quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MVLN – Capítulo 2




Ainda estava em dúvida se era ou não um sonho, estava na clareira com Alex, seus olhos dourados e felizes me deixando em paz por ter sido a culpada por sua transformação – ele tentou me salvar de James, mas acabou sendo mordido e Edward e os Cullen não conseguiram chegar a tempo de remover o veneno, ele morreria se fizessem isso – e sempre levarei essa culpa, ria feliz me abraçando.

_ Não acredito que estão conversando e nem me esperaram? – disse Pamela, molhada e de biquíni – você deveria experimentar Be!
_ E morrer congelada? Não prefiro continuar aqui! Como chegou a cachoeira? – sorriu se aproximando de nós e então entendi porque ela conseguia suportar a temperatura da água, sua pele bronzeada estava mais reluzente nas sombras, mas agora com os raios do sol a tocando, pude ver os milhares arco-íris a cobrirem, Pamela também é uma vampira, seus olhos tão dourados quanto os de Alex, e me pergunto como não vi este detalhe assim que ela entrou na campina?
_Eu posso esquentar um pouquinho – disse e sua mão começou a brilhar, uma bola de fogo crescia em sua palma, antes que eu pudesse responder algo ou me assustar ao constatar que uma das minhas melhores amigas tinha um poder, fui hipnotizada pela voz do meu anjo.
Edward adentrava a campina sem pressa, mesmo em dúvida se era ou não um sonho, fiquei feliz e ansiosa em vê-lo, meus nervos conscientes de sua presença, veio até o meu lado e me abraçou pegando em minha mão, ouço mais uma voz e me viro. Era uma outra vampira, loira com os olhos dourados. Quase da minha altura e muito linda, ela desfilava até nós e um vento caminhava junto com ela, as árvores se modificavam, cresciam mais e algumas cresciam fortes entre o espaço da campina. As flores mudavam também, as que antes eram violetas, agora eram azuis, amarelas e rosas e só então reparei na senhora que estava um pouco a sua frente.Poderiam se passar décadas e eu jamais me esqueceria dela, era vovó. Só assim me dei conta de que era um sonho.
Sem me importar corri até ela e me espantei em ver que ela corria igual a mim, vovó era de idade avançada, não conseguiria correr assim, mais uma prova de que era um sonho... Eu queria fazer tantas perguntas, saber por onde ela esteve durantes esses últimos seis anos, se encontrou vovô, mas quando abri a boca ela vez o mesmo e parei, ela também sorriu hesitante.
_ Bella? – chamou Edward e então entrei em pânico, como explicar a minha avó? Não se preocupe vovó, brilhar é algo natural para meu namorado, é de família! Voltei meu olhar assustado para ela, temerosa, e então a mulher vampira que se aproximou e tocou seu ombro, senti alguem tocar os meus e lá estava a mesma vampira, sorriu para mim e deu um sorriso melado demais para o meu Edward, minha cara se fechou na hora.
_ Feliz aniversario Bella! – disse com uma voz de sino e com um sorriso sincero. Edward ergueu minha mão e vi minha pele enrugada. Olho para minha avó, e a mesma vampira estava com o braço em volta dela e só então me dou conta de uma moldura linda de madeira e com pedras talhadas em volta, quem a segurava era Pamela.Com medo, ergui meu dedo até vovó e tudo que toquei foi um vidro frio, aquele era meu reflexo, eu era a velha.
Alex e Pamela caminhavam até mim de mãos dadas, a vampira caminhou até Edward e se aconchegou em seu peito, isso me irritou muito e antes que eu falasse algo senti meu peito latejar ao vê-lo corresponder ao abraço e beijá-la na testa.Todos estavam intocados pelo tempo, na flor da idade e ficariam assim por toda a eternidade,enquanto eu estava velha, enrugada, acabada pela idade avançada. Ainda mais próxima da morte.
Com um guincho de dor e entre soluços acordei! Meu rosto estava banhado em lágrimas, minha cabeça latejando. Busquei repetir a todos os instantes que era um maldito pesadelo e para me ajudar a acreditar em minhas palavras o espelho do banheiro mostrou minha pele perfeita, que só teria um ou duas ruguinhas de expressão se eu forçasse os olhos.
Tomei um banho demorado em uma água escaldante para relaxar os músculos e me acalmar a mente. Forcei um copo de leite e uma maçã, mas procurei não demorar nisso, Charlie estava no banho e depois dessa merda de pesadelo, não queria saber de nada sobre aniversários, entrei rápido na picape.
