segunda-feira, 24 de junho de 2013

CD - Capítulo 42

Notas do capítulo
If i had just one wish
Only one demand
I hope he's not like me
I hope he understands
That he can take this life
And hold it by the hand
And he can greet the world
With arms wide open
With arms wide open
Under the sunlight
Welcome to this place
I'll show you everything
With arms wide open
Now everything has changed
I'll show you love
I'll show you everything
With arms wide open
(With Arms Wide Open - Creed)
POV – Peg

Estou na sala de banhos olhando para minha barriga. A pele está tão esticada que chega a brilhar e posso sentir com uma clareza irritante os sentimentos opostos que a visão me desperta.


Meu filho está aqui, abrigado e protegido e, por mais que eu queira desesperadamente ver seu rostinho, sei o quanto vou sentir falta dessa sensação quando eu não mais puder abrigá-lo contra os perigos do mundo. Ele é um humano e o mundo lá fora deveria ser sua casa, mas não é. Tampouco é o meu, desde o dia em que pus meus pés aqui, nesse pequeno mundo dentro de outro, nessas cavernas que serão o pequeno pedaço do planeta a que ele terá direito no mundo que lhe foi roubado antes sequer que ele existisse. Roubado pela minha espécie.

Estranho a palavra e rolo-a pelos lábios. Roubado. Eu nunca disse isso antes e, mesmo nos momentos em que me senti mais vulnerável à experiência humana, nunca pensei no meio de vida de minha espécie como roubo.

Nós protegemos. Salvamos. Encontramos a cura para um planeta destroçado, lesado em sua essência de vida pela espécie dominante que devia mantê-lo seguro, mas ao invés disso o destrói. Nós consertamos tudo. E então partimos em busca de outro planeta doente, outro lugar que precise de cura. Não é isso?

Contorço-me de forma impaciente quando percebo que não penso mais assim. Esse deveria ser o lar do meu filho. Um mundo inteiro à sua disposição com caminhos que pudessem ser desenhados sob seus passos. E nós... bem, nós roubamos isso dele. Tudo o que pertence agora à minha espécie, a imensidão azul, o verde que curamos, as possibilidades que renovamos, tudo, tudo deveria pertencer a ele. Ironicamente, percebo que isso significa que eu, a mãe dele, não deveria estar aqui.

Humm, bem... Faz todo sentido. E também não faz sentido algum.

Além disso, dói como se alguém estivesse apertando meu pescoço quando penso nisso. É opressivo e quase me faz querer gritar.

Mesmo assim, fico pensando em Ian vivendo sem mim no mundo de antes, no mundo que deveria ter sido se eu não estivesse aqui. Ele é alegre, impetuoso e forte como nessa doce realidade alternativa em que vivemos, mas nesse outro mundo seus grandes passos o impulsionam para longe, para distâncias hoje inacessíveis para ele, para John...

Sinto meu coração se retorcer diante da imagem. Eu desejo e ao mesmo tempo tenho pavor de imaginar o quanto Ian seria feliz se esse minúsculo ponto azul no universo tivesse passado despercebido pela minha espécie. Eu o vejo em minha mente conhecendo uma garota humana, talvez Sol, que teria um nome delicado e uma alma alegre e cheia de vida. Uma garota que fosse como ele e que lhe daria um filho, que eles talvez chamassem de John, e que correria livre por um mundo muito maior do que as paredes de pedra que nos cercam agora.

Parece irracional ou até estúpido da minha parte impingir a mim mesma tamanha dor, mas não consigo evitar que, em meio a esse cenário que imagino, eu encontre consolo ao pensar em meu filho sendo livre, em Ian sendo feliz...

E aqui estou eu novamente, equilibrando na balança desconhecida da vida humana um peso igual de dor e felicidade. Ou talvez dessa vez a dor pese mais.

John se mexe em meu ventre e eu me censuro por me deixar tomar por pensamentos tão sombrios, por me deixar pairar por um cenário doloroso quando há tanta felicidade dentro de mim.

Nosso pequeno mundo não é nada ruim, afinal de contas - sussurro para mim mesma e para John. E nós somos amados aqui, eu e você. Mais do que em qualquer outro mundo possível.

Ainda assim, estava sendo dificílimo impedir meus pensamentos de escorregarem para os piores cenários, para tudo que podia dar errado mesmo quando tudo parecia tão certo. Aparentemente, preocupar-se constantemente é o destino das mães.

Preocupar-se. Amar. Ansiar.

Eu me lembro de ter sentido isso por Jamie desde o começo, quando eu mal o conhecia. Um sentimento tão voraz que nem percebi quando deixou de ser algo herdado de Mel para se tornar algo meu. Mas com John era ainda mais intenso, um amor visceral que me consumia e me obrigava a pensar nele a cada instante, me compelia a ser tudo e qualquer coisa que ele precisasse.

