MVLN - Capitulo - Tudo novo
Eu ainda me sentia sem saber o que fazer. Na verdade eu só não me sentia, eu estava realmente sem saber o que fazer. Nunca tinha cuidado de bebê e esperava ter Pamela aqui agora me ajudando a descobrir.
Certo, eu tinha lido inúmeros livros, mas a prática era sempre diferente...
_ Obrigada pai, espero me sair bem... – eu respondi deixando minha insegurança de lado.
Coloquei Charles em seu pequeno berço e mostrei alguns brinquedos, ele tentava pegar, balançava os bracinhos, e o máximo que conseguia era tocar de relance. Ri de sua inocência, ele me encantava cada vez mais.
_ Eu me lembro de quando você era assim, tão pequena que nem conseguia controlar as próprias mãos... – meu pai falou saudoso – E agora está aqui, com o seu próprio embrulhinho para cuidar...
Ficamos ali no quarto conversando sobre o passado e o futuro por algum tempo, até que Charles se cansou de tanto blá blá blá e resolveu reclamar.
_ Acho que está na hora do banho. E talvez uma mamadeira, certo pequeno? – eu falei o pegando no colo.
A campainha tocou e meu pai se prontificou em atender. Antes que ele pudesse chegar à porta do meu quarto, começamos a ouvir vozes alteradas no lado de fora. Parecia Edward, e talvez Jacob. Meu pai me olhou confuso.
_ Eu resolvo isso. Fica com o Charles? – eu perguntei, não querendo levar um bebê para o meio da confusão.
_ Tudo bem, mas se as coisas saírem de controle eu não serei tão passivo, ok? – ele falou sério.
Desci as escadas rapidamente, pulando alguns degraus, mas ainda sim tomando cuidado para não escorregar ou pisar em falso. Com minha sorte isso não seria estranho.
Abri a porta de supetão, já esperando o confronto. E como eu previ, Edward estava parado na porta, visivelmente alterado e Jacob a sua frente, tentando entrar.
_ O que está acontecendo aqui? – eu falei para os dois, só depois notando a presença de Emily e Sam, e também de Rosalie.
_ Eu não vou permitir que ele entre Bella, nem ele nem Sam... – Edward falava feroz – Eles não são confiáveis...
_ Cala a boca, quem não entra é você... Essa é a casa da MINHA namorada, sanguessuga. – Jacob respondeu irritado, forçando Edward a sair mais uma vez, mas ele estava parado feito pedra.
Os outros apenas os olhavam. As garotas estavam assustadas e tentavam fazê-los parar, enquanto Sam só esperava pacientemente.
_ Caso vocês tenham esquecido, a casa é minha, e entra quem eu quiser. – eu me coloquei entre os dois, falando da forma mais firme e ríspida que consegui.
Todos me olharam automaticamente, e de alguma forma, minhas palavras pareceram surtir efeito. Eles pararam de se encarar e cercar um ao outro.
_ E além do mais, se não se lembram o motivo de estar aqui eu refresco a memória de vocês, temos um bebê em casa, daqueles que precisam de silêncio e ambiente harmonioso, conhecem? – eu falei cínica.
_ Me desculpe... – Edward disse com a cabeça baixa, visivelmente envergonhado – Eu achei que...
_ Por favor, não ache mais nada por mim... Tudo bem? – eu o cortei, minha voz soando cortante e ressentida, ele entendeu o recado. Jacob ria de canto. – E você, não tente me controlar. – eu falei para Jake, e vi seu sorriso desaparecer de seu rosto.
_ Viemos visitar o bebê. – Emily falou, quebrando o clima estranho. – Estou louca para vê-lo.
_ Vocês são sempre bem vindos. Todos vocês... – eu ressaltei a última parte, deixando claro que as decisões seriam minhas.
E então fomos todos para o interior da casa, Jake me abraçou possessivamente, fazendo Edward revirar os olhos.
_ É hora do banho e Charles está um pouco nervoso, se não se importam de esperar, vou cuidar das necessidades dele. – eu fui educada.
_ Eu posso ajudar se quiser... – Emily ofereceu.
_ Eu também. – Rosalie se prontificou.
_ Acho que a Emily dá conta do recado. – eu cortei Rose, ainda estava sentida com a atitude de todos.
Subi rapidamente, sendo seguida por Emily. Não queria ficar lá no meio da confusão por muito tempo, aquela divisão de sentimentos me incomodava.
Entramos no quarto onde Charlie tentava acalmar o pequeno sem sucesso.
_ Acho que perdi o jeito... – ele se desculpou, assim que o peguei de seus braços, o fazendo calar.
_ Quer dizer que já teve algum? – eu brinquei o fazendo me dar um leve tapa nas costas.
_ Vou deixar vocês aí com Charles, tenho alguns assuntos a resolver ali embaixo. – sua voz soou firme, me fazendo tremer.
_ Não exagere pai. – eu supliquei.
Emily logo arrumou o banho, ela era maravilhosa com esses cuidados e eu observei cada detalhe, tentando memorizar as dicas que ela me passava.
Me ensinou a medir a temperatura da água, as posições que deixavam o bebê mais calmo durante o banho e tudo mais.
Logo Charles já estava cheiroso e reluzente, em seu lindo conjuntinho azul marinho, sugando loucamente a mamadeira em meu colo.
_ Eu ainda não te agradeci Emily... Obrigada por tudo que você fez e está fazendo. Não sei o que seria de Pamela sem sua ajuda. – eu tentava conter as lágrimas em meus olhos, era uma situação natural toda vez que tocava em seu nome.
_ Ela faria o mesmo por nós. – ela disse tocada.
_ Tenho certeza que sim.
Ficamos em silêncio até que Charles adormeceu em meus braços depois de arrotar. Resolvi deixá-lo no berço, todos poderiam subir para vê-lo, se assim desejassem.
Descemos tranquilamente, todos estavam sentados no sofá, claramente desconfortáveis. Apenas Charlie parecia calmo.
_ Ele dormiu, se quiserem podem subir para vê-lo. – eu falei.
_ Posso? – Rosalie logo se prontificou.
_ Claro. – eu respondi – Acho que sabe onde fica meu quarto.
Vi quando ela subiu as escadas apressada, e estranhei o fato de Edward não tê-la acompanhado. Acho que ele estava preocupado de mais em vigiar Jake e Sam.
