domingo, 24 de março de 2019

Sou solteira, não nego. Namoro quando puder!!!



É incrível como as pessoas não conseguem lidar com a solidão. E não digo nem a própria solidão. Mas a solidão alheia. Logo que veem alguém solteiro lá vem com uma lista de pessoas para apresentar, como se o ser humano fosse um item de um imenso cardápio. Tratam o outro como se fosse um objeto e não como se tivesse sua individualidade, seu caráter, seus sonhos, anseios, lados negros e lados de luz. Resumem a pessoa pela sua fisionomia, sua estrutura corpórea, cor dos cabelos e dos olhos, profissão, nome, hobbys, perfume, posses, etc...
“Quero te apresentar um amigo. Ele vai amar te conhecer. Eu só de olhar acho que vocês foram feitos uma para o outro. Daria certinho. Ele trabalha com isso... Adora tal bicho. Você precisa ver a cor dos olhos dele...
Às vezes eu tenho a sensação que a pessoa está tentando me vender uma televisão. Ou uma geladeira. Talvez uma máquina de lavar. Ou muito provavelmente uma TekPix. (E por falar nela, alguém chegou a comprar essa câmara mesmo?)
Outras vezes me sinto conversando com alguém que quer me converter para sua religião. Nada contra qualquer tipo de religião. Mas poxa, crenças é algo tão individual e pessoal, que não tem nada mais chato que alguém tentando provar que seu modo de ver é o certo. Tentar explicar para mim que de acordo com os seus conceitos o fulano é minha alma gêmea, é tão pedante quanto uma tentativa de conversão. Além de ser algo deselegante: ignorar todos os meus conceitos pessoais do que é belo, charmoso, tolerável (quando digo tolerável, me refiro aos defeitos, ok? Porque se os defeitos forem demais para você, ele pode ser um Deus Grego, que mesmo assim não vai descer pela goela; quem dirá ter acesso a pepeka).
Outra coisa irritante é essa mania de achar que a felicidade nossa está na mão do outro. Ou que se ele namorar com a fulana, vai acabar com a crise existencial dele. Gente, pelamor de Dios: Ninguém é centro de reabilitação, não (procure um amigo, ou apresente um AMIGO. Ou um terapeuta!!!). Você não pode criar expectativa sobre uma pessoa e jogar no colo dela toda a responsabilidade pelo seu bem-estar. Claro que o outro da relação pode ou não te apoiar. Mas isso é uma decisão dele. E se você não gostar da decisão dele, o problema é seu. Mova-se. Mude. Procure algo que te agrade. Ao invés de esperar e tentar converter o outro a ter a mesma ideia de bem-estar que a sua. Livre arbítrio, lembra? Ou as palavras liberdade e direito de escolha soam estranhas demais para você quando elas vão contra a sua vontade?
E mais uma coisa: a solteira em questão quer namorar? Ela quer conhecer alguém? Será que ela não está fechada para balanço? Ou até mesmo já teve o resultado do balanço e resolveu decretar falência. Já pensou nisso?
O fato que ser solteira não deve ser visto como algo ruim. Deve ser sim um tempo que a pessoa tem que usar para se amar, se respeitar, se entender. Se você não consegue aguentar a própria companhia, como pode querer que outra pessoa aguente? Se você está numa crise existencial, como pode querer impor esse fardo para outra pessoa?
Pessoas que não suportam ficar só, precisam de terapia e não de um relacionamento. Se não consegue ser um bom ímpar, como pretende ser um bom par?
E o principal: Quando alguém quer namorar, ela mesma vai pedir ajuda. Ela mesma vai sair à caça. E se ela tem a mania de resumir o outro a um cardápio, ela mesma vai baixar o Tinder. Não precisa de ninguém fazendo isso por ela. Não precisa de ninguém caçar, matar, mastigar e dar na sua boca. O que essa pessoa precisa, homem ou mulher, é de amizade. Gente que ri, se diverti, brinca. Um solteiro precisa descobrir sua identidade, seu potencial, seus deveres enquanto dono e senhor de si mesmo. Para que quando entrar em um relacionamento não despeje sobre o outro a responsabilidade da sua felicidade, das suas tarefas diárias.
Você olha um pouco para o lado e vê solteiros engatando relacionamento um atrás do outro sem assumirem o dever de apoiar, conquistar, ser autêntico, de dar e ter liberdade. Pessoas que jogam no colo do outro, deveres que são dele, e que não sabem lidar com a individualidade e personalidade do outrem. Daí vem o ciúme, a insegurança, as brigas. Solteiros que não aguentam ficar duas horas na própria companhia em silencio. E tem pessoas que estão solteiras, mas que não tem nada a oferecer, porque morreram em vida. Não tem mais sonhos, não tem paciência. Estão individualistas, apegados ao seu ritmo de vida, hora que acorda, hora de trabalho, lista de prioridades que não tem como encaixar outra pessoa nessa equação.
No primeiro caso, talvez a terapia ainda resolva, mas no segundo, ela tornou-se seu próprio relacionamento. E não cabe ao tio, ao amigo, ao vizinho impor uma pessoa. Como se o outro não tivesse sentimento. Ou como se fosse obrigatório ter um namorado, um relacionamento.
Claro que todo solteiro, e eu me incluo nessa lista, quer ter um relacionamento. Quer algo real, sólido, um "conto de fadas" da vida real. Mas as vezes esse solteirão compreendeu que isso não deve ser uma busca insana, desesperada. E sim que é algo que acontece. Uma hora vai aparecer alguém que vai rolar. Uma pessoa que não é a minha metade. Porque eu sou uma pessoa inteira. E você deve se sentir uma pessoa inteira, também. Mas uma pessoa que tem seu caráter, seus sonhos, ideais.
Uma pessoa que tem todo um jeito de ver a vida, talvez até diferente do meu, mas que tem propósito, pés no chão. Que tem ciência que ele tem que ser ele, eu tenho que ser eu. E nós dois juntos temos que ser um casal que ambos entendem que devem se apoiar, lutar pelos projetos juntos, que o relacionamento será um constante ceder das duas partes, procurando o equilíbrio sempre. E o principal, que ambos entendem que conto de fadas, não existe. Que a vida é feita de momentos bons, momentos ruins, de prosperidade e de fracassos. Mas o mais importante: sabe que a felicidade não está na mão do outro, mas na própria mão.
Portanto, respeitem esse momento. Respeitem seus conhecidos. Trate todos como humanos e não como um cardápio, ou um objeto. E ofereçam momentos agráveis para que esse período de solteirice seja para autoconhecimento e não um suplício por não estar cumprindo alguma regra secreta de que as pessoas precisam ter um namorado, um marido, filhos e tudo mais. Porque pensa numa coisa que esgota é você conhecer um, não dar certo. Conhecer outro, e achar ele louco. Conhecer outro e ser a louca. E chegar num ponto onde você parece que está em Matrix desviando de balas.
Então, queridos tios, amigos, conhecidos eu lhe digo: Sou solteira, não nego. Namoro quando puder!
Tchau, obrigada.

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