quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MVLN – Capítulo 7




O dia amanheceu chuvoso, não, tempestuoso. Parecia que o céu iria desabar sobre nossas cabeças de tão forte que a chuva estava, seguimos para a picape as pressas e nossas capas estavam encharcadas pelo pequeno caminho. Pamela estava assustada com a chuva, nunca choveu dessa forma em Phoenix. Passei o dia evitando lembrar da noite passada, de que Alex permaneceu conosco, que me acalmou quando o pesadelo voltou, mas assim que acordei ele já não estava.

Quando estava no banho recebi sua mensagem avisando sobre tomarmos cuidado e ficarmos longe da floresta, sabia que tinha algo haver com os olhos negros que nos encararam ontem. Tenho certeza que não inventei aquilo. Estacionei na vaga mais próxima de nossa sala, e corremos atrapalhadas e derrapando algumas vezes até chegarmos em solo seguro.
Haviam poucos alunos na sala, nos sentamos no fundo e tentamos nos aquecer, aquilo estava insuportável, não sei se sobreviveríamos com todas as partes do corpo até o natal! Hoje teríamos aula com todos que dividíamos a mesa na hora das refeições. Angela estava vermelha com Ben ao seu lado, Jessica flertando descaradamente com Mike que conversava com Tyler, enquanto Lauren tentava chamar atenção para si!
– Então gata! Podíamos ir ao cinema esse fim de semana? – disse um dos garotos do time de futebol se aproximando de Pan que ficou pálida e depois verde, saiu correndo da sala percebi o porque. O garoto estava com um perfume forte ou tomou banho com o perfume!
Corri para ajudá-la, ela já estava pondo o café pra fora. Foram vários minutos até ela respirar sem engasgar – você não precisava ver isso! – disse após dar descarga e sentar relaxada na privada.
– Carne e unha lembra? – digo passando um lenço molhado em sua testa.
– Obrigada! O professor já deve estar nos esperando, vou escovar meus dentes – disse pegando em sua mochila, por sorte ela não havia a tirado dos ombros.
Quando voltamos o professor já estava na sala e todos os olhos se voltaram para nós. Pamela ficou sem graça com a atenção e percebi cochichos quando passamos e sentamos. Pamela se remexeu na cadeira. As próximas aulas foram irritantes, não era só impressão. Todos cochichavam quando passávamos. No refeitório eu tive minha certeza.
– É claro que ela está Angela! Coisa típica vomitar por causa de perfume!
– Você não deveria falar do que não sabe... – disse para Jessica que sacudiu os ombros.
– Tanto faz, quando a barriga crescer vamos ver quem fala do que não sabe!
– Infelizmente as cobras não morrem com o próprio veneno! – disse Pan sentando ao lado de Angela.
– Mas não precisamos nos preocupar com isso Pamela. Jessica? Já te contei que meu apelido em Phoenix é menina veneno? – Jessica me olhou sem entender.
– Ela passou de Bella Swan para menina veneno ao brincar com um escorpião rei na nossa aula de educação ambiental na 4ª serie. Inexplicavelmente o escorpião não a atacou, apesar de conseguir picar todos que tentaram remove-lo dela.
– Tenho ele até hoje no meu quarto, desta vez em um vidro para conservá-lo! – digo mordendo minha maçã – Mas o que eu realmente quero dizer com isso é: não se metam com a Pamela. Não costumo tolerar que a insultem ou insinuem coisas...
– Mesmo que esta seja verdade. Não lhe diz respeito! – disse Pan.
– Por falar nisso, já fez quantos abortos? – perguntei e vi seu rosto perder a cor.
– Po... por... por que está me perguntando isso? – disse completamente pálida.
– Não sei, talvez o fato de saber exatamente como uma grávida se sente em relação a um perfume forte! – diz Pamela e vejo todos virarem sua atenção para ela. Jessica mudou de cor, seguindo as cores do Arco- Iris.
– Eu só falei por falar! A sua mãe ficou assim na gravidez dos gêmeos não foi? – disse pedindo socorro à Angela.
– Sim, ela ficou!
– Então está mesmo grávida? – perguntou Tyler com uma cara de desapontado. Pamela suspirou e me olhou, dei de ombros, que diferença faria. Como a vaca mesma disse, logo a barriga começaria a aparecer...
– Sim, eu estou!
– Por isso que veio pra cá? – perguntou Jessica que logo olhou pra mim apavorada.
– Não exatamente, meus pais queriam aborto e eu sou contra, e esse bebê é um pedaço do homem que mais amo em minha vida.
– O cara que concertou a sua picape né Isabella? O que morreu naquele seu acidente... – disse Lauren olhando para longe. Meu ódio por suas palavras serem verdades dolorosas foi maior que meu ódio por ela.
