quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MVLN – Capítulo 3




Acordei sem Edward, levantei a contragosto, meu peito apertado e aquela sensação de algo errado ainda pulsava, só que mais forte que antes. Me arrumei para o colégio e estranhei ele não vir me buscar. Quando cheguei o volvo ainda não estava estacionado. Fiquei sentada na picape esperando, não demorou muito e Edward estacionava uma vaga a trás da minha picape. Seu rosto estava sem expressão, seus olhos vazios. E meu peito latejou em expectativa de algo muito errado. Me deu um beijo na testa e me guiou para nossa primeira aula, Edward estava distante, não falou muito e Alice não veio. Fomos para o intervalo e ele continuava sem falar nada e não aguentei.

– Vamos lá fora – sussurrei levantando e ele me seguiu, sentamos nos banquinhos – porque está estranho assim?
– Não é nada Bella – disse sem me olhar.
– Edward eu estou bem, meu braço só me incomoda se eu mexer rápido – seu olhos brilharam em algo obscuro – onde está Alice?
– Ela está com Jasper – continuou sem me olhar.
– Deu meu recado para ele? Isso não foi culpa dele, foi minha. Isso é normal de acontecer comigo!
– Não foi, isso não aconteceria se estive com seus amigos humanos. O máximo que aconteceria, era Mick levá-la ao hospital, eles ficarem do seu lado – disse me olhando.
– Por que Mick entrou em nossa conversa? – que saco!
– Porque o natural seria estar com ele, não comigo.
– Você não vai começar com essa palhaçada! – disse um pouco alterada – prefiro virar freira ou lésbica! – Edward fez uma cara estranha.
– Não faltaria pretendentes! – disse e foi minha vez de fazer careta e bufei.
– Edward, eu te amo. Não me interessa o que aconteça se eu estiver com você, agora pare de me enrolar e me fala o que está acontecendo.
– Vamos entrar o sinal tocou – disse levantando junto com o barulho do sino.
Seguimos para as aulas e ele permaneceu frio, eu precisava de Alice, eu queria saber se Jasper estava tão grave assim! Eu não consigo entender essas reações de Edward. Na saída não me aguentei – vamos para sua casa – seus olhos pousam nos meus, ele estava apreensivo. Finalmente uma expressão passou por seu rosto gélido, mas não foi a que eu queria e isso fez meu coração falhar uma batida.
– Depois Bella, agora não tem ninguém em casa.
– Eu quero falar com Esme.
– Ela está caçando...
– Ok, é algo que posso falar com Carlisle!
– Vou levá-la para casa, depois eu passo mais tarde para buscá-la – disse outra vez com a voz fria.
– Eu não vou pra casa, vou trabalhar hoje. Troquei com Mick no dia do meu aniversário.
– Eu passo mais tarde – disse me dando um beijo, um beijo quente, sua língua tocando em meu lábio inferior, seus braços me apertando. Me colou a picape, sua mão em minha nuca, um gosto amargo de apreensão me dominou. Edward tomou uma decisão e tudo me intimidava, fazendo temer essa decisão. O beijo acabou antes do que eu queria.
Segui para dentro da picape, pensando o que eu poderia temer tanto assim, qual decisão poderia ser essa, não conseguia. Talvez fosse meu subconsciente me impedindo de descobrir antes para não sofrer, tentei afastar esse pensamento, eu irei até Carlisle e conversarei com ele, descobrirei do que se trata e se for possível pediria para me transformar ainda essa semana.
Estava surtando na loja, já não aguentava mais ficar aqui. Assim que entrei na picape o meu celular apitou com uma nova sms, Edward me pedia para ir direto para casa, quando cheguei o volvo estava estacionado na vaga de Charlie, ele não demoraria. Fiquei triste com isso, desci da picape com muito medo, ele caminhou até mim e deixou minha mochila no capo do volvo.
– Vamos dar uma caminhada – disse seguindo para a trilha atrás da casa. Fiquei sem ação por segundos, mas o segui.
