quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MVLN – Capítulo 8



Eu ainda digeria a burrada que eu fiz, não conseguia acreditar que cheguei a delirar que ele estava me beijando... Que... Eu acabei retribuindo ao Jacob. Isso foi errado, muito errado. Mais errado ainda foi eu ter permitido que ele me beijasse quando já não estava sobre o efeito de uma alucinação! Agora com tempo, enquanto voltávamos para o penhasco, Jacob tentou conversar e o cortei várias vezes pelo percurso.

– Bella...
– Não Jacob. Isso não voltará a acontecer. Eu estava fora de mim, alucinei. Não vou negar que você é... Atraente. Mas eu não quero me envolver. Eu não vou me envolver, e isso não apaga o fato de ser um erro...
– Jamais conseguiria esquecer o melhor momento da minha vida. Isso não foi um erro!
– Eu não quero me envolver com ninguém, se ainda quiser minha amizade, tudo bem. Caso contrario, não temos mais nada a conversar – digo séria. Finalizando a conversa.
Quando voltamos para onde os rapazes estavam, Seth conversava animado com Pamela. Ela sorria descontraída. Seu sorriso de alívio rasgando seu rosto quando me viu – vocês demoraram? Fiquei preocupada! – disse me olhando de cima a baixo.
– Não pareceu... Se deram bem?
– Sim. Seth é um amor de garoto – disse e rimos da bagunça que Quil e Embry fizeram antes de pular.
– Então Bella, gostou? – perguntou Seth.
– Sim! Louca pra repetir, mas hoje não dá.
– Voltem sempre? – pediu Jacob – será bom ter amigas, andar só com cuecas é esquisito! – sorriu mostrando que aceitou minha condição.
– Por mim tudo bem! – os outros rapazes ainda pulavam do outro penhasco – eu queria olhar de lá!
– Eu levo vocês, faz tempo que não converso com o Sam! – disse Seth.
Seguimos para a parte mais alta dos penhascos, um grupo de rapazes pulavam bravamente dali.
Fiquei apenas observando por um tempo, recebendo olhares irritados do grupo, mas não me importei. Jake e Pan vieram ficar ao meu lado. Segui para perto da borda.
_ O que você está fazendo? Eu só te trouxe para apreciar a vista... – Jake falou preocupado, provavelmente entendendo minha vontade.
_ Quem são eles? – eu ignorei a pergunta anterior.
_ Uns idiotas da reserva, ninguém que valha a pena. – ele deu de ombros.
_ Quem é aquele ali? – eu perguntei apontando para o maior.
_ Sam Uley. Uma espécie de líder deles, os outros não passam de fantoches... – ele disse com desprezo.
_ Esse é o cara que me buscou...? – cuspi as palavras e tentei reprimir a dor das lembranças, Jacob acenou confirmando e me aproximei mais– Será que eu posso pular com vocês? – eu perguntei ao tal Sam.
Todo o grupo começou a rir, como se eu tivesse contado a melhor piada de todos os tempos. Jacob e Pan me olhavam assustados, como se eu tivesse ficado louca.
_ Garota, isso aqui não é para qualquer um... Volte para suas bonequinhas, ok? – um outro respondeu.
Aquilo tinha realmente me irritado muito. Eu odiava ser tratada como frágil, eu já tinha aceitado isso por tempo demais. Estava na hora de ser diferente...
_ Então você deveria ter ficado em casa... – eu respondi raivosa.
O garoto me olhou com um ódio mortal, e por um momento eu até imaginei que ele iria avançar em mim. Mas um grito alto de Sam o impediu de continuar. Aquelas pessoas eram realmente estranhas...
_ Vamos embora daqui. – Pan pediu segurando meu braço.
_ Eu vou voltar ok? – eu falei para o tal Sam, e pela cara dele, acho que ele entendeu que eu não estava brincando.
Deixei que Pan me conduzisse e seguimos Jacob pelo caminho de volta. Meus pensamentos ainda estavam no penhasco, na vontade crescente de me jogar, de experimentar aquela liberdade extrema... Com toda certeza eu voltaria... eu queria muito pular dali. Eles pareciam fascinados com a brincadeira.
