segunda-feira, 24 de junho de 2013

50T - Capítulo 4

Anabel abriu os olhos e fitou o teto, engraçado como ela não havia reparado antes nos detalhes do quarto, ofegou diante do próprio reflexo em um enorme espelho sobre a cama e mal pode acreditar que a mulher que a encarava era a mesma menina que havia perdido a virgindade com Henrique anos atrás.


Depois do maravilhoso sexo que ela e Lucas tiveram, permanecera acordada incapaz de conciliar o sono. Estava esgotada depois das constantes investidas em seu corpo e mesmo assim não conseguia dormir. Havia uma tempestade nela e o causador dormia tranquilamente ao seu lado.

Lucas, gloriosamente nu, ressonava calmo e seu semblante nunca denunciaria o furor sexual de que era capaz. Naquele estado ele consistia em um banquete para os ávidos olhares de Anabel. Pode, sem pudor algum, maravilhar-se com a composição que aquele rosto fazia com o incrível corpo dele. Lucas tinha ombros largos, peitoral forte que descia para uma barriga bem marcada, onde uma trilha de pelinhos levava ao paraíso. Ela passeara muito nesse paraíso naquela noite.

Voltou seu olhos para o espelho novamente e suspirou, não reconhecia a mulher refletida ali, seus cabelos estavam revoltos, seu lábios inchados, seus olhos brilhavam e mesmo depois de encarar toda a intensidade de Lucas na cama, ela ainda queria mais. Podia ver em seu próprio olhar o desejo de ter mais daquele deus do sexo. Incrível como depois de tudo ainda encontrava-se molhada e ansiando por mais, muito mais.

Lembrou-se de repente de Henrique e de como ele “se achava”. Ela agora percebia que seu ex namorado simplesmente não sabia o que fazer na cama, era tão inexperiente quanto ela e ainda achava-se o máximo. Ela nunca antes tinha sentido algo tão intenso como naquela noite. Era triste concluir que não sabia o que era um orgasmo e que antes de Lucas nunca tinha gozado de verdade, aliás não sabia o que era isso até aquela noite.

Depois da sessão com as velas, ele não deu tempo para que descansasse e se refizesse. Recomeçou tudo com a mesma intensidade antes. Aplicou uma sessão de spancking nela, acusando-a de pequenos errinhos e com isso justificado a punição. A cada vez que descia a mão com força no traseiro dela, massageava o local que aos poucos foi ficando avermelhado e quente, depois comprovava a excitação dela introduzindo os dedos em sua vagina. Fizeram sexo mais umas três vezes sem que ela acreditasse que ele poderia aguentar mais.

Ela ainda estava com a parte interna das coxas úmida e isso começava a incomodar. Precisava de um banho, não somente para sentir-se limpa, mas para relaxar a tensão que começava a instalar-se nela. Estava tornando-se uma mulher depravada.

Levantou-se com cuidado para não acordar Lucas e ao pisar no chão viu as embalagens de preservativo que ele tinha usado. Devia estar completamente fora de si e alienada do mundo para não perceber que ele usava camisinha e deu graças a Deus por ele pensar nisso, pois ela nem havia lembrado. Além de vadia era inconsequente agora?

Ao ficar de pé sentiu suas pernas moles, além de uma ligeira ardência entre suas coxas ao caminhar, suas nádegas ardiam e enquanto ela caminhava até ao banheiro pensou que era bem provável que estivesse toda roxa.

De um lado do banheiro ficava o chuveiro, do outro uma enorme banheira de hidromassagem e bem no meio um balcão com pia e dois kits de higiene. A banheira era tentadora, mas Anabel não queria demorar-se então decidiu tomar apenas uma ducha.

Nunca adimitiria em voz alta que não tinha pisado num motel antes e que por causa dessa falta de prática recebeu um jato de água gelada no meio do rosto. Levou alguns segundos para ela entender que cada registro daquele chuveiro tinha uma temperatura e que era preciso abrir os dois ao mesmo tempo para obter água morna. Foram mais alguns minutos até que ela pudesse entrar debaixo do chuveiro e desfrutar da sensação deliciosa de sentir a água escorrer por todo o seu corpo relaxando cada parte dolorida.

Somente depois de inteira molhada ela percebeu que tinha esquecido o sabonete e virou-se para sair do banho e ir buscá-lo.

Ao virar-se deu de cara com Lucas nu, em pé na sua frente segurando uma toalha. Ele ainda tinha um riso divertido enfeitando o rosto que ela já achava um perdição junto com aquele corpo.