Assim que entrei no perímetro do estacionamento pude ver meu Deus grego encostado em seu Volvo, Alice estava de frente para ele, em suas mãos um embrulho verde e prata. Me arrastei para fora da picape batendo a porta com uma força exagerada, minha capa de chuva sendo deixada para trás, o frio que estava pior. Seu sorriso me fez esquecer esse detalhe e me refrescar a mente com o verão mais maravilho e inesquecível que eu poderia ter – apesar de ter sido o mais chuvoso da península olímpica e o mais quente do Arizona. Após voltar da casa da Pan não desgrudei de Edward, sempre estavamos juntos, só nos separavamos durante as refeiçoes e meu banho – completamente perfeito com seus beijos, com sua presença.
Caminhei lentamente e Alice saltitou até meu lado e me abraçou:
_ Feliz aniversário!
_ Shiuuuu – não queria chamar atenção e não queria saber do meu aniversário, não depois desse sonho.
_ Meu presente! Você vai adorar e vai usá-lo hoje a noite, lá em casa! – disse me entregando o embrulho. Merda! Esqueci que dei carta branca para Alice fazer uma reuniãozinha na casa deles. Hoje seria meu encontro oficial com Alex! Pamela não poderia vir, estava passando mal, uma virose ou algo do tipo.
_ Ok Alice, mas não quero saber de mais uma palavra sobre meu aniversário! – digo tentando ser ameaçadora.
– Não sabia que tinha aversão a aniversários... – perguntou quando já estávamos ao lado de Edward.
– Eu não tenho, mas tive uma noite horrível! E por isso não quero saber de comemoração.
– Quer cancelar a festa? – perguntou meu anjo ao abrir os braços pra mim e me deixar afundar em seu perfume.
– Não, não cancelará nada – disse Alice ameaçadoramente.
– Podemos fazer amanhã?
– Sem problemas Edward, podemos fazer hoje. Minha nova aversão não irá desaparecer – pelo menos até que me transforme!
Alice saiu nos deixando sozinhos, me apertei mais a Edward. Eu queria esquecer aquele sonho, mais assim que senti seus braços em minha volta lembrei dela, eu queria perguntar algo, mas não queria mostrar fraqueza e muito menos farei uma crise de ciúmes por causa de uma vampira que nem sei se realmente existe!
_ O que houve em sua noite?
_ Pesadelo.
_ Quer falar?
_ Não.
_ Não precisa ficar com raiva de aniversários por causa de um pesadelo.
_ Não é só isso, eu estou mais velha.
_ Essa é a lógica dos aniversários.
_ Estou mais velha que você.
_ Só um ano Bella, Esme é três anos mais velha que Carlisle – disse acariciando minha bochecha, deixando minha pele formigando.
_ Eu quero um presente.
_ Peça.
_ Me transforme? – Edward se remexeu, ficando mais rígido em meus braços.
_ Isso não é um assunto para resolvermos aqui, e nem acontecerá de qualquer forma – fiquei irritada pra caramba com essa aversão a me transformar, minha língua coçando pra xingar e soltar palavras das quais me arrependeria, e também não queria dar um show no estacionamento. Segurei em sua mão e segui para o prédio, Edward me puxou e me beijou, com delicadeza demais, seu hálito me embriagando, minhas pernas ficando bambas e o ar se esvaindo.– Não fique chateada – disse roçando nossos lábios – é seu aniversario – tentei não me estressar, isso só estava piorando a dor de cabeça. Maneei a cabeça em concordância e seguimos para as aulas chatas (que já não eram tão chatas assim, Edward tinha quase todas as aulas comigo).
O dia passou rápido, as aulas me entreteram o suficiente para isso. Algumas pessoas se lembraram do meu aniversário e vieram me cumprimentar, é claro que o mau humor não tinha passado (e nem ia passar), mas fiz o possível para não desagradar ninguém. Só era difícil segurar minha língua quando alguém vinha com o comentário “ficando mais velha”, isso já era demais.
Saímos da escola e fomos direto para minha casa.
_ Você vai ficar até a hora de irmos para a festa, né? – falei fazendo uma careta na palavra final.
_ Tudo para darmos um fim nessa sua nova aversão... – ele disse acariciando minha bochecha – O que quer fazer?
_ Ver filme... O que acha?
_ Ótima idéia... – ele disse colando nossos lábios brevemente.
Romeu e Julieta era realmente lindo, principalmente quando você passava a se identificar com a história de certa forma...Eu estava deitada sobre o peito de Edward, seus dedos repousavam em minha cabeça e ele citava todas as falas de Romeu em meu ouvido, não tinha nada mais perfeito do que aquilo.
