ADV – Capítulo 7

Pov. De Kyle

Não aguentei! Hoje tive que extravasar toda a raiva e frustração que vem me consumindo desde que cometi a burrada de ir buscar Jodi. Nem sequer cogitei a hipótese que junto traria outra criatura, eu só pensava nela e que odiaria qualquer parasita que estivesse no corpo da minha namorada. Não imaginei que ficaria assim como estou hoje. Confuso, frustrado, louco de vontade de uma coisa que não ouso nem pensar, mas que deixa meu corpo quente todos os dias e noites. Ter o corpo da minha namorada assim tão perto deveria ajudar, seria simples se fosse somente ela. Mas ela não voltou, talvez nunca volte. No meu quarto, perto de mim todas as noites, tem apenas um corpo vazio. Quero acreditar que esteja vazio. Do contrário vou acabar fazendo algo do qual eu me arrependa eternamente.

Bater no otário que “zuou” meu irmão não foi nada perto do que gostaria de ter feito. Sinto-me tão frustrado que minha vontade é socar as paredes da caverna. Ando de um lado para o outro como um tigre enjaulado o tempo inteiro, ansiando por uma luz no fim do túnel.

Luz, Sol, Sunny. Não quero pensar nisso! Não quero gostar dela! Não posso gostar dela!

Saí do refeitório andando calmamente, não estava com fome mesmo. Na verdade estou louco de fome, mas de outra coisa. O tipo de fome que somente uma pessoa poderia satisfazer, mas eu não iria atrás dela.

Ver Sunny sair com cara de coitadinha não ajudou nada com as minhas emoções. Ela precisava ser sempre assim? Doce, meiga e frágil? Não podia ser como eu sempre imaginei que eram os aliens?

Ela dorme comigo e a sua presença é marcante em meu quarto. Roupas, cheiros, ela dormindo quase em cima de mim toda noite, tornando cada dia mais difícil ficar perto dela e não querer.......

Não posso querer nada. Não vou trair a Jodi.

Definitivamente dormir agora não é opção. Não sei se está quente realmente ou se eu estou com febre. Meu corpo está todo pegajoso.

Onde está ela? Não quero me preocupar, mas não consigo. Ninguém se atreveria a tocar nela, todo mundo sabe que de certa forma ela está comigo e eu não sou o “bundão” do meu irmão.

Droga não dá para dormir suado assim. Minha camisa está praticamente pingando, sem exagero.

Melhor tomar um banho antes que Sunny venha para o quarto e seja obrigada a dormir comigo assim. Não que a opinião dela conte muito. Preciso me convencer que não conta.

Já está tarde e todos já devem estar em seus quartos, não vou ter problemas na área que usamos para banho. Estarei sozinho ali. Ficar sozinho seria bom no estado em que me encontro agora.

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Pov. Sunny

Sharon me odeia. Todos me odeiam. Apenas me toleram por causa do Kyle e ele os ameaça não por mim, mas pela Jodi.

Sei que ninguém acredita que ela não está aqui, pensam que eu finjo e não me esforço. Kyle me olha todas às vezes como se eu estivesse escondendo ela. Por várias vezes o vi me olhar de cenho franzido como se esperasse que eu falasse sozinha ou fizesse algo que desse uma pista de que ela está aqui.

Ela não está. Estou só e ficaria feliz se ela falasse comigo, acabando com minha solidão.

Esse corpo é estranho. Fui urso em minhas outras vidas. Não estava preparada para sentir como esse corpo se sente e esse corpo sente muito. Sente falta de Kyle.

Sonho com Kyle todas as noites e esses sonhos causam sensações estranhas para as quais eu não estava preparada. Acordo quente, com partes de meu corpo pulsando e ansiando por algo que não sei o que é.

Queria ter alguma amiga humana para poder perguntar. Tenho um sentimento negativo em relação à amizade de Melanie e Peg, acho que se chama inveja.

Tentei me aproximar da Sharon e fui rechaçada com severidade. Nem contei para o Kyle, mas o grupo dela me humilhou por uns bons minutos antes de eu conseguir sair de perto dela. Queria correr, mas algo me prendia ali e isso foi estranho.

Não me aproximei de mais ninguém desde então. Nessas horas em que estou sozinha e confusa gostaria de ter Jodi em minha cabeça para conversar.

O som da água é calmante para mim e sempre tomo banho depois do jantar, assim não incomodo ninguém e posso me refrescar. Depois de passar vários ciclos em um planeta gelado, me esconder em cavernas querendo o Kyle não é fácil. Detesto sentir meu corpo pegajoso e minha intuição diz que preciso estar com a melhor aparência na frente dele.

Pensando nele é melhor voltar para o quarto logo. Ele fica nervoso se achar que estou colocando o corpo da Jodi em algum tipo de risco.

Só não esperava sair da água e encontrar ele parado a borda do riacho olhando para mim.

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Nada foi dito.

O único som a ser ouvido nos próximos minutos seriam o da água corrente e dois corações batendo loucamente pelo mesmo motivo.

