terça-feira, 29 de julho de 2014

Auron e Mira Capítulo 1

Capítulo 1 – Lagartos de Fogo, Aí vou eu!

Um raio percorreu  a noite de céu estrelado.
Mira estava furiosa. Estava novamente perdida – fato que acontecia com uma frequência maior do que a garota gostava de admitir. Possuia diversas habilidades, entretanto, sua orientação era algo que  deixava, em muito, a desejar. Sua boca exalava  bufadas ruidosas, somente silenciadas pelo barulho de trovão ressoando por cima da copa das árvores.
- A culpa é sua Tails! Quem mandou você sair correndo atrás daquele coelho?! Agora estamos aqui: perdidas e com fome! A raposa olhou para sua dona, simplesmente pensando: - Não me lembro do que você está reclamando (embora realmente estivesse pensando que aquele era um coelho bastante rechonchudo e rápido. Bem rápido).
Mira esticou as pernas e ficou fitando o céu estrelado. Será que faltava muito para chegar em Milth? Estava acostumada a encarar semanas na estrada, mas viajar sozinha – apenas com a companhia de Tails – era algo monótono. A menina gostava de ter gente por perto, além de que, sempre que viajava sozinha, a viagem se prolongava além do necessário, parte da culpa devido ao talento nato para desorientação.
Não estava frio ainda, mas o clima já havia ficado diferente de um tempo para cá. O inverno estava chegando. Mira olhava, quase cobiçando, a pelagem branca e com contornos em azul de Tails. Pensou consigo mesmo na imagem ridícula de ver a raposa tosada e caiu na gargalhada sozinha. Tails, que estava imersa em um sonho leve, acabou por despertar, e sem entender nada, aninhou-se sobre a barriga de sua dona, adormecendo ambas.


Auron estava pendurado de cabeça para baixo em uma mangueira fazia duas horas. Embora reclamasse, de maneira frequente, sobre os treinamentos impostos por Pharos, jamais deixava de fazer o que era ordenado. Desconfiava que aquele treino ridículo era somente uma, das muitas, brincadeiras do mago. O velho havia prometido a Auron, que se ele conseguisse ficar pendurado até o amanhecer, ele poderia caçar Lagartos de Fogo sozinho na próxima semana.
Lagartos de fogo eram criaturas grandes que habitavam charcos e pântanos próximos.  O simples toque em sua pele causavam fortes queimaduras e sua saliva continham um forte veneno, capaz de matar uma ovelha ou um cachorro em questão de minutos.
 (Pendurado na árvore)
- Nossa, já faz 12 anos que conheço o velho! Ele ainda não me deixa caçar nenhum lagarto depois daquele acidente! E eu só tinha 6 anos!!! – resmungou de cabeça para baixo.
Aconteceu um ano depois da chegada de Auron na casa de Pharos. O menino  passara o veneno no rosto,  pensando se tratar de tinta para imitar pinturas de guerra iguais a que ele via nos livros de Pharos. Aquilo, que normalmente mataria uma criança, causou uma certa irritação na pele de Auron e seus olhos ficaram inchados por mais de uma semana, mas fora isso – nada havia acontecido. O fato é que Pharos era um Feiticeiro de Fogo, e estava treinando Auron para o mesmo destino.
A casa era pequena se comparada a casa de outros feiticeiros e magos da cidade de Conodrian. Haviam apenas dois quartos e um escritório, atulhado de livros e pergaminhos. A verdade é que a ausência de uma alma feminina na casa, tornava-a bagunçada e totalmente ausente de qualquer quesito de moda. Típica casa de Feiticeiros.
Foi naquela casa que Auron passara sua infância, lendo, treinando, fazendo brincadeiras com o mestre. Estava lá desde os 5 anos e muito pouco se lembrara antes de ir morar ali,afinal, sempre estava em alguma aventura com Pharos – dessa maneira, conhecendo diversas cidades e lugares – muitos deles estranhos e inusitados.
Certa vez, foram ajudar uma pequena vila de Golls, pequenas criaturas – que não medem mais de meio metro de comprimento e que possuem orelhas peludas e enfeitam os ralos cabelos com ossos de aves ainda menores. Vivem em tocas nas planícies de Krasandor. Apesar de tudo, adoram festas e são bastante carinhosos desde que você não tente roubar um de seus ossos.
Entretanto, Pharos não deixava Auron ir caçar os Lagartos de Fogo. Falava que seu aprendiz era um idiota e que provavelmente morreria na tentativa – o que acabaria por frustrar o próprio feiticeiro por ter perdido tempo em ensinar alguém tão teimoso quanto Auron.
- Mas hoje, isso irá mudar! Consegui ficar a noite toda pendurado de cabeça para baixo na mangueira e aquele velho terá que cumprir sua palavra. Assim que eu encontrar aquele velho tarado, saio para caçar um lagarto bem grande e forte, e irei torná-lo meu animal de estimação – O que era uma grande mentira, pois primeiro: Lagartos de fogo não podem se tornar animais de estimação (provavelmente iriam matar seus donos, fora que eram extremamentes difíceis de alimentar) e segundo: Auron não iria a lugar nenhum, estava com os músculos totalmente doloridos e a cabeça não parava de girar devido as horas em que ficara pendurado.


