terça-feira, 29 de julho de 2014

Livro 1 Auro e Mira Prólogo

Prólogo
O sol já abandonara a linha do horizonte a algum tempo, e sobre um céu preenchido por estrelas, Arghos estava em frente a Igreja segurando um archote na mão. O calor oriundo das chamas não era responsável pela sensação de desconforto que se passava dentro do Guardião do Templo, pois devido a seu treinamento na cidade de Midghar, Arghos já não se incomodava com o calor, nem sequer com a brisa gelada da noite anunciando a chegada do Inverno. Não. Não era isso. Era algo a mais.

Aquela fora a primeira Igreja cujo o guardião jurou proteger com seu sangue e vida. Tantas histórias e lembranças ressoavam dentro das paredes brancas –  algumas histórias nas quais o próprio Guardião havia participado, bem como histórias de muitos anos, séculos atrás. Aquilo era como sua casa, aliás, por muitos tempo fora realmente sua casa. Sua, dos discípulos e do próprio Padre Ivan. Arghos lembrou do rosto de cada um no qual dividiu o pão, a água, o teto e o amor de irmão. Os cabelos pretos e encaracolados de Matheus, as roupas de Marcos que sempre precisavam ser costuradas, o sorriso de Gary. Todos bons meninos. Todas essas lembranças.
O guardião entrou pela igreja e foi caminhando em direção ao altar. Branco, feito do mais puro mármore e lapidado pelas mãos habilidosas dos ferreiros do Rei, para que nenhum único detalhe não parecesse imperfeito. A igreja por dentro não era menos deslumbrante: Quadros pintados a óleo contavam histórias de personagens famosos desde muitas eras passadas.  A batalha de Jhairo, o Destemido contra o dragão Klhar no vale da Perdição. A flauta  de Loiraine, capaz de receber auxílio de qualquer animal na natureza, entre tantas outras lendas. Arghos conhecia cada detalhe, cada personagem daquele universo.
 O imenso guardião continuava com o archote aceso quando se ajoelhou perante ao altar da igreja. Fechou lentamente os olhos castanhos e fez uma rápida prece. Agradeceu por tudo que ali lhe fora concebido, assim como por todos que conheceu embaixo daquele teto. O que está feito,está feito – pensou. Se essa era a vontade de Deus, que assim seja. Levantou-se e saiu pela mesma porta que entrou. A noite havia ficado mais gelada, pesada. Arghos  segurou sua respiração por um curto período de tempo – e quando finalmente soltou, também soltou o archote aceso perto das pilhas de palha seca que se encontravam do lado de fora. O guardião não levantou os olhos nenhum segundo sequer para ver a Igreja, que prometera proteger com seu sangue e sua vida, queimar. Mas estava feito. Essa era a vontade de Deus.


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