segunda-feira, 29 de abril de 2013

MVLN - Epílogo

MVLN - Epílogo - Dilemas


POV Pan

Precisei piscar algumas vezes para ter certeza que tudo estava normal... Eu consegui ver uma pequena aranha que costurava sua teia no teto. O som de seu tear era como se estivesse ligado a uma potente caixa de som. Forcei minha mente em busca de explicações, nenhuma memória me parecia clara, a não ser por Alex, Bella e... e Charles Alexander...

Olhei para minha barriga, ela não estava mais ali e era como se nunca tivesse existido. Me levantei numa rapidez sobre-humana, as lembranças começando a fazer sentido. A morte de Alex, gravidez, mudança para Forks, Bella, Alex vampiro, Jacob, a viagem de Bella e... hospital...

Tudo passando como um flash, eu não conhecia o lugar em que estou, a vista diferente, a leve lembrança de Alex falando comigo enquanto estava envolta no fogo, fogo? Já não existia, automaticamente toquei meu corpo, minha pele estava mais sedosa, parecia mais delicada. Não sei quanto tempo fiquei olhando minha pele, mas ouvi sons.

Isso pareceu me tirar do transe em que estava, outras lembranças tomando conta, Bella... ela gritava, chorava se culpando, por Alex, eu e meu bebê. Novamente minha mão voltou para minha barriga lisa, coberta por um vestido de tecido grosso, em um tom de verde claro.

Alcancei a porta tão rápido quanto num piscar de olhos, não me preocupei em pensar sobre isso, eu precisava encontrar Ale e Bella. Mas Alex apareceu na minha frente assim que entrei no corredor. Paralisei em sua frente, ele estava diferente, ainda mais lindo, só com a pontinha do sorriso que começava a brotar em seu rosto, eu já sentia meu corpo ferver.

Eu reconheço bem esse fervor, só ele me faz sentir assim, meus olhos vagaram por seu corpo, esculpido como uma estatua de Adônis. Minha boca estava estranha, não era como salivar, mais essa ainda é a discrição mais exata sobre como meu anjo me deixa, subi meus olhos por seu lábios, tão convidativos do que nunca antes.

_ Pan... – ele falou sorrindo, sua voz fez coisas com meu corpo e mente – eu tive tanto medo...

O abracei como se daquilo dependesse minha vida. Preparei-me para seu toque gelado, mas já não era mais assim... nossas temperaturas idênticas, deixou o toque ainda mais gostoso, deslizei minhas mãos por sua nuca, deslizando meu nariz por seu pescoço, seu cheiro me fez tremer, como eu senti falta desse contato.

_ Eu te amo. – falei sem soltá-lo e ainda sem saber se eu estava realmente acordada, ou se era apenas um sonho. uma pequena parte captou desenteressa que minha voz também estava diferente.

_ Precisamos conversar. – sua voz se tornou séria.

_ Eu tenho que ver Charles Alexander primeiro. – respondi calma.

_ Você não pode… ainda… - ele empurrou meu corpo de volta para dentro do quarto de onde eu tinha acabado de sair.

_ Do que está falando Alex? É meu filho... Nosso filho... – eu falei um pouco alterada.

_ Você se lembra do que aconteceu Pan? – ele acariciou meu rosto, chegando bem próximo a mim. Seus olhos...

_ Estão vermelhos... – ele me olhou sem entender – Seus olhos...?

_ Você ficou nervosa quando aquela vampira veio atrás de Bella, entrou em trabalho de parto mesmo antes do tempo, tivemos complicações, meu bem... – cada palavra que saía de sua boca era como uma apunhalada, eu sabia que estava chorando, mas onde estavam minhas lágrimas?

_ O que aconteceu com Ale? Fale logo Alex...? O que aconteceu com ele e com a Bella?

_ Ele está bem. Está no hospital, mas apenas para ganhar peso. – ele respondeu rápido assim que percebeu o que eu estava imaginando. – Bella esta bem, cuidando dele no hospital!

_ Então do que está falando? Por que eu não posso ver meu filho? Aonde estamos Alex...? – eu falava agitada.

_ Se olhe no espelho... – ele disse apontando para um canto do cômodo, onde um enorme espelho estava preso à parede. Aquilo estava me irritando, mas eu sabia que podia confiar em Alex.

Andei até o lugar que ele indicou, mas a imagem a seguir não se parecia com meu reflexo... Era eu, mas minha pele estava pálida, meu corpo mais curvilíneo, o cabelo mais sedoso, e novamente os olhos... vermelhos e assustadores.

Foi como tomar uma grande rasteira e por algum tempo esquecer de como se levantar. Tudo me voltou como um flash. As dores do parto, o momento que perdia minha consciência, um chorinho longe, Alex me prometendo que tudo ficaria bem, e então a lembrança do fogo. Eu estive queimando por incontáveis horas, como se espetos escaldantes tivessem sido enterrados em meu corpo sucessivamente. Me lembrei da conversa entre Bella e Alex, e aí tudo fez sentido...

_ Acho que agora é momento em que você fica feliz por estarmos unidos pela eternidade. – Alex falou apreensivo, me lembrando de que eu não estava sozinha.

Eternidade... vampira... “os recém criados são quase incontroláveis... se excedem com facilidade...” uma frase que o próprio Alex me contou em um dos nossos passeios voltou a minha memória, as minhas imagens das memórias estavam desfocadas, muito embaçadas. Como eu poderia cuidar do Ale desta forma, eu tenho um filho para cuiar, para educar...

_ Eu ficaria se você não tivesse esquecido que temos um filho humano para criar. – eu esbravejei.

Percebi um leve tremor pelo corpo de Alex, agora colado a mim.