Me sentei numa poltrona isolada, no meio de todos. Eu sabia que o certo seria me sentar ao lado de Jacob, mas eu não me sentia mais confortável para isso, ainda mais na presença de Edward.
_ E então, como andam as coisas na reserva? – eu tentei entrar num assunto imparcial.
_ Agitadas... Como as coisas ficam quando tem coisas indesejáveis rondando nossas terras. – Jake foi agressivo na resposta, olhando fixamente para Edward.
_ Jacob... – Sam advertiu, quando Edward adquiriu uma postura rígida.
Para minha sorte, a campainha tocou, fazendo com que Charlie desviasse sua atenção da Guerra Fria que estava acontecendo no nosso sofá.
_ Será que não pode se comportar? Nem mesmo perto de Charlie? – eu falei nervosa.
_ Desculpe Bells, mas tenho certeza que ele já presenciou cenas piores... – ele falou sem remorso algum na voz, me fazendo bufar. Definitivamente, aquela situação estava ficando insustentável.
_ Bella, você tem visita. O Dr. Martinez está aqui. – Charlie voltou acompanhado do advogado dos avós da Pam. – Acho que está na hora de irem, se não sabem Bella está de castigo. – Charlie completou nervoso.
Aquilo me deixou desconcertada, a situação por si só já estava difícil, acho que não precisávamos do mau humor do meu pai.
Todos se levantaram rapidamente e sem graça. Rosalie desceu as escadas apressadas. Antes que passassem pela porta, ouvi meu pai chamar Edward, prendi minha respiração pelo que viria a seguir.
_ Eu não me importo se estão de volta ou não, isso não é da minha conta... Agradeço por estarem ajudando com Charles, mas isso não muda o fato de que fez Bella sofrer. Eu não sei o que disse a ela, ou se não disse nada, mas eu vi o como ela ficou e vi ela lutar para ser feliz novamente. – ele falava sério – Eu não posso te impedir de ficar aqui Edward, mas não te quero próximo da Bella, se é que me entende.
_ Me desculpe Sr. Swan, eu não tive a intenção de magoá-la. Bella pode não entender meus propósitos hoje, mas eu lhe garanto que eles são nobres. Ela sabe o quanto a amo. – ele disse deixando a casa ressentido.
Eu não sabia se estava chateada ou agradecida ao meu pai. Tudo bem que eu odiava quando as pessoas tentavam me controlar, mas eu sabia que ele só estava tentando me proteger.
E quanto a Edward, ouvi-lo dizer que me amava confortava meu coração. Era como se aquela ferida permanente se curasse e parasse de sangrar. Foi difícil vê-lo partir enquanto todas as minhas células me mandavam pular em seus braços, mas a minha mente ainda tinha o domínio do meu corpo, e ela não tinha apagado todo o sofrimento que ele me fez passar.
E lá estava eu naquele dilema interno – situação natural para mim ultimamente – que nem vi quando Jake se aproximou. Senti seus lábios roçarem os meus e sua língua pedir passagem para aprofundar o beijo. Era certo? Eu não sabia. Mas me permiti sentir aquela paz que ele me transmitia, aquela sensação de cumplicidade que eu só tinha ao seu lado. Ouvimos meu pai pigarrear na sala, provavelmente me chamando para conversar com o advogado.
_ Sinto sua falta Bells... – ele disse tristonho. Quando as coisas ficaram tão estranhas entre nós?
_ Eu preciso ir. – eu falei sem saber o que dizer. – nos vemos mais tarde ok? – ele sorriu. Fechei a porta ao vê-lo se afastar. E caminhei para a sala, tentando deixar meus conflitos para uma outra hora.
_ Me desculpe a demora, Sr. Martinez. A que devemos sua visita? – eu perguntei direta, rodeios não eram meu forte.
_ Srta. Swan, eu conversei com os avó de Pamela e eles me pediram que lhe fizesse uma proposta... – ele disse solícito – Eles querem que você e Charles Alexander passem um tempo na França, afim de estreitarem os laços, afinal de contas a guarda da criança é sua. O senhor está convidado também Sr. Swan.
Aquilo tinha me pegado de surpresa. E pelo visto a meu pai também.
_ É claro que vocês não precisam decidir agora, e também podem ver uma melhor data para irem. Eles aguardam a ligação de vocês. – ele disse estendendo uma cartão em minha direção, era o número deles.
_ Obrigada Sr. Martinez. Logo entramos em contato. – eu falei fechando a porta atrás de mim. Como era possível uma vida mudar assim tão de repente? Acho que eu estava virando mestre em mudanças bruscas.
Subi para meu quarto para descansar um pouco, minha mente estava me matando. Cobri Charles com um lençol fino e me sentei na poltrona ao lado do seu berço. Fiquei velando seu sono até que ele começou a se remexer a abrir os olhinhos.
_ Acho que temos alguém com fome aqui... – eu brinquei com ele, recebendo um meio sorriso banguela.
Desci com ele em meus braços e fiz sua mamadeira. Charlie não estava em casa. Sentei no sofá da sala e liguei um filme qualquer enquanto esperava que meu principezinho terminasse de mamar.
Fiz ele arrotar e só então ouvi a porta se abrir.
_ Bells, eu trouxe pizza... – meu pai falou da cozinha.
_ Uau, que almoço saudável. – eu ri.
_ Não reclama, achei que estaria cansada para cozinhar... – ele falou já se sentando para comer. Coloquei Charles no carrinho e me sentei em sua frente.
_ E quanto a essa história de ir para a França? – ele quebrou o silencio, eu sabia que ele estava tentando achar um momento para conversarmos sobre isso.
– Eu sabia que seria inevitável, uma hora ou outra os avós de Pamela iriam querer conhecê-lo, não acha?
– Claro, e acho que eles tem todo o direito. Mas não pensei que seria assim tão rápido... – ele falou. – Agora é um momento difícil para deixar Forks, minhas férias estão longe...
– Ainda não sei se vou agora, pai. – eu falei, dando a conversa por encerrada. Ouvimos a campainha tocar e fui atender. Charles nos encarava em cada novo movimento, ele era lindo.
– Bella... – a mãe de Alex exclamou assim que abri a porta.
– Senhora Margareth! – sorri a abraçando – entre... – digo a puxando, o pai de Alex entrou logo depois. – como vai senhor Alexander – digo apertando sua mão.
