Eu ainda digeria a burrada que eu fiz, não conseguia
acreditar que cheguei a delirar que ele estava me beijando... Que... Eu acabei
retribuindo ao Jacob. Isso foi errado, muito errado. Mais errado ainda foi eu
ter permitido que ele me beijasse quando já não estava sobre o efeito de uma
alucinação! Agora com tempo, enquanto voltávamos para o penhasco, Jacob tentou
conversar e o cortei várias vezes pelo percurso.
– Bella...
– Não Jacob. Isso não voltará a acontecer. Eu estava fora de
mim, alucinei. Não vou negar que você é... Atraente. Mas eu não quero me
envolver. Eu não vou me envolver, e isso não apaga o fato de ser um erro...
– Jamais conseguiria esquecer o melhor momento da minha
vida. Isso não foi um erro!
– Eu não quero me envolver com ninguém, se ainda quiser
minha amizade, tudo bem. Caso contrario, não temos mais nada a conversar – digo
séria. Finalizando a conversa.
Quando voltamos para onde os rapazes estavam, Seth
conversava animado com Pamela. Ela sorria descontraída. Seu sorriso de alívio
rasgando seu rosto quando me viu – vocês demoraram? Fiquei preocupada! – disse
me olhando de cima a baixo.
– Não pareceu... Se deram bem?
– Sim. Seth é um amor de garoto – disse e rimos da bagunça
que Quil e Embry fizeram antes de pular.
– Então Bella, gostou? – perguntou Seth.
– Sim! Louca pra repetir, mas hoje não dá.
– Voltem sempre? – pediu Jacob – será bom ter amigas, andar
só com cuecas é esquisito! – sorriu mostrando que aceitou minha condição.
– Por mim tudo bem! – os outros rapazes ainda pulavam do
outro penhasco – eu queria olhar de lá!
– Eu levo vocês, faz tempo que não converso com o Sam! –
disse Seth.
Seguimos para a parte mais alta dos penhascos, um grupo de
rapazes pulavam bravamente dali.
Fiquei apenas observando por um tempo, recebendo olhares
irritados do grupo, mas não me importei. Jake e Pan vieram ficar ao meu lado.
Segui para perto da borda.
_ O que você está fazendo? Eu só te trouxe para apreciar a
vista... – Jake falou preocupado, provavelmente entendendo minha vontade.
_ Quem são eles? – eu ignorei a pergunta anterior.
_ Uns idiotas da reserva, ninguém que valha a pena. – ele
deu de ombros.
_ Quem é aquele ali? – eu perguntei apontando para o maior.
_ Sam Uley. Uma espécie de líder deles, os outros não passam
de fantoches... – ele disse com desprezo.
_ Esse é o cara que me buscou...? – cuspi as palavras e
tentei reprimir a dor das lembranças, Jacob acenou confirmando e me aproximei
mais– Será que eu posso pular com vocês? – eu perguntei ao tal Sam.
Todo o grupo começou a rir, como se eu tivesse contado a
melhor piada de todos os tempos. Jacob e Pan me olhavam assustados, como se eu
tivesse ficado louca.
_ Garota, isso aqui não é para qualquer um... Volte para
suas bonequinhas, ok? – um outro respondeu.
Aquilo tinha realmente me irritado muito. Eu odiava ser
tratada como frágil, eu já tinha aceitado isso por tempo demais. Estava na hora
de ser diferente...
_ Então você deveria ter ficado em casa... – eu respondi
raivosa.
O garoto me olhou com um ódio mortal, e por um momento eu
até imaginei que ele iria avançar em mim. Mas um grito alto de Sam o impediu de
continuar. Aquelas pessoas eram realmente estranhas...
_ Vamos embora daqui. – Pan pediu segurando meu braço.
_ Eu vou voltar ok? – eu falei para o tal Sam, e pela cara
dele, acho que ele entendeu que eu não estava brincando.
Deixei que Pan me conduzisse e seguimos Jacob pelo caminho
de volta. Meus pensamentos ainda estavam no penhasco, na vontade crescente de
me jogar, de experimentar aquela liberdade extrema... Com toda certeza eu
voltaria... eu queria muito pular dali. Eles pareciam fascinados com a
brincadeira.
