sábado, 12 de dezembro de 2015

ELS Cap 35

Capítulo 35 — Calma
I lose control when I'm close to you babe
I lose control don't look at me like this
There's something in your eyes, is this love at first sight
Like a flower that grows, life just wants you to know
All the secrets of life

It's all written down in your lifelines
It's written down inside your heart

You and I just have a dream
To find our love a place,
where we can hide away
You and I were just made
To love each other now, forever and a day

(You And I – Scorpions)

Acho que eu não sabia o quanto tinha realmente sentido a falta de Alberto até reencontrá-lo hoje. Falar com ele pelo telefone ou por escrito sempre é bom o bastante, mas nada se compara a estar na presença dele, ouvir sua voz sem o filtro da distância e abraçar a sensação de volta ao lar que ele me traz. Saudade é um sentimento com o qual me acostumei e que forjou a maior parte das minhas defesas emocionais, mas a beleza de saciá-la é algo que provavelmente nunca deixará de me surpreender, por isso, apesar do dia que tive, estou em paz. Embora também esteja exausta.
Estar com Beto me faz muito bem e por isso resisti o quanto pude a nos separarmos, mas eventualmente o cansaço veio com força e me venceu. Sinto-me como se estivesse acordada há uma semana. Não pelas horas que efetivamente passaram desde que o telefonema de Marina me despertou, mas pelo impacto deste dia estranho, que com seu misto de emoções extremas parece não acabar.
Não é tarde agora, a noite está apenas começando e se não fosse minha folga eu ainda teria algumas horas de trabalho pela frente, um fim de domingo típico para mim. Contemplo por um momento o quanto seria bom que este fosse apenas mais um dia igual aos outros, mas apesar de minha ânsia por normalidade, fico feliz por poder voltar para o refúgio de meu apartamento e descansar ao invés de trabalhar, mesmo que Blue não esteja lá para me distrair com sua recepção exaltada e seu amor reconfortante. Meu coração se aperta um pouquinho quando me lembro que não o verei até amanhã. Em pouco tempo, a casa já se tornou tão plena da presença dele que não consigo mais imaginá-la vazia. Espero que ele não sinta a minha falta como sinto a dele.
Casa vazia. Ausências. Estou cansada disso também.
Tento me focar no presente e, enquanto estou dirigindo, meus pensamentos se alternam entre coisas importantes e aleatórias. Penso em Beto e Júlia, e em como estão bonitas as árvores floridas no canteiro central da avenida. Penso em almas perdidas querendo fazer mal a Caio de propósito e no cheiro bom que vem da pizzaria de onde sai um entregador apressado em sua moto, passando ao meu lado quando o semáforo fica verde. Penso na pequena Clara, filha de Marina e Fernando, e em como deve ser sua vozinha de criança esperta e feliz enquanto canto junto com a música que me envolve vinda do rádio. Penso em mim mesma, por fim. E em Eric. Na inevitável vontade de me fechar em nossa bolha frágil e não sentir mais nada, exceto sua presença em toda parte.
                Quero sua voz, seus olhos e suas mãos macias sobre mim. Quero a calma e o caos que se instalam e se alternam quando nos tocamos. E quero não ter que pensar nas coisas que escondemos um do outro, em toda carga que ele deve carregar completamente sozinho e em como nunca parece realmente disposto a me deixar entrar. Quero que as dúvidas sejam apenas suposições distantes e fictícias e que minha vida possa ser simples outra vez. Só que com ele.
                Estaciono o carro e entro no elevador mecanicamente, deixando meu corpo executar sem pressa as ações rotineiras enquanto minha mente fica à deriva. Ainda estou pensando em seus olhos oceânicos quando a surpresa me toma. Em frente ao meu apartamento, como se a força de meu desejo fosse o bastante para trazê-lo até mim, vejo Eric à minha espera. Por um momento, resisto à ideia de que alguma coisa na cena me incomoda e a alegria de vê-lo é maior que a razão, mas então o que quer que esteja me parecendo errado começa a penetrar meus sentidos.