– Estou caminhando... – sorriu triste.
– Venham, chegaram em ótima hora, Charles Alexander esta acordado – digo caminhando para a cozinha.
Meu pai levantou assim que entramos e trocaram comprimentos. Peguei meu menininho no colo, os olhos em um tom misto de verde e cinza estavam atentos ao vestido verde escuro que a avó usava, caminhei devagar até eles, afinal este é o primeiro contato direto. Não pode se dizer que tocar pele incubadora seja um real contato.
– Olha seus avós meu amor – digo baixinho esticando os braços para que dona Margareth o pegasse.
– Ele está tão lindo e gorducho – dizia com lágrimas grossas descendo por sua bochecha corada.
– Idêntico ao pai... – disse o senhor Alexander.
Ale permanecia com os olhinhos grudados nos da avó, mas segurou o dedo do avô quando ele tocou seu rosto. Peguei a luva que caiu sobre a manta e segurei. Passamos horas conversando, contei sobre os avós de Pamela, da viagem. Eles não gostaram muito, ficaram com medo de que não me permitissem voltar com o menino alegando que não sou a mãe biológica.
Consegui tranquilizá-los ao explicar que o próprio advogado da família veio me ajudar com a guarda, que eles não queriam os pais da Pamela perto da criança. Que por contar com a ajuda deles e de... alguns amigos o processo de pedido de guarda foi tão rápido.
– E quando pretende ir? – perguntou Margareth ninando Ale.
– Eu não sei... ele já tem idade para viajar de avião, mas... eu tenho meu ano letivo, está no final e não sei se seria bom pra mim... – digo pensando na questão pela primeira vez.
– O colégio de Forks não tem os programas de acompanhamento? – perguntou o senhor Alexander.
– Na verdade tem – disse Charlie– Eles tem para alunos do intercambio... – disse Charlie com a testa enrugada.
– Então... você poderia ir e acompanhar pelo site, não receberia falta se fizesse tudo que for mandado para seu link. – disse com simplicidade enquanto comia um pedaço da pizza.
– Pode ser – digo tomando meu suco. – mas isso seria daqui a algumas semanas...
– Na verdade você poderia ir neste fim de semana o que acha? – disse Charlie – Eu vi o senhor Mason, ele estava preocupado com seu desempenho, perguntou o que faríamos com os horários do bebê para que não atrapalhe seus estudos já que no mês que vem começam os testes finais...
Ainda tinha isso, eu perderia noites de sono até que Charles Alexander fosse grandinho o bastante para dormir a noite e ficar acordado de dia... não havia me lembrado desta parte, afinal este é o primeiro dia dele conosco, suspirei rendida, minha vida tá uma bagunça, sem falar na sentimental... sorri olhando Ale dormindo no colo da avó.
– Eu vou essa semana... só... vou precisar resolver um assunto... – ainda tinha que conversar com Carlisle.
...
Terminei de lavar e ferver a mamadeira de Ale e segui de volta ao quarto, entrei em silencio para não acordá-lo, ele havia dormido o resto da tarde e eu dormi junto, afinal precisaria estar preparada para minha batalha. Tomei um banho caprichado, desembaraçando meus cabelos após certificar-me que estava tudo bem com meu anjo.
Quando voltei ao quarto, ele ainda estava dormindo, mas não foi algo que durou por muito tempo, assim que encostei em minha cama, ele acordou, seus resmungos logo tornaram-se choros agudos e vibrantes. Peguei com cuidado, deitando na mesa de apoio, removi a frauda toda caprichada, enquanto ele tentava arrancar a luva com a boquinha banguela.
– Precisa de ajuda Bells? – perguntou Charlie entrando silencioso.
– Preciso que não me mate do coração – digo rindo.
– É incrível como conseguem fazer uma bomba fedorenta... – disse recolocando a luva que Ale finalmente conseguiu remover, sorri ao ver suas mãos tremulas tocando a cabeça do nosso anjinho.
– E ele só está no leite... - digo ao terminar de limpar seu bumbum com algodão umedecido com água.
– Acho que será muito bom... você passar um tempo longe daqui... eles parecem... que vão se matar... fico preocupado com vocês, digo , com você e com o Jake. – disse sem jeito enquanto eu passava álcool absoluto no umbigo que havia caído.
– Não se preocupe pai...- digo limpando minha mão e comecei a passar uma pomada em seu bumbum para não assar. – eu não sei... bom. – parei um segundo e comecei a abrir a frauda – eu não tenho muitas certezas...
– Você tem alguma?
– Sim... eu nunca vou esquecer o que passei este ano, não é como se ele fosse voltar depois de ter ido a uma livraria... fique tranquilo que minha dor não permite que eu esqueça. Ale é o foco da minha vida agora...
– E nesta vida o Jake esta incluído? São grandes responsabilidades!
– Sim, eu sei... e isso... ele muda tudo – digo olhando e tocando no pé de Ale – não posso jogar essa responsabilidade para Jake, ele é só... um garoto, apesar de todos os músculos – digo sorrindo triste.
– Você também é Bells – disse vindo me abraçar – uma garota, madura para a idade que tem, mas ainda é uma menina. Uma criança cuidando de outra – brincou no final. – se precisar de ajuda de madrugada conte comigo, podemos revezar – disse me dando um beijo na testa.
– Obrigada pai... – digo pegando Ale no colo – boa noite.
Quanto a mim, não soube o que era sono por um bom tempo, Ale se mexia em meu colo com os olhos bem abertos. Me olhava uma vez ou outra, era como se dissesse apena com o olhar “vamos ver até onde aguenta”, faltava pouco para 01:00h da madrugada. Cantarolei e me esforcei para não piorar a situação com a voz desafinada.
Rodopiei pelo quarto, mas nada dele dormir, quando minhas pernas começaram a cansar, eu o deitei no Moises e balancei suavemente, procurei minha caixa com CDs instrumentais, e coloquei o CD do Kenny G que minha mãe tinha me dado no aniversário passado. Com a melodia tocando baixinho, não demorou para que Ale dormisse.