__ Fiquei preocupado quando você abriu o chuveiro sem prestar atenção. Se fosse água quente você poderia ter se ferido.

O tom foi sério, mas havia um ar de riso sacana. Parecia que ele havia se divertido com a falta de jeito dela, na verdade Anabel achava que ele custara a segurar o riso.

Ela estava vermelha, isso fazia Lucas lembrar de morangos e ele adorava morangos.

__ Prefiro a banheira e você?

Ela sentia as bochechas queimarem, o que era ridículo já que havia passado a maior parte de tempo rebolando em cima dele e aceitando suas palmadas. Lucas a encarava como se ela fosse um petisco a ser saboreado e isso a deixava mais molhada ainda.

Sem mais entrou no box e fechou o chuveiro, enrolou Anabel na toalha e colocou-a sentada na pia. Quando ele a deixou para ir em direção a banheira, ela teve a visão das costas e do traseiro moreno dele. Para ficar daquela cor ele devia tomar sol sem roupa nenhuma. Ela divagava sobre isso e nem percebeu quando ele encheu a banheira e virou-se para ela, agora estava muito sério.

__ Devia prestar atenção. Da próxima vez você irá preparar o meu banho, é sua obrigação e não minha.

Ali estava o Dom de novo. Uma parte dela começou a se entristecer por não poder ter um relacionamento convencional com ele, outra gritava para ela que ele era sua vingança contra Henrique.

Lucas balançava a cabeça em sinal de negativa.

__ Você se distrai com frequência e isso me irrita. Acho que não estou educando você direito sub.

__ Desculpe, não quis irritar você de propósito. Digo o senhor. Irritar o senhor de propósito.

Uma sombra de sorriso passou pela face de Lucas enquanto ela gaguejava suas desculpas. Depois sumiu, deixando a face de pedra do dominador.

__ Tire a toalha sub e venha até aqui.

Anabel desceu da pia e deixou cair a toalha no chão. Hesitante caminhou até Lucas e parou a sua frente de cabeça baixa.

Ele entrou na banheira e recostou-se, fechou os olhos e permaneceu assim por alguns minutos. Anabel chegou a pensar que ele havia esquecido dela ou que deveria juntar-se a ele.

Quando chegou a conclusão que deveria entrar na banheira ele falou:

__ Pegue o sabonete e o shampoo e venha me dar banho sub.

Ela sentiu as pernas tremerem.

No balcão da pia tinha duas embalagens iguais que continham dois sabonetes, um frasco de shampoo e um de condicionador. Todos os itens eram pequenos como amostras grátis. Ela considerou que para dar banho em um homem do tamanho de Lucas ia precisar dos dois kits.

Voltou para perto da banheira e esperou.

Ele continuava de olhos fechados.

__ Sente-se na borda sub e depois comece lavando meus cabelos.

Anabel molhou cuidadosamente a cabeça dele usando suas mãos em concha e depois espalhou todo o conteúdo de um frasco massageando com cuidado. Fez o mesmo com o condicionador e esperou novas ordens.

Mais alguns minutos passaram até que Lucas levantasse e olhasse para ela.

__ Comece lavando minhas costas.

Ela pegou o sabonete e deslizou pelas costas dele, depois que essa parte foi devidamente ensaboada e enxaguada, ela passou a lavar o peito e a barriga. Antes que pudesse se dar conta, Lucas estava em pé na sua frente para que lavasse o pênis dele também.

Ela tomou o membro em sua mão e começou a lavá-lo fazendo movimentos de massagem em toda a sua longitude. Não demorou muito para que ele estivesse completamente duro em suas mãos. Fingiu que não se importava e passou a lavar suas pernas.

No fundo ela estava louca para tê-lo na boca de novo. Não apenas na boca, mas nela inteira, queria se esfregar nele até a vontade passar.

Quando considerou que tinha acabado a tarefa parou e permaneceu ajoelhada de cabeça baixa. Lucas gostaria assim, uma posição totalmente sumissa.

__ Levante-se sub.

Ela obedeceu e continuou esperando de cabeça baixa. Ouviu barulho de movimentação na água e entendeu que ele se ajeitava na banheira.

__ Entre aqui, de frente para mim e fique de joelhos.

Ela entrou. Lucas estava sentado e a água borbulhava na altura de sua barriga, ele não havia colocado espuma na banheira, dava para ver o pênis ereto debaixo d'água.