Eric está sentado no chão do corredor, as costas apoiadas na parede ao lado da minha porta e as pernas dobradas diante de si. Seus cabelos estão desalinhados, como se ele tivesse passado os dedos por eles repetidamente, e há uma tensão estranha em sua postura. Quando observo seu rosto com mais atenção, percebo que olheiras ligeiramente escuras contrastam com a palidez doentia que sua pele não costuma ostentar e acentuam a profundidade do azul que me encara de volta. Sua expressão é, como sempre, difícil de decifrar, mas pela primeira vez consigo ler sua energia claramente e ela é angustiada e caótica, refletindo a partir dele em todas as direções como se sua alma fosse mesmo o prisma que sempre me pareceu. Vê-lo assim é uma imagem perturbadora e dolorosa. E eu não sei o que pensar. Exceto que de repente me dou me conta de que ele não deveria estar aqui.
                —  Oi —  digo, apenas para ter certeza de que não é algum tipo de devaneio proveniente do cansaço, mas ele não responde e continuo suspensa no que parece ser um sonho ao mesmo tempo bom e estranho.
Senti saudades dele, mas por mais que ao longo de todo dia eu tenha ansiado por vê-lo, estar diante dele agora é algo totalmente inesperado, como uma materialização da máxima de que se deve ter cuidado com o que se deseja. Tento ficar feliz, porque afinal de contas ele está aqui e meu corpo e meu coração não querem explicações, especialmente quando ele parece carecer tanto de mim, mas minha mente não está muito a fim de se calar e hoje ela está precisando de algumas respostas.
— Como você entrou aqui? Como você sempre entra? — pergunto, porque não é a primeira vez que encontro indícios de seu livre acesso ao prédio.
Uma suspeita que eu nem sabia que tinha se confirma quando ele me estende a mão como se quisesse que eu a segurasse, mas bem em sua palma está a chave da porta do meu humilde prédio com valor de condomínio modesto demais para bancar um porteiro. Não sei como ele conseguiu isso, e nem por que achou que precisava, mas consigo discernir nitidamente a vergonha em seu olhar, a consciência de que foi invasivo.
Sigo a direção de seus olhos quando ele os desvia de mim e vejo que as coisas dele estão espalhadas pelo chão. Mas então reparo bem e noto que “espalhadas” não é uma boa palavra. Como numa versão reduzida da mesa em seu escritório, tudo está perfeita e estranhamente distribuído: quatro chaves posicionadas em fila, ordenadas por tamanho, enquanto o chaveiro de onde elas provavelmente foram tiradas está no meio um pouco acima, formando um triângulo equilátero com a carteira e o celular.
Vejo sua mão se mover de forma hesitante, como se ele fosse recolher tudo e se levantar dali, falar comigo e me dar uma explicação dissimulada e plausível, mas ele para o movimento no ar, a meio caminho, e o que faz em vez disso é reposicionar a sequência suprindo o espaço que antes devia estar sendo ocupado pela minha chave, esmerando-se para deixar as que sobraram à mesma distância, medida com a lateral do indicador. Eric trabalha nisso como uma minúcia artística e não tenho certeza se ele percebe quanto tempo fica em silêncio remontando seu triângulo perfeito, me evitando.
A coisa toda meio que me assusta e quero entender o que está acontecendo com ele, mesmo tendo certeza de que ele não vai me contar. É desalentador e inusitado o quanto esse homem normalmente tão altivo e seguro de si agora parece mais frágil e confuso do que nunca. E não acho que seja coincidência que todas as vezes em que pude olhar um pouco mais profundamente suas emoções foi exatamente assim que ele me pareceu, embora nunca tanto quanto hoje.
Sento-me ao seu lado, controlando meu impulso desesperado de abraçá-lo, deitar sua cabeça em meu colo e acolher seu corpo delgado e forte como se ele fosse algo que eu pudesse guardar e proteger. Faço isso porque meu movimento desperta nele uma reação estranha, como se por um milésimo de segundo ele se encolhesse, com medo de mim ou de alguma coisa que só ele vê. Há um breve lampejo em seus olhos de algo que não consigo entender e logo a energia caótica já não é mais tão evidente, embora tudo ainda me pareça muito confuso.