Foi como piscar, eu mal senti o sono me abater, mas senti minhas pálpebras pesadas e os olhos ardendo, mas me esforcei para levantar, afinal Ale estava chorando a plenos pulmões. Me arrastei até o berço, ele estava vermelho de tanto chorar, sem luvas e suas pernas vibravam, o peguei com cuidado e verifiquei a frauda, limpa. Olhei meu despertador, 3hs, desci com ele embrulhado em mantas, o carrinho ao lado da escada, estava um pouco gélido.
Preparei sua mamadeira, enquanto movia minha perna no carrinho, deixando-o em movimentação. Graças as doações que recebemos das vizinhas com bebês e do hospital que se encarregaram de nos ajudar, Ale não entraria em suplementos, tínhamos um refrigerador separado, apenas para guardar os vidros com leite materno dele. Assim que toquei sua boquinha com a madeira, ele sugou com força.
Suas mãos balançando e vãs tentativas de segurar a mamadeira, coloquei de pé e esperei que arrotasse, ainda com ele em meus braços, usei minha outra mão para abrir e passar uma água na mamadeira para não ficar com cheiro. Coloquei em uma vasilha para ferver os bicos, enquanto ninava-o. Quando voltamos para o quarto já era quase quatro.
Não pensei duas vezes em minha jogar literalmente na cama após colocá-lo no berço. A cama deu um mínimo estalo, novamente foi como piscar, no outro segundo acordei assustada com o choro de Ale, levantei esfregando meus olhos que pareciam conter areia e teimavam em se fachar, o relógio marcava 8hs, segui me arrastando para o berço, literalmente me segurando para não cair, e quase tive uma sincope quando não o encontrei.
Desci as escadas desesperada, seguindo o choro. Me joguei nos degraus ao ver Charlie, desengonçado segurando Ale, fazendo exatamente o que fiz de madrugada, suspirei quase cochilando encostada ao corrimão. Charlie dava leves tapinha nas costas de Ale e logo o arroto foi ouvido.
– Como eu fui heim garoto? Parece que não estou tão enferrujado assim – dizia rindo afagando a cabeça de Ale que estava quase todo coberto pela manta. – bom, está vivo, isso é o que importa – disse virando para minha direção. – bom dia Bells. Gostando da vida adulta? – brincou.
– Quando é mesmo que ele se torna diurno? – pergunto bocejando.
– Talvez em dois meses, eu acho... pode demorar mais... – disse rindo do meu espanto – você só passou a dormir a noite toda aos cinco meses! Um pouco antes da sua mãe te levar... – disse pondo Ale no carrinho – bom... acho que ele está com a frauda suja, mas isso já é me pedir de mais. Boa sorte. Já conversei como advogado, ele vai resolver tudo e passará para buscá-la na sexta a tarde - hoje era quarta – vai ao colégio explicar ou quer que eu resolva isso?
– Eu vou... só vou trocá-lo e tirar a areia dos meus olhos e resolvo isso. Pai..? – chamei quando seguiu para o hall da entrada – eu vou a La Push hoje, depois do colégio e vou conversar com Carlisle, ok? Talvez eu o deixe com a Emily por algumas horas...
Charlie me olhou sério, mordeu a boca e bufou irritado, voltou até onde eu estava e me deu um beijo na testa – pense bem no que fará Isabella – disse segurando meu rosto.
– Tudo bem pai, eu não vou tomar decisões, só vou conversar...
...
O caminho até La Push foi feito em silencio, já que nem resmungar Ale queria, pude ver a movimentação na mata, tinha certeza que se tratava dos Cullen. Após a fronteira foi um lobo mesclado que acompanhou meu caminho. Segui para a casa de Emily, acho que ela pensaria ser abuso se eu deixar o Ale com ela... Assim que estacionei, Emily já estava com Sam na varanda, desci e dei a volta para tirar a cadeirinha, Ale já dormia novamente no bebê conforto.
– Oi Bella, e esse lindinho? – perguntou tomando-o pra si.
– Uma coruja – digo apontando para meus olhos – e foi só a primeira noite... – ambos sorriram com minhas falas e entramos. – eu deveria estar envergonhada, mas... poderia ficar com ele por um tempinho, só até eu conversar com o Jake?
– É obvio que eu fico com ele – disse arrumando o bebê conforto no sofá.
– O Jake esta no colégio agora... vai ter que esperar um pouco – disse Sam trazendo chocolate.
– Obrigada... bom.. isso me lembra que... eu tambem tenho que conversar com vocês... – digo ao lembrar de Aro tocando na mão de Alice, ele certamente viu os Quileutes.
Comecei a explicar tudo o que ocorreu em Volterra, dos Volturi e sua forma sanguinária. De como ele olhava para Alice e como me olhou, da forma que ele falava e de tudo que aconteceu aqui quando cheguei, das decisões com os avós de Pamela, da minha viajem. Tudo isso atingiria os Quileutes.
– Eu ainda vou conversar com Carlisle sobre isso, eu não posso deixar Ale, não enquanto Pamela não estiver 100% e os Volturi, a forma que Aro ficou... – digo tremendo.
– Será complicado Bella. Ele parece... se for como disse, ele quer o dom da vidente, não ela...
– Realmente... ele não precisaria de um exército se ele tiver um leitor de mentes e uma vidente para contar quem está falando a verdade e quem está armando uma batalha... – disse Emily.
– Isso só prova que ele vira atrás, me usando como desculpa...
– Tem razão, mas isso não precisamos decidir agora, somos bons no que fazemos... E quanto a sua viajem, é sobre o bebê, não sobre vampiros e lobisomens, Jake não tem que aceitar ou não, quando voltar podemos... tentar uma conversa com o líder deles. Verificarmos nossa segurança.
– Tudo bem, eu acho que ficarei por duas semanas no máximo, eu não sei ao certo... – Ale começou a choramingar e já sabia o que era – vou pegar o leite no carro. – busquei as duas bolsas , as com roupinhas e produtos de higiene e a bolsa térmica com dois vidros com leite – está tudo aqui Emily. – digo após preparar a primeira. – eu vou tentar não demorar, ainda tenho que fazer minhas malas.
– Pelo horário acho que ele está correndo pra casa agora, ele foi com muito sono já que fizemos ronda ontem. – disse Sam.
– Então eu vou indo – digo e pego Ale no colo – se comporte meu amor – digo tocando nossos narizes e recolocando a luva.
Cheguei rápido a casa de Jake, Billy estava na varanda resmungando dos roncos do filho e me deu passagem, realmente Jake estava roncando alto, segui em silencio até seu quarto, era fortemente contrastante seu rosto de menino com o ronco de velho que rompia por seu nariz.