Voltamos e evitamos conversar sobre pulo de penhascos com
Charlie, ele morreria. As semanas passavam, todos ainda olhavam de lado para a
Pamela, a tal professorinha de merda voltou ao normal e agora passava a
defender a Pamela quando alguma garota fazia um comentário duvidoso.
A barriga de Pamela já era visível, Alex voltou algumas
vezes, conversávamos sobre como contar para ela, eu deveria contar, mas
tínhamos medo, por sua reação, pelo bebê. O medo de perder ambos me acovardava.
Alex não quis me contar o que eram os olhos negros. Apenas disse que seja o que
for, não esta atrás de nós, apenas tentou atacá-lo algumas vezes, mas
estranhamente após aquele dia não voltou a atacá-lo mais, apenas vigiava seus
passos perto da casa, perto de nós, como se fosse um tipo de cão de guarda.
Mantinha-me ocupada, estudando, cuidando da Pamela,
trabalhando na loja de camping, passeios com os rapazes de La Push, muitos
pulos de penhascos. Durante todo o dia, não havia espaço para as lembranças
amargas, elas não me alcançavam. Isso só durava até a noite, meus pesadelos
dobrando, um revezamento, algumas noites o pesadelo com Pamela vinha ainda mais
vivido, outras com ele. Os com ele ficaram ainda mais assustadores, os pares de
olhos negros me puxavam, a única coisa que eu via eram os olhos negros e algo
como veludo em meu tornozelo, me arrastando.
Dois meses se passaram depois daquela nossa ida a La Push,
tínhamos nos encontrado com Jack muitas outras vezes depois disso, e ele e Pan
viraram bons amigos. Seth e Quil passaram a fazer parte da nossa “gangue”.
Jacob adorou minha bebê, foi engraçado o jeito com que seus olhos brilharam
quando me pediu para dar uma volta. Permiti, desde que ele não arranhasse. Eu
tentei voltar ao lado mais alto dos penhascos, mas Pamela, Quil e Seth, sempre
arrumavam algo pra me ocupar. Isso se intensificou quando, de uma hora para
outra, Embry passou a nos evitar, ele era da gangue do Sam agora!
...
– Então Bells? Aceita jantar comigo? – Mike estava a semanas
me convidando para sair, primeiro uma ida ao park que chegou em Seattle há
alguns pares de dias, agora é o jantar.
– Sinto muito Mike, mas eu não posso!
– É só um jantar... – pude sentir que estava sendo fuzilada,
Jessica caminhava até onde estávamos.
– Tem uns caras gatos e enormes na sua picape Bella! – disse
maliciosa.
– São meus amigos. Vamos Pamela? – ela acenou e partimos,
Jacob estava com uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa preta colado ao
seu tórax completamente definido, ele me fazia lembrar de Emmett. Espanquei-me
internamente por isso. Nada deles! Seth e Quil estavam esparramados pela
traseira da picape, pareciam amarrar uma lona sobre ela.
– Boa tarde caras pálidas! – disse me abraçando forte.
– Sem... ar... – digo e ele me solta, indo abraçar a Pamela
– cuidado com ela.
– Qual é Bells! – disse após abraça-la com cuidado – então
vamos? – iríamos atrás de uma moto para Quil e Jacob. Ouvi passos em nossa
direção.
– Algum problema por aqui senhorita Swan? – ouço o diretor
em minhas costas.
– Nenhum que eu saiba! Por quê?
– Esses rapazes...
– São meus amigos e vieram me acompanhar. Com licença! –
digo puxando eles.
Os rapazes seguiram para o carro do Jake, iríamos a alguns
ferros velhos. Compraríamos uma moto para Jacob. Fizemos alguns trabalhos de
entrega escondidos com minha moto. Nessas horas, uma garota que conhecemos a
algum tempo ficava com Pamela, ela é muito educada. Seu nome é Kim, ela é da
nossa idade e gostou de Pamela de cara. Elas frequentavam a casa de uma outra
mulher. Pamela sempre voltava alegre de lá, então não reclamei de estar
possivelmente perdendo meu posto de melhor amiga!