Olho para meu corpo frágil, esse corpo que se tornou meu em sua mais pura essência, tanto que achou o caminho de volta para mim quando já não deveria ser mais meu. Esse corpo é tão precioso! Eu costumava ter sentimentos ambíguos quanto a ele. Eu costumava amá-lo e ao mesmo tempo lamentá-lo, detestar sua fraqueza, sua imensa fragilidade.

Não mais. Não depois que o homem que me escolheu antes mesmo que soubesse o quanto isso era certo tê-lo amado e o tornado só seu. Não depois de tudo o que Estrela passou para trazê-lo de volta. Nunca depois que ele passou a abrigar o meu filho.

Sim, eu amo esse corpo. Mas esse não é um corpo de mãe.

Quer dizer, meu filho é grande e forte como o pai e eu... Bem, eu não sou. Nesse corpo, o meu corpo, o último que habitarei, sou apenas uma menina. E se não for o bastante?

Decido sair da água antes que Ian fique preocupado e me visto ainda com esses pensamentos rolando de um lado pra o outro em minha cabeça. Sendo assim, é um alívio me concentrar em coisas mais imediatas como a fome que começa a despontar conforme a hora do jantar se aproxima.

Quando sigo para o meu quarto para me encontrar com Ian, cruzo com Estrela e Logan e não consigo conter o sorriso ao perceber o quanto estão radiantes. Logan sorri o tempo todo agora, um sorriso leve e persistente que não se parece em nada com seu jeito arredio de antes. Ele ainda tem aquele olhar triste-feliz que é parte de quem ele é, mas dá pra saber que os fardos que carrega em seu coração estão perdendo importância.

E Estrela... Ah, minha doce irmã parece feita para esse planeta. Pronta para enfrentar qualquer coisa com sua imensa e adorável inocência. Dentro dela também há uma esperança, um irmão ou irmã para meu filho.

Eles parecem completamente inconscientes de todos os desafios que esperam nossos pequenos e eu fico com o coração apertado ao perceber que, em algum momento, aquela linda euforia que os embala vai ceder lugar a uma azucrinante preocupação que vai pinicar todos os seus pensamentos como minúsculas agulhas, uma de cada vez perfurando seus ânimos.

Logan parece perceber o meu esforço em esconder o que sinto ao sorrir de volta para eles. Ele me conhece bem, mesmo que conversemos pouco. Logo no começo, ele se apegou a Sunny e em questão de instantes os dois já se amavam como irmãos, mas comigo foi um processo mais lento.

Eu o via obviamente perturbado pelo fato de que já tinha sido apaixonado por esse corpo e, embora não houvesse confusões amorosas entre nós, eu sabia que era difícil refrear o instinto visceral que ele tinha de cuidar de mim. Por eu ser uma Alma como ele, claro, por eu estar grávida, em primeiro lugar, mas também por eu ter o rosto que ele primeiro aprendeu a amar.

Entretanto, mesmo com todos esses conflitos e com suas tentativas de ficar longe de mim, ele nunca conseguiu realmente me evitar e eu sabia que ele me vigiava de perto, tentando cuidar de mim de longe para não ofender ninguém, mas ficando sempre atento a tudo a meu respeito. Isso somado ao fato de ele ser tão irritantemente perspicaz - não era à toa que ele e Jeb se davam tão bem - tornava impossível que eu conseguisse mentir para ele.

– Está tudo bem, Peg? – perguntou ele fazendo com que uma expressão surpresa e alarmada surgisse subitamente no rosto de Estrela

– Sim, claro. Só um pouco cansada – arrisquei na esperança de convencê-los.

Estrela pareceu acreditar, pois seu rosto se suavizou novamente e ela voltou a sorrir.

– É normal que ela se sinta assim, Logan – disse ela tentando acalmá-lo. – Não é nada de mais. Descanse um pouquinho antes do jantar, Peg. Se quiser, eu levo comida pra você.

– Tudo bem, não precisa...

– Você sabe que eu levo você para uma Estação de Cura se precisar, não sabe?

Mas será que ele aprendeu a ler pensamentos agora?

– Eu acho que ela está preocupada com o parto – diz ele, explicando-se para Estrela que tinha ficado obviamente confusa.

– Peg! – diz ela em seu tom compassivo e paciente de Curandeira – Não precisa se preocupar! Nós já nos certificamos de pegar todas as coisas de que você possa precisar e eu e Candy sabemos bem como usá-las. Além disso, Doc estará conosco. Você só tem que ficar calma e tudo dará certo.

- Eu confio em vocês, Estrela - respondo, tranqüilizando-a também. – É que tem sido tão difícil não me preocupar! É como um tique nervoso – tento brincar. Estrela ri, mas não desfaz a expressão cuidadosa.

