terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Serendipity - Capítulo 17

Edward se ajeitou na ponta da minha cama ao mesmo tempo que eu inclinei a cabeceira da cama com o controle para que eu pudesse encará-lo de maneira mais confortável. Estávamos, de certo modo, de frente um para o outro, mas ele ainda matinha um dos pés no chão enquanto o outro permanecia dobrado sob sua outra coxa. Eu queria muito ouvir sua explicação dos fatos, pois antes de tomar uma decisão que mudaria nossas vidas para sempre, eu teria que escutar todos os lados da história. Eu não poderia simplesmente arrumar minhas coisas e ir embora sem antes ouvir o que Edward tinha a dizer. Por mais que eu tenha pensado nisso nos momentos de angústia durante as semanas sem notícias onde a imprensa estava me deixando louca com todas as especulações sobre ele e Victoria, sobre eu e meu filho e sobre todo o tipo de coisa maldosa que se pode esperar de tablóides movidos a dinheiro fácil por parte de leitores que não tinham o que fazer além de escrutinar a vida alheia.
— Alguns dias antes da reunião que o diretor organizou com o elenco e a produção desse último projeto. — Edward parou para tomar uma respiração profunda como que para manter o ritmo calmo durante sua narrativa. — Eu estava um pouco curioso sobre o elenco com o qual eu trabalharia nesse filme. Principalmente sobre Victoria Preston que seria meu par romântico e você me conhece bem, eu gosto de saber se uma pessoa vai ser fácil de lidar ou um pé no saco bem antes de embarcar em projetos longos assim. Seriam meses de convivência para no fim nos detestarmos. Eu tinha descoberto coisas boas sobre quase todos que fariam parte do elenco, menos sobre Victoria e não eram coisas tão ruins, mas me deixaram meio desconfiado.
— Edward, por favor não me esconda nada. Eu quero que você fale verdade sem poupar meus sentimentos. Eu te garanto que eu posso aguentar. — eu estiquei meu corpo de forma que minhas mãos tocassem uma das suas. Eu o encarava de forma intensa. Eu queria que ele confiasse em mim. Sua expressão era clara. Ele engoliu em seco e eu percebi que tinha algo ali. Seus olhos foram até as nossas mãos parando ali apenas por segundos antes de desviarem para algum ponto através de mim. Eu entendi que ele parecia estar decidindo o que falar.
— Eu descobri que Victoria sempre se envolve com seus colegas de elenco. E na reunião isso se confirmou, na verdade não ficou tão claro, mas deu pra perceber que ela é o tipo de mulher que joga charme propositalmente para todos e eu não vou mentir, ela é estonteante, muito atraente. — senti meu estomago se agitar com essa revelação. Disfarcei a minha insegurança momentânea o melhor que pude e o incitei com um gesto de encorajamento a seguir em frente. — Depois disso, minha vida passou a ser um inferno porque ela passou a me perseguir tentado me persuadir a ter algo com ela. No começo eram flertes inocentes da parte dela e eu relevava, mas depois foi se intensificando até chegar ao ponto de discutirmos até não nos falarmos mais fora do set de filmagem. E nesse ínterim, eu descobri que ela estava dormindo com o diretor. Dormindo é eufemismo, eles estão tendo um caso mesmo. Eu não quero julgar o método de cada artista de conseguir o seu quinhão na industria de entretenimento, mas ficou claro para mim que ela só está nesse filme porque é peixe do diretor. Mais tarde, juntando um mais um, eu cheguei a conclusão que ela queria a todo custo ter algo comigo para mostrar a imprensa, só não sei se é pra se promover ou para encobrir seu caso com o diretor, ou melhor, para promover a si mesma inventando a desculpa para o diretor de que está fazendo isso para despistar possíveis boatos sobre eles. Não duvido da última hipótese. A gota d'água foi ela ter roubado meu celular se aproveitando um descuido meu em um restaurante onde ela apareceu aparentemente do nada. Ela o guardou por semanas enquanto assistia eu procurar e lamentar a perda do celular. Quando ela resolveu devolver, o rapaz que o recebeu no restaurante a descreveu para os detetives contratados pelo escritório de advocacia que está cuidando do caso, pois depois dela ter me agarrado em São Francisco e eu ter descoberto sobre o telefone, eu estou decidido a processá-la pelo o eu puder, se não por coação, pelo menos por roubo.Além do mais, tenho certeza de que ela está inventando coisas para imprensa sobre nós. Ela não consegue ter um caso de verdade, então ela inventa. E seu puder provar isso, eu já me darei por satisfeito.
Eu não consegui falar imediatamente. Tive que ficar quieta por alguns segundos apenas processando tudo que ele disse. Vários pensamentos passaram por minha cabeça nesses segundos. Alguns deles ainda eram sobre o sumiço de Edward e outros sobre tudo que Jasper havia me dito. Ele tinha sido tão convicto, parecia tão certo do que estava falando. Então, Edward chega tão doce e preocupado como Jasper disse que seria, me contando sobre a louca que o estava perseguindo e perturbando, e de repente tudo fazia sentido. Tudo que ele disse batia exatamente com os acontecimentos que se seguiram até agora.
— Quando estávamos conversando pelo Skype daquela vez que eu o provoquei usando a negligé que você me deu, você estava estranho...por acaso você já estava com todos esses problemas? — eu tive que perguntar isso apesar de não saber o porquê de tudo que eu ouvi, eu pesquei apenas esse momento das minhas memórias.