– O que acha dessa? – chamou Seth, estamos unidos do outro
lado do ferro velho para montar a moto para Jacob, ele não parava de crescer,
seu músculos enormes...
– Pode ser, mas que tem que ver é o Jake. Ele que vai
montar.
Após horas escolhendo, compramos tudo o que precisávamos por
um tempo. Quando voltamos para a garagem, Pamela e Kim já estavam a nossa
espera. Meu pai estava na varanda conversando com Billy e Sue, a mãe do Seth.
Não tivemos tempo de mexer nas motos, Sue havia preparado um jantar para nós.
Sua filha Leah apareceu no final com seu pai Harry. Após conversas sobre o que
os nossos pais faziam na juventude e todos termos ignorado, seguimos para
nossas casa, com a promeça de voltar logo.
No dia seguinte eu não teria turno na loja e seguimos para
La Push. Quando chegamos à casa de Jacob fomos direto para a garagem. Jacob
estava desmaiado em um colchão, todo as as peças de uma futura moto espalhadas
e brilhando como novas, sobre um tecido claro.
– Olha que coisa lindinha Bê! Não é possível que isso tudo
não lhe afete! – disse com as mãos mexendo e com o sorriso que pessoas costumam
dar quando veem um bebê lindo.
– Não viaja Pan... – sussurrei – vamos embora, ele virou a
noite, não quero atrapalhar.
– Bella... – sua voz rouca me chamou, virei pensando que ele
havia acordado, mas me arrependi. Jacob ainda dormia e... Apertava seu membro
ereto.
– OMG! Jacob Black esta tendo um sonho erótico com você!
–disse Pan um pouco mais alto e ele se mexeu. Abriu os olhos e nos focou.
– Bells? Pan? – disse esfregando os olhos, minha cara fervia
de vergonha, meus olhos indo de seu... Daquilo, para seu rosto. Jacob seguiu
meu olhar e juro que vi sua pele morena ficar rubra. Ele cobriu as pernas e se
levantou, ficando de costas.
– Er... eu vou... já volto! – disse correndo para a casa ,
Pamela seguiu pelo caminho que ele fez e depois virou pra mim e soltou uma
gargalhada.
– Parece que alguém quer transformar a cara pálida em
Pocahontas! – disse rindo e seguiu para o outro lado – vou pegar sua picape ok,
vou ver a Emily e a Kim – disse seguindo para a picape e disparou antes que eu
pudesse impedir.
Fiquei estática. Precisava de uma desculpa para não ficar
sozinha com ele. Alguma boa distração. Foi quando vi uma das motos já montadas,
em perfeito estado. Cheguei até ela e vistoriei as partes em que eu sabia, ela
pareci perfeita, a chave estava na ignição.
– Essa está pronta – disse entrando – desculpe por antes...
– disse sem graça.
– Culpa minha, deveria ter avisado. Vamos dar uma volta
nela?
– E a Pamela?
– Foi pra casa da Kim...
– Então vamos – ele foi empurrando a moto enquanto eu peguei
os capacetes – eu posso ou quer fazer as honras?
– Essa é sua?
– Não!
– Então eu faço as honras... – subi e liguei, coloquei meu
capacete e Jacob sentou, seu calor emanando sobre mim. Percorremos alguns
quilômetros, uma reta perfeita e limpa em nossa frente e testei a moto,
passando dos 120km/h. Jacob me apertou em um pedido para que diminuísse. Fiz o
que pediu, já que estava ficando sem ar tamanha força que usou.
– Você é louca Bella! – disse apertando minha cintura.
Diminui mais na curva e pude ver os rapazes pulando, sem aviso mudei o caminho,
já havia aprendido a andar por aqueles lugares, já passei por lugares piores
com minha moto.
Parei quando o lugar ficou pesado para a moto – eu quero ir
ate lá – digo após descermos.
– Eles não são legais e eu não gosto dos olhares que o Sam
anda jogando pra mim.
– Não me contou sobre isso... Tem quanto tempo?
– Algumas semanas.
– Mais um motivo, você não faz parte da gangue dele, Embry
nos traiu, mas você não se atreva, não se afaste de mim!