Aproximei-me lentamente, ele estava jogado de qualquer forma na cama pequena, sua bolsa do colégio jogada no meio do quarto, me deu dó acordá-lo, mas precisávamos conversar. Encostei delicadamente na cama, afagando seus cabelos curtos, seu rosto mexeu minimamente. Acariciei sua nuca e o ouvi gemer meu nome e sorri.
– Jake? Acorda! – chamei devagar me aconchegando na cama, logo seus braços abriram espaço e seus olhos vermelhos abriram minimamente, sorriu fraco e me abraçou, voltando a fechar os olhos.
Fiquei um tempo admirando-o, eu me sentia tão bem ao seu lado, em seus braços, eu não conseguia entender isso, se me sinto assim com ele, porque Edward ainda me afeta da mesma forma que antes? Eu queria que fosse o contrario, que minha essência fosse de Jake, eu vou me esforçar para ser dele, sempre. Jacob nunca me decepcionou, sempre verdadeiro comigo, beijei sua bochecha, descendo por seus lábios. Seu corpo fervendo, me fazendo suar rapidamente, removi meu casaco com certa dificuldade.
– Acorda Jake? – digo em seu ouvido e sinto sua mão apertar meu corpo, seu nariz passou por meu pescoço. Moldando nossos corpos e antes que eu entendesse o que se ocorria, Jake já estava sobre meu corpo, tomando meus lábios e gemendo – Jake – gemi quando apertou minha cintura.
Sua mão astuta se infiltrando por minha blusa, da mesma forma que sua perna separou as minhas, sua língua deslizando por minha boca. Moveu seu quadril de encontro ao meu e senti sua ereção, da mesma forma que ouvi o estalo do zíper da bermuda ao ser forçada. Puxei sua nuca.
– Jake – resmunguei entre o beijo. Seus olhos abriram lentamente, vermelhos de sono, quebrou o beijo e ficou com seu rosto tocando o meu. Sorriu me beijando e me puxou para seu corpo.
– Queria acordar assim todos os dias... – disse afagando meu rosto.
– Que tal levantarmos? Eu não dormi direito e está tão quentinho e convidativo – digo o apertando.
– Vamos – disse em um bocejo, ficando sentado e me acomodando em seu colo.
– Eu vim pra contar o que conversei com o advogado... – Jake esfregou os olhos e passou a prestar atenção – eu vou... eles pediram para que eu passasse um tempo com eles, para me conhecerem e conhecerem o Charles.
– E você já decidiu quando ir. – completou já sabendo de minha escolha.
– Sim Jake, meus períodos de provas logo chegarão, então meu pai acha melhor que vá esse fim de semana, já que eu passarei uma ou duas semanas por lá...
– Entendo...Bells... o que aconteceu nessa viajem? – perguntou.
– Eu... eu conheci a realeza vampiresca... saímos inteiros de lá por causa da Alice, ela conseguiu mentir que me transformaria. Eles não aceitam que humanos saibam sobre eles... ou morremos, ou somos transformados – ou viramos alimento, completei mentalmente.
– Podemos resolver isso depois – resmungou – eu... como você está com ele de volta? Como nós ficamos?
– Como estamos... eu não voltei atrás Jake, não vou mentir dizendo que ele não exerce nada sobre mim, mas não posso, eu não consigo esquecer o que aconteceu. Eu te amo, eu sei disso. – digo olhando em seus olhos – você é muito importante pra mim. Eu me sinto mal porque.... as vezes eu paro pra pensar que... eu estou estragando sua vida, eu sou complicada de mais, confusa de mais e parece que a cada dia tudo piora. Eu queria ser o melhor pra você, mas tudo que faço parece ser o oposto. – digo e sinto meus olhos arderem.
– Bells? Você é incrível – disse beijando minha testa – melhor que você só outra de você! – brincou tocando nossos lábios. - Eu estou bem, o que me importa é você. Você esta feliz comigo? – perguntou puxando meu rosto para que nossos olhares se fundissem.
– Você me faz feliz Jake.
– Não foi isso que eu perguntei. – retrucou bicudo. Suspirei e tentei explicar.
– Eu me sinto bem com você, segura, eu confio plenamente em você, adoro estar em seus braços, me sinto forte, como se nada pudesse me atingir, é isso que sinto. Se isso não for felicidade e amor... eu não sei o que é! – exclamei com lágrimas transbordando. Jake me apertou, me deitando como um bebê.
– Eu sei... eu entendo o que disse – disse com o expressão mista em alegria e tristeza – vou estar do seu lado sempre, eu sempre te deixarei inteira – sussurrou tocando meus lábios e me permiti aprofundar o beijo.
Ficamos horas assim, abraçados, provando da companhia um do outro, com carícias urgentes, mas que paravam quando nossas mãos se aproximavam de lugares que não deveriam, me senti tentada a pedir isso, pra que me tocasse, mas algo me travou. Praticamente usamos todos os cantos do quarto enquanto conversávamos, nos virávamos, levantávamos, andando pelo quarto.
– Eu realmente preciso ir agora, já são quase 15hs, Emily está com Ale, sou uma péssima mãe... digo levantando.
– Vou te buscar na sexta ok? – disse pondo meus pés sobre os seus, circulando minha cintura e me levando até a porta.
– Ok! – digo beijando-o novamente. Achei prudente não comentar que iria conversar com Carlisle, é melhor que Sam converse com ele, explique tudo – agora vá dormir – digo e nos despedimos com um beijo profundo e quente.
– É melhor ir, eu não vou me segurar por muito tempo e não quero que se arrependa – disse me apertando ao seu corpo, me fazendo sentir sua ereção.
– Tchau! – suspirei me afastando.
– Até...– respondeu com um grande sorriso.
A volta foi um pouco diferente, Charles Alexander estava atento, de banho tomado e barriguinha cheia ele não se importou de ficar acordado pelo caminho, passava rapidamente meus olhos por ele e já havia arrancada as duas luvas.
– Você é um danadinho muito esperto – digo encostando o carro, recolocando as luvas – terei de colocar com cordinhas? – seus olhos saltaram para os meus – espero que continue se comportando, iremos no tio Carlisle agora ok? – digo pegando meu celular e ligando para a casa Cullen, apesar de não precisar por Alice, mas não sou da família.
