Acordei sem Edward, levantei a contragosto, meu peito
apertado e aquela sensação de algo errado ainda pulsava, só que mais forte que
antes. Me arrumei para o colégio e estranhei ele não vir me buscar. Quando
cheguei o volvo ainda não estava estacionado. Fiquei sentada na picape
esperando, não demorou muito e Edward estacionava uma vaga a trás da minha
picape. Seu rosto estava sem expressão, seus olhos vazios. E meu peito latejou
em expectativa de algo muito errado. Me deu um beijo na testa e me guiou para
nossa primeira aula, Edward estava distante, não falou muito e Alice não veio.
Fomos para o intervalo e ele continuava sem falar nada e não aguentei.
– Vamos lá fora – sussurrei levantando e ele me seguiu,
sentamos nos banquinhos – porque está estranho assim?
– Não é nada Bella – disse sem me olhar.
– Edward eu estou bem, meu braço só me incomoda se eu mexer
rápido – seu olhos brilharam em algo obscuro – onde está Alice?
– Ela está com Jasper – continuou sem me olhar.
– Deu meu recado para ele? Isso não foi culpa dele, foi
minha. Isso é normal de acontecer comigo!
– Não foi, isso não aconteceria se estive com seus amigos
humanos. O máximo que aconteceria, era Mick levá-la ao hospital, eles ficarem
do seu lado – disse me olhando.
– Por que Mick entrou em nossa conversa? – que saco!
– Porque o natural seria estar com ele, não comigo.
– Você não vai começar com essa palhaçada! – disse um pouco
alterada – prefiro virar freira ou lésbica! – Edward fez uma cara estranha.
– Não faltaria pretendentes! – disse e foi minha vez de
fazer careta e bufei.
– Edward, eu te amo. Não me interessa o que aconteça se eu
estiver com você, agora pare de me enrolar e me fala o que está acontecendo.
– Vamos entrar o sinal tocou – disse levantando junto com o
barulho do sino.
Seguimos para as aulas e ele permaneceu frio, eu precisava
de Alice, eu queria saber se Jasper estava tão grave assim! Eu não consigo
entender essas reações de Edward. Na saída não me aguentei – vamos para sua
casa – seus olhos pousam nos meus, ele estava apreensivo. Finalmente uma
expressão passou por seu rosto gélido, mas não foi a que eu queria e isso fez
meu coração falhar uma batida.
– Depois Bella, agora não tem ninguém em casa.
– Eu quero falar com Esme.
– Ela está caçando...
– Ok, é algo que posso falar com Carlisle!
– Vou levá-la para casa, depois eu passo mais tarde para
buscá-la – disse outra vez com a voz fria.
– Eu não vou pra casa, vou trabalhar hoje. Troquei com Mick
no dia do meu aniversário.
– Eu passo mais tarde – disse me dando um beijo, um beijo
quente, sua língua tocando em meu lábio inferior, seus braços me apertando. Me
colou a picape, sua mão em minha nuca, um gosto amargo de apreensão me dominou.
Edward tomou uma decisão e tudo me intimidava, fazendo temer essa decisão. O
beijo acabou antes do que eu queria.
Segui para dentro da picape, pensando o que eu poderia temer
tanto assim, qual decisão poderia ser essa, não conseguia. Talvez fosse meu
subconsciente me impedindo de descobrir antes para não sofrer, tentei afastar
esse pensamento, eu irei até Carlisle e conversarei com ele, descobrirei do que
se trata e se for possível pediria para me transformar ainda essa semana.
Estava surtando na loja, já não aguentava mais ficar aqui.
Assim que entrei na picape o meu celular apitou com uma nova sms, Edward me
pedia para ir direto para casa, quando cheguei o volvo estava estacionado na
vaga de Charlie, ele não demoraria. Fiquei triste com isso, desci da picape com
muito medo, ele caminhou até mim e deixou minha mochila no capo do volvo.
– Vamos dar uma caminhada – disse seguindo para a trilha
atrás da casa. Fiquei sem ação por segundos, mas o segui.