Pharos estava totalmente concentrado em alguma coisa que não conseguia mais se lembrar. Havia se distraido devido a duas jovens que passavam ao longe. O velho era conhecido pelo seu conhecimento e capacidade de controlar o fogo, entretanto, também era conhecido pela sua maior fraqueza: Mulheres bonitas.
- No que eu estava pensando mesmo? Huum.... Acho que tinha alguma coisa a ver com Lagartixas... Ahhh Sim! Aquele pirralho vai querer ir caçar os Lagartos, só porque passou a noite pendurado de cabeça pra baixo. Na idade dele, meu mestre mandava eu ficar uma semana pendurado, e fazendo abdominais ainda! Mas promessa é promessa. Isso vai dar tempo para fazer os preparativos de minha viagem.


Auron já havia separado os materiais que iria levar para caçar. Apesar de usar bastante uma espada curta de lâmina curva, presente de Pharos, normalmente não utilizava arma nenhuma para caçar, pois suas magias eram o suficiente na maioria dos casos.  Entretanto, como Lagartos de Fogo tem a pele muito dura, além de estarem intimamente associados ao elemento de fogo, magias dessa natureza não eram muito eficazes, fazendo pouco mais do que cócegas nos enormes animais. Por isso, estava levando uma rede para capturará-lo, afinal, não iria matar, e sim, torná-lo seu animal de estimação.
(Auron) : - Velho, você tem certeza de que não vem? Podemos passar em Milth depois. É apenas um dia de viagem. Você tem trabalho muito ultimamente no Conselho.
(Pharos): - Velho era o senhor, meu Mestre – retrucou Pharos. Tenho trabalhado e ainda irei trabalhar nos próximos dias. Depois que as pessoas perderam o medo de usar magia, parece que o trabalho de feiticeiros tem triplicado! Vá e me traga uma dúzia de lagartos para eu comer assado!
(Auron): - Você sabe que eu não os mato! Somente irei capturar um para se tornar nosso animal. Mesmo que você me fazendo passar fome, ainda não estou desesperado ao ponto de comer meu futuro amigo! Tendo dito isso, Auron fechou a porta, escutando o estalo de dedos – o que provavelmente significava alguma labareda indo em direção a porta.
Pharos ficou pensando sobre a última palavra do garoto. Auron era um garoto teimoso, com certeza era, mas também era um discípulo fiel. Apesar de ser engraçado e bem humorado, o jovem não tinha amigos, pois somente a pouco tempo feiticeiros começaram a serem aceitos pelas cidades, ainda encontrando resistência em muitas pessoas que acreditavam que magia era uma coisa maligna. Além disso, estavam sempre viajando e embora fizessem algumas amizades pelas estradas, o caminho da magia era algo difícil e, muitas vezes, solitário. O velho feiticeiro passou a mão pela cabeça careca e coçou a vista, acendendo seu cachimbo. – Nossa, que corpo tinha aquela jovem que vi ontem!

Fim do Capítulo 1





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