- Descanse um pouco, como eu falei. Talvez seja apenas isso e mais tarde você se sinta melhor. De qualquer jeito, você ficou tempo demais em pé hoje. Quando você estiver mais relaxada nos sentaremos juntos e conversaremos mais a respeito disso, tudo bem?

- Tudo bem – respondo, abraçando e me despedindo. Estrela e Logan seguem seu caminho e a confiança e tranqüilidade deles é um alívio.

É engraçado ver Estrela se comportando como Curandeira. É um lado dela que eu não tenho como conhecer e por isso gosto de observar e descobrir aos poucos.

Ela é delicada de um jeito todo particular. As Almas costumam ser, em geral, extremamente gentis e cuidadosas, ainda mais as que se dedicam à cura, mas com Estrela é diferente. Talvez ela se pareça mais com uma humana extraordinariamente cortês. Ao mesmo tempo que é gentil, ela é assertiva e firme e você não ousa, apesar de sua delicadeza, contestar o que ela diz. Acho que ela aprendeu isso com Logan e ao vê-la agir assim, sei imediatamente que ela será uma ótima mãe.

É bom saber que John não vai conseguir manipulá-la, como possivelmente fará comigo e como Jamie faz com todos nós. É divertido compará-los e me pego imaginando que John, ainda que não seja realmente sobrinho de Jamie, será muito parecido com ele.

Estou sorrindo ainda quando entro no quarto e vejo Ian folheando o dicionário de nomes que Logan deu de presente a Estrela meses atrás.

– Eu nunca te perguntei, - diz ele – porque gostei tanto do nome que Estrela escolheu que nem pensei em outros, mas você já pensou que nem pudemos discutir o nome de nosso filho?

– Não me importo – digo me acomodando ao lado dele em nossa cama. – Gosto de John. Parece um nome que eu escolheria se tivesse tido a chance.

– Foi o que pensei quando Mel me contou... – Ian para por um segundo, hesitando, depois suspira e torce os lábios de um jeito ligeiramente juvenil antes de continuar. – Isso é outra coisa também. Eu soube dele antes de você e você nem pôde me contar.

Eu acaricio seu rosto, atenta aos detalhes de sua expressão para tentar entender sua frustração e ele pisca para mim, os olhos ficando mais claros e brilhantes quando os abre de novo.

– O que foi? Por que você está se preocupando tanto com as pequenas coisas que perdemos. O que ganhamos é muito mais importante, não acha?

– Eu só queria que você tivesse todas as experiências de uma mãe...

A frase fica suspensa no ar, as reticências aparentes na sua voz.

– As experiências de uma mãe humana, você quer dizer?

– As experiências da mãe do meu filho – ele corrige, o desconforto que a palavra “humana” tinha lhe causado estando bem evidente em sua expressão. – Não gosto quando coloca as coisas dessa maneira.

– Eu não me importo com essas coisas, Ian. Eu teria adorado viver essas experiências com você, mas estou feliz demais por estar aqui e viver o resto ao seu lado. Acho que tenho estado feliz demais para me importar com o que quer que seja que tenha ficado pra trás.

Ian torce os lábios mais uma vez e franze a testa, suas sobrancelhas grossas se juntando num traço firme. Posso vê-lo lutando com a ideia de que eu não preciso ter tudo, de que o que eu tenho já é tudo para mim.

Desde o começo ele me viu pelo que era e, desde muito cedo, provavelmente desde antes que eu merecesse, ele amou o que viu. Mas ele também me vê como uma jovem humana. A jovem humana de meu devaneio, aquela que ele deveria ter conhecido se as coisas fossem diferentes.

E se as coisas fossem diferentes, ele poderia viver as experiências de um pai normal. E então, estou subitamente de volta aos meus pensamentos tristes.

– E você? – pergunto, meu coração se apertando com a ideia dentro dele – Sente falta dessas coisas... normais? – a última palavra sai com cuidado, um fiapo de voz apenas, o medo opressor do quanto ela pode nos ferir apertando-se ao meu redor.

– Normais? – repete ele, parecendo perceber também o poder daquela palavra. – Eu acho que não. Não penso nisso no que se refere a mim mesmo. Para mim, normal é estar com você.

Fico feliz ao ouvir isso e poso um beijo em seus lábios quando digo que para mim também.

– E isso basta – continuo. – Talvez estejamos nos preocupando demais com velhos conceitos do que seria normal.

– Sim, talvez estejamos. E há muito tempo eu deixei de me lamentar pelo que ficou pra trás, pelo mundo “normal” – diz Ian, fazendo aspas com os dedos. Tudo o que me importa é esse mundo maluco que me trouxe você.

– Nosso mundo estranho – digo suspirando.

– O mais estranho de todos – ele confirma, fechando meu rosto em suas mãos. – Além do mais, o dia em que soube sobre nosso filho é um dos melhores de minha vida. Foi quando eu soube que não tinha perdido você.

