse com um sorriso malicioso e entendi perfeitamente o que se passava naquela cabeça.

– Por Adonai****, não tente meu irmão, Renée, ele não aceitará viver em pecado com você e não terá nada com você enquanto estiver sobre a tutela dele.

– Isso é o que veremos! – disse de uma forma que não deixava duvidas – Charlie é o inicio da minha nova vida – disse com determinação.


E assim deitamos apertada na cama de solteiro de Charlie, dormindo em nossa primeira noite em Portugal. A primeira noite de uma nova vida!



* tsitsi consiste, geralmente em um pedaço de lã com franjas nos quatro cantos
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** Bairro empresarial de Lisboa
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*** Bairro Arabe de construções antigas, ponto turistico de Lisboa
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**** Adonai, significa Deus como Governante Todo Poderoso
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