— E de tudo que eu disse, você se lembrou justo disso? — Edward parecia ter lido meus pensamentos. Ele sorriu e seus olhos foram em direção as suas próprias mãos antes de prosseguir. — Naquele dia eu tinha me dado conta de que o trabalho seria muito estressante, que Victoria seria um problema e que o diretor era sensível aos humores dela também. E eu me sentia um babaca por adotar o mesmo comportamento patético que sempre critiquei em outros homens. Eu...eu apenas quero passar isso tudo, Bella, foram semanas tão cansativas e eu me aborreci tanto... — ele levantou-se e sentou-se novamente só que mais perto de mim, pegou minhas mãos e segurou frouxamente entre as suas. — Bella, o que tenho que discutir com você é sobre nós agora que somos mesmo pais. Você entende que todos esses problemas teriam sido evitados se nesse momento você estivesse comigo o tempo todo? Quero dizer, nós deveríamos viver mesmo juntos, você comigo em Los Angeles, casados, Bella, você entende? — seus olhos buscavam os meus, prendendo-me em seu olhar incisivo. — Bella, nós deveríamos nos casar. Eu até entendo que você ainda estava estudando e que acabou fazendo uma certa clientela por aqui, mas você também teve uma boa recepção em Nova York e eu não entendo a sua teimosia em permanecer aqui, ainda mais quando você não tem mais ninguém por perto. Presumo que Alice vai acabar indo embora eventualmente.
— Edward! — eu estava chocada com seu pedido estranho de casamento. O que ele estava pensando? — Um casamento, na minha concepção, deve ser por amor, porque dois decidem juntos que não podem mais viver um longe do outro. O motivo do seu pedido é a sua consciência pesada, Edward! Você quer se casar apenas porque temos um filho em comum e tudo seria mais prático.
— É isso que você pensa de mim? Droga, Bella, eu te amo! Eu te amo, você ouviu isso? — ele largou minhas mãos levantando da cama e ficou de pé me encarando enquanto passava as mãos pelos cabelos. Parecia exasperado. — Você acha que eu estaria com você se eu não te amasse? E essas semanas que se passaram só reforçaram isso, Bella. Tudo bem que o Noah foi concebido num momento de paixão e tesão, mas eu me apaixonei por você, e eu te amo desde então. Eu sempre quis me casar com você, porém você sempre pareceu tão avessa a essa possibilidade que eu sempre me via reconsiderando o momento de fazer o pedido. Sabe o que eu acho? Que eu estou aqui amando sozinho. — Edward estava de costas para mim, olhando pela janela o dia cinzento lá fora. Ele abraçava o próprio corpo e eu me senti horrível.
— Não é bem isso, Edward, e você sabe. Olhe para mim por um instante e me responda sinceramente uma coisa. Você se casaria comigo se eu não tivesse ficado grávida do Noah? Quero dizer, um casamento estava mesmo em seus planos? — ele finalmente virou-se na minha direção depois de me fazer contemplar seus ombros retos e lindos por segundos que pareceram intermináveis.
— Não! — seus olhos me encaravam como se pudessem me atravessar. — Pelo menos não tão cedo. Não é nenhum segredo pra você que eu já tinha pensado em ter filhos com você. — e ele sorriu torto diante da minha expressão de indignação. Eu estava pensando em como ele pensou em mim como uma espécie de chocadeira, mas não como sua esposa. — E não adiante fazer essa carinha porque eu te disse que eu te via como mãe dos meus filhos.
— Mas não como sua esposa, admita! — eu cruzei meus braços apenas um pouco frustrada por ser tão perspicaz ás vezes.
— Eventualmente sim. Eu queria me casar com você sim. Pra ser sincero, eu vinha pensado nisso bem antes de saber que você estava grávida, porém eu queria esperar nosso relacionamento se desenvolver um pouco mais e eu queria ver como as coisas iam quando eu precisasse trabalhar e te deixar sozinha por um tempo. Será que o relacionamento sobreviveria a isso? Os meus outros não sobreviveram, Bella.
Droga! Eu não tinha pensado nisso dessa forma... Mordi meu lábio inferior enquanto considerava seu ponto de vista. Realmente, ele tinha um a certa dose de razão. Eu mesma surtei enquanto ele gravava e não me dava notícias, mas ele tinha me avisado que não poderia me contatar sempre. Toda as suposições que a imprensa fazia a meu respeito e a respeito de sua colega de elenco, Victoria ou até mesmo Rosalie vieram de uma vez na minha cabeça, com uma velocidade que me deixou tonta.
— Você sabe o quanto foi difícil para mim, durante todo esse tempo aqui sozinha naquela casa que cada dia parecia ficar maior e vazia, ficar sem nenhum notícia sua e tendo que recorrer a imprensa que mais atrapalha do que ajuda. Me chamaram de oportunista e o nosso “suposto” — eu diz aspas com os dedos no ar. — filho de bastardo ou coisas piores. Disseram que você tinha caído em si e me trocado por Victoria que pelo menos era atriz como você e não uma desconhecida sem eira nem beira feito eu. Um ou outro artigo dizia que eu era uma amiga de Rosalie e que a imprensa estava tentando cavar um escândalo onde não havia coisa alguma. Então eu vi as pequenas declarações que essa tal de Victoria dava se dizendo toda derretida por você e sempre insinuando que havia alguma coisa. E então Jasper veio para visitar Alice e acabou me falando que te viu num clube em São Francisco com outra mulher, eu apenas liguei uma coisa a outra. — Edward colocou as duas mãos na cintura e me olhou com uma das sobrancelhas levantadas. — Eu sei, eu fui estúpida e insegura, mas você pode culpar os hormônios da gravidez. Eu não pensei no Noah quando me deixei levar pela raiva. Mas você precisa saber que eu já vinha sofrendo e me sentindo pressionada há semanas. Isso tudo me fez pensar, Edward. Eu não sei se aguento isso, Edward. Eu...