De joelhos ela ficava praticamente na mesma altura que ele dentro da banheira, os seios recebiam de vez em quando respingos e a sensação das bolhas contra a pele deixaram - na ainda mais excitada.

__ Pegue o sabonete e comece a se lavar.

O choque que sentiu ao ouvir essas palavras arrebataram Anabel de suas fantasias. Como assim era para se lavar na frente dele? Ele a queria se tocando? Suas bochechas queimaram e ela ficou boquiaberta.

Diante da hesitação dela Lucas arqueou uma sobrancelha, gesto que indicava sempre seu desgosto ao ser contradito ou desobedecido.

Anabel sem saída, pegou o sabonete e …travou!

Simplesmente travou!

Não sabia o que fazer. Ele com certeza esperava algo sensual, uma cena de sedução, mas ela não sabia por onde começar. Nunca pensava em si como uma mulher capaz de ser sexy. Sua angústia chegou a um ponto que ela não aguentou e lágrimas desceram por seu rosto.

__ Não gosto disso Anabel. Drama não me comove, nem frescura, ainda mais depois de tudo que fizemos essa noite. Então chega de melindre de menina mimada e me obedeça. Tenha em mente que eu não sou um moleque como seu namoradinho.

Drama? Frescura? Melindre de menina mimada? Quem ele pensava que era?

A angústia deu lugar a raiva em Anabel e a raiva tomou conta de seus sentidos. Ela iria mostrar a menina mimada para ele. Ele queria que ela se tocasse, então teria exatamente isso.

Anabel respirou fundo e o encarou, olhos úmidos, mas sem triteza, afundou na banheira e voltou com o corpo todo molhado. Fez espuma com o sabonete e começou passando do pescoço para o seio esquerdo. Apagou a presença de Lucas e imaginou-se sozinha no banho, demoradamente acaricou cada seio, vez ou outra descendo e enxaguando o corpo. Quando deu-se por satisfeita as atenções a parte de cima do seu corpo, sentou na borda da banheira de frente para ele e somente nessa hora o encarou.

Lentamente desceu a mão cheia de espuma pela barriga, alcançou os poucos pêlos e voltou ao começo. Encarou Lucas de novo e repetiu o movimento dessa vez demorando-se nas carícias entre as coxas. Repetiu o gesto várias vezes antes de voltar ao meio das pernas onde encontrou o ponto em que seu corpo lhe dava prazer, fechou os olhos e começou a se masturbar.

Não sabia de onde vinha essa versão de si mesma, a alguns minutos chorara de vergonha e incapacidade de ser sensual, agora masturbava-se diante dele.

Lucas mal pode acreditar na drástica mudança de humor de Anabel. Claro que havia provocado-a de propósito, não mentira, ele realmente achava que ela fazia drama e era mimada, mas a provocação tinha a intenção de acabar com suas lágrimas e fazê-la tomar uma atitude. Agora ele pagava caro, ou melhor, desfrutava desse lado de Anabel, seu pênis ficou duro e inchado como se fosse explodir. Duvidava que ela tivesse se masturbado para o namoradinho e saber que ela fazia isso somente para ele fez sua virilha doer.

Anabel era a visão do paraíso, inclinada para trás na borda da banheira, cabelos úmidos emoldurando o rosto, olhos fechados, a boca num biquinho que dava vontade de morder, uma das mãos apertando um seio e a outra dando-se prazer.

Ela começava a gemer e ele a perder a sanidade. Já haviam transado varias vezes e parecia que ele nunca teria o suficiente dela, queria os gemidos, os gritos, abrigar-se na vagina úmida e fazer o que quisesse com ela.

Os gemidos de Anabel ficaram mais altos e a mão fazia movimentos mais frenéticos, ele ficou em pé na banheira e segurou seu membro indeciso do que exatamente fazer.

Ela estava tão linda e sensual perdida no próprio prazer, que ele decidiu não interromper, começou a se masturbar. Estava tão excitado que rapidamente chegou ao mesmo nível de tesão que ela, logo gozaria e faria isso na boca de Anabel.

Segurou-a pela nuca e forçou-a a abocanhar seu membro, ela parou o que estava fazendo e colocou as mãos nele.

__ Nâo! Continue! Agora!

A ordem foi dada entredentes e com a boca cheia Anabel sorriu. Então a menina mimada o fez perder o controle? Era muito bom saber que tinha esse poder.

Ela continuou a masturbação enquanto chupava seu doce predileto usando muito a língua.