– E eu soube dele segundos antes de abrir meus olhos para você. Quando os fechei antes disso, foi acreditando que tudo tinha chegado ao fim, então acordo novamente sabendo que não só não tinha acabado, mas que havia um começo completamente novo para nós. Você não me deu apenas um motivo para ficar nesse mundo, você me deu um mundo inteiro. Um pequeno mundo chamado John. Foi assim que eu o conheci e esse nome simboliza tudo isso para mim. Sempre me lembrará do dia mais feliz dentre os que já vivi.

Ian me beija e uma sensação de paz me invade. Sei nesse momento que nossa breve tempestade já passou. E sinto a rocha incandescente voltar a nos moldar. Agora somos três e nossos corações estão prontos.

– Parece que temos lembranças boas, afinal – diz ele, sorrindo.

– Parece que sim. Foram meses... interessantes, pra dizer o mínimo. Acho que, apesar do barrigão e de todas as dificuldades, vou sentir saudade de estar grávida.

– Eu gostei de ver seu corpo mudando. Você está linda! Gosto de saber que meu filho está crescendo aí dentro. Também vou sentir falta disso. Apesar de que me faz ficar ainda mais preocupado com você.

– Gosto do jeito como você cuida de mim.

– Hum, então você disfarça bem! – diz ele rindo ao referir-se às inúmeras vezes em que reclamei de seus cuidados excessivos.

– Não, eu gosto. É difícil admitir, mas tenho precisado de seus cuidados cada vez mais. Além disso, estou sempre com tanta fome! E você sempre sabe quando e o que eu quero comer.

– Eu conheço você, Peregrina. E saiba que não me incomodo que você esteja virando uma bolinha! – provoca ele, mas eu não me chateio. Como me chatearia? Então apenas solto uma risada e continuo falando das coisas de que sentirei falta.

– E quanto a Estrela e Sunny? As duas arranjaram roupas para uns cinco bebês! É um verdadeiro desperdício, porque Doc disse que ele vai crescer rápido e não vai usar nem a metade daquilo antes que fique pequeno demais. Mas eu adoro cada uma das coisas que elas trouxeram! Posso ficar horas olhando para elas.

– E o que acontece com toda essa obsessão por azul? Meu Deus, existem outras cores! – brinca Ian.

– Fui eu que pedi. Sei que ele vai ter seus olhos – esclareço quando ele me olha intrigado.

– Eu quero que ele seja parecido com você.

– Não, não – balanço a cabeça veementemente – Eu quero um pequenino O’Shea!

– A desvantagem é que assim ele também será parecido com Kyle – Ian brinca de novo e nós rimos enquanto afagamos minha barriga.

– Acho que terá o mesmo apetite que o tio, com certeza – e quando digo isso, Ian me olha imediatamente preocupado porque, segundo ele, “já passou da hora de eu comer”.

Nós nos preparamos para o jantar enquanto eu continuo a especular, encontrando em cada um dos que mais amo características que acho que meu filho vai “herdar”.

– Acho que será transigente e alegre como Jamie – digo.

– E impetuoso e forte como Mel – Ian completa.

– Decidido e cheio de recursos como Jared.

– Inteligente como Jeb.

– Corajoso como Estrela.

– Adaptável e perspicaz como Logan – diz Ian, para minha surpresa e vejo que estou gostando cada vez mais desse jogo.

- Teimoso e verdadeiro como seu irmão.

- Doce como Sunny.

- Afável e forte como você – digo, porque é esse verdadeiramente o meu desejo.

- Compassivo, generoso e imprescindível como a mãe. Mas ele será perfeito de qualquer jeito, porque será um pedacinho de você.

Coro diante dele no mesmo instante e desvio o olhar para não ter que encarar suas chamas azuis, poderosas demais em sua arte de me reduzir à minha versão mais vulnerável.

Céus! Achei que tinha aprendido a lidar com essa timidez. De onde veio isso agora?

Ian segura meu queixo entre seus dedos e levante meu rosto novamente. Ele está sorrindo e é aquele sorriso que me despoja de qualquer receio. Respondo ao seu olhar e ao seu sorriso. Somos um do outro e eu sei que não importa quão bravia seja a tempestade. Minha âncora está aqui.

Fico na ponta dos pés, o que é um esforço considerável, e ele me acomoda em seus braços se abaixando um pouco para me beijar, segurando todo o meu peso para que eu não precise castigar meus pés.

Nós nos olhamos nos olhos e sei que nada mais precisa ser dito. Não quando ele me olha assim, não quando ele me beija assim. Não quando deixamos a rocha incandescente fazer seu trabalho.

Afago seu rosto e ele sorri para mim novamente e nós seguimos de mãos dadas para a cozinha e para a companhia de nossa família.

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