— Você não é a primeira que me diz isso, Bella. — ele se aproximou um pouco mais de mim, porém seus ombros estavam encolhidos. Ele parecia se sentir derrotado. — Por que você acha que passei tanto tempo sozinho? Não é fácil suportar a pressão de namorar um ator com carreira em ascensão, ainda mais um ator que é perseguido e seguido de perto pelos fãs e pela mídia. Mas eu pensei que você talvez fosse diferente, pois foi a impressão que tive quando te encontrei naquele aeroporto a primeira vez. Você não se intimidou nem um pouco com fato de eu ser famoso, se bem que naquela época, as coisas não eram tão loucas como agora. — Edward se aproximou mais de mim, sentando-se na cama bem perto de mim, suas mãos acariciando meu rosto, fazendo com que eu o encarasse frente a frente. — Se você vai dizer o que eu acho que você vai dizer, então diz, eu não sou feito de manteiga, Bella. — ele tentou sorrir apesar de sua expressão triste.
— Edward, eu não estou terminando com você. Eu apenas não quero me casar porque engravidei depois de uma noite de bebedeira. Eu nem ao menos sou religiosa ao ponto de sentir uma obrigação moral de dar satisfações a uma sociedade cristã/judaica.
— Mas Bella, será que você não vê que eu te amo? Que eu não me casaria só porque somos pais agora? Será que você não me ama nem um pouquinho para me querer do seu lado até que morte nos separe? — ele sacudiu as sobrancelhas e eu sorri levemente.
— Eu acho que casamento deve ser uma vez só na vida e para isso, eu preciso saber, ter a certeza de que estou me casando por amor. Me chame de romântica, mas meus pais são um bom exemplo para mim, até mesmo meus avós que enfrentaram tudo para ficar juntos. Quando eu me casar, eu quero ter a certeza de isso vai durar. Então, entenda que não é porque eu não te amo, porque eu amo você, mas é porque não vou me casar só porque é mais comodo. Acho que podemos continuar como estamos, porém você está certo, eu tenho que ir embora da Alemanha se quisermos criar Noah juntos. Aqui não sobrou nada além de alguns trabalhos e exposições, e eu estou precisando expandir meus horizontes.
— Isso é uma coisa boa de escutar, eu acho. — ele me beijou enquanto suas mãos ainda acariciavam meu rosto. — Embora ainda não seja o que eu esperava ouvir. — ele me beijou ainda mais lentamente dessa vez, se demorando enquanto seus lábios sugavam os meus de forma intensa. — Eu estava com saudades desses lábios mesmo quando não estão vermelhos de batom. — ouvi-lo falar de forma sussurrada assim tão próximo me fizeram sentir arrepios pela nuca descendo espinha abaixo. Deus, como eu amava esse homem!— De qualquer forma, eu vou ficar por aqui um mês e meio ou dois meses, vai depender do ritmo das filmagens e vamos ter tempo de ajeitar tudo para a mudança, eu presumo.
— Eu te amo, Edward! — eu o enlacei pelo pescoço com meus braços e o beijei como se o mundo fosse acabar nas próximas vinte e quatro horas. — Disso você não pode duvidar. — eu disse com meus lábios quase colados nos seus, nossos olhos frente a frente bem perto um do outro. Então, eu vi a contusão no seu olho direito e passei meu polegar bem de leve por cima não querendo causar mais dor. — Será que maquiagem vai conseguir cobrir isso? — ele riu.
— Não sei, mas acho que maquiadores adoram um desafio. — ele me beijou novamente. — Quando será que eu posso ver o Noah?
— Eu vou ligar e avisar que você quer visitá-lo e assim podemos ir os dois juntos.
[…]
Chegamos no quarto onde Noah estava, na UTI Neonatal, estávamos de mãos dadas. Senti quando Edward apertou a minha mão a medida que nos aproximávamos do aparato onde ele estava. A enfermeira nos disse que não podíamos estimulá-lo muito por isso hoje não colocaríamos luvas para tocá-lo. Ele ainda tinha sonda nasogástrica por onde ele estava recebendo o meu leite ordenhado, mas já estava de olhos descobertos e todo vestido com as roupas que Alice trouxe enquanto eu estava em trabalho de parto. Fui informada que logo ele poderia tentar mamar. Fomos deixados sozinhos com Noah. Edward soltou minha mão e colocou sobre o vidro, querendo tocar Noah mesmo que fosse de longe. Eu observava a cena de um ângulo onde eu podia ver Edward meio de lado e costas ao mesmo tempo. Noah dormia tranquilo. Logo ouvi um soluço e soube que Edward estava chorando. Me aproximei e passei uma de minhas mãos em suas costas para consolá-lo. Então percebi que ele estava falando algo, me aproximei mais e pude ouvir que ele cantarolava. E a medida que ele ia cantando mais lagrimas iam descendo. Ele estava emocionado e não triste. Ele cantava Beautiful boy de John Lennon.