Nada poderia ser explicado.

Como se explica a necessidade de dois corpos que se amam?

Como se explica a paixão, a necessidade e a urgência?

Sunny ficou parada. Pequenas gotas de água escorrendo pelo corpo enquanto Kyle a olhava de cima abaixo.

Uma Alma inexperiente em assuntos humanos como ela não entenderia os pensamentos lascivos que passavam pela cabeça dele, então ficou ali, parada deixando que ele a olhasse.

Ela quase não entendia.

Supunha que tivesse algo a ver com o namoro dele com a Jodi. Lembrar-se dela a fez baixar os olhos. Deduziu que ele olhava para a humana e não para a Alma.

Kyle se perdeu em desejo, tanto fazia quem ele amava, não queria pensar em amor. O que importava naquele instante era o desejo pelo corpo a sua frente.

Impetuoso em seu comportamento deu dois passos à frente e levantou-lhe o rosto, fazendo-a olhar em seus olhos. O simples fato de encostar a ponta dos dedos nela fez com que correntes de pura tensão percorressem seu corpo fazendo com que desse graças a Deus por ainda estar vestido. Se estivesse nu teria assustado Sunny.

Ficaram se olhando por alguns minutos, os dedos de Kyle acariciando levemente a bochecha de Sunny. Olhos nos olhos revelando a certeza de que o desejo de ambos seria saciado naquele momento.

Kyle baixou o rosto em direção a sua amada, seja ela Jodi ou Sunny, simplesmente beijando a boca que o tinha tentado por dias.

O beijo começou doce, sem pressa, um saboreando o outro. Sunny evocou as lembranças que tinha herdado da Jodi para saber o que fazer, porém lembranças não a prepararam para as sensações. Ela não conseguia raciocinar e o controle da situação ficou com Kyle, que a partir daquele momento não tinha mais controle de nada.

Ele a abraçou pela cintura levantando-a um pouco. Ela ficou equilibrada, encostada no peito dele, ali seu porto seguro.

O beijo ficou intenso, quase bruto. Sunny acompanhava o ritmo de Kyle aprendendo com ele e era uma excelente aluna. Aplicada e solicita com as exigências de seu professor.

Kyle se sentiu mais quente, sua experiência dizia que a mulher também se sentia assim, afastou-se o suficiente para tirar a camisa e voltar a abraçá-la. Sunny não se moveu, talvez por não saber o que fazer ou por não conseguir acessar as lembranças de Jodi em relação ao que estava acontecendo. Kyle segurou suas mãos e fez com que ela acariciasse seu peito, depois de ensiná-la deixou que ela fizesse a exploração sozinha. Se toca-la tinha sido prazeroso, sentir seu toque o estava enlouquecendo. Num rompante de paixão baixou a boca em direção ao seu pescoço beijando, mordendo, arrepiando e devolvendoa sensação enlouquecedora que ela havia proporcionado a ele.

Gemidos se fizeram ouvir. Descrever a cena agora seria impossível. Não havia como saber onde começava um e acabava o outro, quem havia gemido ou começado uma nova carícia.

Eles talvez tivessem ido adiante e acabado o que haviam começado, mas uma voz fez com que Sunny congelasse em meio a outro beijo de tirar o fôlego.

__“Não com o Kyle! Por favor, o Kyle não!”

Kyle sentiu a tensão e interrompeu o que estava fazendo. Sunny tremia em seus braços agora. Sentindo-se bobo fez com que ela vestisse sua camisa que até então tinha estado jogada no chão.

Estava preocupado. Nunca vira Peg ter uma reação intensa assim. Almas eram controladas, mas a que estava em sua frente tinha a expressão de puro terror.

Sunny estava parada com os olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma.

Desorientado, Kyle se perguntava se o que ele estava fazendo com as mãos tinha sido o motivo do susto dela.

__ Sunny. Olhe para mim, diga o que aconteceu. Se fiz algo que a assustou tem que me dizer. O que foi?

Sunny que até aquele momento mantinha o olhar desfocado olhou direto para ele.

Ela não poderia mentir, não era da sua natureza mentir, mas quis fazê-lo.

__ Jodi me mandou parar.

O mundo girou, deu voltas enquanto o impacto daquelas palavras o atingia.

Jodi tinha “falado”. Ela estava ali com Sunny. Sabia o que ele estava fazendo.

Infelizmente, depois do que havia acontecido, ele percebeu que não se importava.

_ Tem certeza que não é sua imaginação? O que ela disse exatamente?

__ Ela disse: “Não com o Kyle! Por favor, o Kyle não!”.

Sem conseguir pensar em nada ele simplesmente a abraçou. Sunny parecia precisar de conforto.

Um arfar de susto se fez ouvir da porta, os dois se separaram e encontraram o olhar invejoso de Brandt.

Para aterrorizar mais ainda Sunny, Jodi se fez ouvir novamente:

__ “Sim”

Somente Sunny saberia dizer o que aquele sim significava, então, calou-se e não contou a nenhum dos dois homens o que se passava em sua cabeça.

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