– Jamais Bells – disse tocando meu rosto – eu prometo. Você
que vai querer se livrar de mim! – disse rindo.
– Vamos?
– Fazer o que né?! – resmungou, seguimos até eles. Sam e
Embry conversavam animados, super amigos e pararam quando me aproximei mais.
– Já deveria ter aprendido a manter sua garota longe Black –
disse Sam um pouco cortês. Tentei ignorar o fato de insinuar que sou do Jacob.
– Eu quero pular daqui! – riram – Você parecer ser o chefe
do grupo – digo com um tom que insinuava duplo sentido – não estou pedindo nem
quero fazer parte do seu circulo, quero apenas pular, me ensina? –digo
diretamente para o Sam.
– Cai fora daqui garota! Ponha freios na sua fêmea Jacob.
– Preste atenção em como a trata! – Jacob cuspiu.
– Não liga Jack, isso é inveja. Você tem quem mesmo? Ah...
Você é assexuado! – digo e os outros explodem em gargalhadas.
– Realmente a escolha perfeita para um Black – disse Sam de
uma forma diferente. Quase profético.
– Sam... – disse o idiota.
– Deixe-a Paul.
– Ela não pode ficar aqui! – disse raivoso.
– O que tem de marrento, tem de medroso! – provoquei.
– Você é fraca, acabo com sua raça rapidinho.
– É mesmo? Então que tal uma aposta? – todos gargalharam.
– Topamos! – disseram juntos e o tal Paul me fuzilava com os
olhos.
– Escolhe então, branquinha – disse ríspido.
– Que tal uma corrida?
– Eu sou mais veloz que você!
– Corrida de moto. Obviamente que há algum lugar afastado
para um racha?
Marcamos o dia, seria na próxima semana, eles queriam me
fazer desistir, já que estávamos próximos do natal e logo a neve chegaria.
Jacob ficou irritado por eu ter feito isso, mas se acalmou quando disse que só
pularia se fosse com ele ao meu lado, os rapazes nos lançaram olhos estranhos
durante nossa volta, Pamela e Kim estavam conversando animadas na varando do
Jacob. Voltamos e Pamela estava silenciosa
– O que foi?
– Sabe a Emily? – maneei confirmando – eu soube da historia
dela. Ela é prima da Leah.
– E o que tem isso?
– Leah era noiva do Sam – olhei para ela – Sam está noivo da
Emily.
– Nossa! Agora entendo a cara dela...mas isso não é motivo
pra ficar assim, tristonha.
– Eu gosto dela, só fiquei impressionada. Ela tem cicatrizes
grandes na face. Castigo a cavalo! Sam é tão carinhoso com ela, ele parece se
sentir culpado por tudo...
– Então esqueça isso ok? Não faz bem pra você e pro bebê,
evite lembrar disso.
– Ok! Mal posso acreditar que amanhã saberei o sexo! Estou
em cólicas com isso Bê! Bem que você poderia chutar de novo bebê, só uma vez
agoa a mamãe! – disse de forma muito doce, acariciando a barriga.
...
_ Vamos Bê... – ouvi Pan me gritar do andar debaixo.
Peguei meu casaco apressada e sai correndo, não queria me
atrasar para a ultra que revelaria o sexo de meu afilhadinho. A barriga de Pan
já visível, bem redondinha e protuberante. Com ele se mexendo, tudo estava
ainda mais real.
As vezes me perguntava se não seria a hora de contar sobre
Alex, mas eu não me sentiria bem traindo sua confiança também. Afinal de
contas, o segredo era dele.
O caminho até Seattle não era longo, mas foi um bom tempo
para pensar. Pan se mantinha calada, ansiosa demais pelo resultado do exame, e
Charlie se ocupou de dirigir. Ele tinha insistido em vir junto.
O Dr. Brenner, que acompanhava a gestação de Pan era um cara
legal, um médico descontraído, daqueles que aliviam a tensão sempre. Eu sentia
muita confiança nele, assim como Pan.
Ele ajudou Pámela a se deixar e espalhou o gel por sua
barriga, que observei contrair por um momento, provavelmente pela frieza do
líquido.