Close your eyes
Have no fear
The monster's gone
He's on the run and your daddy's here
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy
Feche os olhos,
Não tenha medo,
O monstro foi embora,
Fugiu e o papai está aqui
Lindo, lindo, lindo,
Menino lindo
Lindo, lindo, lindo,
Menino lindo
Eu o abracei pela cintura e cantei o refrão com ele, pois Edward ainda era bem mais alto do que eu, mesmo eu tendo uma estatura normal nos meus 1,68 cm de altura, quase 1,70 cm, por míseros dois centímetros. Edward acabou me abraçando enquanto olhávamos para nosso filho adormecido dentro do aparato.
[…]
À tarde, eu sugeri que Edward fosse para casa tomar um banho se livrar do cheiro horrível de cigarro e relaxar um pouco pois ele ainda não tinha descansado desde que tinha chegado, e de qualquer maneira eu precisava amamentar Noah e depois tomar o medicamento, pois eu ainda conservava o cateter no meu antebraço direito.
A amamentação não tinha sido como eu esperava. Noah não puxou muito do meu leite e eu me perguntava o tempo todo se eu estava fazendo alguma coisa certa. Cheguei a chorar de frustração. Eu não queria que ele emagrecesse, pois isso significaria uma estadia ainda mais longa no hospital para ele. Depois de algum tempo, uma enfermeira levou Noah de volta para o aparato e eu ainda fiquei sentada na poltrona esperando para que tirassem mais leite meu para dar a ele mais tarde. Enquanto eu caminhava em direção ao meu quarto, eu só pensava no fracasso que eu seria como mãe se eu não conseguia nem amamentar meu filho. Mesmo a enfermeira tendo me consolado dizendo que isso era assim mesmo e que tudo seria um aprendizado para mim e para o meu filho.
Mal saí do banheiro depois de um banho morno relaxante e Alice estava sentada no sofá cama de visitas. Ela me olhava com expectativa. Quando ela levantou, incerta se vinha na minha direção ou não, eu fechei a distância entre nós abraçando-a apertado. Eu ainda estava abalada pela tentativa frustrada de dar de mamar e emocionada com a lembrança de Edward chorando enquanto cantava para Noah.
— Bella, me desculpe. — Alice se afastou para poder falar.
— Te desculpar pelo o quê? — eu estava confusa. Nos sentamos as duas no sofá.
— Pelo o que Jasper te disse. Eu sinto muito! Eu não devia tê-lo deixado sozinho com você no apartamento. Eu juro que eu não sei o que acontece com Jasper ás vezes. E o pior foi ele ter socado Edward na entrada do hospital. E como Edward está? Ele deve estar com ódio mortal de nós. — Alice falava sem intervalo algum. Ele nem sequer respirou entre as frases.
— Alice, acalme-se, sim? — eu toquei seu braço gentilmente. — Edward não está com raiva de você, ele nunca gostou de Jasper de qualquer maneira, então não há nada para você se preocupar. E depois Edward chegou aqui, nós tivemos uma conversa e em seguida fomos ver o Noah, e eu posso dizer que agora ele está concentrado nessa coisa de super pai. — eu sorri para ela. — Ele até já esqueceu essa briga inútil, tenho certeza. — Alice soltou o ar que vinha prendendo num sinal claro de alívio. — Alice, eu decidi, depois de uma longa conversa com Edward, que eu vou me mudar com ele para os Estados Unidos. Não sabemos onde iremos ficar, mas eu acho que é o certo a fazer. Porém saber o que me incomoda nessa história toda? Foi saber por outra pessoa que minha melhor amiga estava querendo se mudar com o namorado para ficar perto dele e estava sem jeito de contar para mim. — eu a encarei. Seus olhos arregalaram de um jeito totalmente estranho. Alice podia ser surpreendida, afinal.
— É, Jasper andou falando mais do que ele podia mesmo. — ela disse e um sorriso fraco se formou em seus lábios. — Eu estava morrendo de saudades dele o tempo todo e ele já tinha me pedido para ir embora com ele quando voltasse definitivamente para o Texas. Mas então, eu quis adquirir alguma experiência em minha área e você engravidou e precisou de alguém para ajudá-la, então eu não podia simplesmente sair e te deixar aqui sozinha. Desde que Jasper assinou contrato com a gravadora, ele vem me convencendo em ir com ele para as turnês, porque eu não estava certa de que mesmo vivendo no Texas se eu ia querer acompanhá-lo em turnês. Quando eu finalmente aceitei, ele ficou me pressionando a te contar. Ele não achava justo que você soubesse sobre a mudança somente na última hora. E então aconteceu esse lance com Edward e você definhando de preocupação e eu não achava que fosse o momento de abordar o assunto.
— Ok! Tudo bem, agora está esclarecido! Mas da próxima vez, Alice, por favor venha falar comigo imediatamente assim que o problema surgir. E também, é bom saber que não estaremos em continentes diferentes. Podemos visitar uma a outra e você ainda continua sendo a madrinha de Noah de qualquer forma. Me diga uma coisa, como está Jasper? Acho que Edward não é o único com contusões.
— Bem, o nariz de Jasper estava sangrando tanto que nós viemos para o pronto socorro do hospital porque achamos que estava quebrado, mas estava só deslocado. E agora ele está no apartamento com uma bolsa de gelo sobre o nariz e uma dor insuportável que ele mesmo procurou. Eu não sei porquê ele é tão duro com Edward ou suas razões para não gostar dele. Eu realmente não entendo. Ás vezes, ele diz que não entende por quê você não podia namorar um cara como o Tom, ou até mesmo outros caras comuns.
— Se eu tivesse namorado o Garrett ao invés de Edward, acho que a implicância seria a mesma. — eu lancei para Alice um olhar de divertimento.