Nossas próximas aulas foram tranquilas, o tal garoto do cinema teve outra conosco, mas passou longe de Pamela desta vez. A fofoca sobre sua gravidez já estava espalhada. Todos olhavam para a barriga dela e depois para ela, alguns professores fizeram o mesmo que os alunos. Comecei a ficar irritada com isso.
– Senhora Smitch? – chamei quando ela disse que poderíamos guardar nossos materiais.
– Sim senhorita Swan? – falou de forma rude e olhou para a minha barriga.
– Aqui a senhora é paga para ensinar a matéria que leciona, não para tratar uma aluna como vem tratando. Nenhum aluno e muito menos a senhora tem autoridade ou direito de tratá-la diferente por estar grávida. Isso é preconceito e bulling, tenho certeza que o diretor, os advogados da Pamela e a secretaria de educação ficariam muito irritados com sua conduta.
A vaca engoliu saliva e esbugalhou os olhos quando mostrei o vídeo – enviarei hoje mesmo! Após fazer minha queixa claro! –digo indo até minha mesa e pegando minha mochila – tenham um bom dia.
Seguimos em silencio para a ultima aula, seria educação física. Eu já havia melhorado minha coordenação, mas ainda não estou 100%. Pamela não faria por motivos óbvios, movimentos agressivos poderiam por a gestação em risco. Hoje seria vôlei e me dei muito bem, despejei minha raiva na força do saque. O time em que estava ganhou.
A semana se arrastou, com tempestade. Mas por algum milagre na sexta a noite ela desapareceu, amanhecendo com um lindo céu azul, sem nuvens. Pamela ficou radiante, mal se continha, indo de pijama para a varando tomar os primeiros raios de sol. Charlie riu de seu comportamento plenamente infantil.
– Por que não aproveita o sol e mostra La Push pra Pamela? – espetou Charlie. Ele passou a semana me perturbando para sair, ver Jacob. Que ele queria me ver, mas só não veio para me deixar à vontade com Pamela em nossa primeira semana, e que ele pergunta muito sobre mim.
– Tudo bem chefe! Pamela? Quer ir a praia? – gritei a chamando de volta a terra, seus olhos brilharam de longe e correu ate nós– ainda bem que não tem meus problemas de coordenação! – digo quando estava ao meu lado.
– Mesmo assim é melhor parar de ficar correndo em todos os cantos, deixe isso pra quando o beber começar a andar! –disse Charlie e eu ri da cara da Pamela.
– Por Deus, que ele puxe o pai! – pedi.
Arrumamos uma bolsa com protetor fator 50, já estávamos de maiô, já que é o máximo suportado aqui. Mesmo assim Pamela insistiu para levarmos biquínis. Levamos dinheiro pra comprar água e sucos para ela, e Charlie me fez prometer passar na casa de Jacob, que seria fácil descobrir onde ele morava.
Seguimos cantando algumas músicas atuais e antigas, Pamela estava radiante com a possibilidade de ver o mar. Foi difícil encontrar lugar para estacionar, todos pareceram ter a mesma ideia que nós. Deixei a picape na primeira vaga que encontrei e seguimos para a praia.
– Está muito quente Bê, vamos de biquíni?
– A água é gelada Pan!
– Vamos com os maiôs sensuais? – brincou.
– Vamos congelar ... – ficou me olhando com olhinhos brilhantemente irritantes – tudo bem! – digo e usamos o banheiro de um dos bares para nos trocar.
Estava um sol escaldante, muito estranho para a época, semana que vem certamente terá um tempestade pior que a desta semana. Conseguimos um cantinho para deixar nossas coisas e começamos a passar o protetor e esperamos um pouco antes de encararmos água. Entramos juntas, assim que água tocou meus pés, senti minha espinha congelar. Como pode o sol estar da matar, me fazendo sentir que estou no Brasil e a água estar como nos polos?
Pamela que é desregulada das ideias entrou sem reclamar! Não é possível que eu esteja ficando fresca! Será? Me sacudi mentalmente e enfrentei a água congelada, ficamos nadando um pouco, depois mostrei uma das piscinas naturais para Pamela que me salvou de uma possível perna quebrada quando derrapei no limo de uma das pedras.
– Bella? - escutamos e nos assustamos, derrapei na outra pedra e só não fui ao chão porque braços fortes me circularam – cuidado Bella – Jacob me ajudou a ficar firme em outra pedra, um choque térmico me atingindo por sua mão estar quente em minha cintura gelada – nossa você está congelando – disse deslizando a mão por minhas costas – ou eu estou quente de mais! Você está muto gata com esse cabelo Bells! - disse me olhando de uma forma doce, com olhos acolhedores de mais!