Voltamos e evitamos conversar sobre pulo de penhascos com Charlie, ele morreria. As semanas passavam, todos ainda olhavam de lado para a Pamela, a tal professorinha de merda voltou ao normal e agora passava a defender a Pamela quando alguma garota fazia um comentário duvidoso.
A barriga de Pamela já era visível, Alex voltou algumas vezes, conversávamos sobre como contar para ela, eu deveria contar, mas tínhamos medo, por sua reação, pelo bebê. O medo de perder ambos me acovardava. Alex não quis me contar o que eram os olhos negros. Apenas disse que seja o que for, não esta atrás de nós, apenas tentou atacá-lo algumas vezes, mas estranhamente após aquele dia não voltou a atacá-lo mais, apenas vigiava seus passos perto da casa, perto de nós, como se fosse um tipo de cão de guarda.
Mantinha-me ocupada, estudando, cuidando da Pamela, trabalhando na loja de camping, passeios com os rapazes de La Push, muitos pulos de penhascos. Durante todo o dia, não havia espaço para as lembranças amargas, elas não me alcançavam. Isso só durava até a noite, meus pesadelos dobrando, um revezamento, algumas noites o pesadelo com Pamela vinha ainda mais vivido, outras com ele. Os com ele ficaram ainda mais assustadores, os pares de olhos negros me puxavam, a única coisa que eu via eram os olhos negros e algo como veludo em meu tornozelo, me arrastando.
Dois meses se passaram depois daquela nossa ida a La Push, tínhamos nos encontrado com Jack muitas outras vezes depois disso, e ele e Pan viraram bons amigos. Seth e Quil passaram a fazer parte da nossa “gangue”. Jacob adorou minha bebê, foi engraçado o jeito com que seus olhos brilharam quando me pediu para dar uma volta. Permiti, desde que ele não arranhasse. Eu tentei voltar ao lado mais alto dos penhascos, mas Pamela, Quil e Seth, sempre arrumavam algo pra me ocupar. Isso se intensificou quando, de uma hora para outra, Embry passou a nos evitar, ele era da gangue do Sam agora!
...
– Então Bells? Aceita jantar comigo? – Mike estava a semanas me convidando para sair, primeiro uma ida ao park que chegou em Seattle há alguns pares de dias, agora é o jantar.
– Sinto muito Mike, mas eu não posso!
– É só um jantar... – pude sentir que estava sendo fuzilada, Jessica caminhava até onde estávamos.
– Tem uns caras gatos e enormes na sua picape Bella! – disse maliciosa.
– São meus amigos. Vamos Pamela? – ela acenou e partimos, Jacob estava com uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa preta colado ao seu tórax completamente definido, ele me fazia lembrar de Emmett. Espanquei-me internamente por isso. Nada deles! Seth e Quil estavam esparramados pela traseira da picape, pareciam amarrar uma lona sobre ela.
– Boa tarde caras pálidas! – disse me abraçando forte.
– Sem... ar... – digo e ele me solta, indo abraçar a Pamela – cuidado com ela.
– Qual é Bells! – disse após abraça-la com cuidado – então vamos? – iríamos atrás de uma moto para Quil e Jacob. Ouvi passos em nossa direção.
– Algum problema por aqui senhorita Swan? – ouço o diretor em minhas costas.
– Nenhum que eu saiba! Por quê?
– Esses rapazes...
– São meus amigos e vieram me acompanhar. Com licença! – digo puxando eles.
Os rapazes seguiram para o carro do Jake, iríamos a alguns ferros velhos. Compraríamos uma moto para Jacob. Fizemos alguns trabalhos de entrega escondidos com minha moto. Nessas horas, uma garota que conhecemos a algum tempo ficava com Pamela, ela é muito educada. Seu nome é Kim, ela é da nossa idade e gostou de Pamela de cara. Elas frequentavam a casa de uma outra mulher. Pamela sempre voltava alegre de lá, então não reclamei de estar possivelmente perdendo meu posto de melhor amiga!
