segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Starters e Enders: Mais pra mais do que pra menos




"Não se pode julgar um livro pela capa." 


Todo mundo aprende isso desde cedo, mas, honestamente, quem nunca? Eu, pelo menos, sofro de um caso crônico de desobediência literal a essa regra sagrada. E por "desobediência literal" entenda: eu saio comprando livros só porque achei a capa bonita. Então tá, pode me julgar agora, sociedade. 
Em minha defesa, contudo, posso dizer que nunca deixei de ler um livro só porque tivesse capa feia, o que me redime pacas, mas minha síndrome de "sucumbência à seducência" já me fez gastar uns bons trocados. Porque, né? É livro, minha gente. Qual parte do conceito não me atrai?
Então é isso, eu podia estar matando, podia estar roubando, mas em vez disso ando pelas livrarias da vida me deixando seduzir pela capa dos livros. O que, sendo honesta, já me rendeu uns fiascos, mas também me trouxe gratas surpresas. 

O livro Starters de Lissa Price, um dos que comprei pela capa diferente, impactante e prateada (porque, sim, eu gosto de coisas brilhantes), não é nem uma coisa nem outra. Ou seja, não é uma porcaria, nem uma belezura, mas é bacaninha o suficiente para uma resenha, considerando que chama a atenção de muitos alunos.
A história, outra distopia Young Adult (quem não sabe o que é isso, deixe pergunta nos comentários), se passa em uma sociedade em que todas as pessoas de 20 a 60 anos estão mortas graças a um vírus disseminado pelo ar, resultado de uma guerra quimíca que deixou os EUA devastados (aham, isso porque a gente não sabe o que aconteceu com o outro lado, mas tá). 
Crianças e adolescentes (os Starters) e idosos (os Enders) tinham sido vacinados, por isso não adoeceram, mas agora, os órfãos que não têm parentes Enders que se responsabilizem por eles, vivem nas ruas ou em instituições que mais se parecem com reformatórios. Todos os empregos estão reservados aos Enders, que são muitos, já que a expectativa de vida na sociedade futurista é altíssima, e, como se pode adivinhar, não há políticos e nem figuras influentes entre os Starters, então os coitados vivem como dá.
Nossa protagonista, Callie Woodland, vive em um prédio abandonado com seu amigo Michael e seu irmãozinho Tyler, mas o garoto está doente e Callie não vê muitas maneiras de ajudá-lo com as poucas coisas que ela e Michael conseguem pelas ruas. 
Ela, então, descobre a Prime Destinations, lugar comandado por uma figura sinistra, apelidada de O Velho, onde Starters podem alugar seus corpos e suas habilidades para Enders ricaços e doentios que desejam aproveitar a vida como jovens. A consciência do inquilino é inserida através de um chip implantado no cérebro do adolescente alugado, e eles tomam o comando do corpo enquanto o dono original dorme pacificamente.
Callie, que é uma excelente atiradora graças aos ensinamentos de seu pai, aluga seu corpo para uma Ender chamada Helena, que diz estar interessada em praticar tiro, mas mal sabe ela que a Ender doidona não pretende atirar em alvos de papel e que o chip em sua cabeça foi adulterado para permitir que o inquilino cometa assassinatos.
Acontece que a alteração no chip traz uns efeitos colaterais que Helena não havia previsto, como Callie acordar de vez em quando e reassumir o controle do próprio corpo e mente. De repente, então, a garota acorda vivendo uma vida de luxo, de caso com o neto de um senador e compartilhando conversas internas com uma mulher cujas intenções ela ainda não é capaz de avaliar.
Aí tudo o que se espera de um livro do tipo acontece: pessoas morrem, amizades nascem, alianças se formam e se desfazem, Callie passa por diversos perrengues e há um esboço de triângulo amoroso entre ela, Michael e o neto do senador (você não pensou que era a Helena tentando seduzir uns menores desavisados, pensou?), até chegarmos ao final que deixa, claro, um gancho bom para Enders. 
A história é bem digna em termos de reviravoltas e você consegue curtir bastante, embora não seja lá o enredo mais empolgante do mundo. A protagonista é bacana, guerreira e não muito bobinha, como muitas vezes elas são. Só que... Se você está esperando história de amor, não vai achar aqui. Uma aventura que te faz prender o fôlego? É, também não. Personagens por quem você sinta uma empatia imediata? Nah. Uma narração instigante e uma linguagem especialmente gostosa de ler? Não o tempo todo.
Minha avaliação final é a de que Starters tem um pouco de cada coisa, mas não o suficiente de qualquer uma delas. E a sensação para mim foi a de que valeu a pena, sim, não desperdicei meu tempo, mas esse não foi um livro que eu conto entre os meus preferidos. Todavia, todo adolescente que eu conheço e que leu gostou muito, então pode ser que seja só rabugice minha mesmo.

Quanto a Enders, aconteceu comigo o processo oposto ao de outros leitores. Muita gente disse que Starters é melhor, mas eu me empolguei mais com Enders. Acho que a sequência é mais dinâmica, com as coisas acontecendo mais rapidamente e com menos mimimi, embora eu desejasse que Hayden, que se revela um personagem importantíssimo, fosse trabalhado com mais cuidado.
Nesse livro encontramos Callie linda, rica e com uma tutora Ender que garante sua segurança, mas com um pequeno problema: em lugar de Helena, há agora outra voz em sua cabeça, a do Velho. Probleminha insignificante, apenas.
Acontece que o vilão quer o chip com possibilidades únicas que Callie possui, mas o negocinho estraga se for separado de seu "invólucro", o cérebro da moça. Então a solução é fugir, enquanto investiga a possibilidade de um certo ente querido estar vivo e enquanto rola também "uns teretetê" com um novo boy magia, ninguém mais ninguém menos que... Tam, tam, tam, tam! O filho do Velho. Pronto. Falei.
E como todo bom personagem que a gente shippa com as mocinhas, Hayden (aka gênio, revoltado, revolucionário e filho do vilão) é meio misterioso e não dá para saber ao certo se estamos querendo a coisa certa quando desejamos que a Callie o jogue na parede e o chame de concreto. É que eu, como gosto de personagens de caráter duvidoso e de romancinhos, gostei bastante desse detalhe.
Há, porém, uns defeitinhos a se considerar. Alguns personagens do primeiro livro são praticamente (ou totalmente) esquecidos no segundo, o que eu acho muito estranho quando você tem uma história dividida em duas partes, e o final deixa inúmeras pontas soltas. Mesmo assim, valeu a experiência. No fim, o que havia dentro da capa prateada acabou valendo meus trocados.

Fonte: http://mairazp.blogspot.com.br/

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