_ Por favor Pan... – sua voz saiu esganiçada.

Eu sabia que estava ferindo seus sentimentos, mas ele tinha que entender, as necessidades de Ale, sempre virá em primeiro lugar.

_ Me desculpe Alex, eu preciso vê-lo. – eu me soltei de seu aperto com facilidade.

_ Você não pode Pan. – ele se postou contra a porta, me impedindo de sair.

_ Alex, eu não quero te machucar. – eu tentei manter a voz calma.

_ Você pode machucá-lo Pamela. – ele falou firme.

Eu não sei o que me irritou mais, se foi vê-lo segurando a porta ou me dizendo autoritariamente para não matar meu filho... eu nunca faria isso, como ele pode imaginar que eu mataria nosso filho?

_ Que espécie de mãe acha que eu sou? Saia da minha frente agora...

_ Você é uma vampira Pamela... Daquelas que chupam sangue... – ele gritou – Agora se acalme e vamos conversar.

_ Eu só vou conversar quando Ale estiver em meus braços. – eu devolvi o grito, sentindo um calor se apossar de mim. Meu corpo parecia estar em chamas, mas não era incomodo, eu só sentia uma pressão, como se precisasse extravasar.

_ E o que pretende fazer? Entrar num hospital infestado de sangue humano, roubar seu filho da CTI e se alimentar dele? Pois é isso que vai acontecer... – ele falou nervoso.

Aquilo foi o fim para mim. Visualizar meu pequeno indefeso morto em meus braços sabendo que eu tirei sua vida, foi de mais... Aquela era a imagem que Alex tinha de mim? Essa era sua confiança?

_ Saia Alex. – eu ordenei.

Meus olhos ardiam, como se um mar de lagrimas estivesse preso, sem conseguir encontrar a fuga. Vi quando ele fez um rápido movimento para me segurar, mas quando suas mãos me tocaram senti como se estivesse explodindo, liberando toda a combustão de meu corpo para fora. E no segundo seguinte Alex estava no chão...

Tudo a sua volta estava em chamas, labaredas cresciam mais a cada segundo, ele já estava de pé, vindo para meu lado, eu fiquei paralisada por segundos, sua mão em meu ombro fez com que eu acordasse, corri até a porta agora livre, não me atei a abri-la, a arranquei como se fosse feita de papelão.

Desci as escadas em altíssima velocidade, para ser atacada por uma legião de vampiros. Tentei me desvencilhar, mas eram muitos... Comecei a sentir uma onda de tranquilidade, mas lutei contra ela, meu propósito ainda era - e sempre seria - Charles Alexander.

Debati-me o quanto pude, braços enormes me prendiam, tentei me livrar o quanto pude, vi quando vampiras loiras subiam com extintores, ate que consegui girar e joguei o dono do braço no chão, todo o piso afundou, voando cacos por vários lugares, até que fui vencida por uma forte onda de paz. Eu já não sentia mais a necessidade de brigar, mas não abriria mão de respostas.

_ Ela está sob controle. – um loiro sério e compenetrado disse.

_ Mas ainda precisa de explicações... – Edward completou, provavelmente lendo minha mente.

_ A começar por Alex... Ele está bem? – eu inquiri, já sentindo sua falta.

(...)

_ Eu já disse que entendi Pan... Esqueça isso. Estou feliz que tenha aceitado tudo. – Alex sorriu para mim.

Estávamos na floresta ao fundo da casa dos Denali, no Alaska. Voltando da minha primeira caçada. Edward e Emmett foram na frente, voltariam hoje para Forks, Jasper o loiro serio, permaneceria por um tempo, para me ajudar com essa coisa de controlar o extinto vampiresco.

_ Não quis te magoar, meu bem. Não poderia estar mais feliz em ter você eternamente ao meu lado, mas me preocupei e preocupo com Ale e Bella. – eu expliquei novamente.

Sentando em um tronco velho, minha mão afundou no tronco e fez uma parte desmanchar como se fosse macinha de modelar, sorri fraco e triste de volta para Alex, eu não conseguiria me controlar em pouco tempo, perderia muito da vida do meu filho e de Bella, ate estar sociável!

_ Isso é normal... Você não teria como entender naquele momento.

Sussurrou aproximando, colando nosso corpo. foi como ter faíscas, afundei meu nariz por seu peito, sugando o máximo de seu cheiro, gemi louca para senti-lo. Sua mão subiu por minhas costas, apertando minha pele. Ergui meus olhos para seu rosto, toquei sua boca e no outro segundo estamos no chão. Arvores a nossa volta estava destruída, estávamos em uma cratera.

– Essa doeu! – disse Alex rindo. Por segundos olhei a minha volta, fiz um estrago e tanto – ainda bem que Emmett me contou os lugares mais afastados daqui! – disse levantando comigo em seu colo, no próximo milésimo estava correndo, pelo muito que correu, deveríamos estar no próximo país.

Parou perto de uma montanha, afastado de tudo, longe de qualquer ser humano. Sorri admirando a paisagem, mias isso não demorou muito, sua mão apertou minha coxa, enquanto me depositava na rocha alta o suficiente, para que nossos sexos ficassem na altura certa.

Céus... esta tudo triplicado, não sei como fizemos, mas já havíamos destruído nossos roupas, seu corpo lindo e definido, deslizei minhas unhas por cada gomo do abdômen trincado, deslizei minha língua pela pele, sorri ao sentir seu membro me espetar. Desci da pedra e o joguei na rocha ao lado, sorri sem graça ao vê-lo conter uma gargalhada.