— Garrett é um tipão, tá? — Alice me catucou com o dedo indicador e um sorriso maroto nos lábios. — Você deveria ter tirado uma casquinha, pelo menos. — eu mostrei a língua para ela. — Ué, eu teria se estivesse solteira naquela época.
— Mas se você estivesse na minha situação, você estaria começando algo com Jasper, ao mesmo tempo que estaria tirando a sua casquinha e isso não seria honesto. Além do mais, se eu tivesse ficado com Garrett eu não teria o Noah agora, ou pior, ele podia ser o pai do Noah e não Edward.
— E no fim, Garrett teria encontrado Kate e você, Edward. Foi bom que as coisas aconteceram da forma que aconteceram, pois é cansativo lutar contra o destino. — Alice sorriu para mim um de seus enigmáticos sorrisos, como se ela soubesse algo que ninguém mais sabe. E eu revirei os olhos.
[…]
Depois de uma semana, conseguimos levar Noah para casa, ele já estava forte o suficiente e já estava conseguindo mamar. Porém em casa, sem o auxílio das enfermeiras parteiras, cuidar de Noah enquanto Edward gravava se tornou um desafio. Ele chorava tanto que mesmo tentando de tudo era só o colo que o acalmava. E ele gostava mais da atenção de Edward no fim do dia porque ele pegava o violão e cantava Beautiful boy até Noah dormir. Esse meu filho estava ficando mal acostumado. E Edward tinha criado o hábito de passar no quarto de Noah quando chegava de uma gravação e ás vezes me deixava dormir e ia cuidar de nosso filho quando ele acordava no meio da noite, o pior é que ele acabava dormindo na poltrona de amamentação com Noah em seus braços todas as vezes.
Quando Noah completou um mês, minha mãe veio nos visitar. A rotina não mudou muito, mas eu senti que eu estava um pouco estressada e Edward também porque tinha retomado sua rotina de gravações e volta e meia viajava para gravar na França ou Suíça. Ele chegava tão cansado que quando deitava dormia quase o dia todo me deixando sozinha com o Noah e sua choradeira sem fim. Pra dizer a verdade, a choradeira tinha fim sim, no meu colo. Ele gostava do colo da minha mãe, mas era no meu ou no de Edward que ele ficava realmente calmo. E Noah adorava que minha mãe empurrasse o moisés portátil pela casa com ele dentro. E ele tinha dona Renné totalmente refém de seus encantos. Minha mãe era uma avó babona.
Numa manhã rara de sol, Edward que já estava em casa há dois dias, mas na verdade era como se não estivesse porque se fechava horas no meu estúdio para decorar suas falas, o que fez com que eu me transferisse para a mesa de jantar com os inventários das minhas obras de arte, pois precisava catalogar tudo se quisesse expor nas próximas semanas e depois levá-las conosco para o Los Angeles. Eu fazia o meu melhor para não incomodar Edward quando ele estava estudando suas falas, e eu até o ajudava quando eu podia, mas hoje minha mãe tinha decidido cuidar da cozinha e Noah, que estava no moisés bem do meu lado na mesa, estava inquieto, acho que sentia falta de Edward que não havia lhe dado a devida atenção. Do nada, meu filho começou a chorar. E não era um choro qualquer, ele estava berrando.
— Bella, verifica as fraldas ou se ele já arrotou. — minha mãe falou da cozinha depois de ter parado a batedeira.
Eu chequei tudo antes de pegá-lo no colo e não tinha nada de errado. Não aparentemente, pelo menos. Tentei andar pela casa enquanto embalava meu filho. Não demorou e escutei Edward gritar de dentro do estúdio.
— Bella! O que tem de errado com esse menino? Faça alguma coisa... — Fiquei totalmente surpresa com meu namorado, pois ele nunca falou assim antes.
Eu abri a porta do estúdio com Noah em meus braços ainda chorando, caminhei até a mesa onde ele estava sentado sobre com seu script nas mãos. Eu tive que olhar bem para ele para ter certeza de que era mesmo Edward. Tudo bem, ele não era sempre um doce, e estava muito longe de ser perfeito, mas ele nunca foi tão grosso como hoje.
— Você tinha que entrar, não é mesmo? — Edward perguntou fazendo um rolo com os scripts e enfiando o canudo no bolso de trás de seu jeans. Seu rosto exibia nitidamente o cansaço e havia olheiras escuras abaixo de ambos os olhos. Ele parecia um zumbi.
— Eu tinha que olhar bem para você, pois eu nunca te vi tão agressivo em minha vida. E agora você está parecendo ter saído de algum episódio de The walking dead. — eu sorri, tentando desfazer a tensão entre nós, mas ele não sorriu de volta.
— O que te parece? Eu estou esgotado e só quero terminar essa merda de trabalho. — e nesse momento, Noah, que estava esperando seu pai lhe dar alguma atenção, começou a chorar ao perceber que estava sendo ignorado. E logo seu choro ficou mais alto e gritado. — Mas que inferno, Bella! Será que você não consegue dar conta nem de acalentar nosso filho? — Edward começou a recolher suas coisas da mesa com clara intenção de sair do estúdio.
— Ora, Edward, ele é um bebê e está querendo a atenção do pai, e me ofender não vai mudar isso.
— Eu não tenho tempo. Preciso repassar essas falas e não quero fazer isso com a aquela louca da Victória. Mas se eu continuar aqui com Noah berrando nos meus ouvidos, vou ter que considerar essa possibilidade. — ele me encarou de forma dura e quase cruel.
