quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MVLN – Capítulo 5




Eu ainda estou digerindo o que aconteceu com a Pan, como aquela cobra teve coragem de mencionar aborto. Pamela tem pavor de qualquer pessoa que seja a favor desta... Prática. Só consegui completar a ligação agora!

– Finalmente mãe, eu te amo, mas eu quero falar é com a Pamela!
– Nossa quanto amor! Vou chamá-la.
– Bells?
– Eu queria tanto estar ai, como vocês estão?
– Estamos bem e finalmente seguros, meu avô mandou um advogado e ele vai me auxiliar com o pedido de emancipação! Oh céus! Eu estou tão feliz de ter um pedaço do Alex crescendo em mim! – dizia chorosa e risonha ao mesmo tempo.
– Seus hormônios já estão desregulados? – brinco.
– É melhor se acostumar, precisarei de você comadre!

– Sério?
– Seriíssimo! Eu só preciso encontrar outro lugar pra mim, não quero ficar empacando sua mãe – sussurrou a ultima parte.
– Pensei que ficaria com minha mãe – digo confusa, se ficar com minha mãe, eu posso vê-la quando bem entender, agora se preferir mudar, sabe-se lá Deus quando a verei – eu não quero ficar longe de vocês!
– E não vai Bells! Eu ainda estou pensando em um lugar, mas não será longe de Jacksonville ou Forks. Quero você e a tia Renée por perto! – pensa rápido Bella!
– Já sei! Não precisa se mudar ok? Eu vou dar um jeito nisso, primeiro sua emancipação, depois a mudança!
– Bells...
– Não esquenta ok? Alguma vez eu te deixei na mão?
– Não.
– Então fica calma, você e meu afilhado não viverão longe de mim!
– Ok! Agora eu vou dormir um pouco, estou com muito sono.
– Tudo bem! Boa noite.
Agora o problema era meu pai! Como falar com ele? Andei de um lado para o outro em meu quarto, precisava dar um jeito nisso. Tomei um banho, lavando meus cabelos com meu shampoo de morangos e vi que esta na hora de cortar meu cabelos, quase na base das costas, isso seria bom, preciso mudar um pouco, ser menos a Bella dele e voltar a ser a Swan!
Desci para fazer o jantar, deixei a carne assando e segui para a sala. Charlie assistia um dos jogos da segunda divisão, eu acho. Me preparei mentalmente para falar, Charlie não tinha jeito com crianças, digo por experiência própria, ele sempre me segurou com braços feito armadilha pra urso, me atando a ele de forma a me impedir de cair, por sorte nunca me machucou.
– Então... – comecei – eu queria pedir algo ao senhor! – digo e vejo seu rosto se virar. Ele me estudava atentamente – eu... é sobre a Pan!
– Alguma novidade?
– Depende do senhor!
– Então diga.
– A... Pamela me convidou para ser a madrinha do bebê e eu aceitei.