– Desculpa, vou tentar não me mover tanto – sussurro maliciosamente, subindo pelos destroços e sem cerimônia, desço por seu membro, uma mistura de choro felino com rugido escapou de nossos lábios, se antes eu já sentia cada parte, agora conseguia ser ainda mais perfeito o nosso encaixe.

– Porra! – rosnou afundando o dedo em minha bunda.

– Esta pronto baby? – sussurro em seu ouvido quando termino de nos encaixar.

– Vai valer a pena... aaaahhhhhh – gemeu quando me movi.

Cada minuto de fogo na transformação valeu a pena por este momento. Era um preço justo a pagar por uma eternidade de plenitude e perfeição. Não parávamos, apenas recomeçávamos, alias não havia parada, apenas mudávamos as posições e velocidade, tendo o sol e a lua como espectadores, mas com o passar do tempo, tempo este que não sabíamos qual, a sede voltava e saiamos para caçar.

– Aaahhhhhhh – gemi rendida ao chegar ao clímax. meu sonho....

– Eu não vou conseguir parar nunca, gostosa – disse mordendo minhas costas após sair do meu interior, mas segurei suas mãos em meus seios, antes que se afastasse, colando ainda mais seu corpo em minhas costas. Ouvimos ao longe um toque.

– Isso é um celular? – pergunto perdida, ainda nas sensações.

– Estava na calça que eu estava usando...

Alex saiu e no outro segundo retornou para a caverna que estávamos escondidos por causa do sol, livre de qualquer nuvem. Pude ouvir a voz de Emmett implicando com Alex sobre estarmos a um mês longe de todos e que era pra voltarmos, avisando que nosso filho estava indo agora para a casa da Bella.

Isso foi o bastante para me fazer levantar, esperaríamos o dia passar para seguirmos ate os Denali, Alice previu sobre nosso estado e disse que deixariam roupas na copa de uma das arvores perto de onde estamos. Permanecemos abraçados, apenas isso, apesar de estarmos nus e seu membro rígido em minha barriga. Sabíamos que se começássemos não pararíamos por muito tempo.

Sussurramos Ale juntos, Alex afundou o nariz em meu pescoço, respirando pesado, como se precisasse, no outro segundo senti seu membro voltar ao estado adormecido. Seguimos para a saída da caverna, nos acomodamos na beira, deixando apenas nossas mãos a mercê do sol, sorrindo feito uma boba ao ver como brilhamos em meio aos seus raios.

...

_ Eu poderia ter te machucado com aquele lance do fogo... – digo envergonhada.

_ Me machucado? – ele me olhou incrédulo – Eu também sou um vampiro, lembra...?

_Sim, mas vampiros viram cinzas quando são atingidos por fogo... Perdoada? – eu supliquei.

_ Apenas se me prometer continuar seus treinos com a Kate. Seu dom precisam ser domado...

_ Fala isso por quê? – eu fingi irritação.

_ Deve ser porque quase pôs fogo na casa no dia em que não deixei você falar com a Bella no telefone... Ou por me lembrar do dia em que tentou atear fogo nos cabelos da humana que estava supostamente olhando para mim. Sinceramente Pan, sua sede está sob controle, mas seu fogo não... – ele disse rindo.

_ Eu vou conseguir... Já estou melhorando quer ver?

_ Deveria querer? – ele perguntou nervoso.

O olhei com cara de reprovação e me concentrei em minhas mãos. Senti o calor vibrando por meu corpo até se concentrar nas palmas, as encostei sobre uma espessa pedra de gelo e a vi derreter sob o calor. Kate estava me treinando, usando seus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos com seu choque, agora eu já conseguia controlar meus impulsos e até mesmo escolher a parte do corpo que deveria “queimar”.

Olhei feliz para Alex, eu estava me empenhando muito nisso, eu queria ver Charles, conhecer seus olhinhos, apertá-lo em meus braços.

_ Viu? Os treinos estão sendo úteis... – ele disse beijando meus lábios.

Finalmente o dia estava próximo, eu já não me aguentava mais. Muitas vezes cogitei fugir e ir até Forks apenas para vê-los, mas eu sabia que isso não seria certo e nem justo com Alex. Todo seu cuidado estava sendo para que nada desse errado, para que Ale e Bella estivessem sempre a salvo.

Ouvi o telefone tocar no andar debaixo e logo Alex atender. Minutos depois ele já estava ao meu lado.

_ Está tudo pronto, vamos embarcar num jatinho particular dos Cullen, apenas nós dois, exigência da Bella.

_ Acho que ela ainda está confusa... – eu falei pensando sobre o estado de minha amiga, não deveria estar sendo fácil para ela.

_ Tenho certeza que sim, e chateada também... Inclusive comigo. – Alex falou tristonho.

_ Ela vai entender meu amor. – eu acariciei seus lábios, fazendo-os se tornarem um meio sorriso.

_ Espero que sim.

_ Tenho certeza que sim...

Pegamos nossas malas e começamos a descer. Carregamos o carro e partimos depois de despedir e agradecer aos Denali.

O caminho não era longo até o heliporto onde estava o jatinho, ficamos em silencio, apenas cogitando o que aconteceria dali para frente. Eu não podia dizer que estava triste, pois Alex estava ao meu lado, mas minha felicidade estava longe de estar completa, ainda faltava um pedaço de mim.

Avistei o jatinho e Edward parado ao lado dele. Se ele estava ali para tentar embarcar conosco, eu sinto muito, mas eu não permitiria. Desci do carro já preparado para o embate, mas sua face estava conformada, o que me desarmou um pouco.

_ E então meu amigo, como está? – Alex perguntou cortês.