– Boa tarde Esme, eu preciso falar com o Carlisle, ele ainda está no hospital?
– Boa tarde querida, ele chegou agora pouco – traduzindo, Alice viu que você queria conversar!
– Estou indo então, chego em poucos minutos – digo desligando.
Voltando a estrada após colocar uma música instrumental para Ale. Assim como eu disse, fiz o caminho em poucos minutos, claro que tomei cuidado. Estacionei atrás do carro do Carlisle, dei a volta para remover Ale da cadeirinha, ainda no bebê conforto e pegar sua bolsa.
– Já voltou a dormir pequeno, desse jeito eu viro uma coruja! – brinco o agasalhando.
Esme me esperava na porta e sorri para ela que me ajudou com a bolsa e o bebê conforto. Ela sorriu terna olhando para Ale que chegava a babar na manta. Assim que entramos todos voltaram os olhos para nós.
Carlisle estava em sua poltrona e sorriu terno. Alice sorriu, sentada na escada, Edward... estava em pé ao seu lado, Rosalie sorriu vidrada em meu pequeno, Emmett parecia segurá-la.
– Você tá horrível Bella! – disse Emmett.
– É eu sei – brinco olhando para meu lindo – obrigada Esme – digo colocando a bolsa no canto do sofá.
Peguei o bebê conforto. Removi a manta arrumando sobre o bebê conforto e depois deitei Ale com cuidado, enrolando a manta em seu corpinho, fechando o cinto logo em seguida e verificando a luva. Ouvi minha coluna estalar quando me endireitei, ri e olhei para Emmett, seu corpo sacudia pela gargalhada contida e sorriu de volta.
– Idiota! – resmunguei, voltei minha atenção para Carlisle – podemos conversar?
– Claro vamos ao escritório... – disse levantando, voltei meus olhos para Ale – não se atrevam a dar chupeta para ele... Se ele chorar, me chamem – digo tocando o rostinho dele. Voltei para eles e só então me toquei. – onde está o Jasper? – pergunto para Alice.
– Ele não quis arriscar – disse olhando para o bebê.
...
– Então Bella? – perguntou Carlisle quando nos acomodamos.
– Acho que Alice já deve ter visto tudo que aconteceu lá em casa e explicado o que ocorreu em Volterra...
– Sim, ela me explicou e peço desculpas pelo ocorrido e agradeço pelo que fez!
– Então... eu vou nesta sexta para a França. Gostaria que avisasse aos meus... que avisasse ao Alex e a Pamela, se eles quiserem ir. E... sobre os Volturi...
– Não se preocupe com isso agora Bella, viaje tranquila, nós iremos conversar e ver como podemos resolver, eu convivi com os Volturi, eu sei como eles são e vou resolver isso.
– Obrigada Carlisle! – digo e seguimos para a sala.
– Carlisle... – começou Edward caminhando para nosso lado – talvez não seja seguro...
– Alice viu algo? – ela moveu a cabeça quando a olhamos.
– Eu... talvez fosse melhor irmos com Bella.
– Não. – digo.
– Bella eu...
– Não me interessa o que pensa, você não vai comigo, nenhum de vocês. Desculpe se eu pareço grossa Carlisle – digo me virando para ele – eu fui clara, se Alex e Pamela quiserem ir, eles não só podem como devem. Eles são os pais do Ale, mas não quero nenhum outro vampiro atrás de mim.
– Bella seria mais seguro... – tentou.
– Acredito que seja inteligente o suficiente para entender isso, NÃO – digo devagar para que entenda.
– Vai precisar de ajuda com o bebê – começou Rosalie.
– Não será a sua – digo ríspida – quer saber chega... Eu tô cansada disso, cansada de tentarem controlar o que faço ou deixo de fazer. Vocês não tem o direito. Você acha que pode sumir e voltar como se nada tivesse acontecido, que eu estaria esperando de braços abertos? E você pare de agir desta forma em relação ao Charles! Pare de olhá-lo desta forma!
– Bella... – começou Emmett, ergueu as mãos. – nós só estamos preocupados e bom... lembra do sobrenome da Pamela? – claro que me lembro! Movi minha sobrancelha – é meu sobrenome! – como? – minha mãe estava grávida quando eu fui transformado. Eu voltei um tempo depois, de longe é claro.
– Eu não sabia, mas isso não é justificativa!
– Só tenha paciência querida, nos perdemos muito com nossa transformação. Ter um filho é algo que não podemos ter... - disse Esme.
– E trocaríamos tudo por isso! - completou Rosalie.
– Olha... me desculpem pela grosseria, mas estou farta de tentarem mandar em mim, de tomar decisões que só cabem a mim. São minhas decisões, é a minha vida – digo pegando as coisas de Ale e viro para Carlisle – peço que façam respeitar minha decisão.
– Bella por favor – pediu Edward se pondo em minha frente. – só alguns minutos.
– Eu cuido dele – disse Esme.
– Tudo bem, alguns minutos. – digo passando Ale para Esme. – Daqui a pouco ele acordará e precisa dar a mamadeira. – digo apontando para a bolsa térmica.
– Vamos? – disse Edward apontando para a porta.
– Eu não vou a lugar algum, conversamos no escritório ou vou embora – digo rápido.
– Tudo bem.
Entrei me sentado no pequeno sofá, esperei que Edward sentasse longe, mas veio para o meu lado, deixando pouco espaço entre nós, seu nariz enrugou algumas vezes. Puxou minha mão e não consegui me livrar de seu toque e... eu não quis. Respirou algumas vezes antes de me encarar.
– Eu quero explicar o que me fez agir daquela forma...
– Não precisa, essa parte eu já entendi – digo cortando-o e tentando levantar.
– Por favor me ouça até o fim Bella – sussurrou de uma forma doce, quase uma súplica. Suspirei e me arrumei no pequeno sofá. Movi a cabeça em concordância. – prometa que me ouvirá até o fim? – pediu tocando em meu queixo, erguendo meus olhos.
– Ok!
– Eu só entendo agora que tudo o que fiz foi errado. Quando se machucou... foi que me dei conta do quanto estava envolvendo você no meu mundo, tirando você do seu mundo. Saber que poderia acontecer isso em outra ocasião, onde o vampiro não teria a força de Jasper para se afastar... tudo o que aconteceu com James voltou em minha mente aquele dia. Só assim eu me dei conta do mal que estava causando você, tirando a chance de você viver a sua vida normalmente.