O exame corria tranqüilo, e eu me emocionei com as formas
destorcidas no pequeno serzinho que crescia ali, alheio a todos os mistérios e
dúvidas. Observei os olhos marejados de Charlie, que ele lutava para esconder,
sem muito sucesso.
_ E então Pamela, preparada para saber o sexo? – Dr.Brenner
questionou.
_ Preparada não sei, mas definitivamente, ansiosa... – Pan
respondeu sorrindo docemente. Eu já podia notar várias mudanças nela, seu rosto
estava mais redondo, e sua conduta mais tranqüila e maternal.
O médico deslizou o pequeno aparelho pela barriga de Pan por
mais um tempo, buscando pela posição correta. Meus olhos estavam grudados na
tela, assim como de todos que estavam ali.
A imagem congelou por um instante. E eu puxei o ar, o prendendo
em meus pulmões inconscientemente.
_ Parabéns, é um menino. – Dr. Brenner falou sorrindo
largamente, aquela deveria ser uma boa notícia a se transmitir.
Meus olhos antes marejados, agora tinham se rendido ao choro
represado. Charlie abraçava Pan, distribuindo beijos carinhosos em sua cabeça.
Esperei minha vez, para só depois abraçar minha amiga e a beijar muito. Uma
nova certeza nascia dentro de mim, nós seríamos felizes, custe o que custar.
Saímos dali e fomos direto para o shopping, eu queria ser a
primeira a presentear meu afilhadinho. Comprei um carrinho de bebê azul marinho
com laranja, lindo...
Pan também aproveitou para comprar algumas roupinhas e
coisas de higiene para o pequeno. E Charlie aproveitou para comprar um boné
para ele.
Chegamos em casa completamente exaustos, e todos queríamos
cama logo. Tomamos um banho rápido e fomos deitar, graças a Deus já tínhamos
comido algo na estrada. Novamente os pesadelos começaram a me atormentar. Tudo
que eu podia entender era a culpa que carregava por não ter contado para Pan
sobre Alex. Aquele sentimento me sufocava, eu estava morrendo aos poucos.
Acordei com Alex ao meu lado. Abracei-o, o mais rápido que
consegui, pude notar que ele também estava sofrendo. Seus olhos pousaram sobre
Pan e sua pequena barriga.
_ É um menino Alex... – eu falei, e pude perceber em sua
expressão, que se ele ainda tivesse lágrimas, elas estariam banhando seu rosto
agora.
_ Conte para ela Bells... – ele disse antes de sumir pela
janela do quarto.
Aquela frase de Alex ficou perturbando minha mente frágil,
ele queria que eu contasse, mas eu seria forte o suficiente para isso? Olhei
Pan ressonando tranqüila em sua cama, ela merecia saber. Seu filho merecia ter
um pai. Eu não podia negar isso a eles.
_ Alex? – ela acordou se sentando na cama assustada, seu
rosto pálido e sua expressão transmitia angustia, ela sofria.
_ Pan, eu preciso te contar uma coisa...
_ Estou te ouvindo. Bê... – ela se acomodou na cama,
totalmente despertada por meu tom preocupado.
_ Não sei como começar... – eu sentei em sua cama,
diminuindo a distância entre nós.
_ Comece do início Bella... – ela falou tranqüila, e aquilo
me pareceu uma boa idéia.
_ OK. Eu não te contei tudo sobre Edward. Ele não é normal,
como nós somos. Antes de ficarmos juntos eu descobri que ele era, que ele é...
um... um vampiro. – eu tentei soar calma, convincente, mas acho que não
funcionou, Pan me olhava como se eu estivesse louca.
_ Ah não Bella, você não precisava fazer isso. Eu apenas
sonhei com Alex, isso é normal... Você não precisa ficar inventando histórias
para me distrair... – ela falou tocando minha mão. É, aquilo seria complicado.
_ É sério Pan. Eu não estou criando nada. Estou tentando te
contar a verdade, tudo que realmente aconteceu... – eu falei firme. – Preciso
que você ouça tudo, sem preconceitos...
Ela apenas maneou a cabeça, aturdida demais para responder
algo em voz alta.