_ Eu realmente invejo ele nesse momento. – Edward disse na cena em que Romeu se suicida, era impossível entender seu ponto de vista, então perguntei depois de alguns minutos tentando:
_ Inveja? O que exatamente?
_ O suicídio em si. – ele disse como se fosse a coisa mais natural do mundo – É muito fácil para um humano morrer, tudo que ele precisa é engolir um extrato de planta.
_ E por que diabos você precisaria pensar nisso? – eu disse já visivelmente alterada com o rumo da conversa.
_ Eu já tive que pensar uma vez, quando você foi quase morta, eu temi não chegar a tempo, temi viver num mundo sem você, e não é uma coisa tão simples assim para um vampiro... – ele disse calmamente, o que me irritou ainda mais. – O único jeito, já que eu não poderia pedir a ninguém que me ajudasse, seria provocar os Volturi.
_ Quem são os Volturi? – eu perguntei nervosa.
_ Eles são a “família real vampira”, destinados a guardar nosso segredo, e exterminam aqueles que deixam ele escapar de alguma forma.
Meu corpo estremeceu em pensar na possibilidade de um mundo sem Edward, isso seria terrível demais, improvável, inconcebível.
_ Independente do que aconteça comigo Edward, você nunca mais deve pensar nisso. Você vai continuar com sua vida, exatamente como antes de eu aparecer para complicar tudo. – eu esbravejei, ele fez menção de responder, mas eu fui mais rápida. – Essa conversa se encerra aqui, eu vou me arrumar.
Saí pisando duro, ainda nervosa pelos pensamentos insanos de Edward. Tomei meu banho, me vesti com o vestido que Alice tinha me dado, e me maquiei. Quando cheguei na parte de baixo, meu pai já estava em casa, e Edward o fazia companhia na sala.
_ Feliz aniversário Bells. – meu pai disse me abraçando apertado, me entregando uma caixa azul. Abri.
_ Obrigada pai. É legal ter alguma coisa para registrar os momentos importantes. – balancei a câmera em minhas mãos. – Se você não se importar, eu vou para a casa do Edward, insistência de Alice... – eu disse me desculpando.
_ Tudo bem, hoje tem jogo, eu não seria uma boa companhia para a aniversariante.
Seguimos para a casa de Edward, para minha surpresa, tinha mais carros parados na porta. Nessa hora eu tive um pouco de medo de Alice ter exagerado. As escadas estavam enfeitadas com velas e flores, eu podia ouvir uma música do lado de dentro e as luzes acesas, algumas lamparinas iluminando o caminho até a entrada da casa. Eu tinha certeza que Alice tinha exagerado.
Antes que eu pudesse alcançar a entrada Edward puxou meu braço, me fazendo olhar para ele:
_ Lembre-se de que isso é uma festa. Tente se divertir, eles estão muito empolgados, já faz um bom tempo que não comemoramos um aniversário por aqui. – ele disse me abraçando.
_ Tudo bem, eu vou me comportar. – disse em tom de zombaria.
Entramos, e tudo estava perfeitamente decorado, Alice não tinha esquecido um detalhe se quer. O chão estava todo adornado com velas e flores, iguais as da escada, havia também uma grande mesa no centro, forrada de branco e um bolo rosa no centro, ladeado por grandes arranjos lindos. Algumas taças e pratos num canto (muitos, já que a única que comia ou bebia aqui era eu). Pude notar também alguns embrulhos no canto da sala, definitivamente eles tinham se empenhado. Tudo perfeito.
_ Feliz aniversário Bella. – Alice me abraçou ansiosamente. – Espero que tenha gostado.
_ Está perfeito Alie... – eu disse verdadeiramente.
_ Você precisa abrir seus presentes. Vamos logo. – ela disse me puxando.
No curto caminho até os presentes, recebi parabéns e abraços de todos, conheci também alguns amigos da família, os Denali. Kate, Irina, Carmem e Eleazar eram ótimos. Eles disseram ter mais uma irmã, que chegaria mais tarde, estava caçando, não me importei, provavelmente seria tão agradável quanto os outros.
Realmente eu não tinha imaginado me divertir tanto numa festa que eu passei o dia relutando em aceitar. Alex também estava lá, e eu fiquei muito feliz em vê-lo. Ele já tinha se acostumado muito bem com sua nova vida, parecia gostar bastante, estar feliz. Conversamos sobre amenidades, relembrando o passado, Edward adorou saber mais um pouco sobre mim, riu bastante das nossas histórias.
Às vezes eu podia sentir que alguém estava um pouco incomodado na minha presença, afinal de contas meu cheiro deveria ser uma tortura para eles, mesmo estando habituados a ficar perto de humanos, aquela proximidade era excessiva. Alex e Jasper, eram os mais tentados, mas se saíam muito bem, só percebia que não respiravam ao meu lado.