– Lá em casa é mais confortável! – digo espantando uma abelha. Ele parou e virou para mim, não gostei do vazio em seus olhos. Caminhei para seu lado e ele ergueu uma mão em um sinal para que eu não me aproximasse – isso está esquisito de mais! Fale de uma vez, o que está acontecendo?
– Nós vamos embora – fiquei em dúvida se ouvi mesmo isso.
– Agora? Pensei que ficaríamos mais um pouco...
– Já estamos um bom tempo aqui, fica mais difícil para Carlisle e Esme disfarçarem a idade.
– Vamos todos? – seu rosto se contorceu, pensei que iríamos ficar um tempo sozinhos e só depois da minha transformação voltarmos para os Cullen! Estou deixando passar algo – quando disse nós?
– Quis dizer eu e minha família! – ele não me levaria, ok precisamos mesmo dar um intervalo para que Charlie não desconfie, de toda forma falta pouco para me formar!
– Mas você não irá longe não é? Já pensou na data pra me buscar? Eu não quero ficar longe! – digo caminhando para seu lado e ele se afasta, então finalmente minha fixa caiu: ele não me levará e muito menos buscará.
– Para onde estão indo? – tentei arrancar informações, eu me nego a acreditar que ele faria isso comigo.
– Para um lugar que não é o seu...
– Meu lugar é ao seu lado – o cortei e senti meu peito contorcer com o tom de súplica.
– Não nascemos para ficar juntos...
– Não seja bobo Edward. Eu te amo e você me ama – seu rosto contorceu em uma careta e virou o rosto – ou não me ama? – raiva passou por seu rosto.
– Estou tentando ser cuidadoso... Bella. Você não serve pra mim – essas cinco palavras doeram mais que todas as feridas que James me infligiu.
– Você é a minha vida – digo sentindo meus olhos arderem.
– Meu mundo não é pra você, você não serve para o meu mundo.
– E só agora se deu conta? Depois de tudo? Você está mentindo. – seus olhos focaram os meus, mas não conseguia ver nada neles, estavam vazios, ocos, era como olhar um buraco negro, ele estava longe do meu alcance, aquilo era o fim. Edward caminhou lentamente e parou a poucos passos de mim, ainda me olhando.
– Eu não quero você, eu não quero que venha comigo – disse friamente e pausadamente.
– Você está mentindo – digo alterada – o que está tentando fazer Edward, eu não acredito em você, eu já disse que o que houve com Jasper não foi nada! Eu vivo me ferindo, se o seu medo é esse me transforme – digo terminando com a distancia e ele segura minha mão.
– Eu não vou transformá-la, você não serve pra mim, eu não te amo e não te quero comigo! – disse raivoso, demoníaco, com os dentes a mostra. Meu rosto já banhado com as lágrimas, sacudi minha cabeça tentando dispersar as palavra, o estalo de minha mão em seu rosto foi alto devido o silencio na mata.
– Porque está fazendo isso? – seu rosto se quer se moveu com minha bofetada. Seus olhos surpresos e então foi substituída por raiva.
– Eu não quero você, será que não entende. Eu não te quero! – gritou raivoso e me afastei com a força do ódio em suas palavras, meu coração falhando algumas batidas.
– Encontrou algo melhor? – seus olhos ficaram confusos – já encontrou sua parceira? – algo lampejou por seus olhos, mas não consegui entender o que era.
– Sim. Já tenho minha parceira para a eternidade – e mais sete palavras foram suficientes para enterrar meu coração.
– Isso muda tudo – digo tentando controlar meu choro – quando irão? – perguntei sem olhá-lo, minha voz não passou de um sussurro.
– Agora.
– Eu quero me despedir da Alice.
– Ela já foi. – ele dizia seco, sem emoção alguma nas palavras.
– Sem se despedir? – eu não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, quem dirá, aceitar.
– Achei melhor assim, sem mais delongas – meu peito doía muito, os soluços me faziam sacudir – eu não devia ter deixado isso seguir tão longe, mas se puder me prometer algo – disse erguendo meu queixo – se manterá segura? Charlie já levou muitos sustos.