_ Ele é um vampiro, mas não como a gente lê em livros, ou vê
em filmes de terror. Eles tem uma vida basicamente normal, como você mesmo viu.
E o problema com o sol, é um pouco diferente do que a gente imagina. Eles se
alimentam de sangue, mas a família Cullen optou por uma dieta “vegetariana”.
_ O que você quer dizer com isso Bella? – Pan me encarava
assustada.
_ Eles não se alimentam de humanos Pan. Eles não são
monstros...
_ Bella... Você só pode estar ficando louca.
Ignorei o comentário de Pan, e continuei a contar.
_ Edward se apaixonou por mim, pelo menos era o que me fez
acreditar, e eu por ele. Tentamos combater isso Pan, mas era impossível... Você
consegue entender? – eu olhava suplicante para ela.
_ Estou tentando Bells, mas é difícil...
_ E se eu te dissesse que Alex tinha se tornado um deles,
que continuava vivo... Ainda seria difícil de entender?
_ Você só pode estar brincando... Isso não tem graça
Isabella. – ela falou séria se colocando de pé, eu podia ver o quanto estava
nervosa, sua respiração estava acelerada. – Isso é sério mesmo? Alex está vivo?
– ele se ajoelhou nos meus pés, seus olhos banhados em lágrimas.
_ Talvez um pouco diferente do que você se lembra, mas sim,
ele está... – eu falei deixando minhas próprias lágrimas rolarem. Pan me
abraçou com força, como se eu tivesse acabado se salvar sua vida – Me desculpe
por não te dizer antes Pan, mas eu realmente não podia contar, eu tive tanto
medo, eu sofri tanto por você...
_ Onde ele está Bella? Eu preciso vê-lo... – ela suplicava.
_ Eu estou aqui... – a voz de Alex de fez presente.
Eu podia vê-lo, parado perto da janela. Pan ainda estava de
costas para ele, e ao que parecia, ela tinha medo de me soltar e descobrir que
aquilo era um sonho. Sua respiração ficou ainda mais ofegante, e suas lágrimas
mais intensas. Eu podia perceber o dilema que estava sua cabeça, tentando
assimilar todas aquelas informações de uma só vez.
O mundo que ela vivia deixou de existir por um momento, para
então se transformar em algo ainda mais complexo e mágico. Seres místicos
realmente existiam, mas diferentes do que podíamos imaginar. Alex estava vivo,
mesmo depois de toda dor que ela sentiu ao vê-lo partir...
Com lentidão ela se virou, prendendo uma grande quantidade
de ar. Alex apenas abriu seus braços, liberando sua vontade reprimida de
abraça-la. E Pan não o decepcionou, ela correu ao seu encontro, como se temesse
que aquela miragem se dissolvesse diante seus olhos.
E depois disso, tudo estava completo novamente. Estávamos os
três juntos, como nos velhos e bons tempos.
_ Eu estou grávida Alex... Nós vamos ter um bebê... – ela
falava agarrada a ele, sem se importar com sua pele fria, ou com seus olhos
dourados.
_ Eu sei, meu amor. Eu sempre soube... Não saí de perto de
vocês nem por um minuto... – ele disse acariciando seu ventre – Me desculpe por
não ter contado, ou por não permitir que Bells contasse antes, mas eu tive medo
Pan... – seus olhos se cruzaram – Medo de você não aceitar o monstro em qual me
tornei...
_ Não fale besteiras Alex... – ela o impediu de continuar –
Você nunca será um monstro... Pode estar diferente, mas é para melhor... Você é
um anjo, o meu anjo...
E o beijo apaixonado aconteceu nesse momento. E eu só
percebi o quanto tudo isso me fez falta, assim que vi os dois juntos
novamente... Era lindo, perfeito, vê-los unidos. Era o certo. Porém, o fato não
removeu a dor que a felicidade deles me causou, me senti mal por pensar isso
sobre meus amigos, por invejar a felicidade deles. Senti nojo de mim, sai
devagar, dando privacidade para eles e me tranquei no banheiro, chorando em
silencio.
Pelo menos uma de nós será feliz!
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