– O que acha dessa? – chamou Seth, estamos unidos do outro lado do ferro velho para montar a moto para Jacob, ele não parava de crescer, seu músculos enormes...
– Pode ser, mas que tem que ver é o Jake. Ele que vai montar.
Após horas escolhendo, compramos tudo o que precisávamos por um tempo. Quando voltamos para a garagem, Pamela e Kim já estavam a nossa espera. Meu pai estava na varanda conversando com Billy e Sue, a mãe do Seth. Não tivemos tempo de mexer nas motos, Sue havia preparado um jantar para nós. Sua filha Leah apareceu no final com seu pai Harry. Após conversas sobre o que os nossos pais faziam na juventude e todos termos ignorado, seguimos para nossas casa, com a promeça de voltar logo.
No dia seguinte eu não teria turno na loja e seguimos para La Push. Quando chegamos à casa de Jacob fomos direto para a garagem. Jacob estava desmaiado em um colchão, todo as as peças de uma futura moto espalhadas e brilhando como novas, sobre um tecido claro.
– Olha que coisa lindinha Bê! Não é possível que isso tudo não lhe afete! – disse com as mãos mexendo e com o sorriso que pessoas costumam dar quando veem um bebê lindo.
– Não viaja Pan... – sussurrei – vamos embora, ele virou a noite, não quero atrapalhar.
– Bella... – sua voz rouca me chamou, virei pensando que ele havia acordado, mas me arrependi. Jacob ainda dormia e... Apertava seu membro ereto.
– OMG! Jacob Black esta tendo um sonho erótico com você! –disse Pan um pouco mais alto e ele se mexeu. Abriu os olhos e nos focou.
– Bells? Pan? – disse esfregando os olhos, minha cara fervia de vergonha, meus olhos indo de seu... Daquilo, para seu rosto. Jacob seguiu meu olhar e juro que vi sua pele morena ficar rubra. Ele cobriu as pernas e se levantou, ficando de costas.
– Er... eu vou... já volto! – disse correndo para a casa , Pamela seguiu pelo caminho que ele fez e depois virou pra mim e soltou uma gargalhada.
– Parece que alguém quer transformar a cara pálida em Pocahontas! – disse rindo e seguiu para o outro lado – vou pegar sua picape ok, vou ver a Emily e a Kim – disse seguindo para a picape e disparou antes que eu pudesse impedir.
Fiquei estática. Precisava de uma desculpa para não ficar sozinha com ele. Alguma boa distração. Foi quando vi uma das motos já montadas, em perfeito estado. Cheguei até ela e vistoriei as partes em que eu sabia, ela pareci perfeita, a chave estava na ignição.
– Essa está pronta – disse entrando – desculpe por antes... – disse sem graça.
– Culpa minha, deveria ter avisado. Vamos dar uma volta nela?
– E a Pamela?
– Foi pra casa da Kim...
– Então vamos – ele foi empurrando a moto enquanto eu peguei os capacetes – eu posso ou quer fazer as honras?
– Essa é sua?
– Não!
– Então eu faço as honras... – subi e liguei, coloquei meu capacete e Jacob sentou, seu calor emanando sobre mim. Percorremos alguns quilômetros, uma reta perfeita e limpa em nossa frente e testei a moto, passando dos 120km/h. Jacob me apertou em um pedido para que diminuísse. Fiz o que pediu, já que estava ficando sem ar tamanha força que usou.
– Você é louca Bella! – disse apertando minha cintura. Diminui mais na curva e pude ver os rapazes pulando, sem aviso mudei o caminho, já havia aprendido a andar por aqueles lugares, já passei por lugares piores com minha moto.
Parei quando o lugar ficou pesado para a moto – eu quero ir ate lá – digo após descermos.
– Eles não são legais e eu não gosto dos olhares que o Sam anda jogando pra mim.
– Não me contou sobre isso... Tem quanto tempo?
– Algumas semanas.
– Mais um motivo, você não faz parte da gangue dele, Embry nos traiu, mas você não se atreva, não se afaste de mim!