– É inconcebível para nós que alguém queira de livre vontade, abrir mão da vida humana para se tornar um monstro como nós. Porque... – parou como se tomasse fôlego, piscando os olhos com força – ... nós podemos ser "vegetarianos", mas nossos extintos continuam conosco e algumas situações provocam ao extremo. Eu não poderia estar em um mundo sem você, eu não poderia permanecer neste mundo sendo culpado por esquecer seus sonhos.
– Afastar-me foi até simples perto de tudo o que passei para não voltar atrás, por acreditar que isso seria o melhor pra você... depois de Volterra... eu acredito que tenha entendido o que fiz. Quanto te vi lá, quando a abracei...
Eu não consegui mais ouvir, não conseguia ficar parada ouvindo tudo, levantei de supetão e ele não me segurou, girei pelo escritório, meu peito doía muito, suas palavras bailavam em meu peito, abrindo e fechando a cicatriz como se jogasse amarelinha em meu peito. As lagrimas já haviam despencado.
– NÃO – grito quando o vejo se aproximar – o que há com você? Por... porque diz tudo isso pra depois... – esfreguei meu rosto, segurando meus cabelos com certa força para que eu não voltasse a gritar. – você não pode dizer isso... dizer tudo isso e fazer o contrário... eu não sou seu brinquedo Edward! – digo e os soluços rompem.
– Eu jamais...
– Pare... por favor... por que me fazer acreditar...? pra que me iludir? – me afasto quando segue em minha direção – você acha que vou conseguir acreditar em você... que amor é esse que diz sentir, que na primeira dificuldade você foge, abandona? – digo me apoiando na escrivaninha, eu não consegui dizer mais nada, os soluços me impediam, minhas forças serviam apenas para manter o ar entrando em meus pulmões com dificuldade.
– Perdoe-me Bella, me perdoe porque eu não consigo me perdoar – disse me abraçando por trás, me puxando para seus braços. – eu nunca vou conseguir me perdoar por ter partido, eu te amo tanto – dizia com a voz embargada.
Seu perfume me embriagando a cada segundo, tanto de mim queria acreditar nestas palavras... Mas como eu posso confiar em alguém que me abandona? Como posso arriscar tudo por alguém que simplesmente me abandona? Como acreditar nesse amor? Eu não vou me render ao que sinto. Não vou por em risco o certo pelo duvidoso.
– Tenho que ir – sussurro tentando me libertar – Edward? – digo o empurrando, sua mão gélida segura em meu rosto, seus olhos estavam vermelhos como se ele tivesse chorado por horas.
– Eu vou provar o meu amor...
– Não perca mais tempo da sua maravilhosa eternidade... eu não confio em você. – digo e seu corpo treme. As lágrimas voltam com força total, junto com o soluço, isto está doendo tanto...
– Eu vou provar... vou reconquistar sua confiança - sussurrou beijando minha testa e meu corpo todo tremeu.
Apertou-me em seus braços, sua mão tocando a base das minhas costas. Fazendo a corrente elétrica percorrer violentamente cada parte do meu âmago. Por quê? A cada toque meu corpo se tornava mais vulnerável a ele, eu não posso fazer isso comigo, fazer isso com Jacob... Jake.... me senti ainda pior por pensar que estou nos destruindo ainda mais, empurrei Edward com toda minha força, mas teria sido mais eficiente parar um trem.
Sua boca tomou a minha com certa urgência, me esmagando em seus braços, sua língua gélida tomando a minha, foi mais forte, senti que desabaria se não permitisse isso, foi como ter minhas forças de volta, o beijo foi se tornando voraz, profundo, sem cuidado algum, minhas mãos seguravam firmes seus cabelos desgrenhados.
Apenas reparei que estava em seu colo sobre a escrivaninha quando o ar me faltou e ele desceu seus lábios por meu pescoço, sua mão gélida tocava minha barriga, antes que pudesse me situar seus lábios me devoravam novamente, senti algo acolchoado em minhas costas. Senti sua mão no cós da minha calça, isso me trouxe a realidade.
Empurrei com todas as minhas forças e agradeci que ele se distanciou, minhas pernas tremiam, Edward estava do outro lado, me olhava assustado e suplicante, voltei-me para a porta. Saindo o mais rápido que eu poderia e agradeci por ele não tentar me impedir. Tentei melhorar meu rosto antes de entrar na sala, estavam apenas as três, Carlisle e Emmett não estavam por perto.
Tomei Ale em meus braços para me acalmar, coloquei-o novamente no bebê conforto e comecei a pegar suas coisas. Esme segurou minhas mãos. Sorriu terna para mim e me abraçou. Isso foi o fim, desabei em seus abraços. Um colo de mãe. Nada além do meu choro foi ouvido por um tempo.
– Venha se recompor, não pode dirigir assim... – disse Esme me guiando.
– Eu cuido disso – disse Rosalie. Segurou em minha mão e me levou até seu quarto.
Era a primeira vez que entrava ali. Os moveis e decorações eram antigos, do inicio do século vinte, não reparei mais que isso, um grande espelho oval ocupava uma parede do quarto, onde pude ver meu reflexo, minha boca esta enxada, meus cabelos piores que uma juba de leão. Meus olhos vermelhos e minha blusa rasgada.
Rosalie me levou até seu banheiro, onde lavei meu rosto e meus pulsos, ela voltou com uma blusa igual a minha e uma caixa pequena, um estojo de maquiagem. Sequei meu rosto e coloquei a blusa, Rosalie me maquiou, escondendo os vestígios do que aconteceu, sorri agradecendo e voltei para a sala. Emmett estava de volta.
– Quer que a leve Bella? – perguntou docemente.
– Não será preciso Emmett. Obrigada – digo e sei que ele entendeu o que eu quis dizer.
Peguei as bolsas de Ale e segui para a caminhonete, Rosalie e Esme me ajudaram. Consegui me controlar até chegar em casa, para minha sorte, Charlie não estava. Pude colocar Ale no berço e me deitei, chorando muito mais do que já havia chorado. Até que o sono me levou. Acordei com o choro de Ale, eu estava ainda pior que ontem, meus olhos lacrimejavam de sono, levei-o para o banheiro, após tirar a roupinha suada e a frauda suja.