— Então porque você não sai? Vá, Edward, vá! — eu disse apontando a porta atrás de mim. Edward continuou ali me olhando como que perplexo por alguns segundos. — Ei, se for por falta de adeus... — eu acenei para ele me despedindo.
Ele despertou de sua perplexidade e passou por nós como um jato deixando pra trás seu perfume doce misturado a um fraco cheiro de tabaco. Babaca! Eu pensei comigo mesma. Ele esteve fumando de novo. E deve ter bebido também em sua viagem. Isso significa que ele deve ter se aborrecido muito nas locações de filmagem. Eu tentei relevar seu comportamento agressivo, mas eu não podia deixar de sentir raiva. Será que ele realmente achava que eu não era capaz de cuidar de Noah sozinha? É claro que Edward tinha um jeito especial de acalmá-lo, mas eu era quem passava a maior parte do tempo com Noah. Eu resolvi que eu também tinha coisas pra fazer no centro de Berlim, e talvez Noah só estivesse precisando de ar fresco. O sol lá fora era promissor e anunciava uma primavera seria mais agradável do que o inverno que ficou pra trás.
Quando passei pela sala para guardar os papeis que deixei espalhados pela mesa, minha mãe perguntou ainda da cozinha.
— Bella, está tudo bem? Você e Edward brigaram? — ela tinha o cenho levemente franzido demonstrando preocupação.
— Brigamos? Não! Edward está sendo uma diva, só isso. Simplesmente insuportável! — eu dei de ombros, como se isso fosse um comportamento perfeitamente normal de Edward, mas não era. Eu estava tão surpresa quanto minha mãe. — Mãe, eu vou sair por um instante, pois tenho que buscar uma lista na galeria onde estão meus trabalhos. E não se preocupe, eu vou levar Noah comigo, porque eu acho que uma mudança de cenário vai fazer bem a ele.
— Bom, isso é verdade! Está um sol tão bonito lá fora... — minha mãe sorriu. — Não é tão quente quanto um dia ensolarado tipicamente carioca, mas já é alguma coisa, né? — ela piscou para mim.
— Eu acho que nada se compara a um dia quente tipicamente carioca. — eu sorri para ela sentindo pela primeira vez saudades do calor esmagador do Rio de Janeiro no verão.
Vesti e agasalhei Noah mais um pouco e o coloquei no carrinho dele que por insistência minha, era um carinho que vinha com bebê conforto acoplado. Se fosse por Edward, tínhamos comprado tudo separado. Vesti meus jeans, botas curtas e uma jaqueta cujo o zíper ia até o fim do pescoço, pois assim não precisaria usar cachecol ou lenço. Fui caminhando e empurrando o carrinho de Noah pelas ruas de Berlim, afinal a galeria não era tão longe assim. Quando cheguei lá fiz tudo que tinha que fazer me menos de meia hora. Quando saí, olhei de relance para meu reflexo no vidro da vitrine da galeria e voltei pra me olhar melhor. Meus cabelos estavam muito longos e sem corte. As pontas estavam estranhas. Precisava de um corte de cabelo. Olhei a minha volta procurando um salão, e avistei um no final da rua, dobrando a esquina. Cheguei lá e mantive o carrinho de Noah perto de mim. Felizmente ele dormia o que me daria alguns minutos para cortar, lavar e escovar. Eu pedi para fazerem camadas, mas não queria um corte em V, eu queria algo como o que Kim Kardashian costumava a usar antes de ficar loira. E também, eu estava cansada de ter os cabelos com mais do que 60cm, eu precisava de algo em torno de 45/50cm. O bom é que ganhei uma maquiagem básica de graça e o batom vermelho estava de volta aos meus lábios. Ao fim dessa mini terapia eu já tinha esquecido a raiva que Edward tinha feito eu passar no início da manhã.
Enquanto eu andava de volta para casa dotada de uma autoconfiança recém-adquirida, vi um rapaz muito parecido com Tom sentado numa mesa na calçada de um café. A medida que fui me aproximando eu percebi que era mesmo Tom. Mas ele estava um pouco diferente, a barba estava por fazer e os cabelos ligeiramente compridos e bagunçados. E estava fumando um cigarro o que era novidade, pois Tom não era fumante antes de ir para Los Angeles. Jasper provou ser uma grande influência na vida de Tom, pois ele sempre fumou desde que o conheci há dois anos. O que acontece com esse pessoal e o cigarro, hein?
Quando ele me viu, tratou logo de se livrar do cigarro e levantou para nos cumprimentar.
— Bella! Que surpresa boa! — ele me deu dois beijinhos no rosto e se inclinou para olhar melhor para Noah. — Que menino lindo! Se parece bastante com você. — ele falou e corou. — Quero dizer, tendo uma mãe tão linda quanto você, acho que nenhum de seus filhos serão feios. Er...digo... — Tom ficou mais vermelho ainda.
— Humm, Tom, o que você estava bebendo antes? Quero dizer, você sempre foi tão contido e agora teve um surto de espontaneidade. — eu achei engraçado o jeito com que ele me elogiou, mas eu estava surpresa com suas maneiras mais abertas. Ele costumava a ser tão quieto.
— Só um café. Acho que o jeitão de Jasper me inspirou um pouco. Você sabe o quão carismático ele pode ser. — ele tinha se apegado a Jasper muito rapidamente. — Ele e Alice estão chegando hoje a noite para completar a etapa da mudança e resolver questões do trabalho de Alice.