– Não vai me apresentar, Isabella? – disse Pamela em um tom malicioso que só nos duas entendemos, após ver que estava com os pés firme, Jacob me soltou.
– Este é Jacob, o rapaz que Charlie venera. Jacob esta é minha amiga Pamela, esta morando em Forks conosco.
– A sua gêmea?! Prazer – disse sorrindo ajudando Pamela a subir na pedra que estamos – precisam de guias?
– Eu aceito de prontidão, já cansei de salvar a Bê! – engoli minhas palavras e olhei atravessada pra ela.
Jacob nos mostrou novos lugares e para Pamela as piscinas naturais que havia me mostrado quando estive aqui com pessoal da escola. Pamela se derretia todas as vezes que Jacob sorria e me mandava O OLHAR, fingi não prestar atenção nela e continuamos andando – eu estou faminta, qual o melhor restaurante daqui?
– Vou levá-las - Jacob nos acompanhou e comemos juntos. Na verdade eu fiquei um tempo parada olhando assustada para ambos, eles pareciam aquele personagem de anime, tive a impressão que pratos se empilhariam ao lado deles
– O que? – perguntou Pamela.
– Vocês passarão mal comendo desse jeito! – digo mordendo meu bife. Jacob gargalhou.
– Caramba pra uma branquela com cara de patricinha você come feito....
– Não termine essa frase Jake, ela arrancará sua pele! – digo antes que ele cometesse um grande erro. Ela odeia que a comparei com um homem esfomeado.
– Eu preciso me alimentar oras! Sou uma gestante, dá licença? – segurei minha respiração, não sabia se Charlie já havia contado para eles, Jacob olhou descaradamente para a barriga de Pamela, ergueu uma sobrancelha.
– Então é melhor parar de comer por agora, você é muito magra, não terá espaço pra coisinha ficar se atolar de comida! –disse com um lindo sorriso. Neste momento Jacob Black ganhou minha amiga para a eternidade! E de quebra a mim.
Nosso almoço seguiu tranquilo e ameno. Jacob era uma ótima companhia, nos fazia rir e esquecer dos problemas que nos atormentavam.
_ E então, o que querem fazer agora? – Jake perguntou quando deixávamos o restaurante.
_ Você é o guia... – Pan disse sorrindo, e eu concordei de prontidão.
_ OK, vou levar vocês a um lugar incrível... – ele respondeu animado.
Entramos no carro e seguimos pela estrada, um música animada preenchia o ambiente, alimentando o clima descontraído entre nós. Definitivamente, eu nunca tinha prestado atenção em Jacob. Acho que eu também poderia colocar isso na conta de Edward...
Paramos próximos a uma mata, e Jake nos guiou por entre as árvores. Ele sabia exatamente onde estava indo, seus passos eram firmes e ele nunca hesitava. Pan se mantinha em silencio, mas sempre que podia, me lançava olhares comprometedores.
Chegamos numa abertura da floresta, provavelmente uma clareira, mas assim que olhei mais a frente, aquilo logo me impressionou... Estávamos de frente a um penhasco, a ventania ainda mais forte, fazendo meus cabelos ricochetearem em meu rosto, liberdade total...
– Quil? Embry? – chamou os rapazes, eram altos e magricelos, vieram correndo em nossa direção. Era uma atitude inconsequente, mas que me fascinou de cara. Não resisti a tentação de me aproximar, por mais que Jack tentasse me convencer de que não valia a pena.
– Oi Jack, quem são? – disse o cabeludo. O outro sorria simpático para Pamela.
– Essas são Bella Swan e... Pamela?
– Sim, Pamela.
– Estes são Embry – disse apontando para o cabeludo – e Quil. Estudam comigo.
– Prazer – digo olhando um terceiro passar por nós.
– Demorou Jake!
– Foi mal garoto, esse é o Seth, essas são Bella e Pamela.
– As filhas do chefe? – brincou.
– Sim, somos – digo também.
– E o que faz com elas aqui? Sem ofensa garotas!
– Quis mostrar a vista pra elas.
– Vocês sempre fazem isso? – digo apontando para os penhascos.
– Sim – após um tempo em que eles explicavam a quanto tempo fazem isso, escutamos risadas e vultos passaram pelo penhascos ao lado.
– Por que pulam separado deles?
– Aquela parte é perigosa, a correnteza é mais forte daquele lado – disse Jacob e os outros soltaram barulhos estranhos, eles não gostaram do tópico.
– Então... Eu queria pular... – digo olhando para Jack.
– Acho melhor não, o chefe Swan ficaria muito irritado.
– Qual é Jacob? Eu vou pular com você, da parte segura do penhasco!
– Menos perigosa, não existe parte segura em um penhasco – disse rindo – eu tenho amor a minha vida Bella!
– Tudo bem... Embry? Quil?