– Lá em casa é mais confortável! – digo espantando uma
abelha. Ele parou e virou para mim, não gostei do vazio em seus olhos. Caminhei
para seu lado e ele ergueu uma mão em um sinal para que eu não me aproximasse –
isso está esquisito de mais! Fale de uma vez, o que está acontecendo?
– Nós vamos embora – fiquei em dúvida se ouvi mesmo isso.
– Agora? Pensei que ficaríamos mais um pouco...
– Já estamos um bom tempo aqui, fica mais difícil para
Carlisle e Esme disfarçarem a idade.
– Vamos todos? – seu rosto se contorceu, pensei que iríamos
ficar um tempo sozinhos e só depois da minha transformação voltarmos para os
Cullen! Estou deixando passar algo – quando disse nós?
– Quis dizer eu e minha família! – ele não me levaria, ok
precisamos mesmo dar um intervalo para que Charlie não desconfie, de toda forma
falta pouco para me formar!
– Mas você não irá longe não é? Já pensou na data pra me
buscar? Eu não quero ficar longe! – digo caminhando para seu lado e ele se
afasta, então finalmente minha fixa caiu: ele não me levará e muito menos
buscará.
– Para onde estão indo? – tentei arrancar informações, eu me
nego a acreditar que ele faria isso comigo.
– Para um lugar que não é o seu...
– Meu lugar é ao seu lado – o cortei e senti meu peito
contorcer com o tom de súplica.
– Não nascemos para ficar juntos...
– Não seja bobo Edward. Eu te amo e você me ama – seu rosto
contorceu em uma careta e virou o rosto – ou não me ama? – raiva passou por seu
rosto.
– Estou tentando ser cuidadoso... Bella. Você não serve pra
mim – essas cinco palavras doeram mais que todas as feridas que James me
infligiu.
– Você é a minha vida – digo sentindo meus olhos arderem.
– Meu mundo não é pra você, você não serve para o meu mundo.
– E só agora se deu conta? Depois de tudo? Você está
mentindo. – seus olhos focaram os meus, mas não conseguia ver nada neles,
estavam vazios, ocos, era como olhar um buraco negro, ele estava longe do meu
alcance, aquilo era o fim. Edward caminhou lentamente e parou a poucos passos
de mim, ainda me olhando.
– Eu não quero você, eu não quero que venha comigo – disse
friamente e pausadamente.
– Você está mentindo – digo alterada – o que está tentando
fazer Edward, eu não acredito em você, eu já disse que o que houve com Jasper
não foi nada! Eu vivo me ferindo, se o seu medo é esse me transforme – digo
terminando com a distancia e ele segura minha mão.
– Eu não vou transformá-la, você não serve pra mim, eu não
te amo e não te quero comigo! – disse raivoso, demoníaco, com os dentes a
mostra. Meu rosto já banhado com as lágrimas, sacudi minha cabeça tentando
dispersar as palavra, o estalo de minha mão em seu rosto foi alto devido o
silencio na mata.
– Porque está fazendo isso? – seu rosto se quer se moveu com
minha bofetada. Seus olhos surpresos e então foi substituída por raiva.
– Eu não quero você, será que não entende. Eu não te quero!
– gritou raivoso e me afastei com a força do ódio em suas palavras, meu coração
falhando algumas batidas.
– Encontrou algo melhor? – seus olhos ficaram confusos – já
encontrou sua parceira? – algo lampejou por seus olhos, mas não consegui
entender o que era.
– Sim. Já tenho minha parceira para a eternidade – e mais
sete palavras foram suficientes para enterrar meu coração.
– Isso muda tudo – digo tentando controlar meu choro –
quando irão? – perguntei sem olhá-lo, minha voz não passou de um sussurro.
– Agora.
– Eu quero me despedir da Alice.
– Ela já foi. – ele dizia seco, sem emoção alguma nas
palavras.
– Sem se despedir? – eu não conseguia acreditar que aquilo
estava mesmo acontecendo, quem dirá, aceitar.