_ Bem, na medida do possível... – ele respondeu com uma careta de dor, bem era a última coisa que ele estava. Alex pareceu perceber também, mas preferiu não mexer na ferida.

_ Eu vim apenas para lhes desejar uma boa viagem... E também pedir para que zelem por Bella... – ele falou com a voz tremida, tenho certeza que se ele pudesse, lágrimas rolariam de seus olhos.

_ Ela já embarcou? – eu perguntei cuidadosa.

_ Ontem. – ele respondeu forçando um sorriso. – Ela não quer que eu esteja por perto, então, por favor, cuidem dela por mim...

_ Você não precisava se incomodar, é claro que nós faremos isso. – Alex falou.

_ Tenho certeza que sim, mas sei que entendem minha preocupação, é como se eu estivesse permitindo que um pedaço meu fosse arrancado de corpo, justamente depois de entender que afastá-la é a pior escolha, a mais errada.

_ Fico feliz que tenha finalmente entendido isso... – Alex falou como se já tivessem conversado sobre isso antes.

Eu fiquei sentida em ver o estado de Edward. Eu tinha visto a mágoa e o sofrimento de Bella, porém só agora eu conhecia o outro lado da moeda. A vida imortal era um presente, sim era, mas também tinha um preço alto a se pagar, abandonar sua vida, as pessoas que ama, seu direito de recomeçar certas vezes... Eu já não sei se seria capaz de escolher isso para quem eu amo... Para Charles Alexander, mais especificamente.

_ Vão, já está na hora... – ele falou com dor novamente, como se estivesse se segurando para não se jogar dentro daquele jatinho e voar para Bella.

_ Edward... – Alex chamou quando ele já se afastava, eu já estava na escada do jatinho e Alex logo atrás de mim. – Me desculpe por tudo que falei, eu estava errado, Bella não está melhor sem você...

Ele deu um breve sorriso e seus olhos se iluminaram por um instante, para logo em seguida se apagarem com a dor novamente. Ele estava sofrendo por suas escolhas, isso era visível.

...

A França era um país especial. Tudo ali era bonito e inspirador... Mas Chamonix era especial para mim, aquela vista era de tirar o fôlego.

Muitas vezes eu tinha passado minhas férias ali, sendo mimada pelos meus avós com chocolates quentes na cama e passeios encantadores. Mas eu tinha me esquecido como aquele lugar era mágico.

Avistar o Mont Blanc ao fundo era como aquelas paisagens de cartão postal, tão perfeitas que você chegava a duvidar se era mesmo real. Toda aquela imponência branca contrastando com o estilo clássico e conservador das construções na cidade. Tudo tão limpo e florido, era como passear no céu.

_ Uau, aqui é impressionantemente bonito. – Alex arfou.

_ Você tem razão. – eu falei sorrindo.

_ Vamos deixar nossas coisas no hotel e só depois seguimos para o encontro com Bella, ok?

_ Tudo bem. – eu respirei fundo.

Como Alex disse, não nos demoramos no hotel. Apenas deixamos nossas coisas, demos entrada com nossas novas identidades e peguei a carta que tinha escrito para Bella.

Eu estava nervosa, provavelmente meu corações bateria a mil se ele ainda batesse... Eu estava aflita para ver meu bebê, eu estava ansiosa para conhecê-lo finalmente, talvez eu conseguisse tocá-lo.

_ Fique calma Pam... – Alex me abraçou quando já avistávamos a casa de meu avós, exatamente como eu me lembrava...

A construção era alta, paredes palhas, telhado cinza e alguns detalhes em branco. As amplas janelas de onde tantas vezes eu olhei pensando na vida e no que o futuro me reservava... A grande abóbada no ponto mais alto do telhado, aquele tinha sido meu refúgio...

Contornamos a casa, indo para a parte dos fundos, tomando cuidado para permanecermos escondidos pela penumbra dos arbustos, ninguém poderia nos ver.

Como combinado, Bella nos esperava num dos jardins, sentando num banco perto da fonte e segurando meu pequeno com ela. Mesmo de longe eu podia enxergá-lo perfeitamente seus cabelos loiros tão claros que tornam brancos, sua boquinha vermelha em um biquinho, enquanto Bella brincava com seu queixo, dava pra ver o tecido de uma das roupas que compramos para ele, juntas. Também dava pra ver suas veias, pulsando suavemente, sentir seu cheiro pulsante, assim como o de Bella.

_ Está tudo bem? – Alex perguntou ao me olhar parar de respirar.

_ Precaução. – eu respondi.

Minha vontade era correr até eles, abraçá-los... Cheirar os cabelos de meu pequeno, memorizar seus toques, ouvir sua voz... Agradecer minha amiga por tudo que ela estava fazendo... Chorar... Nada disso eu poderia.

Bella nos viu, e acenou de leve com a mão, fazendo Ale repetir o ato. Seus olhos estavam marejados, e ouvi quando ela disse: “Eu amo vocês...” sabendo que poderíamos escutar.

_ Por favor, podemos ir mais perto? – eu insisti, aquilo ainda não era o suficiente.

Alex apenas me guiou pela mão. Quanto mais próximos estávamos, mais eu sentia minha vontade crescer. Eu queria muito pegá-lo, protegê-lo... Mas como fazer isso quanto você mesmo é o maior risco que ele pode correr?

Eu sentia minha garganta arder, numa mistura de sede e choro reprimido.

_ Eu senti tanto a sua falta... – Bella falou deixando as lágrimas caírem loucas por sua face ruborizada.

Eu sabia que responder seria demais para mim, eu nem ao menos poderia ficar ali por muito mais tempo. Lancei um sorriso para minha amiga e toquei seus cabelos. Ela então inclinou Ale em minha direção, me deixando vê-lo por completo... Deus, ele é lindo.