– Jamais Bells – disse tocando meu rosto – eu prometo. Você que vai querer se livrar de mim! – disse rindo.
– Vamos?
– Fazer o que né?! – resmungou, seguimos até eles. Sam e Embry conversavam animados, super amigos e pararam quando me aproximei mais.
– Já deveria ter aprendido a manter sua garota longe Black – disse Sam um pouco cortês. Tentei ignorar o fato de insinuar que sou do Jacob.
– Eu quero pular daqui! – riram – Você parecer ser o chefe do grupo – digo com um tom que insinuava duplo sentido – não estou pedindo nem quero fazer parte do seu circulo, quero apenas pular, me ensina? –digo diretamente para o Sam.
– Cai fora daqui garota! Ponha freios na sua fêmea Jacob.
– Preste atenção em como a trata! – Jacob cuspiu.
– Não liga Jack, isso é inveja. Você tem quem mesmo? Ah... Você é assexuado! – digo e os outros explodem em gargalhadas.
– Realmente a escolha perfeita para um Black – disse Sam de uma forma diferente. Quase profético.
– Sam... – disse o idiota.
– Deixe-a Paul.
– Ela não pode ficar aqui! – disse raivoso.
– O que tem de marrento, tem de medroso! – provoquei.
– Você é fraca, acabo com sua raça rapidinho.
– É mesmo? Então que tal uma aposta? – todos gargalharam.
– Topamos! – disseram juntos e o tal Paul me fuzilava com os olhos.
– Escolhe então, branquinha – disse ríspido.
– Que tal uma corrida?
– Eu sou mais veloz que você!
– Corrida de moto. Obviamente que há algum lugar afastado para um racha?
Marcamos o dia, seria na próxima semana, eles queriam me fazer desistir, já que estávamos próximos do natal e logo a neve chegaria. Jacob ficou irritado por eu ter feito isso, mas se acalmou quando disse que só pularia se fosse com ele ao meu lado, os rapazes nos lançaram olhos estranhos durante nossa volta, Pamela e Kim estavam conversando animadas na varando do Jacob. Voltamos e Pamela estava silenciosa
– O que foi?
– Sabe a Emily? – maneei confirmando – eu soube da historia dela. Ela é prima da Leah.
– E o que tem isso?
– Leah era noiva do Sam – olhei para ela – Sam está noivo da Emily.
– Nossa! Agora entendo a cara dela...mas isso não é motivo pra ficar assim, tristonha.
– Eu gosto dela, só fiquei impressionada. Ela tem cicatrizes grandes na face. Castigo a cavalo! Sam é tão carinhoso com ela, ele parece se sentir culpado por tudo...
– Então esqueça isso ok? Não faz bem pra você e pro bebê, evite lembrar disso.
– Ok! Mal posso acreditar que amanhã saberei o sexo! Estou em cólicas com isso Bê! Bem que você poderia chutar de novo bebê, só uma vez agoa a mamãe! – disse de forma muito doce, acariciando a barriga.
...
_ Vamos Bê... – ouvi Pan me gritar do andar debaixo.
Peguei meu casaco apressada e sai correndo, não queria me atrasar para a ultra que revelaria o sexo de meu afilhadinho. A barriga de Pan já visível, bem redondinha e protuberante. Com ele se mexendo, tudo estava ainda mais real.
As vezes me perguntava se não seria a hora de contar sobre Alex, mas eu não me sentiria bem traindo sua confiança também. Afinal de contas, o segredo era dele.
O caminho até Seattle não era longo, mas foi um bom tempo para pensar. Pan se mantinha calada, ansiosa demais pelo resultado do exame, e Charlie se ocupou de dirigir. Ele tinha insistido em vir junto.
O Dr. Brenner, que acompanhava a gestação de Pan era um cara legal, um médico descontraído, daqueles que aliviam a tensão sempre. Eu sentia muita confiança nele, assim como Pan.
Ele ajudou Pámela a se deixar e espalhou o gel por sua barriga, que observei contrair por um momento, provavelmente pela frieza do líquido.