– Sabe que isso é uma grande responsabilidade? Que se algo acontecer, e mesmo sem acontecer, ele também será sua responsabilidade?
– Sei pai e por isso quero sua ajuda.
– Então diga.
– Pamela está pensando em se mudar, para não atrapalhar a mamãe e o Phil! Ela quer morar em outro lugar pra ter o bebê e eu não quero me afastar!
– E onde eu entro nisso?
– Ela poderia vir pra cá – ele levanta com o semblante fechado.
– Não, não e não, Bella! Isso é impossível
– Seria o melhor. Principalmente durante a gestação!
– Bella é muita responsabilidade, nem sabemos se ela ganhará a emancipação!
– Por favor pai, eu não posso abandoná-la! Eu sei que a casa é pequena...
– Exatamente Bella!
– Eu me ocupo dela, ela fica no meu quarto!
– Isabella é muita responsabilidade, não é uma amiga que vem passar uns dias.
– Eu sei que é grande pai...
– Ela será uma gestante, adolescente, sozinha em uma cidade pequena. Já imaginou o que pode acontecer, o que as pessoas falarão dela e pra ela? Forks não é o ideal parar ela, converse com Renée!
– Eu vou cuidar dela pai, prometo! Eu não vou abandoná-la, se ela não pode morar conosco, eu vou com ela pra onde ela escolher!
– Isso é um absurdo Isabella! Como vocês irão se sustentar? Como irão arrumar um lugar descente e seguro?
– Foi por isso que lhe pedi pra ela vir pra cá! Eu já perdi de mais – sussurrei – ela já perdeu de mais – digo um pouco mais alto.
Charlie permaneceu mudo por um tempo, olhando para todos os lados menos para mim, suas mãos bagunçavam os pequenos cachos sobreviventes da inicial calvície. Girou me encarando e tentei fazer a cara de cachorro que caiu da mudança – tudo bem Isabella, vou pedir para Renée me avisar sobre a documentação para que eu possa matricula-la, podemos mantê-la na escola por alguns meses! Eu conversarei com o diretor!
– Obrigada papai! – digo o abraçando e ele suspirou alto.
Jantamos sem conversas adicionais, Charlie não gosta de ser vencido em uma discussão. Sabia que ele ainda está digerindo tudo, pensando e pesando os prós e os contras. Eu não abriria mão de Pamela, talvez essa fosse minha tábua de salvação. Estarei ocupada de mais cuidando dela e do bebê para pensar em minha dor. Limpei os talheres e subi.
Estar em meu quarto fez tudo o que evitei voltar com força total, saber que ele não estaria ali, que não entraria por minha janela, que não cantaria minha canção de ninar... Em um ato de estrema burrice busquei pelo CD jogado em minha gaveta e coloquei para tocar. Rapidamente a melodia ocupou todo o quarto e diminuiu a dor do silencio, da ausência.
Demorei a dormir, suas frases ainda bailavam frescas em meus ouvidos, nossas lembranças se agitando por minhas pálpebras fortemente fechadas. Não sei quanto tempo se passou, acredito que muito, até que o sono me brindou com sonhos perturbadores.
Estava em uma floresta, a mesma parte em que estive quando minhas pernas cansados me levaram, tudo estava escuro, não via, não sentia, apenas ouvia. Sua voz áspera, raivosa esfregando em minha cara, em minha alma e meu amor que não sou o bastante, que nunca serei, que não passei de um capricho, um passatempo. Uma perda de tempo.
Acordei aos gritos com Charlie puxando meus braços, eu estava tremendo, sufocada em uma onda de dor. Só percebi que estava gelada por sentir meu pai quente de mais, eu não disse nada e ele também não, apenas me abraçou, me balançando em seu colo. Tão apavorado com meu surto quanto eu estou. Olhei por minha janela fechada, o dia já estava amanhecendo.
Me sentia cansada, grogue pela dor, mas o sono? Nada, ele não me fazia efeito, mesmo após passar mais tempo acordada do que dormindo essa noite. Após ver que eu não chorava e não gritaria mais, Charlie me deixou enroscada no edredom. Seus olhos preocupados e preferi levantar, precisava me ocupar o quanto antes e assim evitaria mostrar para ele o tamanho da minha dor.
Cheguei alguns minutos atrasada no colégio, não falei com ninguém, Lauren manteve distância. Após a saída permaneci no colégio e ajudei na biblioteca, muitos livros empoeirados e gastos precisando de uma capa plástica transparente. Já passava das 17h quando sai do colégio. Segui para casa sem pressa, peguei um pouco do dinheiro em minha bolsa escondida no canto do guarda roupa e segui para Seattle.
Mudaria meu cabelo hoje mesmo e dirigir me cansaria o baste para ter uma noite de sono tranquila, pelo menos é o que eu espero. Havia muitos salões espalhados pela cidade com funcionamento noturno para as pessoas que não tinham tempo durante o dia. Dirigi-me para o primeiro que encontrei. Após algumas horas entre hidratações, realinhamento e tintura ele foi cortado. Negros, tão negros quanto meu coração.
(...)
– Ela já esta aqui, não se preocupe Billy, obrigado – Charlie falava nervoso e quando passei com a intenção de ir para o banho e desmaiar em minha cama ele me segura com força – onde esteve? Que cara é essa?
– Eu fui para Seattle, fui cortar o cabelo, estava precisando!
– E não poderia ter avisado? Você aparenta ter saído de uma guerra – comecei a subir as escadas -Isabella? – virei – você dirigiu nesse estado?