Com todo cuidado toquei sua face gorducha, já esperando que ele tremesse ao contato de minhas mãos gélidas, mas não. Ele apenas me encarou profundamente, como se me estudasse, me lesse por completo.

Eu sentia como se fosse explodir de felicidade apenas por olhá-lo. Apenas por constatar que ele era uma parte minha e de Alex, algo feito por nosso amor... Nosso maior tesouro.

Ele deu um leve sorriso, mostrando suas gengivas banguelas e naquele momento meu mundo poderia acabar. E então eu me realizei, de que eu não me importaria em ter morrido no parto se eu tivesse simplesmente o olhado uma única vez... Eu não me importaria em vê-lo crescer de longe, contato que ele fosse feliz e saudável... Eu nunca me importaria de esperar por ele o tempo que fosse, pois mais nada me fazia sentido além de seu sorriso.

Olhei para Alex ainda segurando sua mãozinha, seu sorriso era de rasgar o rosto.

_ Obrigado Bella... Por tudo. – ele falou carregado de sentimento. – Nós sempre estaremos por perto.

E antes que ele me puxasse para irmos, entreguei nas mãos de minha amiga a carta que eu lhes tinha escrito no jatinho. Ela me olhou sem entender, e eu me atrevi a dizer...

_ Obrigada por cuidar da minha vida, minha amiga... – ela deixou mais uma lágrima escapar – Por favor Bella, me prometa que será feliz...?

Ela me olhou como quem entende o que eu quis dizer.

_ Eu te prometo. – ela falou chorosa, abraçando Ale forte – Nós dois.


POV Bella

Quando chegamos ao aeroporto de Genebra, o Dr Gerald indicou o caminho, pegamos minhas bagagens e seguimos para o estacionamento, pegaríamos a autoestrada A-40, achei estranho quando percebi que ele nos guiava para um carro onde havia uma moça deitada no capo, os óculos escuros cintilando com o sol que começava a esquentar, não como em Phoenix, mas estava mais quente que Forks, isso eu tenho certeza.

Gerald se aproximou rápido e deu um tapa forte no pé dela o que a fez dar uma leve derrapada no capo. Ela levantou reclamando acho que em Frances e deu língua para ele, mas levantou rápido e lhe deu um abraço, sua cabeça girou e parou em minha direção. Um grande sorriso se abriu em seu rosto.

Assim que ergueu os óculos pude ver perfeitamente seu rosto. Ela é linda. Os olhos em um tom lindo de avelã, com alguns riscos mais claros, como em caramelo, a medida que me aproximei pude ver detalhadamente, os riscos na verdade, era um circulo em caramelo em volta de sua pupila. A pele bronzeada, mas não como se fosse artificial.

Quase o mesmo tom da pele de jake. Seu nariz empinado, maças proeminente, a boca pequena e delicada, assim como seu tamanho, devemos ter a mesma altura, seus cabelos negros estavam presos em um intricado rabo de cavalo que me deixou com dor só de olhar. Ela se aproximou com um caminhar elegante e firme, seu vestido realçava suas curvas.

Se não fosse os olhos e por não estar brilhando sob o sol, eu certamente acreditaria estar na frente de uma vampira. Começou a se aproximar com um grande sorriso, veio e me abraçou forte, quase fazendo meus ossos estalarem. Se afastou e voltou os olhos para o carrinho, onde Ale dormia, pelo menos aqui acredito que conseguiria dormir a noite.

– Prazer em conhecê-la, sou Laura, afilhada dos Lefévre.

– Prazer, Bella Swan – digo um pouco constrangida com sua forma.

– Ele é lindo...!

– Ignore a Laura, ela é...- Gerald ponderou escolhendo as palavras – carinhosa de mais. – Laura olhou feio para ele.

– Eu não vejo problema algum em abraçar uma pessoa ou cumprimentar com um beijo no rosto quando se é apresentado. Americanos e europeus precisam aprender a se socializar, as pessoas não vão morder, nem nada – respondeu sem se ofender com o que ele disse e pegou uma das malas e começaram a colocar no carro.

– Você não é daqui? – minha boca falou sem minha permissão, mas estava difícil não perguntar isso.

– Não. Sou brasileira – disse mexendo o quadril como as mulatas do carnaval fazem – meus pais morreram quando eu era um pouco mais nova que você, não tenho parentes vivos, então eles mandaram esse rabugento me buscar – disse dando de ombros, enquanto nos arrumávamos no carro. – sinta-se a vontade para dormir na primeira parte da viagem e depois para babar na paisagem. – disse se pondo no lado do motorista, duelando com Gerald que mostrou a clara intenção de seguir dirigindo.

E foi exatamente o que fiz, eu não consegui dormir direito na viagem, os últimos momentos em Forks voltavam em minha mente, estava preocupada com a pressão em Ale, e após cochilar e ter um sonho/pesadelo com Jacob e Edward. Preferi me manter alerta. Por sorte já estávamos chegando, Laura tem razão em dizer que iria babar com a paisagem.

Chamonix é maravilhosa, nessa época do ano tudo estava verde, florido, tão perfeito, me senti no paraíso. Inclinei-me sobre o bebê conforto de ale e visualizei alguns bicos que pareciam cintilar com o brilho do sol. Ouvi um riso suave e Laura me olhava pelo retrovisor, sorrindo abertamente.

– Este é o Mont-blanc, agora esta florido por não estar nevando, aqui é perfeito em qualquer estação... – disse Gerald.

– Prefiro o inverno, esquiar é perfeito! – disse Laura e tive impressão de ouvir Gerald sussurrar algo. Laura girou a mão rapidamente e deu um tapa na cabeça dele – vai rindo, vou acabar com você no próximo inverno.