Lucas a segurava pelos cabelos com força, forçando os movimentos de vai e vem.

Ele gemeu mais alto, um som gutural. Ela começou a tremer e esfregar as coxas. Estavam sem controle, Lucas focado em seu próprio prazer e Anabel ocupada consigo e com ele. Foram alguns minutos de gemidos e louco frenesi, então o gozo de Lucas encheu a boca de Anabel ao mesmo tempo em que ela sentia seu interior convulsionar. O gosto era salgado e não agradou tanto, mas ela forçou-se a engolir já que ele não tirava da sua boca, aliás, continuava movendo-se dentro dela.

Haviam acabado. Com pesar ele chegou a conclusão que queria ter prolongado o interlúdio um pouco mais. Estava acabado e dormiria o resto da noite, não tinha forças para fazer mais nada, no entanto queria.

Lucas paralisou. Não era possível que ela o afetasse assim. Queria mais dela.

Acabaram o banho sem se tocar. Ele de repente ficara distante e Anabel resolveu deixar assim. Questioná-lo poderia levar a alguma situação que ou acabaria em sexo selvagem ou em punição simplesmente e ela estava cansada demais para os dois.

Foram para a cama e dessa vez dormiram de verdade.

Domingo era dia de missa, assim seus pais a haviam ensinado. Sempre ia a missa aos domingos pela manhã, era a primeira vez que falhava com essa obrigação. Perguntou-se se Lucas tinha alguma crença, talvez isso nem fosse da sua conta.

Agora plenamente acordada, tomando banho sozinha e intrigada com seu comportamento, ela perguntava-se se tinha sido uma boa ideia envolver-se com um homem como ele.

Depois do banho juntos ele ficou calado, deitou-se de costas para ela e dormiu sem nem ao menos dizer boa noite. Acordou e tomou banho primeiro, ela esperava ser convidada a tomar banho junto, ao sair do banheiro mandou que ela se apressasse. O homem estava bem ranzinza naquela manhã.

__ Anabel, não pode ser mais rápida com esse banho?

Ela desligou o chuveiro e foi mal humorada para o quarto, vestiu-se o mais rápido que pôde.

Lucas já havia tomado café e como ficava apressando-a, Anabel viu-se forçada a comer em tempo recorde. Sem que ela se desse conta já estavam no carro e somente depois de dirigir por alguns minutos que ele perguntou onde ela ficaria.

__ Vai brincar de esconde-esconde com seus pais ou posso deixá-la na sua casa?

Ele estava sendo grosso de propósito. Precisava fazer algo ou Anabel tornaria-se algo mais para ele.

__ Vou ficar no shopping.

Claro que ficaria, pensou Lucas, torraria o dinheiro do papai para afogar as mágoas que ele estava causando. Era isso que devia manter em mente, Anabel era uma filhinha de papai mimada. Tentava se convencer disso ao mesmo tempo em que queria levá-la para sua casa e passar o domingo com ela.

Acordara com um péssimo humor e não reconhecendo a si. O que fazia Anabel com ele para afetá-lo tanto? Não queria gostar dela mais que o necessário para satisfazer suas vontades.

Uma ideia lhe ocorreu, sua amiga tinha ficado triste por ter desmarcado, chamaria ela para sair. Lúcia tinha a mesma idade dele, não era dada a fantasias românticas e era uma ótima submissa para ele.

Estacionou o carro para Anabel sair e pela primeira vez naquela manhã a encarou. Ela estava tentando não parecer triste e falhando miseravelmente. Não sentiria-se culpado por isso, não podia culpar-se, ela que lidasse com as próprias emoções. Afinal não eram nada um do outro. Se ficasse repetindo isso, talvez se convencesse.

Despediram-se com um selinho que enviou correntes elétricas pelo corpo dos dois e Anabel recebeu a ordem de mandar uma mensagem assim que chegasse em casa.

Enquanto caminhava pelo estacionamento até a entrada lateral do shopping, Anabel pensava em como teria sido seu final de semana sem a presença de Lucas em sua vida. O sábado seria dedicado a trabalhos da faculdade, estudo e saídas com os amigos, o domingo a missa, compras e a rotina despreocupada de quem nunca precisava cuidar de nada. Claro que antes de terminar o namoro tinha que se preocupar em ajudar o Henrique.

As coisas tinham mudado em poucos dias, Lucas tinha revirado sua vida e sua cabeça, queria que ele não a tratasse mais como uma menina mimada. Precisava de seu respeito e de ser encarada como uma mulher adulta. Também começava a sentir remorso por seu pai viver gastando um bom dinheiro com seus luxos.