Esquecemos dos presentes por um tempo, mas é claro que Alice não deixaria passar em branco. Quando vi, estava novamente esperando ao lado das infinitas caixas. Abri uma a uma, ganhei várias coisas, roupas, sapatos, duas passagens para visitar minha mãe (que eu adorei), alguns livros...Quando terminamos todo o ritual, Edward me puxou para uma sala mais a frente, ela estava vazia, mas ainda podíamos ver os outros na sala ao lado, eu segurava minha taça de suco nas mãos, e sem ter onde coloca-la, permaneci com ela. Não ousaria apoiá-la no piano, não sabendo que aquilo ela dele e certamente tinha quase um século ou mais.
_ Apenas roubando a aniversariante um pouco... – ele disse em meu ouvido, seu hálito gelado em contato com minha pele, me fazendo estremecer - consegui curá-la da aversão?
– Hum? – estava embreagada com seu perfume - Conseguirá se me trans...formar– minha voz quebrando na ultima palavra ao sentir meu corpo vibrar com seus beijos em meu pescoço.
Quando finalmente recobrei todos os meus sentidos, vi alguém chegar, sabia que era a irmã que faltava, ela era realmente linda. Porém quando seus olhos encontraram os meus, eu os reconheci, era ela, a mulher do meu sonho. E como se ainda não fosse suficiente, ela olhou para Edward e deu o sorriso mais doce que poderia existir.
– Esta é a famosa Bella?– sorriu docemente para mim - Prazer em conhecê-la – disse estendendo a mão. Tentei ser cordial e esquecer do pesadelo, mas isso não impediu do meu ciúme falar mais alto.
– Se conhecem a... quantas décadas?– perguntei olhando para Edward, este que me olhava interrogativo, Jasper! Claro que ele sentia meu nervocismo e ciúmes.
– Mais de cinco! Tanya é nossa prima!– meu olhar estava nela e vi uma pontada de dor nos olhos dourados quando ele disse prima. Obviamente ela queria e já tentou mais que isso!
Sem me dar conta da burrice que estava prestes a cometer, apertei a taça em minhas mãos com tanta força que ela se partiu, fazendo todo o líquido escorrer pelo chão.
Olhei com medo para baixo, rezando para que eu não tivesse me cortado, porém era tarde demais, o sangue escorria pelo meu braço e eu tinha certeza de que todos já estavam me olhando.
Antes que eu percebesse, Jasper e Alex pulavam em minha direção. Edward me empurrou para trás, me fazendo cair em cima da mesa de centro, partindo mais um vidro, e mais sangue sendo derramado, dessa vez o corte era em meu braço, rente ao ombro.
Pude ver Emmet, Rosalie, e as irmãs Denalli segurando os dois, eles estavam descontrolados, suas presas a mostra, seus olhos sem vida, apenas com a intenção de se saciar. Alice tentava acalmar Jasper, mas todos os seus esforços pareciam em vão. Ela chorava, enquanto eles os levavam para fora da casa. Edward permanecia agachado em minha frente, claramente numa posição de ataque.
Carlisle e Esme, desaparecidos até então, voltaram trazendo uma maleta e alguns panos e produtos de limpeza.
_ Edward, precisamos leva-la para a mesa da cozinha. – Carlisle dizia apressado, ele era o único que não parecia se afetar com o cheiro do sangue.
Edward me carregou até onde ele tinha pedido, eu sabia que ele não estava respirando, e sabia também que aquele cheiro o incomodava mais do que a todos, afinal eu era sua droga.
_ Você pode ir Edward. Carlisle vai cuidar de mim agora. – eu disse olhando em seus olhos.
_ Não Bella, eu vou ficar. – ele respondeu depois de ver meu rosto de fechar em dor.
_ Edward ela tem razão, é melhor você ir. Eu vou anestesiar o local, Bella não vai sentir dor alguma. – Carlisle tentava o convencer.
Alice entrou chorando pela porta.
_ Me desculpem por isso. Quando eu percebi o que eles iam fazer já era tarde demais, foi uma decisão de última hora, eles resistiram até o fim. – ela dizia com a voz embargado no choro de vampiro.
_ Não é sua culpa Alie. Onde estão Jasper e Alex? – eu perguntei preocupada.
_ Alex foi embora depois de se controlar, pediu desculpas pelo transtorno. E Jasper, ele prefere ficar sozinho, deve estar na mata. – ela dizia triste, ainda tentando camuflar os sentimentos.