– Nem se nascesse de novo, mas espero que se amarre logo e suma daqui! – retrucou.

É diferente vê-los brigando, comparando com as pessoas que eu conheço, talvez eles sejam um retrato do que eu, Alex e Pan seriamos no futuro, nos dois brigando e ela apaziguando. Voltei minhas vista para a linda paisagem, já estávamos rodeados de casas, passando por uma estradinha de pedra pequena, uma estatua de um homem vestido como os historiadores antigos, olhando algo que a outra estatua de uma mulher lhe mostrava.

A casa é linda, não saberia descrever de primeira, me sentia em algum filme antigo, no estilo Romeu e Julieta. Um jardim enorme na frente, Laura e Gerald se ocuparam das bolsas e eu de Ale, ele havia acordado e seu chorinho de fome se fez presente, segui os dois pela entrada, com um caminho com pedras coloridas, dando de mamar para ale. Quando voltei meus olhos rapidamente para a frente, pude ver um casal abraçado e encostados ao batente da porta.

Senhor e senhora Lefréve. O senhor Lefréve aparenta ser bem mais novo do que imaginei, a pele clara, quase como a minha, os olhos de um intenso cinza, os cabelos loiros que chegavam a ser brancos, muito alto, a senhora Lefévre é bem diferente do que esperava, pensei que encontraria um típico casal Frances, mas encontrei uma união étnica.

A senhora Lefévre tem a pele azeitonada, os cabelos castanhos um pouco grisalhos, único indicio que lhe entregava a idade, os olhos grandes, negros como aquela fruta que Jake me deu, jabuticaba. Será que ela também é brasileira? Ambos receberam Laura com beijos e afagos, logo depois foi a vez do Dr. Gerald, ele cumprimentou ambos, Laura voltou para pegar as malas que estavam na mão dele, me aproximei devagar, ambos voltaram os olhos para o embrulho em meu colo que devorava a mamadeira e depois foi minha vez de ser avaliada.

A senhora Lefévre seguiu em minha direção após Gerald passar os braços por meu ombro e me puxar mais a frente, sorriu me olhando e um pouco mais delicada que Laura, segurou meu rosto e me deu um beijo na testa, um pequeno abraço e um carinho na bochecha de Ale. Guiou-me ate sua casa, onde seu marido abriu espaço.

– Espero que sinta-se em casa, querida – disse a senhora com um inglês com sotaque que quebrava a frase em lugares um pouco diferentes.

– Obrigada senhora...

– Nada de senhora, apenas Isabel e Marc – disse me encaminhando para o sofá enorme.

– Esta bem – digo sem graça sentando e terminando de dar a mamadeira para Ale.

– Sinta-se em casa Bella, esperamos muito por isso, não pude me afastar daqui, caso contrario teria ido até Forks, procurado minha neta... – sua voz se tornou triste no final, a senhora, digo, Isabel cariciou a mão do marido e sorriu complacente.

– O importante é que ela esta feliz onde esta e seu filho, nosso pequeno bisneta esta seguro... – suspirou e estendeu os braços.

Segui com Ale até o sofá em que ela estava, passei Ale para seus braços, ficamos muito tempo conversando, só depois de ver Laura passar com outra roupa e sentar ao meu lado que percebi que minhas bolsas já não estavam onde eles haviam encostado quando iniciei a conversa com eles. Ela sorriu e foi sua vez de pegar o pequeno e ficou ninando-o enquanto continuamos com a conversa.

Quando a noite começava a cair Ale começou a chorar, pela frauda suja e por estar na hora do banho, Laura ficou encarregada de me ajudar com a adaptação e com Ale. Segui para o quarto que me Foi destinado, a porta de madeira ricamente talhada, com desenhos lindos de oliveiras, havia muitas dessas. O quarto por dentro também era todo em madeira.

A cama imensa, uma sacada com uma vista deslumbrante, havia um Moises ao lado da cama, percebi pela visão periférica que Laura estava pegando tudo o que era preciso para limpar Ale e de onde estávamos dava para ver as luzes do centro que pelo que percebi ficava a meia hora de onde estamos. Voltei minha atenção para Ale e logo depois dele estar devidamente limpo e amamentado, segui para o jardim com Laura, estava quentinho, mas agasalhei meu lindo.

Passamos pelos fundos, onde havia um jardim lindo, com varias oliveiras, entre outras espécies. Assim como banquinhos perto de uma fonte, me sentei ali com Laura me fazendo companhia, ela me explicou mais sobre a região, tentou de todas as formas de deixar a vontade e habituada com o local.

Vou dar uma olhada na madrinha e já volto, ela esta demorando a me gritar... – disse e no outro segundo ouvi Isabel gritar por ela – viu, aposto que esta procurando algum tempero... – disse levantando e voltando para a casa – ah não esquenta que nunca fomos atacados por animais... – disse sorrindo.

Voltei meus olhos para Ale, ele estava ficando sonolento, deve estar entardecendo em Forks – vai me deixar dormir amor – digo brincando com sua mãozinha – sua mamãe deve estar por ai, logo há veremos, seu pai vai adorar ver o quanto são parecidos. – digo arrumando-o em meus braços, cobrindo um pouco mais o seu corpo, a cabeleira branca de tão loira saia pelo gorro, brinquei com seu queixo, enquanto ele bocejava. Voltei meus olhos para a mata em volta, quem sabe eles já não estejam por aqui...