Tinha se arrumado muito rápido então precisou passar pelo banheiro e checar sua aparência. Não estava ruim, deu somente uma retocada na maquiagem e foi até uma loja de joias, muito famosa na região, onde tinha uma placa anunciando vagas para vendedoras.

Uma mulher jovem e muito bem arrumada veio falar com ela. Anabel sentiu-se intimidada por um momento, mas aguentou firme.

__ Pois não, em que posso ajudá-la?

Com o maior sorriso de que foi capaz Anabel disse:

__ Vim pela vaga de emprego.

__ Ótimo. Posso ver seu curriculo?

Não. Não poderia. Ela não tinha um. Nunca tinha trabalhado na vida.

A mulher encarou-a seriamente e por um momento fechou a cara, provavelmente achava que Anabel estava desperdiçando o seu tempo.

Pela segunda vez nesse fim de semana ela sentiu raiva de ser olhada com desdém. Cara feia já aguentava a do Lucas quando fazia algo errado de verdade. Ela nunca tinha trabalhado e daí? Era crime?

__ Sou inexperiente e nunca trabalhei formalmente antes, mas aprendo rápido, tenho bom gosto e sou perfeitamente capaz de lidar com o público. Garanto que se me contratar não ficara arrependida.

A mulher sorriu, tinha gostado de Anabel e do jeito decidido.

__ Precisamos para começar logo. Amanhã, assim que as lojas abrirem você deve começar o seu período de experiência.

Anabel ficou exultante. Iria conseguir a vaga e começar a trabalhar.

__ Por mim tudo bem.

__ Certo, vamos conversar sobre as condições e pegar um uniforme para você. A propósito meu nome é Vera.

__ Prazer em conhecê-la Vera. O meu nome é Anabel.

Um emprego era um grande passo para ela, seus pais ficariam orgulhos, Lucas a veria de outra forma e Henrique com certeza ficaria surpreso, porém a pessoa que mais queria agradar era ela mesma.

Ao sair da loja com uma sacola contendo seu uniforme ela estava mais feliz do que se tivesse comprado algo para si.

Enquanto caminhava pelo shopping ela viu vários de seus amigos na praça de alimentação comendo e rindo, um deles borrifou refrigerante no rosto de um outro e todos gargalharam. Engraçado como de repente tudo aquilo parecia um tanto infantil e ao mesmo tempo ela gostaria de se juntar a eles. Não poderia, o próximo dia era de trabalho, seu primeiro dia na vida adulta de verdade.

Já era tarde quando chegou em casa. O mesmo cenário reconfortante de sempre, sua família sentada na sala vendo televisão, pais amorosos esperando sua chegada e um aroma delicioso vindo da cozinha.

Anabel comeu e foi para seu quarto vestir o uniforme e mostrar aos seus pais. Eles ficariam orgulhoso do amadurecimento dela.

Quem diria que aconteceria exatamente o oposto.

Seu pai parecia em estado de choque e sua mãe estava extremamente preocupada.

__ Mas filha, tem algo faltando a você? Não precisa trabalhar, termine a faculdade primeiro.

__ Como vai conciliar estudo e trabalho? Precisa manter foco somente na faculdade.

Só agora Anabel dava-se conta de que realmente havia sido mimada.

__ Eu amo demais vocês dois, mas já esta na hora de buscar minha independência.

Foram horas tentando convencê-los de que não era frágil e que poderia começar a cuidar de si mesma. Passara tanto tempo cuidando das coisas do Henrique que nunca tinha se dado conta que dentro de casa não cuidava de nada. A culpa era dela de nunca ter se mostrado forte e independente aos seus pais.

Foi para seu quarto esgotada depois de muito discutir, mas conseguiu manter firme a posição de que iria trabalhar.

Quando foi colocar o celular para despertar lembrou-se de Lucas. Ele ficaria furioso.

Digitou:

“Cheguei.”

Cinco segundos depois:

“Já estava na hora. Pensei que passaria a noite fazendo compras.”

Era isso que ele pensava. Que ela tinha ido fazer compras.

“Meus pais quiseram conversar comigo primeiro.”

“Tanto faz. Amanhã não posso ver você. Marcamos outro dia, boa noite.”

Boa noite.”

Diante de tanta frieza da parte dele ela respondeu simplesmente e depois chorou até dormir.

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