_ Você deveria ir falar com ele Edward, provavelmente é o único que ele irá ouvir agora. – Carlisle disse.
_ Carlisle tem razão, vá falar com Jasper. E por favor, diga que eu não estou chateada, nem um pouco. – eu disse.Edward pareceu concordar e saiu com Alice, eu tinha certeza que ele estava se culpando por tudo, nós precisaríamos conversar sobre isso.
Carlisle retirava os pedaços de vidro que ainda estavam na ferida. Como ele disse, eu não sentia dor, apenas uma pequena aflição no local, e uma grande náusea pelo cheiro de sangue. Foquei minha atenção nele, era incrível seu auto controle, ele parecia mais calmo do que eu.
_ Como você consegue?
_ Anos de prática. – ele respondeu sorrindo.
_ Sabe, você não precisava fazer isso. Tentar se redimir pelo que houve com você. Você não teve culpa... – eu disse meio sem pensar.
_ Eu não estou me redimindo Bella. Apenas escolhi o melhor caminho a seguir, com tudo que me foi dado. – sua calma transparecia em todas as palavras e automaticamente dominava o ambiente.
_ Mas por que você escolheu esse caminho, e não o mais óbvio?
_ Eu penso que tem que existir um propósito maior na vida, e apesar de já estarmos amaldiçoados, eu gosto de acreditar que nós teremos algum tipo de crédito apenas por tentar.
Eu me surpreendi com sua resposta, nunca pensei que pudesse ter uma explicação religiosa por trás das escolhas dos Cullen. Chegava a ser bizarro, o vampiro falando de fé, mas tocou meu coração de uma forma inexplicável. _ E todos concordam com você quanto a isso?
_ Edward acredita na existência de Deus, mas acha que nós somos almas perdidas, fadadas a viver nessa viva para sempre, sem direito a nada, além disso. – ele pareceu entender que minha curiosidade estava limitada ao que Edward pensava, e eu pude entender porque ele era tão contra a minha transformação.
_ Esse é o problema, não é? Por isso ele se nega tanto a me transformar?
_ Sim, e pense por um breve momento. Se acreditasse no que ele acredita, você seria capaz de arriscar a alma dele?
Aquela pergunta cortou meu peito. Eu arriscaria minha alma por ele, eu não tinha dúvidas disso. Mas seria eu capaz de arriscar a alma dele para satisfazer um capricho meu? Não, eu não seria.
Nesse momento ele entrou pela sala, e só então eu percebi que Carlisle já tinha terminado todo o procedimento e os curativos. Sua expressão era vazia, seus olhos estavam vazios, eu podia sentir sua angustia, sua dor. Tinha certeza que ele se culpava por tudo que aconteceu ali, o que era ridículo. Eu precisava dizer isso a ele, mas agora não seria o momento certo.
Deixei que ele me levasse até o carro, e aproveitei esse momento para enterrar meu nariz na dobra de seu pescoço, eu podia sentir que alguma coisa estava muito errada, e eu não tinha bons pressentimentos quanto a isso.O caminho para casa foi silencioso. Minha mente lutava em busca de uma forma de começar a conversa, mas estava tudo em branco. Quando senti que o carro parou, me virei para ele.
_ Você vai passar a noite certo?
_ Eu ainda tenho que te dar meu presente. Te encontro no seu quarto. – ele disse acariciando meus cabelos, e aquilo por mais que eu quisesse, não acalmou meu coração.
Me troquei no banheiro, vesti uma roupa confortável, escovei meus dentes e me olhei mais uma vez no espelho, criando coragem para entrar no quarto. O encontrei espalhado em minha cama, com um embrulho lilás nas mãos. Ele sorriu para mim e me entregou, depois de constatar que eu não poderia abrir com a mão enfaixada, ele pegou novamente e abriu para mim. Era um CD. Olhei para ele com uma cara de dúvida, e ele apenas colocou para tocar.
Minha canção de ninar começou a ecoar pelo quarto, e meus olhos se encheram de lágrimas.
_ Isso é lindo Edward. É perfeito. – eu disse o abraçando.
_ São minhas composições, para você ter uma lembrança de tudo. – ele disse colando nossos lábios, e o beijo se tornou urgente e profundo, diferente de todos que ele já tinha me dado, parecia uma despedida, tinha um quê de sofrimento, dor, angustia. Tive medo de nos separar. Mas era inevitável.
Eu não tinha mais o que falar, sabia que se conversássemos agora ele não me deixaria explicar nada e eu sabia que nesse momento nada poderia mudar a situação, então me aninhei em seus braços e deixei que suas canções me ninassem, rezando para que o dia nunca amanhecesse.
ç                      è

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