Foi quando os vi, acenei de leve com a mão, como segurava a mão de Ale, ele acabou repetindo o gesto comigo.estavam meio escondidos entre grandes arvores, longe, longe ate da pequena cerca que demarcava o quintal da casa, eu queria tanto tê-la aqui.. meus olhos começaram a arder pelas lagrimas que tentei conter.

– Eu amo vocês... – sussurrei sabendo que me ouviriam, louca por poder abraçá-la, girou e pareceu perguntar algo para Alex, e logo os vi se aproximarem, de mais dadas, chegando a centímetros, sei que não teríamos problemas com Laura, eles poderiam ouvir sua chegada, antes que ela se aproximasse da janela.

Minha amiga esta ainda mais linda, sua pele clara, estava translucida, ainda mais que a minha, seus cabelos mel, quase loiros, caindo como cascatas pelas costas, seus seios ficaram turbinados, talvez por estar com eles cheios de leite durante a transformação... seus olhos de um carmim, claro, mas ainda vermelhos. Por alguns milésimos temi por Ale, mas ela é a mãe, jamais faria mal para ele.

Como eu a fiz mal, mesmo assim...

_ Eu senti tanto a sua falta... – digo derramando todas as lagrimas, principalmente pela culpa de privá-la do filho, como eu queria voltar no tempo e nunca ter estragada a vida de ambos, jamais teria ido para Phoenix. Para aquela maldita sala de balé.

Pamela sorriu de leve, o sorriso que sempre me lançava quando precisava ser acalmada sua mão chegou delicada sobre minha cabeça, brincou com meu cabelo, vi seus olhos seguirem para Ale e terminei de incliná-lo para ela. O sorriso que surgiu em seu rosto, foi melhor que tudo em minha vida. A contemplação sobre o pequeno embrulho em meus braços a deixou ainda mais deslumbrante que a própria eternidade.

Com todo cuidado tocou a face gorducha, Ale apena ergueu os olhos e focalizou a mãe, como se apenas isso fosse o bastante para que ela estivesse marcada em memória, como se a consciência de que a mulher que sacudia o corpo em soluços é sua mãe, seus olhos carmim, também tiveram a parte clara tingida de vermelho, o choro preso, ouvi um resmungo de ale e imaginei que estivesse sorrindo banguela para Pan.

Mas com medo que ela e Alex desaparecessem, não me atrevi a tirar os olhos deles. Seus olhos voltaram para Alex, ergueu a mão para Alex que segurou de imediato, sua outra mão ainda esta em Ale, ambos sorriram enormes, felizes e realizados.

_ Obrigado Bella... Por tudo. – falou Alex. Sua voz embargada, enlaçando Pamela e levantando em seguida. – Nós sempre estaremos por perto.

Pamela sorriu e me entregou uma carta, havia meu nome no endereçado, sua caligrafia, sorriu e começou a se afastar - Obrigada por cuidar da minha vida, minha amiga... – chorei ao perceber que se afastariam, uma nova despedida... – Por favor Bella, me prometa que será feliz...?

Sabia sobre o que se referia, mesmo agora ela me entende, sabe a bagunça que estou e como ela convive com os Cullens... felicidade... tudo o que eu queria, mas estou destruída, tendo apenas Ale e Charlie como força.

– Eu te prometo. – falei abraçando Ale forte eu viverei por ele – Nós dois.

No outro segundo eu já estava sozinha no jardim, sequei minhas lagrimas, mas não demorou para que Laura voltasse, guardei rápido a carta, no bolso do jeans e tentei suprimir o choro, ela pareceu não perceber ou simplesmente preferiu não comentar, conversamos mais um pouco, enquanto Ale terminava de ser ninado, assim que dormiu, voltei para a casa.

Agora que ele já dormiu, vá se lavar e jantamos, tenho planos para você, minha madrinha acha que talvez você precise se distrair, ela é meio sensitiva sabe, bizarramente consegue entender a áurea da pessoa ou seja lá o nome que isso tem – disse me abraçando e levando de volta para a casa.

...

Acomodei Ale em meu colo, estávamos na varanda do nosso quarto. Após uma sessão de perguntas e respostas e tendo dona Isabel e Laura marcando passeios comigo para os próximos dias, senti que poderia vir ao meu quarto, sem correr o risco de ser incomodada. Tirei do bolso o envelope um pouco amassado, e comecei a ler em voz alta:

Cara amiga,

Eu nem sei como lhe agradecer por tudo que fez e está fazendo por mim... Provavelmente, eu nunca conseguirei, mesmo tendo a eternidade para pensar em uma forma.

Obrigada por todo o cuidado e proteção. Obrigada por não desistir, por não vacilar... Nem mesmo quando eu própria já não tinha mais forças.

Agradeça ao Charlie por mim... Ele foi como um pai, e tenho certeza que será um grande avô para Ale.

Desculpe-me por não estar com você nesse momento. Deus sabe o quanto eu queria que tudo tivesse sido diferente, mas infelizmente não somos nós quem escolhemos certas coisas.

Sempre estarei por perto, o mais próximo que eu conseguir estar, isso é uma promessa.

Sei que não tenho direito de te pedir nada, mas ainda assim eu não consigo evitar. Por favor, não deixe que Ale se esqueça de mim...

Sempre que acontecer algo que você julgue importante e especial o lembre do quanto eu o amo, assim como Alex também...

Eu queria muito estar com vocês... Queria ouvir seu choro, conhecer suas manias... Queria trocar sua roupinha, dar de mamar... Eu queria poder abraçá-lo...

Desculpem-me por tudo que eu já perdi, e por todas as outras primeiras vezes que ainda vou perder. Desculpem-me por não estar presente na primeira doença, no primeiro machucado, no primeiro passo, na primeira palavra...