– Achei melhor assim, sem mais delongas – meu peito doía
muito, os soluços me faziam sacudir – eu não devia ter deixado isso seguir tão
longe, mas se puder me prometer algo – disse erguendo meu queixo – se manterá
segura? Charlie já levou muitos sustos.
– Do meu pai cuido eu, fica com a consciência tranquila –
digo sem reconhecer minha voz, estava morta. Senti seu lábios em minha testa –
prometo que será como se eu nunca tivesse existido. – e pela primeira vez sua
voz demonstrou um minuto de hesitação, mas apenas isso.
Quando ergui meu olhar ele já não estava. Como pode mentir
tanto, não consigo acreditar, ele está mentindo. Corri na vã tentativa de
impedi-lo, era mentira. Andei por muito tempo, o caminho ficando escuro. Já não
conseguia dar muitos passos sem cair, minhas pernas latejando, os primeiros
pingos espirrando em meu rosto.
– Edward – sussurrava, minha roupa encharca pesando mais
sobre minhas pernas cansadas, até que cai. Fiquei ajoelhada com suas palavras
repetindo em minha mente. Meu choro voltando com força total. Perdi a noção do
tempo, encolhida em minha bolha, minha mente ainda processava tudo. Se recusava
a aceitar, ele não pode mentir tanto... acho que dormi em algum momento ou a
dor se tornou mais forte, me tirando do meu corpo, pois ouvi ao longe me chamarem,
várias vozes. Eu não gritei, eu não queria ver ninguém. Apenas continuar ali,
talvez alguma fera aparecesse para me matar e acabar com minha dor, me livrando
de viver com esse buraco que se formava em meu peito.
Um tempo depois achei que minha prece seria ouvida, um
barulho alto de respiração de algum animal se fez presente, bem próximo de mim.
O ataque não veio, talvez minha aparência estivesse pior que um bicho morto
para que ele se recuse a se alimentar de mim. E novamente ouço as vozes, não me
dei ao trabalho de responder, ouvi passos perto de mim, ergui meu olhar quando
senti uma mão em meu ombro.
– Bella? – disse o cara que tive a leve impressão de
conhecer – você está bem?
– Estou viva – acho que consegui dizer. Senti seu braço em
minha volta e me recusei a ser carregada, fui andando ao seu lado. Seu braço
firme em minha volta, me mantendo em pé. As vozes continuavam, as luzes
riscavam em várias direções.
– Eu a encontrei – ouvi o cara falar e todas as luzes se
direcionaram para meu rosto, minha pupila ardeu e meus olhos lagrimejaram,
tropecei em meus pés e o cara me pegou no colo antes que eu caísse.
– Bells? – ouvi Charlie.
– Pai? – minha voz saiu chorosa e senti ser passada para seu
braço.
– Filha! Está bem? Está ferida? – não consegui responder
nada, eu estou ferida, machucada, quebrada, sangrando. Nenhuma frase
conseguiria me fazer dizer uma resposta que não o apavorasse, apertei-me a ele
e ignorei o resto.
Me senti ser pousada no sofá, vozes sussurradas dentro da
casa e ergui meu olhar, os pais de Jessica, Angela, e do Mike e mais alguns
caras que pareciam de La Push – podem voltar para suas casas – digo ríspida
levantando do sofá, pensam que me enganam, querem apenas combustível para
fofocas.
– Bella querida, eles estavam me ajudando...
– Já me encontraram, aliás não estava perdida para ser
encontrada. Agradeço a você – apontei para o cara que me encontrou – por me
ajudar na volta, agora a menos que queiram uma discrição de como é a mata a
noite, não tem mais nada para fazerem aqui – digo caminhando para as escadas.
Tudo estava voltando e não queria ninguém por perto. Me arrastei para o
chuveiro e fiquei muito tempo encolhida no Box, sentindo o buraco aumentar cada
vez mais!
Não sei por quanto tempo permaneci sentada sob a água do
chuveiro. Eu não tinha forças para sair dali, tinha medo de encarar o mundo lá
fora... Ele não seria mais o mesmo sem Edward ao meu lado.