O exame corria tranqüilo, e eu me emocionei com as formas destorcidas no pequeno serzinho que crescia ali, alheio a todos os mistérios e dúvidas. Observei os olhos marejados de Charlie, que ele lutava para esconder, sem muito sucesso.
_ E então Pamela, preparada para saber o sexo? – Dr.Brenner questionou.
_ Preparada não sei, mas definitivamente, ansiosa... – Pan respondeu sorrindo docemente. Eu já podia notar várias mudanças nela, seu rosto estava mais redondo, e sua conduta mais tranqüila e maternal.
O médico deslizou o pequeno aparelho pela barriga de Pan por mais um tempo, buscando pela posição correta. Meus olhos estavam grudados na tela, assim como de todos que estavam ali.
A imagem congelou por um instante. E eu puxei o ar, o prendendo em meus pulmões inconscientemente.
_ Parabéns, é um menino. – Dr. Brenner falou sorrindo largamente, aquela deveria ser uma boa notícia a se transmitir.
Meus olhos antes marejados, agora tinham se rendido ao choro represado. Charlie abraçava Pan, distribuindo beijos carinhosos em sua cabeça. Esperei minha vez, para só depois abraçar minha amiga e a beijar muito. Uma nova certeza nascia dentro de mim, nós seríamos felizes, custe o que custar.
Saímos dali e fomos direto para o shopping, eu queria ser a primeira a presentear meu afilhadinho. Comprei um carrinho de bebê azul marinho com laranja, lindo...
Pan também aproveitou para comprar algumas roupinhas e coisas de higiene para o pequeno. E Charlie aproveitou para comprar um boné para ele.
Chegamos em casa completamente exaustos, e todos queríamos cama logo. Tomamos um banho rápido e fomos deitar, graças a Deus já tínhamos comido algo na estrada. Novamente os pesadelos começaram a me atormentar. Tudo que eu podia entender era a culpa que carregava por não ter contado para Pan sobre Alex. Aquele sentimento me sufocava, eu estava morrendo aos poucos.
Acordei com Alex ao meu lado. Abracei-o, o mais rápido que consegui, pude notar que ele também estava sofrendo. Seus olhos pousaram sobre Pan e sua pequena barriga.
_ É um menino Alex... – eu falei, e pude perceber em sua expressão, que se ele ainda tivesse lágrimas, elas estariam banhando seu rosto agora.
_ Conte para ela Bells... – ele disse antes de sumir pela janela do quarto.
Aquela frase de Alex ficou perturbando minha mente frágil, ele queria que eu contasse, mas eu seria forte o suficiente para isso? Olhei Pan ressonando tranqüila em sua cama, ela merecia saber. Seu filho merecia ter um pai. Eu não podia negar isso a eles.
_ Alex? – ela acordou se sentando na cama assustada, seu rosto pálido e sua expressão transmitia angustia, ela sofria.
_ Pan, eu preciso te contar uma coisa...
_ Estou te ouvindo. Bê... – ela se acomodou na cama, totalmente despertada por meu tom preocupado.
_ Não sei como começar... – eu sentei em sua cama, diminuindo a distância entre nós.
_ Comece do início Bella... – ela falou tranqüila, e aquilo me pareceu uma boa idéia.
_ OK. Eu não te contei tudo sobre Edward. Ele não é normal, como nós somos. Antes de ficarmos juntos eu descobri que ele era, que ele é... um... um vampiro. – eu tentei soar calma, convincente, mas acho que não funcionou, Pan me olhava como se eu estivesse louca.
_ Ah não Bella, você não precisava fazer isso. Eu apenas sonhei com Alex, isso é normal... Você não precisa ficar inventando histórias para me distrair... – ela falou tocando minha mão. É, aquilo seria complicado.
_ É sério Pan. Eu não estou criando nada. Estou tentando te contar a verdade, tudo que realmente aconteceu... – eu falei firme. – Preciso que você ouça tudo, sem preconceitos...
Ela apenas maneou a cabeça, aturdida demais para responder algo em voz alta.