— O que significa isso? — pergunto sem saber ao certo a que parte me refiro, apenas tentando entender um pouco do que está acontecendo com ele neste momento
— Eu... Paguei um vizinho seu pela chave. Foi no dia em que te deixei o presente.
Claro. Daquela vez eu achei estranho, mas formulei uma explicação plausível na hora e depois acabei esquecendo de perguntar. Imagino se ele diria a verdade se eu o fizesse, mas por mais estranho que pareça, fico achando que sim.  Ele sempre me disse que não podia me contar certas coisas, mas que não inventaria mentiras para responder às minhas perguntas. Quem nunca o pressionou por respostas claras fui eu.
Você sequer fez perguntas, quem dirá as certas! Mas é assim com quem tem telhado de vidro, não é?
— Desculpe — ele diz e seu coração parece preso em sua garganta, fazendo aparições na falha sutil de sua voz, nos dedos que se movem nervosamente, nos olhos que não sustentam os meus por mais do que alguns segundos...
Ele me devolve a chave e segura minha mão em torno dela, beijando meus dedos enquanto o calor de sua pele e de seus lábios me dissolve qualquer resistência. Nunca vou entender isso, nunca vou saber se todas as pessoas se sentem assim, mas o toque de Eric é uma prisão à qual me entrego sem reservas, querendo sempre a sentença perpétua. É só a pressão desesperada de seus lábios, o calor de sua mão em torno da minha, mas me faz querer fechar os olhos e me entregar àquela força que me envolve como se fosse sua única razão de existir.
Não resisto, nem vejo por que fazer isso, e minha mão livre busca seus cabelos, os dedos percorrendo de leve sua nuca e a rigidez dos músculos de seu pescoço que relaxam lentamente sob a pele quente. Um pouco daquela dor de antes se dissolve assim, nesse contato simples, seus olhos de desanuviam e eu subitamente entendo tudo. O conhecimento estava ali o tempo todo, apenas à espera do minuto exato em que precisava ser compreendido. Mas agora é claro como água. Eu ouvi. E sei. Eric também é uma missão.
É como se uma luz tivesse se acendido na escuridão a que meus olhos estavam acostumados, e agora é muito fácil perceber. Não foi por acaso que ele entrou em minha vida, não é coincidência que, apesar de todas as vezes em que quis desistir e ser humana, eu tenha resistido tempo o suficiente para ouvir esse Chamado específico. Não é mera impressão romântica que nossa história pareça programada para acontecer, escrita antes de nossa própria existência.
Eric realmente foi feito para mim. Para que pudéssemos, de formas que ainda não sou capaz de entender, salvar um ao outro para sempre.
Uma calma absoluta me invade e a confusão que vejo em seu rosto não me assusta mais. Sou capaz de lidar com isso, agora mais do que nunca eu sei. Vou cuidar dele, dar-lhe o tempo de que precisa. Vou tentar entendê-lo e esperar por ele. E vou fazer isso da forma certa, sem sair do seu lado. Vivendo todos os passos que nosso relacionamento precisa dar, que nós merecemos. Preciso que ele entenda isso.
— Se você queria uma chave, deveria ter permitido que eu a desse a você. Poderia ter pedido.
                Ele olha para mim esperançoso, como se já tivesse desenhado em sua mente todo um cenário em que eu o expulsaria daqui e eu o estivesse reestruturando neste momento. Apesar de todas as vezes em que lhe disse que não o deixaria, ele ainda parece carregar todas as dúvidas que eu gostaria que não existissem mais, porque o que acontece dentro de mim é bem mais simples do jamais foi para ele. Eu o quero. Agora ainda mais.
— Essa é você ficando brava comigo? — ele testa, sorrindo pela primeira vez desde que cheguei.
— Não, esta sou eu cansada demais para fingir que não te perdoo. E muito aliviada de que você esteja deste lado da porta.