– Conta comigo! – disse Quil e comecei a remover minhas roupas, já estava de biquíni mesmo! – preparada? – disse vindo ao meu lado.
– Sim! – digo indo a beira com ele segurando meu braço.
– Vamos pular de mãos dadas ok? Não solte por nada.
– Ok – digo e sinto o frio da adrenalina me dominando, o nervosismo me preenchendo e por último a coragem se fazendo presente.
– Nada disso. Já que vou levar esporro, levo um só! – disse Jacob vindo para meu lado e afastando Quil.
– Mudou de ideia? – digo rindo.
– Eu vou levar esporro por você ter pulado, não preciso levar mais um por ter deixado outro pular com você! – disse entrelaçando nossos dedos – Puxe o ar com força e feche os olhos antes do impacto com a água ...
– Tudo bem - segurou firme minha mão, unindo nossas palmas, sua pele quente sobre a minha.
Tomamos distancia – Então? – perguntou e sorri confirmando – respire, já! – gritou e corremos.
A sensação foi, indescritível, foi perfeito o momento da queda livre, soube como um pássaro se sente, foi perfeito... Mas todo humano que pula, uma hora volta ao chão, afundamos com violência no mar, sua mão ainda mais firme sobre a minha. A água estava ainda mais congelada nessa parte do mar. Debaixo d’água, Jacob me segurou de encontro ao seu corpo, mantendo-se firme, emergimos rápido. Completamente fascina pela experiência. Busquei o ar e me agarrei a ele quando uma onda quebrou em nossas cabeças.
– Nossa! Foi incrível Jacob – digo após estarmos segurou em uma das pedras na beira dos penhascos, aqui a onda não quebrava com tanta violência.
– Que bom que gostou Bells! Você foi incrível pra uma iniciante – disse rindo.
– Ter o melhor professor contribui e muito – digo sorrindo e outra onda quebra, me encolho com os esguichos gelados. Rapidamente Jacob se posiciona em minha frente, impedindo que os jatos me acertem na face – você está mais alto? – digo pela primeira vez observando ele.
Jacob estava mais alto, os músculos aumentaram – eu estou crescendo Bella, acho que é normal! – disse dando de ombros, até sua voz estava mais grossa, se aproximando mais, estávamos com poucos centímetros nos separando, não reclamei de toda essa aproximação porque assim eu não sentia frio – isso acontece porque você promete e não cumpre – disse em meu ouvido quando uma onda maior nos acerta, a água passa por meus pés, tirando meu equilíbrio e antes que eu caia ele me segura forte.
Nossos corpos colados. Assim eu sentia cada parte dele, tão quente mesmo nesse frio – você é quente – digo meu pensamento e seu riso esquenta minha nuca, onde seu nariz riscou e o calor me fez resmungar em satisfação.
– Bella – sussurrou meu nome como um gemido, olhando em meus olhos. Edward! Era Edward em minha frente, me segurando. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, seus lábios cobriam os meus. Fiquei estática por um tempo. Céus! Era uma alucinação? Fez pressão e arfei quando sua língua bateu sobre meus lábios, a sensação era boa. Logo retribuía ao beijo, suas mãos apertando sem delicadeza minha cintura. Subindo por minhas costas, tocando onde o biquini não cobria, afundando meus dedos por seus cabelos, cabelos longos, boca e língua escaldantes de tão quente.
Essas características diferentes me trouxeram para a realidade, me afastei, não eram olhos dourados me encarando, eram olhos tão chocolates quanto os meus, minha mão ainda em sua nuca, cabelos emaranhados em meus dedos. Jacob me olhava encantado. Eu beijei Jacob Black. Seu sorriso enorme me desarmando. Ele voltou a se aproximar. Me senti usando ele. Não havia beijado ele e sim ele. Não me afastei ou desviei. Seus lábios voltaram a cobrir os meus e me esforcei para retribuir a altura.
O beijo dele era calmo, cheio de cuidados, quase sem me tocar, já Jacob era... Voraz, sem cuidado. Retribui ao beijo, sua temperatura muito bem vinda. Sua língua quente dançando em minha boca, deslizando sobre minha língua. Minhas mãos afundando mais a ele, as ondas quebrando em suas costas. E ele me prendeu mais a rocha, me fazendo sentir todo seu corpo. Era impossível não comparar, mesmo tentando focar minha mente em apenas nós dois, minha essência fazia as comparações.
Jacob ainda era mais baixo que ele, muito quente, descuidado. Seus lábios urgentes sobre os meus, sugando meu lábio inferior, gemeu e senti um volume em minha barriga. Levei minhas mãos para seu peito desnudo e o afastei. O que eu fiz? Eu não deveria... – Eu... Isso... Eu tenho que ir embora...
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