– Do meu pai cuido eu, fica com a consciência tranquila – digo sem reconhecer minha voz, estava morta. Senti seu lábios em minha testa – prometo que será como se eu nunca tivesse existido. – e pela primeira vez sua voz demonstrou um minuto de hesitação, mas apenas isso.
Quando ergui meu olhar ele já não estava. Como pode mentir tanto, não consigo acreditar, ele está mentindo. Corri na vã tentativa de impedi-lo, era mentira. Andei por muito tempo, o caminho ficando escuro. Já não conseguia dar muitos passos sem cair, minhas pernas latejando, os primeiros pingos espirrando em meu rosto.
– Edward – sussurrava, minha roupa encharca pesando mais sobre minhas pernas cansadas, até que cai. Fiquei ajoelhada com suas palavras repetindo em minha mente. Meu choro voltando com força total. Perdi a noção do tempo, encolhida em minha bolha, minha mente ainda processava tudo. Se recusava a aceitar, ele não pode mentir tanto... acho que dormi em algum momento ou a dor se tornou mais forte, me tirando do meu corpo, pois ouvi ao longe me chamarem, várias vozes. Eu não gritei, eu não queria ver ninguém. Apenas continuar ali, talvez alguma fera aparecesse para me matar e acabar com minha dor, me livrando de viver com esse buraco que se formava em meu peito.
Um tempo depois achei que minha prece seria ouvida, um barulho alto de respiração de algum animal se fez presente, bem próximo de mim. O ataque não veio, talvez minha aparência estivesse pior que um bicho morto para que ele se recuse a se alimentar de mim. E novamente ouço as vozes, não me dei ao trabalho de responder, ouvi passos perto de mim, ergui meu olhar quando senti uma mão em meu ombro.
– Bella? – disse o cara que tive a leve impressão de conhecer – você está bem?
– Estou viva – acho que consegui dizer. Senti seu braço em minha volta e me recusei a ser carregada, fui andando ao seu lado. Seu braço firme em minha volta, me mantendo em pé. As vozes continuavam, as luzes riscavam em várias direções.
– Eu a encontrei – ouvi o cara falar e todas as luzes se direcionaram para meu rosto, minha pupila ardeu e meus olhos lagrimejaram, tropecei em meus pés e o cara me pegou no colo antes que eu caísse.
– Bells? – ouvi Charlie.
– Pai? – minha voz saiu chorosa e senti ser passada para seu braço.
– Filha! Está bem? Está ferida? – não consegui responder nada, eu estou ferida, machucada, quebrada, sangrando. Nenhuma frase conseguiria me fazer dizer uma resposta que não o apavorasse, apertei-me a ele e ignorei o resto.
Me senti ser pousada no sofá, vozes sussurradas dentro da casa e ergui meu olhar, os pais de Jessica, Angela, e do Mike e mais alguns caras que pareciam de La Push – podem voltar para suas casas – digo ríspida levantando do sofá, pensam que me enganam, querem apenas combustível para fofocas.
– Bella querida, eles estavam me ajudando...
– Já me encontraram, aliás não estava perdida para ser encontrada. Agradeço a você – apontei para o cara que me encontrou – por me ajudar na volta, agora a menos que queiram uma discrição de como é a mata a noite, não tem mais nada para fazerem aqui – digo caminhando para as escadas. Tudo estava voltando e não queria ninguém por perto. Me arrastei para o chuveiro e fiquei muito tempo encolhida no Box, sentindo o buraco aumentar cada vez mais!
Não sei por quanto tempo permaneci sentada sob a água do chuveiro. Eu não tinha forças para sair dali, tinha medo de encarar o mundo lá fora... Ele não seria mais o mesmo sem Edward ao meu lado.
Esse pensamento me fez cair no choro outra vez, e eu achava que já não existiam lágrimas dentro de mim... Ouvi batidas leves na porta, deveria ser Charlie, mas eu ainda não estava pronta para uma conversa. Permaneci em silêncio.