É verdade. Muito embora eu não entenda bem as intenções de Eric, e por mais que minhas reações humanas — e físicas — a ele por vezes nublem minha percepção, eu sempre soube que ele nunca me faria mal de propósito. Meu instinto especial me diz isso, mas há também o que vejo em seus olhos. Ainda assim, não gosto da ideia de que ele ultrapasse meus limites e quero que ele entenda que uma vez já foi o suficiente.
— Eu juro que não faria isso. Juro que não entraria na sua casa. — Ele parece ansioso para que eu saiba disso, e eu acredito, mas ele ainda não parece capaz de apostar que está tudo bem entre nós. —  Desculpe — repete.
Acho que ele nunca me pareceu tão bonito quanto neste momento, completamente desprovido de suas defesas usuais, meu príncipe fora de seu trono de gelo, esperando como se eu também fosse seu salto de fé. Sei que nas atuais circunstâncias isto é apenas simbólico, mas estendo a chave de volta para ele, desta vez porque quero, porque decidi confiar em seu amor e na velocidade de meus próprios passos em sua direção.
— Espere até que eu queira te dar a chave do apartamento, ok? Talvez depois que eu souber mais sobre você do que apenas seu sobrenome.
O anseio pela verdade não desaparece como mágica quando resolvo confiar plenamente nele. Pelo contrário. A confiança me vem tão naturalmente quanto a expectativa de que ele confie em mim também, e eu quero conhecê-lo. Quero saber tudo o que houver para saber sobre ele e quero que ele me decifre e me aceite por inteiro em troca. É só que depois de uma vida inteira de evasivas e segredos eu sei o quanto pode ser difícil decidir qual será o próximo passo, especialmente quando temos os dois que dá-lo ao mesmo tempo.
Neste momento, porém, nossos corpos parecem decidir por nós e ele me beija, retendo-me em seu abraço com uma espécie de desespero ancestral e frenético. Me rendo facilmente e correspondo, admitindo para mim mesma que era isso que eu queria desde o princípio, que seus lábios me fizessem esquecer do mundo.
— Minha Luz. Minha Clara. Você é minha — ele me diz, a voz rouca pelo desejo rasgando meus sentidos e entrando em minha alma como se não houvesse nenhuma barreira entre nós. Ao menos quando estamos assim.
Preciso de mais. Imediatamente sei disso. E volto a beijá-lo, porque sempre amei as palavras, mas esse tipo de silêncio está me dizendo muito mais. Infinitamente mais. Está me dizendo que sim, eu sou mesmo dele, e ele é meu também.
Exploro sua pele, provando seu gosto com minha boca, deixando minhas mãos testarem a firmeza de seus músculos. E então ele faz o mesmo, segurando meu seio como se reivindicasse o que meu corpo quer lhe dar. O calor de suas mãos atravessa o tecido e a língua dele desliza pelo meu decote, provocando, disposta a ir o quão longe eu permitir.
Um gemido escapa por meus lábios e o som daquele misto de alívio com febre me faz atentar para a realidade inconveniente de que estamos sentados no chão, prensados contra a parede do corredor, e que a qualquer momento alguém pode aparecer e nos forçar para fora de nosso mundo. E eu ficaria furiosa com isso.
— Estamos no chão do corredor — digo, e rio imaginando o que ele diria se eu saísse exigindo privacidade de algum vizinho que inconvenientemente resolvesse passar por aqui.
                Você perdeu mesmo a vergonha!
— Daríamos um belo espetáculo para os vizinhos de andar. — Um dos cantos de seus lábios se levantam naquele sorriso tipicamente malicioso que ele costuma me mostrar quando está me provocando, e mais um pouco de meu bom senso sai correndo escada a baixo. — Mas prefiro que a visão seja só minha — ele completa, plantando a imagem em minha cabeça, o que, sinceramente, só piora as coisas para mim.
É, esse é mesmo o tipo de coisa que ele diria, caso você ainda esteja se perguntando o que ele acharia de sua recém-descoberta safadeza.
“Não tão recente assim.”