Me desculpe por te forçar assumir tantas responsabilidades ainda tão cedo Bella... Eu sei que está fazendo tudo com amor, e sei que ninguém além de você poderia desempenhar esse papel de mãe melhor, mas ainda assim, me desculpe por isso...

Você estava esperando que eu estivesse do seu lado agora, que seríamos a força uma da outra, e eu entendo como está se sentindo sozinha e perdida... Mas por favor, nunca se esqueça da sua força, da sua coragem... Nunca duvide de você, porque eu não faço isso nem por um minuto.

Tenho certeza que Ale será muito feliz ao seu lado... E de saber que serão felizes, eu já me realizo.

Não se culpe por nada, porque não existe nada para culpar ninguém. Eu estou feliz... Finalmente eu e Alex vamos poder ficar juntos... Sei que Ale um dia será grande o suficiente para entender tudo, e até lá eu já não serei mais um risco para ele.

E quanto a você... Muitas coisas aconteceram e talvez a gente não tenha a chance de conversar sobre isso, mas eu preciso te dizer... Você sabe o quanto eu te amo e te conheço, você sabe que estive com você nesse tempo todo de dificuldades, e digo apenas por isso... Jacob é um grande amigo, mas só Edward conhece sua alma...

Obrigada por tudo.

Amo vocês,

Pan.

Simplesmente deslizei sem forças pelo sofá em batendo minha cabeça levemente no vidro da janela, meus olhos seguiram para Ale que ainda dormia solto. Não conseguia pensar coerente, tudo vinha ao mesmo tempo, com muita força. Arrastei-me para fora do sofá, deitei Ale no Moises e me afundei na cama, chorando compulsivamente, ate que... ate que o cansaço foi maior e me venceu.

...

Vamos lá se anime-se? Olha esta vista maravilhosa – disse, eu estava desanimada.

Laura havia voltado de Forks hoje pela manhã - a pedido dos Lefévre, Laura foi ate minha casa para saber como é tudo, para fazer devidas mudanças para a segurança dele na casa, afinal, era a casa de um pai solteiro, policial e com uma filha adolescente, afinal eu não menti sobre meu histórico, ate contei com a ajuda de Isabel, que se mostrou muito gentil e compreensiva. - e já estava me carregando para outro passeio, Isabel e Marc se encarregaram de Ale, pediram para ficarem direto com o bisneto, já que eu voltaria em alguns pares de dias.

– Eu estou tentando pensar – digo sentando no piso alto de concreto, onde havia mais alguns turistas apreciando o vento e esperando sua vez de pular do Mont.

– Eu já disse que esta tudo bem por lá, seu pai esta ótimo – disse e tive a impressão de sua voz mudar, seus amigos estão cuidando dele, ajudaram no trabalho da construção.

– Como eles estão?

– Eu conversei um pouco com o moreno, Jacob certo? Amizade colorida se não me engano... ele esta aparentemente bem, ele pergunta mias sobre você do que me deixa perguntar sobre eles... foi engraçado, ele parecia me questionar como se eu fosse uma criminosa que te sequestrou – brincou – conheci outros tambem, aquela baixinha me assusta, ela sorria de uma forma estranha ou ela é apaixonada pelo seu pai... fico com a segunda opção.

– Meu pai não namora – e se entendi direito, esta falando da Alice.

– Não é por que você tem uma grande decisão pela frente que tem que ficar assim, enclausurada, triste, com essa ruga irritante – disse apertando o indicador no meio da minha testa. Como assim ela sabia sobre eles – desculpe, eu fiquei cismada com a quantidade de perguntas que me fizeram, todos queriam saber de você, sei lá... então... eu induzi seu pai a me explicar. Você é jovem, tem a vida toda pela frente, não perca os melhores momentos por estar ocupada de mais decidindo um futura que você nem sabe se esta preparada para viver, apenas viva o presente.

– Não é bem assim, é muito complicado...


– Não é Bella - diz sentando bem ao meu lado, dando um leve empurrão – você que complica, siga seu coração, não pense muito, como dizia meu pai “de pensar morreu um burro” – disse e nos duas rimos – você já tem a resposta, o seu problema, sua dificuldade esta em aceitar, isso aqui – disse espetando minha têmpora – serve em provas, em cálculos, mas amor não se calcula, não se mede, não se prova, amor, apenas se sente.

– Você fala como se entendesse isso.

– Lembre-se eu não entendo, ninguém entende, o amor apenas chega, devasta tudo o que pensa ser real e ainda sim, você vai junto. – disse me puxando de volta para o teleférico.

Talvez seja isso mesmo, é assim que eu me sinto, sei que o melhor, o mais seguro é Jacob, com ele é como ter os pés na terra, raízes fortes. Edward... Edward é todo o incerto, o inviável, é o mar, um mar que hora esta calmo e povoado e na outra esta em tormentas, onde posso me afundar e nunca mais ver o brilho do sol na areia. Ou mesmo o ar, tudo me instiga a voar, mesmo não sendo um pássaro, mas é como me sinto.

Estar nessa caixa metálica, onde terei mais trinta minutos deixou minha metáfora ainda mais real, sequei disfarçadamente minhas lagrimas, o mundo de ventos e ondas me puxando, mas o medo de me afogar e ter as asas encharcadas novamente, me mantinha presa a terra fértil, onde estarei sempre segura.

Então era decidir entre voar segura entre os meus, com um futuro certo e real, não só para mim, mas para Ale ou me jogar em águas profundas e encharcar minhas asas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem e façam uma Autora Feliz!!!

Visitas ao Amigas Fanfics

106,717

Entre a Luz e as Sombras

Entre a luz e a sombras. Confira já.