–Eu estou com sono pai, deixa pra me dar bronca amanhã? – ele suspirou e me deixou subir.
– Avise da próxima vez, por favor?
– Sim, desculpe por isso?
– Ok, boa noite Bells! Eu pedi pizza caso esteja com fome! – sorri e segui para o banheiro.
Me olhei no espelho antes de seguir para o box, meus cabelos estavam um pouco acima do meio das costas, com volume. Trazendo meus cachos de volta. Aconcheguei-me em minhas cobertas e edredons, o frio em Forks só aumenta com a chegada do inverno. Meu corpo clamava por descanso e agradeci por sentir minhas pálpebras pesarem assim que me acomodei no travesseiro, mas isso não durou muito, tudo voltou e novamente meu sono foi violentado pela dor, pelas frases raivosas e humilhantes.
E me vejo novamente sendo acudida por meu pai, infelizmente nessas horas eu não poderia fazer nada, não tenho controle dos meu sonhos. Após me acalmar, Charlie seguiu para o seu sono e eu fiquei acordada, demorando a achar o meu próprio. Com medo de tudo voltar. Como poderia viver se assim que fecho meus olhos tudo volta?
O dia amanheceu e eu continuei acordada, na mesma posição em que meu pai me deixou. Com esforço me levantei, sentindo meus músculos protestarem pelo tempo sem uso. Segui para um banho quente e me arrumei sem pressa para mais um dia de aula, precisei caprichar na maquiagem para disfarças as duas noites mal dormidas, arrumei cuidadosamente meu cabelo e segui para meu inferno.
Quando desci da picape vários olhares me seguiram, alguns assobiaram, algumas cantadas sutis pelo caminho até a sala, as meninas me parabenizaram pelo penteado e cor de cabelo e só, nada de muito íntimo, eu não deixava brechas. No intervalo, eu estava com uma pequena bandeja com uma maça, iogurte e uva. Tentava empurrar a comida garganta a baixo. Quando recebi a ligação da Pan, avisando que o papel da emancipação havia saído e que a juíza já estava ciente do que os pais queriam fazer com o bebê, acudiu a causa da Pamela no mesmo dia.
No final da tarde voltei para casa feliz, estava grata por ter Pan aqui comigo, logo. Talvez assim nós pudéssemos nos ajudar. Eu precisava ter com o que me ocupar, e ela precisava de alguém que a apoiasse, seríamos a dupla perfeita.
Com muito custo, convenci meu pai de que teria que buscar minha moto em Phoenix. Já fazia muito tempo que ela estava lá, e eu precisava voltar a viver. Apesar de contrariado, Charlie acabou ficando feliz com minha nova conduta. Ele não me proibia de fazer muitas coisas, talvez por medo que eu me entregasse ao sofrimento novamente.
_ Pan, eu estou indo no final de semana ok? – eu falei animada, assim que ela atendeu o telefone.
_ Você não precisa sair daí Bells, tia Renée vai me levar... – ela disse com a voz grogue de sono.
_ Credo Pan, você só pensa em dormir? Está cedo ainda... – eu falei rindo – E nem adianta reclamar, vou passar na casa dos pais de Alex para buscar minha moto. Nos encontramos no sábado ok?
_ Buscar a moto? Parece que tem alguém desabrochando por aí? – ela debochou um pouco, sem perder o tom sonolento, o que fez tudo ficar ainda mais engraçado.
_ Tudo bem Bela Adormecida, volte para a cama. – eu disse desligando.
(...)
O sábado não demorou a chegar. Apesar de monótonos, meus dias tinham ganhado um novo colorido depois que Pan resolveu vir para Forks.
Eu já conseguia me olhar no espelho e ver menos a garota do Cullen. Parece que eu estava voltando a tomar o controle da minha vida. Com exceção dos pesadelos, que infelizmente eu não conseguia evitar.
Charlie já tinha conseguido fazer a matrícula de Pan, e a escola já estava vibrante com a idéia de uma nova estudante. O que me exigia uma boa dose de paciência extra.
Temia pelo que Pan iria passar. Eu sabia que quando queriam, as pessoas faziam da nossa vida um verdadeiro inferno nessa cidade. Mas eu estaria aqui por Pan. Se consegui os calar uma vez, certamente, faria duas...
Quando dei por mim, o Avião pousava em Phoenix. Era estranho estar de volta a cidade, sabendo que as coisas estavam tão diferentes de quando a deixei. Definitivamente, eu não era a mesma pessoa.
Segui pelo caminho tão conhecido. Quantas vezes nós tínhamos passado felizes por ali mesmo? Por que nossas vidas estavam tão complicadas agora? Meu estômago revirou com a resposta, que de certa forma se resumia a uma pessoa... Edward Cullen.
Chamei no portão, e logo a mãe de Alex apareceu para me atender.
_ Bella, quanto tempo querida... Você sumiu... – ela me abraçou com os olhos marejados.
Me senti culpada por não ter voltado mais aqui.
_ Me desculpe Sra. Margaret por não ter vindo antes. Acho que foram tempos difíceis para todos nós. – eu falei sorrindo fraco.
Eu tinha tantas lembranças boas daquele lugar... A mãe de Alex continuou me olhando com lágrimas nos olhos, tentei imaginar a dor que cortava seu peito.
Novamente o sentimento de culpa me dominou. Eu podia diminuir sua dor. Era só dizer a verdade, Alex estava vivo. Mas eu não podia, e isso era mesmo culpa de quem?
_ Alex estaria muito feliz em saber da gravidez de Pamela, e mais ainda em saber que ela pode contar com você. Obrigada por isso Bella. – ela disse finalmente deixando as lágrimas escaparem, e sem me conter a abracei ternamente, transmitindo a ela o pouco de força que me restava.
Conversamos mais um pouco, relembrando o passado antes de ir embora com minha moto. Infelizmente não poderia ficar mais tempo, Pan me esperava.
Montei na minha bebê e saí apressada rumo a Jacksonville. Seria um caminho longo! A tanto tempo não sentia a liberdade de ser dona da minha vida. Sentir o vento batendo em meu rosto, acariciando meus cabelos, levando embora minha dor.
Por quanto tempo eu me submeti a ser apenas a garota dele, as vontades dele, a vida dele. Fiquei feliz em me lembrar de que eu, Isabella Swan, ainda existia, e que esse seria o início da minha nova velha vida.

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