Sei o que vai acontecer se eu o chamar para entrar e continuarmos assim, mas talvez... Não! Nós já conversamos sobre isso. Tempo ao tempo.
Rio sem graça e desvio o olhar, porque aquele sorriso... Ah, preciso me concentrar!
— Não conheço você, Eric. Nem você me conhece bem. Sabemos tão pouco um do outro...
A mão dele sobe distraidamente pelo meu braço e desliza pelo contorno de meu ombro, repousando ali enquanto a ponta de seus dedos massageia suavemente a pele sob a alça da regata que estou usando. Ele não percebe o quão íntimo aquele toque me parece, o quanto o calor que sua pele emana me faz querer fechar os olhos. Seus pensamentos parecem perdidos em outro lugar, enquanto os meus...
Estão perdidos também!
— Pergunte — ele me surpreende de súbito, e demoro um momento para entender o que ele quer dizer.
A palavra fica girando em círculos em minha cabeça, brigando para entrar em qualquer espaço que eu lhe ceder e criar raízes ali. Então, por fim, acontece. Ela floresce e percebo que Eric acabou de dar o primeiro passo. E está me esperando do outro lado do limite que estivemos esperando que se quebrasse.
O que faço com isso agora?
O caminho que se estende em minha frente não é familiar e isso, obviamente, me assusta um pouco. Meu instinto de proteger meus segredos começa a gritar. Foram anos me fechando em meu próprio mundinho restrito. Anos suficientes para que eu aprendesse que perguntas que vêm acompanhadas de respostas têm em seu encalço a intenção de reciprocidade. Parecia mais fácil imaginar como seria quando Eric me desnudasse esta possibilidade, mas quando ele finalmente me deixa entrar fico com medo.
 “Ei, gato, já que você me contou tantas coisas, também tenho algo a dizer. Bom, é que... Eu sou um tipo de anjo, sabia? Ah, o quê? Você sempre soube? Tudo bem pra você, então? Não, não. Não estou brincando... É, não é uma metáfora. É só... um pouco complicado. Mas veja pelo lado bom: sabe aquele ciúme todo que você tem do Caio? Não precisa. É que ele é um anjo também. E é meio que meu filho. É, eu tenho idade para isso, sim. Tenho inclusive idade para ser sua mãe também. Eu sei que é complicado, mas achei que estava na hora de você saber.”
Acalme-se! Ele vai entender. Você o ama porque ele é especial. O amor é um desígnio. Ele é o seu. O que significa que você é o dele.
A conversa que tive com Beto hoje volta a ressoar em minha mente.
Beto e Júlia.
Caio.
Eric.
A necessidade da verdade.
O homem que amo abrindo as portas de seu coração para mim e fazendo-me amá-lo ainda mais por isso.
No final, é isso que importa.
Tenha coragem. Como ele. Talvez a noite não tenha horas o suficiente para que vocês precisem chegar nas partes complicadas. Talvez “tempo ao tempo” seja isso, afinal. Começar do começo e partir daí. Aos poucos.
Sim, talvez eu não aprenda tudo o que há para aprender sobre nós dois esta noite. Talvez eu não saiba fazer as perguntas certas e tenha medo do que vou ouvir em resposta. Talvez eu mesma não consiga dizer o que preciso dizer. Mas o fato é que este dia que parece sem fim vai terminar em algum momento. E em seu lugar virá um dia novo. E depois outro. E mais outro. E em todos eles, Eric estará comigo. Isso me parece razão o suficiente para encarar o salto de fé outra vez.
— Vamos —  digo a ele, estendendo a mão para nos levantarmos e entrarmos. — Vamos fazer isso lá dentro com uma xícara de café.
—  Só se for café irlandês[1] para mim — ele brinca.
— Pode ser que eu queira um também — rio, mas não estou mais com medo.
Nem um pouco.
Eu acho.



[1] Irish coffee (ou café irlandês) é uma bebida a base de café, uísque irlandês, açúcar e chantilly. Há um estereótipo de que os irlandeses são grandes consumidores de bebidas alcoólicas e Eric brinca com essa ideia, considerando que há uma certa tensão na situação.

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