Dei-lhe um banho e logo ele se acalmou, desci com ele para fazer a mamadeira, o choro recomeçou segundos após eu começar a fazer a mamadeira. Assim como antes, ele mamou, arrotou e dormiu. Eu me mantive em movimento, meu sono estava forte. Voltando a dormir, sorri ao vê-lo dormindo.
Aos tropeços eu segui para meu banho. A água quente me relaxando ainda mais, quando sai do banheiro meu pai subia as escadas, mas consegui não tropeçar e ele não percebeu meu estado, dei uma olhada em Ale e desmaiei em minha cama. Agradecendo por estar tão exausta emocionalmente que não consegui pensar no que minha vida estava se tornando ou deixando de tornar.
Em algum dado momento o choro sofrido rompeu a noite, eu me sentia quebrada, meus músculos protestavam, esfreguei meus olhos e vi que havia passado apenas uma hora, consegui levantar, não estava com frauda molhada ou suja. Não estava com fome e chora muito. Peguei-o em meu colo e comecei a nina-lo, mas o choro não parava. Charlie veio me socorrer, sorriu suave.
– Isso é cólica Bells! – disse após tocar a barriguinha dele – sua mãe dava uma chuquinha com um chá... – dizia coçando a cabeça – era erva...
– Erva doce?
– Isso
– Mas o médico pediu que eu não desse nada além de leite... Ah, tem um frasquinho ali, um remédio para isso... Emily me deu... – apontei para a cômoda da Ale.
Charlie pegou o remédio, colocando algumas gotas numa pequena colher. Só conseguimos fazê-lo engolir depois de 2 tentativas e muito choro. Quando terminou me sentei na cadeira de balanço e puxei minha blusa, deixando nossas barrigas coladas, enquanto fazia massagem suave, eu estava sendo embalada pelo movimento da cadeira.
Eu tinha que levantar para colocar Ale no berço mais não conseguia, meus olhos começavam a pesar, estava confortável de mais, uma brisa passou por meu rosto e senti o calor de Ale ser retirado do meu corpo. Tive o vislumbre do meu pai me segurando. Quando o dia amanheceu, encontrei Sue no meu quarto, ela terminava de colocar Ale no berço.
– Boa tarde Bella! – disse suave, tarde?
Olhei para meu despertador e já passava de 13h, me assustei e levantei rápido, meu corpo todo estalou. Sue sorriu e me entregou uma caneca com chocolate. Sorri em agradecimento e olhei para o berço. Havia um mosquiteiro sobre meu menino, levantei devagar, o véu era rico em trançados, como filtros de sonho. Ale dormia um sono solto e com um sorriso banguela.
– Tome um banho querida, preparei o almoço, ele não vai acordar pelas próximas horas...
– Desculpe pelo trabalho, eu sou uma péssima mãe...
– Claro que não... Emily não pode vir e me pediu que a ajudasse hoje... ela me explicou por alto o que fez ontem, seu dia foi exaustivo. Ele não chorou, eu vi o caderno com horários, eu mesma o acordei nas horas marcadas por isso você não ouvi choro algum.
– Obrigada!
Com a ajuda de Sue e Ângela que passou a tarde comigo, eu fiz minha mala e recebi alguns trabalhos que perdi ontem e hoje. A noite voltava, fiquei sozinha com Ale e Charlie, Jacob não apareceu e não tive noticias dos Cullen. Quando me preparava para dormir, meu telefone tocou. Alex me avisou que iriam em um jatinho dos Cullen, que não iria mais ninguém comigo além deles, desta vez consegui dormir mais, mesmo com Ale acordando nos mesmos horários, acho que estava começando a me acostumar com a falta de horas de sono.
– Vamos Bella? – chamou Charlie após colocar minhas coisas na traseira da viatura.
Minha mãe chegou pela manhã e ficamos encarregadas de mimar Ale, me ajudou a descer com as bolsas dele e seguimos para o aeroporto. O advogado me acompanharia até a casa dos avós de Pamela. Quando chegamos a Seatlle, muitos amigos estavam lá, o pessoal de La Push, e os Cullen. Charlie não gostou nada e ficou de olho em Edward.
Eu desviei meus olhos, não queria sentir tudo novamente, Jake sentiu meu desconforto e segui para meu lado, sorri enquanto ele e minha mãe me ajudavam com o Chek-in, Rosalie segurou Ale e peguei-o de volta quando terminei, sorri me despedindo de todos. Abracei meus pais, minha mãe olhava para Edward, a testa franzida.
– Tchau... – digo para Jake.
Seus lábios cobriram os meus, eu não me esquivei ou interrompi, eu devia isso a ele e precisava provar para nós que estou com ele, não conseguimos nos ver após quarta e como agiu indiferente a Edward, percebi que não soube do que ocorreu na minha visita aos Cullen. Suas mãos me seguravam com ternura.
– Divirta-se na cidade luz! – disse ao terminarmos o beijo, movi a cabeça.
– Vou tentar.
– Não pense em nada ok, divirta-se e deixe os problemas por aqui, Charles precisa disso. – disse olhando para o bebê em meus braços.
– Acho que posso fazer isso, tudo estará aqui quando eu voltar... – digo acariciando Ale.
– Sim, tudo – disse olhando na direção dos Cullen.
Eu não queria, mas era como se fosse imãs, seu olhar me atraía. Olhei para Edward, como eu queria arrancar do meu peito todo aquele amor, como eu queria esquecê-lo... Vi quando seus lábios se moveram, e mesmo não emitindo som algum, entendi perfeitamente o que ele quis dizer... "Eu vou te provar..."
Me afastei indo para o salão de embarque. Eu não sabia o que me espera do outro lado do oceano, conhecia o que me acompanhava, e principalmente o que me esperaria na volta... Esse seria o meu tempo de descobrir o que sinto e penso sobre tudo, mas principalmente, de encarar quem eu realmente sou, se meus medos irão impor sobre meu caráter, se realmente tenho força de vontade.
Mas o principal, se eu terei coragem de abnegar o amor de Jacob e correr o risco de me ver destroçada novamente por me entregar a alguém que quebrou a confiança que eu depositava, mas ainda assim alguém que amo com todo minha alma, apesar de tudo. Uma intensa luta entre a consciência e a emoção...
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