_ Bella, filha... Eu estou preocupado, eu preciso saber o que está havendo com você... – ele dizia suplicante, toda sua dor transparecendo em cada palavra.
Tive pena da situação de meu pai, até o momento eu não tinha pensado em como ele deveria se sentir ao me ver assim e nem ao menos saber o motivo. Pensei em Pam também, ela tinha sido tão forte quando perdeu Alex, ela tinha conseguido, e eu também precisava.
_ Eu já estou saindo pai. – eu tentei passar tranqüilidade, mas minha voz ainda estava fraca e sem vida.
Terminei meu banho o mais rápido que consegui, eu já estava me sentindo abafada ali dentro por causa do vapor que tinha se formado, ou talvez, pela dor em meu peito.
Vesti um pijama fresco e fui em direção ao meu quarto. Como imaginei, meu pai já me esperava ali, sentando em minha cama. Sentei ao seu lado, sem coragem e forças para começar uma conversa.
_ Bells? – ele disse baixinho, envolvendo minhas mãos. – É por causa dele não é? Edward... o Dr. me contou...
_ Ele me deixou. Ele foi embora pai... – eu disse de uma vez só, nunca imaginei que pudesse piorar, mas verbalizar isso só me fez confirmar o que eu já sabia em meu subconsciente, não tinha volta, já estava feito.
Meu pai apenas me abraçou, me deitei em seu colo e deixei que as lágrimas fluíssem afim de diminuir o aperto em meu peito. Não sei por quanto tempo permaneci assim, mas Charlie ficou todo tempo ao meu lado, sempre acariciando meus cabelos.
_ Você está com febre Bells. Precisa aceitar que o médico te examine, passou muito tempo na floresta, na chuva... – ele disse docemente.
Meu pai não era do tipo que demonstrava seus sentimentos a todo momento. Na verdade era um cara fechado e caladão. Mas dessa vez ele não se conteve, acho que meu estado estava realmente deplorável.
_ Tudo bem. – eu disse me rendendo. Não queria discutir. – Só não me venha encher a casa de gente ok? Ninguém do “pessoal da reserva”. Nessa cidade só tem fofoqueiros, e já basta o quanto irão comentar... – eu disse mais séria, arrancando um sorriso fraco de Charlie. ele saiu e segui para minha cômoda, tropecei no album, com nossas fotos, apenas isso que eu teria de Edward, fotos e lembranças. quando abri, nossa foto não estava"Será como se eu nunca tivesse existido" sua frase ecoou por minha mente e não me torturei revirando as outras paginas. abri meu CDplayer para confirmar, vazio, ele fez um execelente trabalho.
(...)
O médico voltou, e dessa vez não o destratei. Por fim, eu tinha me resfriado. Passou alguns medicamentos e foi embora, recomendando que eu descansasse por esses dias.
Acho que ele não precisava se preocupar, eu não tinha vontade de fazer muita coisa além de ficar em casa. De preferência, sozinha.
_ Vou para meu quarto. – eu disse para Charlie assim que o médico saiu.
_ Tudo bem. Vou a farmácia comprar os medicamentos, volto logo. – ele respondeu pegando as chaves da viatura.
Subi para meu quarto, na verdade, me arrastei até lá. Até andar era difícil para mim. Desejei vê-lo entrar por minha janela dizendo que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas ele não apareceu.
Olhei ao redor, procurando por algo que eu não sei o que seria, talvez uma carta, eu ainda não acreditava que aquela seria nossa última conversa, e Alice, ela nem tinha se despedido, costumávamos ser amigas...
Porém a única coisa que me chamou a atenção foi aquele maldito álbum de fotos. Aquele que ainda continuava vazio, e acho que permaneceria assim de agora em diante. Vazio como minha vida se tornou, vazia sem Edward...
ç                      è

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem e façam uma Autora Feliz!!!

Visitas ao Amigas Fanfics

Entre a Luz e as Sombras

Entre a luz e a sombras. Confira já.