— É, Alice me disse, mas confesso que desde que Noah chegou, ando meio perdida em datas e outros detalhes. — olhei rapidamente para o carrinho e Noah continuava dormindo.
— Por que não nos encontramos no apartamento deles mais tarde? De lá poderíamos sair para comer alguma coisa e conversarmos. Sabe, vão ser longas semanas até podermos nos reunir novamente, pois eu soube que você também está de mudança.
— É verdade! O problema é que Edward está filmando e não poderá olhar Noah enquanto estarei na rua e eu não sei se minha mãe pode aguentar meu filho por mais de duas horas. — eu observei que enquanto eu falava os olhos de Tom estavam em meus lábios. Ele olhava como se fosse mordê-los ou qualquer coisa assim.
— Eu acho que a próxima oportunidade de estarmos todos juntos no mesmo lugar vai ser no casamento de Garrett. — ele disse e eu me surpreendi mais uma vez.
— Eu não sabia que você e Garrett eram amigos. — mas então, eu me lembrei que Garrett tinha feito amizade com os caras da minha banda e da banda de Jasper, pois Garrett e Jasper eram velhos conhecidos. Acho que Jasper tinha sido roadie¹ da banda de Garrett por alguns anos antes de começar seu mestrado na Alemanha. — Desculpe, agora me lembro que ele fez amizade com você e o resto da banda. Acho que até Ben e Angela devem ter sido convidados.
— Sim, e vai ser incrível poder ter todo o pessoal reunido. — ele sorriu e eu me lembrei do rosto de menino que ele costumava a ter, pois parece ter crescido tanto em tão pouco tempo. — Oh, desculpe, eu nem te ofereci um café e um pedaço de bolo...
— Não, eu estou bem. Provavelmente quando chegar em casa, minha mãe vai estar esperando por mim com alguma massa caseira e muitos pães e biscoitos, não se preocupe. Agora eu é quem peço desculpas, mas eu tenho que ir Tom. Vou ver se trago o Noah comigo ou não hoje a noite. — eu me despedi com dois beijos em seu rosto e saí ignorando o fato de ele estar olhando para minha bunda enquanto eu me afastava em direção minha casa.
Homens, Aff! Eles podem parecer doces e cuidadosos, mas no fim estão todos pensando quase a mesma coisa. Se bem que Tom estava mais “saidinho”, porém ainda me respeita, suas reações são sutis e acho que ele nem percebe o que faz na maioria das vezes. Ele ainda não tem aquela malícia no olhar que caras como Garrett, Edward e até mesmo Jasper têm. E ele nunca escondeu que tinha uma queda por mim, mas também nunca avançou.
[…]
Decidi deixar Noah em casa, pois dona Renné insistiu até me vencer pelo cansaço. Eu não queria porque eu já podia imaginar Edward e todo o seu mau humor me dizendo que eu era uma mãe desnaturada e blá, blá, blá. Tentei não pensar muito nisso para não estragar a noite dos meus amigos, afinal ninguém queria escutar meus problemas e reclamações. Provavelmente esta seria a última noite que estaríamos unidos todos juntos.
Como o apartamento de Alice e Jasper estava praticamente vazio contendo somente um colchão, almofadas e cafeteira, nós saímos para jantar num restaurante asiático com buffet, o que era seria mais do que satisfatório para Jasper e Tom que pareciam duas dragas. Antes de entrar no restaurante, Jasper me segurou do lado de fora enquanto Tom e Alice entraram no restaurante para escolherem uma mesa.
— Escuta, Bella. Eu ainda não me desculpei pela última vez que eu estive aqui. Eu sinto muito pelos problemas que eu causei. — ele segurava meu queixo para ter certeza que eu olhasse em seus olhos e visse sua sinceridade.
— Eu já te desculpei, mas eu acho que você sabe a quem você realmente deve desculpas, não é Jasper? — eu o encarei esperando que ele entendesse o que eu estava insinuando.
— Eu sei! Ainda mais quando ele foi tão generoso em não me processar. — Jasper foi irônico e a careta em seu rosto só confirmou isso. — Mas eu não devia tê-lo socado e muito menos ter dito que ele estava com outra no show. Eu nunca me perdoaria se algo de grave tivesse acontecido com você ou o seu bebê.
— Shh! — meu dedo indicador pousou sobre seus dois lábios. — Chega de lamentações. Pelo menos agora você sabe que todos os atos tem consequências e vai pensar duas vezes antes de fazer algo. — eu beijei sua bochecha. — Agora vamos! Eu quero comer!
Durante o jantar eu senti uns movimentos estranhos de Tom para o meu lado, mas nada com que me preocupar. Ele estava mais carinhoso e me tocava sempre que tinha oportunidade, sorria mais para mim e me encarava descaradamente mesmo quando eu não estava falando. Eu queria saber o que tinha mudado durante as semanas em que ficamos separados. Por que ele estava tão interessado? Ou melhor, por que ele parecia tão confiante se eu não estava me separando de Edward? Tom é um rapaz muito bonito, disso ninguém podia duvidar, mas eu ainda não entendo muito bem a razão pela qual ele me escolheu entre tantas meninas naquela faculdade e agora que ele é baterista de uma banda que está mais famosa a cada dia.