Esse pensamento me fez cair no choro outra vez, e eu achava
que já não existiam lágrimas dentro de mim... Ouvi batidas leves na porta,
deveria ser Charlie, mas eu ainda não estava pronta para uma conversa.
Permaneci em silêncio.
_ Bella, filha... Eu estou preocupado, eu preciso saber o
que está havendo com você... – ele dizia suplicante, toda sua dor
transparecendo em cada palavra.
Tive pena da situação de meu pai, até o momento eu não tinha
pensado em como ele deveria se sentir ao me ver assim e nem ao menos saber o
motivo. Pensei em Pam também, ela tinha sido tão forte quando perdeu Alex, ela
tinha conseguido, e eu também precisava.
_ Eu já estou saindo pai. – eu tentei passar tranqüilidade,
mas minha voz ainda estava fraca e sem vida.
Terminei meu banho o mais rápido que consegui, eu já estava
me sentindo abafada ali dentro por causa do vapor que tinha se formado, ou
talvez, pela dor em meu peito.
Vesti um pijama fresco e fui em direção ao meu quarto. Como
imaginei, meu pai já me esperava ali, sentando em minha cama. Sentei ao seu
lado, sem coragem e forças para começar uma conversa.
_ Bells? – ele disse baixinho, envolvendo minhas mãos. – É
por causa dele não é? Edward... o Dr. me contou...
_ Ele me deixou. Ele foi embora pai... – eu disse de uma vez
só, nunca imaginei que pudesse piorar, mas verbalizar isso só me fez confirmar
o que eu já sabia em meu subconsciente, não tinha volta, já estava feito.
Meu pai apenas me abraçou, me deitei em seu colo e deixei
que as lágrimas fluíssem afim de diminuir o aperto em meu peito. Não sei por
quanto tempo permaneci assim, mas Charlie ficou todo tempo ao meu lado, sempre
acariciando meus cabelos.
_ Você está com febre Bells. Precisa aceitar que o médico te
examine, passou muito tempo na floresta, na chuva... – ele disse docemente.
Meu pai não era do tipo que demonstrava seus sentimentos a
todo momento. Na verdade era um cara fechado e caladão. Mas dessa vez ele não
se conteve, acho que meu estado estava realmente deplorável.
_ Tudo bem. – eu disse me rendendo. Não queria discutir. –
Só não me venha encher a casa de gente ok? Ninguém do “pessoal da reserva”.
Nessa cidade só tem fofoqueiros, e já basta o quanto irão comentar... – eu
disse mais séria, arrancando um sorriso fraco de Charlie. ele saiu e segui para
minha cômoda, tropecei no album, com nossas fotos, apenas isso que eu teria de
Edward, fotos e lembranças. quando abri, nossa foto não estava"Será como
se eu nunca tivesse existido" sua frase ecoou por minha mente e não me
torturei revirando as outras paginas. abri meu CDplayer para confirmar, vazio,
ele fez um execelente trabalho.
(...)
O médico voltou, e dessa vez não o destratei. Por fim, eu
tinha me resfriado. Passou alguns medicamentos e foi embora, recomendando que
eu descansasse por esses dias.
Acho que ele não precisava se preocupar, eu não tinha
vontade de fazer muita coisa além de ficar em casa. De preferência, sozinha.
_ Vou para meu quarto. – eu disse para Charlie assim que o
médico saiu.
_ Tudo bem. Vou a farmácia comprar os medicamentos, volto
logo. – ele respondeu pegando as chaves da viatura.
Subi para meu quarto, na verdade, me arrastei até lá. Até
andar era difícil para mim. Desejei vê-lo entrar por minha janela dizendo que
tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas ele não apareceu.
Olhei ao redor, procurando por algo que eu não sei o que
seria, talvez uma carta, eu ainda não acreditava que aquela seria nossa última
conversa, e Alice, ela nem tinha se despedido, costumávamos ser amigas...
Porém a única coisa que me chamou a atenção foi aquele maldito
álbum de fotos. Aquele que ainda continuava vazio, e acho que permaneceria
assim de agora em diante. Vazio como minha vida se tornou, vazia sem Edward...
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