_ Ele é um vampiro, mas não como a gente lê em livros, ou vê em filmes de terror. Eles tem uma vida basicamente normal, como você mesmo viu. E o problema com o sol, é um pouco diferente do que a gente imagina. Eles se alimentam de sangue, mas a família Cullen optou por uma dieta “vegetariana”.
_ O que você quer dizer com isso Bella? – Pan me encarava assustada.
_ Eles não se alimentam de humanos Pan. Eles não são monstros...
_ Bella... Você só pode estar ficando louca.
Ignorei o comentário de Pan, e continuei a contar.
_ Edward se apaixonou por mim, pelo menos era o que me fez acreditar, e eu por ele. Tentamos combater isso Pan, mas era impossível... Você consegue entender? – eu olhava suplicante para ela.
_ Estou tentando Bells, mas é difícil...
_ E se eu te dissesse que Alex tinha se tornado um deles, que continuava vivo... Ainda seria difícil de entender?
_ Você só pode estar brincando... Isso não tem graça Isabella. – ela falou séria se colocando de pé, eu podia ver o quanto estava nervosa, sua respiração estava acelerada. – Isso é sério mesmo? Alex está vivo? – ele se ajoelhou nos meus pés, seus olhos banhados em lágrimas.
_ Talvez um pouco diferente do que você se lembra, mas sim, ele está... – eu falei deixando minhas próprias lágrimas rolarem. Pan me abraçou com força, como se eu tivesse acabado se salvar sua vida – Me desculpe por não te dizer antes Pan, mas eu realmente não podia contar, eu tive tanto medo, eu sofri tanto por você...
_ Onde ele está Bella? Eu preciso vê-lo... – ela suplicava.
_ Eu estou aqui... – a voz de Alex de fez presente.
Eu podia vê-lo, parado perto da janela. Pan ainda estava de costas para ele, e ao que parecia, ela tinha medo de me soltar e descobrir que aquilo era um sonho. Sua respiração ficou ainda mais ofegante, e suas lágrimas mais intensas. Eu podia perceber o dilema que estava sua cabeça, tentando assimilar todas aquelas informações de uma só vez.
O mundo que ela vivia deixou de existir por um momento, para então se transformar em algo ainda mais complexo e mágico. Seres místicos realmente existiam, mas diferentes do que podíamos imaginar. Alex estava vivo, mesmo depois de toda dor que ela sentiu ao vê-lo partir...
Com lentidão ela se virou, prendendo uma grande quantidade de ar. Alex apenas abriu seus braços, liberando sua vontade reprimida de abraça-la. E Pan não o decepcionou, ela correu ao seu encontro, como se temesse que aquela miragem se dissolvesse diante seus olhos.
E depois disso, tudo estava completo novamente. Estávamos os três juntos, como nos velhos e bons tempos.
_ Eu estou grávida Alex... Nós vamos ter um bebê... – ela falava agarrada a ele, sem se importar com sua pele fria, ou com seus olhos dourados.
_ Eu sei, meu amor. Eu sempre soube... Não saí de perto de vocês nem por um minuto... – ele disse acariciando seu ventre – Me desculpe por não ter contado, ou por não permitir que Bells contasse antes, mas eu tive medo Pan... – seus olhos se cruzaram – Medo de você não aceitar o monstro em qual me tornei...
_ Não fale besteiras Alex... – ela o impediu de continuar – Você nunca será um monstro... Pode estar diferente, mas é para melhor... Você é um anjo, o meu anjo...
E o beijo apaixonado aconteceu nesse momento. E eu só percebi o quanto tudo isso me fez falta, assim que vi os dois juntos novamente... Era lindo, perfeito, vê-los unidos. Era o certo. Porém, o fato não removeu a dor que a felicidade deles me causou, me senti mal por pensar isso sobre meus amigos, por invejar a felicidade deles. Senti nojo de mim, sai devagar, dando privacidade para eles e me tranquei no banheiro, chorando em silencio.
Pelo menos uma de nós será feliz!

ç                      è

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