[…]
Cheguei em casa e estava tudo silencioso. Isso significa que minha mãe tinha conseguido fazer Noah dormir, o que era um milagre. Eu tentei não demorar mais do que uma hora e meia fora de casa e tempo todo eu estava preocupada olhando para o meu telefone esperando por notícias do meu bebê. Passei pela sala, nenhum sinal de minha mãe, então presumi que ela já tinha se recolhido para o quarto de hospedes/escritório. Fui para o quarto de Noah e lá estavam Edward sentado na cadeira de amamentação olhando para Noah dormindo no berço. Quando ele me viu, fez sinal para que eu saísse, pois ele queria falar comigo lá fora. Ao nos encontrarmos os dois no corredor, antes que eu pudesse falar, ele me beijou. Não foi um beijo casto, foi bem possessivo e arrebatador. Tão exigente que chegou a machucar meus lábios, mas eu sabia que todo meu batom estava em seus lábios e não nos meus.
— Me desculpe! Eu fui um babaca hoje cedo. Eu sei que não mereço você. — e então ele me beijou novamente, porém de forma mais suave. — Vem comigo. — ele me guiou para o estúdio, acendeu a luz e foi até seu teclado que estava lá desde que ele voltou para a Alemanha. Sentou-se, ligou-o ajustou o volume, configurou para som de piano e então fechou os olhos enquanto suas mãos passeavam pelas teclas.
They say it fades if you let it, ²
love was made to forget it.
I carved your name across my eyelids,
you pray for rain I pray for blindness.
E cantou. E olhou para mim diretamente nos olhos quando executou o refrão.
If you still want me, please forgive me,
the crown of love has fallen from me.
If you still want me, please forgive me,
because the spark is not within me
Eles dizem que desaparece se você permite,
Que o amor foi feito para ser esquecido.
Eu talhei seu nome através de minhas pálpebras,
Você reza por chuva, eu rezo por cegueira.
Se você ainda me quer, por favor, me perdoe,
A coroa do amor caiu de minha cabeça.
Se você ainda me quer, por favor, me perdoe,
porque a faísca não está comigo.
Ao terminar a música, eu estava emocionada. Como sempre, Edward fazia algo estúpido e depois consertava de forma épica. Será que eu me cansaria disso um dia? Ele me beijou e me empurrou contra a parede atrás de nós, pressionando o meu corpo contra o seu e eu pude sentir o quão excitado ele estava.
— Faz muito tempo, senhorita Swan, faz muito tempo. — ele disse entre um beijo e outro.
— Sim! — eu gemi enquanto seus lábios lambiam e chupavam meu pescoço fazendo com que pensar ficasse difícil. Suas mãos passeavam por todo o meu corpo me apertando de uma maneira quase dolorosa. Eu tenho certeza de que ficaria toda dolorida no dia seguinte.
— Vamos para o nosso quarto!
Seguimos para o nosso quarto aos beijos. E eu me lembrei porque ele preferiu o nosso quarto, porque além de podermos trancá-lo, a babá eletrônica estava lá também.
— Você está linda hoje! — ele disse enquanto me despia. — Eu quero ver você, Bella, porque hoje você me lembra aquela mulher no aeroporto por quem eu me apaixonei. — ele me despia e ia beijando as partes que já estava nua. Edward arfou quando viu meus seios. — Oh, Deus! Seus seios estão lindos! Pena que não posso sugá-los agora.
Ele empurrou seu jeans para baixo, e quando caiu no chão ele o chutou para longe ao mesmo tempo que me empurrava para cama. Ele sabia que eu estava liberada para o sexo pela minha ginecologista. Eu pude ver pela sua ereção, que ele não estava brincando quando disse que fazia muito tempo que não ficávamos assim juntos e nus. Mas também sabíamos que podíamos ser interrompidos a qualquer momento. Ele veio para cima de mim, forçando minhas pernas a se abrirem totalmente para ele e me olhava com um olhar de predador.
— Bella, eu vou te foder bem forte hoje. E vou te dar prazer, mas não vou ser gentil, amor. — Edward agora pairava sobre mim. Ele segurou meus pulsos sobre minha cabeça com uma mão e com a outra acariciava meu clitóris. Eu já estava molhada desde que ele disse que ia me foder forte. Ele já tinha sido selvagem assim antes, mas hoje ele estava mais viril do que nunca.
Enquanto ele acariciava meu clitóris com seu polegar, sua boca sugava meu pescoço e eu tinha certeza que haveria uma marca em poucas horas. Estava ficando cada vez mais difícil pensar a medida que meu orgasmo estava se configurando, surgindo devagar, mas poderoso. Ele me beijou para abafar meus gemidos que estavam ficando altos. Não queríamos acordar nem Noah e nem minha mãe. O orgasmo foi tão intenso que lágrimas rolaram pelo meu rosto. E sem me dar tempo de descanso, Edward pôs o preservativo tão rápido e logo já estava dentro de mim, batendo contra minha virilha rápido e cada vez mais profundo. Eu podia senti-lo bater fundo em mim. E para ir mais fundo, ele me segurou pelo o quadril fazendo com a penetração fosse ainda mais intensa. A maneira como suas mãos agarravam minha pele com certeza deixariam marcas, mesmo eu não sendo nem um pouco branca. Ele nunca tinha sido tão intenso quanto hoje. Tão selvagem. Acho que foram meses e meses de abstinência. Quando ele chegou ao clímax, gemeu de forma gutural mas baixa e rouca antes de cair sobre mim beijando todo o meu rosto e meu pescoço.

— Eu te amo, Bella! Eu te amo muito, muito mesmo! — e logo sua cabeça estava sobre meus seios, e ele não saiu de dentro de mim. Sua respiração que estava pesada foi normalizando a medida que fomos nos acalmando.
— Eu te amo mais, Edward! — eu beijei o topo de sua cabeça entre seus cabelos molhados de suor.

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