Essa foi minha primeira fic, escrita há anos, depois de assistir ao último episódio da série que mais amei na vida. Ela se passa no dia seguinte aos acontecimentos do episódio final de Charmed e foi escrita para preencher algumas lacunas que ficaram no meu coração.
Sei que o universo Charmed não é muito conhecido por aqui, mas agora que comecei a postar minhas fics, resolvi resgatar a primeira delas.
Na manhã seguinte à da Grande Batalha, Piper mal havia conseguido dormir. O pouco que tinha conseguido fora um sono povoado por sonhos turbulentos. O tempo todo aquelas imagens rolando em sua cabeça...
Tudo havia terminado agora, mas não era fácil tirar de seu corpo e de sua mente a memória de tudo o que havia sofrido. Seus músculos ainda doíam e sua mente continuava em alerta.
Já tinha sobrevivido a outras batalhas dramáticas, a perdas devastadoras, mas nada a tinha abalado tanto quanto aquele turbilhão de emoções opostas do dia anterior.
De um lado, tudo o que poderia ter perdido. De outro, tudo o que o futuro lhe “prometera”. Ela bem sabia que o futuro podia mudar. Ainda se lembrava da doce Melinda que não viria. De um Wyatt consumido por tudo que ela combatera. De um Chris atormentado e sofrido, que pereceu nas mãos de Guideon. Mas não queria acreditar que não merecia aquele futuro pelo qual tinha lutado tanto.
E dessa vez não tinha lutado sozinha como tinha parecido no início. Toda a sua família viera em seu auxílio: vovó, seus pais, seus próprios filhos (e era sempre um alívio saber que Wyatt era bom e que Chris estava a salvo) e até mesmo seu futuro cunhado, Coop, que tinha tido importância fundamental na vitória.
Mesmo um esquecido e indesejável Cole tinha reaparecido em algum ponto do caminho para ajudá-la, quando os Anciãos tentaram lhe tirar Leo. Pobre Cole! Depois de tudo, ainda amava Phoebe. De alguma forma, ele deve ter ficado feliz quando tudo acabou bem para ela.
Em algum momento de sua história, toda sua família havia retornado. E ontem, quase todos reapareceram, menos...
Nesse momento, Leo se moveu na cama e todos esses pensamentos se desvaneceram diante dele. Ainda deitada, ela se apoiou em uma das mãos para observá-lo. Mal podia acreditar que ele estava ali.
Tantos foram os dias em que ela acordara sozinha, sobrevivendo à urgência de tê-lo de volta, que era até difícil entender a dimensão da felicidade e do alívio que sentia agora.
Ela tinha procurado nunca desanimar, e todos acreditavam que ele voltaria por causa da certeza que ela sustentava, mas em seu íntimo, vez ou outra, sobrevinha um “E se...?”.
Leo despertou e, mesmo sem abrir os olhos, pôde sentir o olhar de Piper sobre si. Quando os abriu, lá estava ela, sorrindo. Um “o que foi?” começou a se formar em sua boca, mas foi logo abortado. Ele sabia o que era. Para ele era como se não houvesse passado tanto tempo, mas um insistente torpor em seu corpo e o olhar completamente novo no rosto de Piper davam-lhe a exata dimensão do quanto ela havia lutado por aquela manhã de paz ao seu lado.
Esse pensamento logo se transformou em um beijo e ele a tomou nos braços como se fosse possível conter toda a saudade em um só abraço. Bem, de agora em diante ele estava disposto a tentar fazer todo o seu amor caber em cada momento que passassem juntos.
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